11.6.09

O vestido de todas as cores

Numa casa muito ampla, de madeira escura e poucos móveis,
se vê da varanda larga, o imenso mar esverdeado.
É que choveu, e a água turva balança os barquinhos ancorados no pé do morro.

Olho lá embaixo e vejo meu irmão correndo em direção ao mar
Rindo e acenando, ele alcança o pesqueiro e pula rápido pra dentro da embarcação
Sorrio de volta e olho pro horizonte.
Vem vindo mais chuva, é o vento que anuncia,
estriando a água verde e soprando a brisa fria pra dentro da casa.

Sem sapatos, abaixo o olhar e vejo o vestido:
De seda pura, leve, solto no corpo, a barra batendo de leve nos meus joelhos...ele tem todas as cores, mais ou menos misturadas, mais ou menos distintas!

Atravesso a sala da casa até a outra varanda.
Meu pai joga água no chão, nas janelas, em todo lugar
Distraída, fico ali, olhando a cena até que a mangueira é mirada para mim!
Rindo e correndo, fujo da água que molha o vestido todo, fazendo-o colar no meu corpo
e derretendo as cores todas, lavando a seda até voltar a ser branca, translúcida e fria.

Num misto de transtorno e alegria, tiro o vestido molhado
Saio nua na varanda pro mar.
Sem roupa, sem cor, só o vento e o mar.
Seco as lágrimas dos olhos com um novo sorriso:
Vem vindo mais chuva.
É meu corpo que anuncia.

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