Vou perdendo tudo, aos poucos:
no segundo ano, os documentários passaram a ser editados de manhã
para mim, sobraram os programas fixos, institucionais
no terceiro ano, o Ernani mudou de horário
para mim, ficaram o descompasso, o fora de sinc, os calhaus
e quando dá tempo, as entrevistas
no quarto ano, começo ocupando o mesmo espaço físico que o novo editor
agora com mais uma hora diária
e herdando o melhor programa mas sem direção nenhuma
claro, somando todas as perdas dos anos anteriores...
Perco aqui, ganho em outras coisas
Quitei meu carro - com o salário daqui
Fiz outra graduação - com o salário daqui
Peguei o empréstimo da Caixa - com o salário daqui
E me vejo escrava de um salário que é só isso mesmo: um tapa buracos
Para construir uma escada que nem sei onde deveria chegar!
O que era pra ser provisório, ficou permanente sem eu nem perceber
É o preço de perder mais uma coisa: os culhões de chutar o balde, de ser topetuda, impulsiva
Perdi as garras, ganhei angústias de dívidas
De sapatos velhos, sala sem sofá, um dia de sete horas com nada instigante
Então, dada a sétima hora,
Chego na casa com coisas a fazer
Como o que tem - não recebi o salário de mês
Recuso educadamente o chopp na esquina - não recebi o salário do mês
Desligo rapidamente o celular - não paguei a conta do mês
Tomo banho de luz apagada - não quero enxergar os tantos pensamentos (ou não recebi o salário do mês?)
Deito na cama - que ainda falta 6 de 500 pra quitar - mas eu adoraria já ter trocado por uma que eu desenhei na minha cabeça e nunca virou realidade
Então durmo um sonho triste e pesado. Assim como todos os outros brasileiros.
amiga, deu um nó na garganta...
ResponderExcluirentendo tudo, divido a angústia, queria ter soluções.
vou dormir pensando nisso
ah de ter jeito!!
":)