20.6.11

Imperatriz

Com as mãos de um homem disfarçado de deus
reconheci no meu corpo o castelo que me prendia.

O ocre do barro moldou, tirando pedrinhas e cacos,
formou meus seios e pernas

E súbito, bateu - meu coração!

Era um súdito - eu, Imperatriz!

Construiu com leveza e força
na luz de um inspirar
Redondas, lisas, doídas formas
Castelo agridoce
vermelho-sangue-arterial
em veias viscosas mil!

Suave, silêncio, respiro, oh!
O amarelo cintila no ar!

Respirando redimida
Aceitei
As mãos de deus me moldavam
no castelo desse corpo que não fugi
me fez a princesa, a rainha
a Imperatriz dona de si!

Com os dedos que me tocavam
A força física veio dizer
Acorda, coração-rei!
Tantos destinos, um só caminho!

Daí, com um só gesto
Meu coração pulsou
Um músculo lívido, mole e cheio
Amor!

Eu sou a Imperatriz do meu corpo
Do meu peito e do meu amor!
Essas mãos, ar, templo
Tudo, meu!

Dona do que me rodeia a alma
Só aqui, tenho olhar feliz
O olho de dentro e o olho de fora

Eu mando
E agora
Sim, sou a Imperatriz!


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