Eu nasci bailarina.
Sério mesmo.
Desde sempre me lembro de gostar de dançar, dentro ou fora do ritmo.
Com a música estourando ou no silêncio do quarto.
Dançar sempre fez parte da minha alma.
Me tira e me põe do eixo.
Me faz morrer de rir. E chorar.
Eu até tentei dançar na vida, quando fiquei grandinha.
Mas, não deu muito certo nesse mundo que vivo.
De qualquer maneira, esta foi minha profissão secreta até eu descobrir o cinema.
Aí eu virei bailarina-editora.
E achei um jeito de dançar de outro jeito.
De fazer música e dança com o ritmo das histórias.
As tantas que já contei.
Mas, talvez de tanto contar histórias por meio da dança da montagem,
Eu agora quero ser escritora.
Para mim, é tudo estranhamente a mesma coisa:
eu danço quando monto
e quando escrevo
Ponho palavras juntas do meu jeito
falando o que quero falar
mas seguindo uma certa canção que só minha alma ouve
às vezes vem num murmúrio
outras, em alto e bom som
as palavras também me tomam de susto
no silêncio de dançarem juntas
valsas em poemas que nem parecem de mim
chegam também de imagens
as muitas que já vi passar na ilha de edição
e mais milhares que meus olhos viveram com o corpo
dançando na vida real
virando letra, palavra, conto, história de criança dormir
Eu nasci bailarina.
E nunca tive de verdade, uma profissão.
Mas se eu tivesse que escrever uma palavra sobre isso, definiria
artesã.
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