11.7.07

Depois do Casamento

(Efter brylluppet, Dinamarca/ Suécia, 2006)
Diretora: Susanne Bier

Sabe aquele primeira impressão que fica? Pois é, pura ignorância.
Não dar uma nova chance à pessoa que acabou de conhecer é de uma burrice sem tamanho.
Sabe quando chega com cinco pedras na mão e vê seu "alvo" tão mal, tão triste que desarma sua raiva?

É meio essa a história que "Depois do Casamento" conta.
Jacob vivem em Bombaim e cuida de um orfanato de meninos. Sem dinnheiro, não resiste à ligação de um milionário Dinamarquês interessado em doar uma quantia considerável. A única condição: Jacob deve visitar a Dinamarca, conhecer Jorgen e apertar sua mão.
De duro e insensível, Jorgen (e sua família milionária) vão aos poucos revelando um lado estranhamente bom, altruísta, enquanto assistimos sua filha Anna se casar e se separar e sua belíssima mulher cuidar dos gêmeos ainda pequenos amarrada a uma mentira do passado.

Jacob, de primeiro mundista fazendo o bem, passa a ser um bêbado mulherengo, pai, e de volta a simplesmente um homem - que errou, que se achou numa causa, que ama a mesma mulher há vinte anos.
O filme mostra as tantas faces que uma mesma pessoa pode ganhar, dependendo do quanto você sabe da história dela.

Mas além do verso e reverso de cada personagem, o filme também fala de amor. De todos os tipos - daqueles errados que a gente acaba fazendo besteira (ou filho); do infinito amor entre pais e filhos - tão elástico; do amor entre homem e mulher, que não começa com paixão, mas se torna a única possibilidade possível. E do amor pelo outro, principalmente o outro que sofre com a fome, a pobreza.

Com uma péssima fotografia (a subexposição nas cenas internas na mansão é difícil de enxergar!), mas excelente roteiro, direção, montagem, Depois do Casamento tem atores sensacionais, que a gente até esquece que eles não são aquelas pessoas, e trilha sonora - incluindo silêncios longos - criativa.

As surpresas do roteiro são perfeitas tanto em timing quanto em intensidade do drama. Uma teia de dramas individuais não apagam a urgência dos dramas coletivos, e todos se sobrepõem de maneira humanista, real e delicada. A vida é assim mesmo.

Saí do cinema ainda com vontade de chorar. Fui deitar ainda pensando nas cenas, na história, no quanto erro quando olho para alguém - sem saber o que esperar do filme, amei. O mesmo não ocorre com as pessoas que cruzam meu caminho.

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