Meu peito está angustiado e revoltado.
Thiago, um colega da TV, faleceu ontem à noite.
Erro médico? Falta de assistência, diagnóstico, medicação?
Após suspeitas de um monte de coisas, finalmente descobriram que ele tinha um fungo.
Sim, um fungo na corrente sanguínea. Veio das fezes do morcego, o fungo.
Ele ficou de um hospital pra outro, até ser transferido para uma UTI com falência múltipla dos órgãos.
Faltou tempo? Faltou boa vontade? Faltou um bom médico de plantão?
Pessoas da própria TV dividiram o valor da ambulância que o levou de um hospital para a única UTI disponível, acionada com um telefone para um deputado federal do DF.
Eu dei dez reais para a coroa de flores. Não fui ao enterro.
Se ele fosse meu irmão, não teria morrido. Eu tenho seguro saúde, que cobre despesas em hospitais particulares e UTI.
Se ele fosse um servidor da TV - e não um terceirizado, ele não teria morrido. Porque teria o privilégio do dinheiro, do acesso.
Se ele fosse mais velho, talvez tivesse morrido mais cedo. Mas com 23 anos, o corpo resiste fortemente a todas as intempéries e luta por mais tempo, com mais força.
Se ele não fosse o Thiago, estaria vivo.
Mas ele não está.
Para mim, fica a revolta com este sistema de merda de saúde pública.
Fica minha inabilidade de expressar tudo que penso em atitude.
Fica um vazio, uma tristeza mesmo.
O Thiago era tudo de bom. Aqui na TV era a pessoa que mais me impressionava - bonito, prestativo, atencioso, bem humorado, e totalmente apaixonado pela profissão.
Tchau, Thiago. Eu sinto muito.
- silêncio -
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