14.9.08
Fassbinder e costelinhas
O Casamento de Maria Braun - Fassbinder, 1978
Saí do samba no Calaf e me encontrei com Marcia na porta do Museu.
A pequena sala super fria foi um alívio na noite seca e quente.
O filme fala sobre Maria Braun, uma mulher que se casa e o marido vai pra guerra no dia seguinte.
É a Alemanha de Hitler e o rádio com o nome das pessoas ecoa durante o filme todo.
Ela frequenta a estação ferroviária, sempre em busca de notícias de seu homem,
até o dia da chegada do marido da amiga. Ele dá a notícia de que Hermann morreu.
Maria troca um broche por um belo vestido preto, e troca a estação ferroviária pelo bar dos americanos.
Lá, ela se envolve com Will, um militar negro e mais velho. Gosta dele, mas nunca se casará com ele.
Will deixa ela grávida e feliz, até o dia em que o marido volta pra casa. Na discussão, Maria mata Will e Hermann confessa o assassinato. Vai preso. Maria perde o filho de Will.
Maria viaja de primeira classe para visitar o marido na cadeia, e conhece um negociante francês.
Ele se apaixona por ela.
Ela vira secretária, amante e sócia dele.
O Hermann sabe de tudo.
Maria fica rica, poderosa e em cada cena, mais linda.
Hermann fica deprimido e cada dia mais triste.
Ele sai da prisão e vai voltar a ser homem no Canadá. Mandando uma rosa todo mês para a milionária mansão de Maria.
O francês morre.
Hermann volta.
O rádio que ecoava nomes, agora transmite a final da Copa do Mundo de futebol - Alemanha e Hungria.
Maria recebe metade da herança do francês.
Hermann recebe a outra - porque o francês foi visitá-lo na cadeia e combinou tudo com ele.
Maria deixa o gás da cozinha aceso pra acender um cigarro,
E no segundo cigarro, tudo explode e o filme acaba
No rádio a narração do futebol anuncia - Acabou! Acabou! Acabou!
Fassbinder é moderno em tudo - o tema clichê se transforma numa incrível história de uma mulher fora do seu tempo ("estes não sáo bons tempos para sentimentos''- Maria fala num momento) - e a fotografia e montagem são criativas, inovadoras e vão se transformando com o crescendo da história - da pouca luz e rápidos cortes do início, o desenrolar da história deixa a câmera e a edição mais suaves, elaboras, ricas - como Maria Braun. O filme é lindo esteticamente. Os diálogos, os cenários, os personagens e suas histórias são relevantes, instigam e fazem rir.
...
Do museu, sentamos num cantinho - o Café Itália - e jantamos costelinhas de porco com molho barbacue e três doses de pinga mineira.
Isso sim é globalização.
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Se vc gostou de Maria Braun, assista também Lola, Lili Marlene e Martha.
ResponderExcluirneste último o diretor de fotografia(o maravilhoso Michael Ballhaus)faz a primeira filmagem em 360 graus.
As mulheres de Fassbinder são maravilhosas, mas o "gay" Querelle também é muito bom.
boa viagem!!!