16.10.10

Provas

Eu sou a prova de que ser inteligente não necessariamente paga bem
Eu sou a comprovação de que ser legal, carinhosa e leal não significa encontrar um parceiro apaixonado
Eu sou a prova de que o esforço e a dedicação não levam ao resultado sonhado
De que falar a verdade, gastar bem o dinheiro e tratar bem o outro ser humano não traz prêmio nenhum
A prova de que amigos e família que me amam não é alento na cama vazia à noite
Que um teto sob minha cabeça resolve um tanto, e complica um outro tanto bem mais difícil de explicar

Passei grande parte da vida acreditando que as coisas boas que me aconteceram (e me acontecem) são prêmios de boa conduta.
Errei feio: sou a prova cabal de que não há prêmios. Não há castigos.
Os eventos e as pessoas acontecem por motivos alheios à nossa vontade.
São frutos de um somatório de fatos e fins impossíveis de se somar a um único ato.

No final, não tenho qualquer controle do que é minha vida.
Mas é tão difícil aceitar isso, que prefiro fingir que todo controle que exerço sobre meus atos, comportamentos e ações serão necessariamente refletidos nos frutos que eu colherei.
Sim, eles influenciam e muito na tal colheita. Mas não é linear, não proporcional, não é medido nessa régua que eu tenho em mim.

Eu sou a prova de que há ordem no Universo. Mas não é a MINHA ordem. Nem qualquer outra que conheço.
Até aqui, a única aposta que faço com segurança é essa:

Os méritos que tenho são frutos de muito suor meu, mas também de um acúmulo de outras "sortes" que trouxe comigo nessa vida.
E os meus desejos e sonhos são sempre realizados com suor e resignação. Mas muitos, muitos mesmo, foram deixados pelo caminho.

Há provas de que tive sorte, também há as de azar.
Mas não há comprovação nenhuma de que minha felicidade depende só de mim.
Ainda assim, insisto em ser quem sou, em sonhar alto, em desejar o melhor e o bem.
Se não ajudar, pelo menos, não atrapalha.


ps - obrigada à torcida de plantão. cronômetro zerado: nova corrida começa!


Um comentário:

  1. Menina, às vezes acho que quem escreve aqui sou eu... e me impressiono em ver que, realmente, (neste país, neste mundo) inteligência, talento e criatividade não garantem sucesso.

    Mas a luta continua, companheira!
    Beijinhos,
    Rebecca (FAC/1995)

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