Nenhuma.
Nada consideravelmente relevante para escrever aqui.
Aliás, estou hesitante porque acho que quero parar de escrever aqui.
Sei que já falei isso antes, mas - pela falta de posts - dá pra notar que agora a coisa encorpou.
Não é que minha vida tá sem graça
Nem que não tenho nada pra dizer
Até tenho - sempre tenho!
Mas, sei lá - não acho que aqui é o lugar.
E também quando penso em algo, tô debaixo das cobertas, no escurinho do quarto...
Nem o Buda me faz levantar pra ligar o computador!
A verdade é que tem muita coisa acontecendo - e acho que são boas
e eu não tenho tido muito tempo de me inspirar.
Por outro lado, tenho produzido outras coisas, mais úteis, digamos assim...
Porque fala sério - uma balzaca com blog de vida pessoal é triste, né?
Mais ainda se ela for solteira, malhadora, fofoqueira, estiver de dieta e se inscrever num site de relacionamento
Ah! Mas isso é outro post...
lembrei de vc.
ResponderExcluirNunca fui de ter inveja, mas de uns tempos pra cá tenho tido.
As mãos dadas dos amantes tem me tirado o sono.
Ontem, desejei com toda força ser a moça do supermercado.
Aquela que fala do namorado com tanta ternura.
Mesmo das brigas ando tendo inveja.
Meu vizinho gritando com a mulher, na casa cheia de crianças,
sempre querendo, querendo.
Me disseram que solidão é sina e é pra sempre.
Confesso que gosto do espaço que é ser sozinho.
Essa extensão, largura, páramo, planura, planície, região.
No entanto, a soma das horas acorda sempre a lembrança
do hálito quente do outro. A voz, o viço.
Hoje andei como louca, quis gritar com a solidão,
expulsar de mim essa Nossa senhora ciumenta.
Madona sedenta de versos. Mas tive medo.
Medo de que ao sair levasse a imensidão onde me deito.
Ausência de espelhos que dissolve a falta, a fraqueza, a preguiça.
E me faz vento, pedra, desembocadura, abotoadura e silêncio.
Tive medo de perder o estado de verso e vácuo,
onde tudo é grave e único. E me mantive quieta e muda.
E mais do que nunca tive inveja.
Invejei quem tem vida reta, quem não é poeta
nem pensa essas coisas. Quem simplesmente ama e é amado.
E lê jornal domingo. Come pudim de leite e doce de abóbora.
A mulher que engravida porque gosta de criança.
Pra mim tudo encerra a gravidade prolixa das palavras: madrugada, mãe, ônibus, olhos, desabrocham em camadas de sentido,
e ressoam como gongos ou sinos de igreja em meus ouvidos.
Escorro entre palavras, como quem navega um barco sem remo.
Um fluxo de líquidos. Um côncavo silêncio.
Clarice diz, que sua função é cuidar do mundo.
E eu, que não sou Clarice nem nada, fui mal forjada,
não tenho bons modos nem berço.
Que escrevo num tempo onde tudo já foi falado, cantado, escrito.
O que o silêncio pode me dizer que já não tenha sido dito?
Eu, cuja única função é lavar palavra suja,
nesse fim de século sem certeza?
Eu quero que a solidão me esqueça.
Prosa Patética - Viviane Mosé
Tenho um blog de balzaca feliz e é assim que venho aqui quase todos os dias para ler o que você escreve. Adoro te ler.
ResponderExcluirA propósito, pouco mais de duas semanas atrás eu estava exatamente como você no seu último parágarafo. Não. Na verdade eu estava muuuuuito pior.
Pra você ver.
Não se furte à chance de ser surpreendida por possíveis alegrias... Você sim!
:o)
parece q temos um clube, então, certo? das balzacas, malhadoras, de dieta, fofoqueiras q têm os melhores pensamentos qdo estão bem longe do computador. das q têm caderninhos e os perde - ou q se perdem deles.
ResponderExcluirentendo se vc quiser desaparecer daqui por uns tempos. mas vou sentir uma saudade danada!
bjosss