Em trilhos únicos, um vagão quase de brinquedo percorre uma distância grande da metrópole.
Poderia ser São Paulo ou Tóquio. Ou ambas.
Do meu assento, vejo o desenho de prédios altíssimos no horizonte cinza-azul e abaixo, níveis e subníveis de cidade. O pequeno trem contorna apartamentos suspensos em uma altura medonha.
Dali, é impossível ver um ser humano lá embaixo!
Paramos dentro da casa de alguém. Também é um barco, ali uma espécie de cruzeiro.
Da sacada, vê-se o mar azul.
Me deito na confortável cadeira de sol. Tudo branco: o couro, o plástico...tudo morno e suave.
Estou quase adormecendo e por isso sinto, antes de ver, um homem se aproximar.
Abro os olhos tarde demais: ele está sobre mim. O corpo pesando de leve.
Encosta sua mão esquerda na minha mão direita, entrelaça os dedos nos meus.
O indicador da mão do homem, cola no meu indicador e dispara raios intensos de luz azul.
Com uma espécie de choque, sinto aquele circuito de fagulhas entrarem pelo meu braço e subir por todo meu corpo - o azul é visível, as fagulhas são purpurinas se espalhando rapidamente!
A sensação de susto e leveza me trazem uma imensa serenidade. Sorrio.
O homem então, aproxima seu rosto do meu ombro direito. Da sua boca sai uma língua grande e úmida e lambe meu ombro, pescoço e boca. É quase um beijo. Só que mais visceral.
Finalmente estou de olhos totalmente abertos e enxergo o rosto do homem: ele é belíssimo, tem olhos amendoados e azuis, nariz, boca e rosto finos, mas nada delicados.
Os olhos azuis olham profundamente para mim.
Da boca fina, ouço uma voz firme:
I love you
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