Encontro a Sofia ainda amassada de sono, pijamas coloridos, chupeta na boca.
Ela é uma pessoa que vai reconhecendo você aos poucos.
Chega falante, entrando pelos cômodos, contando estórias.
Mas é do tipo que primeiro te sente, depois te revela o que quer que seja.
Vai fazendo o quer, enche a casa de música, risada, gritinhos.
E é raro oferecer um beijo, um abraço.
Te olha dentro dos olhos com um fato inédito para contar!
Mas não acata um pedido de carinho, se realmente não quer fazê-lo.
A Sofia é uma pessoa que precisa de tempo.
Ela quer dedicação e afeto sentidos, sem macaquice.
Ela quer o que é real, o que está no agora.
Ela escolhe as roupas pra usar. E quando vai tirar os sapatos.
- me pergunto, quem de nós se abstém feliz desse jeito Sofia...-
No sol, brincamos de sombras: eu acenava e mostrava que minha sombra fazia o mesmo gesto.
Ela ria, se escondia na área sem sol, corria de volta para a luz.
Cansada, sentou-se no chão. Ao lado dela, fiz o mesmo.
Ela então, com toda segurança dos quase dois anos, se levantou firme e sentou-se no meu colo.
Simples assim: a hora dela de estar mais perto de mim.
- pensei no quanto demorei para ter a sábia cautela da aproximação, a inteligente decisão de observar antes, me entregar depois. -
Eu sou desse meu jeito, cheia de sombras e cantos, medos e angústias.
A Sofia gosta de mim desse jeito dela - um Sol que nasce ameno e cresce iluminando.
E eu vou ao seu encontro, minha Bidúca, buscando o caminho da Luz!
Até chorei um pouquinho, manteiga derretida, de tanto q fui tocada pela imagem desse amor tão grande.
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