Forçada a prestar mais atenção ao que como,
Comecei a cultivar o delicioso hábito de cozinhar
De tanto frequentar o mercado e a frutaria
Passei a comer coisas que há tempos não provava
Cerejas
Framboesas
Pêssegos
E por estar com os olhos embaçados
As horas em casa foram sem TV, sem livros ou computador.
A falta de foco trouxe amigos mais pra perto,
e encheu a cozinha de aromas, peixes, saladinhas
O tempo longe do trabalho
Passei deixando crescer vontades
Alimentando todas
Com um carinho particular
De quem corta a cebola
Ferve a água
Espera o cozimento
Sente o cheiro,
Prova o tempero
Ficar de dieta
Ficar sem ver
Me deram uma perspectiva do que é realmente
Esperar
A paciência de ver o corpo se adaptar
Os olhos clarearem
O doce dar ponto
A vida acontecer
Pela primeira vez
Sinto e entendo que esperar
Esse processo da espera
Vem recheado de surpresas
Que podem sim, enfeitar tudo
Virar o motivo
Enquanto a espera
- do quê mesmo? -
Se transforma em outra coisa
Que nada mais é
Que viver a vida como ela está
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