16.5.09

Voluntariado

Quando morava em Nova York, tive uma vontade enorme de adotar uma causa, ser voluntária em alguma instituição.
Comecei minha busca num gigantesco site de voluntários, que você vai eliminando as possibilidades da seguinte forma
quer trabalhar com gente, bicho, mato,
quer trabalhar todo dia, toda semana, todo mês

Fui selecionando e restrigindo a busca até ficar
Sem nada!

Notei que todos os voluntariados mais interessantes são aqueles que demandam TEMPO, TREINAMENTO, DISPOSIÇÃO

Daí, fui trabalhar na WCS - ong ambientalista dentro do zoológico do Bronx, que aliás oferecia vários tipos de voluntariados - e fui pesquisar sobre ser voluntária com os gorilas - os animais mais fantásticos que eu já vi na vida. E daí que para ser voluntária com os cuidadores de gorilas, o treinamento era de UM ANO, isso mesmo, para ser voluntário uma vez por semana, por duas horas, era uma coisa de louco. Desisti.

Agora, estou envolvida até as tampas com o Templo Budista
E começo a notar o porquê as ongs sérias e competentes são tãoo exigentes quanto aos voluntários.

Porque para ser voluntário, você tem que trabalhar muito, com vontade e sem reclamar.
E isso é pior que ser pago por um serviço. Porque a cobrança é emocional.
E a demanda é intensa.

Estou ajudando o Templo na organização do Congresso de Jovens Budistas e minhas funções variam bastante. Somos poucos voluntários e cada um com uma demanda de tempo, dedicação e interesse diferentes. No início, isso me irritou muito - ficava comparando minha dedicação com a dos outros; ficava reclamando que as pessoas não faziam as coisas direito, com amor, com empolgação!
Daí, durante a prática da meditação que dei na quinta, me veio uma luz - eu devo fazer com amor tudo que faço.
Ganhando dinheiro, doando meu tempo, minha boa vontade. Nada mais é tanto relevante quanto estar no presente, aqui e agora, fazendo com atenção e carinho o que eu me sugeri fazer!

E finalmente, me veio o insight principal - eu passo muito tempo reclamando: na minha cabeça, eu reclamo de acordar cedo, de ter combinado coisas que na verdade eu quero muito fazer, de ter deixado de fazer isso ou aquilo. De fato, não é uma questão de ser preguiçosa, mas de ser RECLAMONA! Céus como isso é insuportável! Nem eu aguento minhas próprias reclamções, imagine as pessoas ao meu redor!

Bem, desde de quinta, combinei comigo mesma que tudo bem reclamar - mas quando começar, devo me lembrar do porquê decidi fazer isso ou aquilo ou tomar essa ou aquela atitude... - e então, eu tenho que calar a reclamação ou simplesmente, cancelar o compromisso - sem estress, sem neuras - só farei as coisas das quais eu não vou reclamar.

Gente, funcionou! Acordei para ir para a reunião no Templo sem sono, no horário, e só com um POUQUINHO de reclamação. Foi ótimo. O tempo voou. Fiz todas as outras coisas no dia com o mesmo pensamento! Funcionou!

Agora sim, sou uma voluntária de verdade!

3 comentários:

  1. na nossa cabeça, podemos mudar o mundo, né? e mudar a nós mesmas.

    hoje li a coluna da Martha Medeiros, no Globo, sobre uma frase da poeta Maria Resende. A questão toda era: 'dentro de mim, é um bom lugar pra se viver?'

    reclamamos tantos, lamuriamos e lamentamos tanto... mas há de haver um recanto de tempo, espaço e pensamento em q tudo faz sentido... um recanto dentro da gente. eu espero.
    esse mesmo q alerta pras nossas escolhas.
    =)

    bjossss

    ResponderExcluir
  2. Também sou um reclamão. Mas depois do meu mês sem poder fazer nada por causa do braço engessado, me prometi reclamar o mínimo possível. A gente perde tanto tempo reclamando por hábito, né? Minha vida está mudando. E aposto que a das pessoas ao redor também. :)

    ResponderExcluir
  3. INSPIRADOR... Veio no dia certo.

    Bjs

    Vi

    ResponderExcluir