reconheci no meu corpo o castelo que me prendia.
O ocre do barro moldou, tirando pedrinhas e cacos,
formou meus seios e pernas
E súbito, bateu - meu coração!
Era um súdito - eu, Imperatriz!
Construiu com leveza e força
na luz de um inspirar
Redondas, lisas, doídas formas
Castelo agridoce
vermelho-sangue-arterial
em veias viscosas mil!
Suave, silêncio, respiro, oh!
O amarelo cintila no ar!
Respirando redimida
Aceitei
As mãos de deus me moldavam
no castelo desse corpo que não fugi
me fez a princesa, a rainha
a Imperatriz dona de si!
Com os dedos que me tocavam
A força física veio dizer
Acorda, coração-rei!
Tantos destinos, um só caminho!
Daí, com um só gesto
Meu coração pulsou
Um músculo lívido, mole e cheio
Amor!
Eu sou a Imperatriz do meu corpo
Do meu peito e do meu amor!
Essas mãos, ar, templo
Tudo, meu!
Dona do que me rodeia a alma
Só aqui, tenho olhar feliz
O olho de dentro e o olho de fora
Eu mando
E agora
Sim, sou a Imperatriz!
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