23.8.07

Um céu cinza de chuva cheirosa

Com uma amiga de infância passando uns dias comigo,
fiz questão de mostrar lugares inóspitos,
daqueles que turistas nunca frequentam.
Pegamos o metrô Uptown para o Bronx
porque queria mostrar a ela a arquitetura chinesa,
e principalmente o restaurante que adorava.
Seguimos pelas ruas no entardecer, onde já estive em sonho antes,
e no prédio do restaurante, me dou conta - está bem mais alto, maior.
Subimos as escadas - e eu nunca soube que havia um segundo andar -
e do salão de jantar de cima, vemos toda cidade através de janelas enormes que vão do teto ao chão.
O desenho dos prédios antigos esculpidos com dragões e monstros chineses
As ruas sem asfalto, com tratores e máquinas destruindo antigas vias, casas, tudo sem som.
E é enquanto olhamos a vista que o tempo muda:
O por do sol fica agora nublado de nuvens sóbrias, gordas, sérias
O cinza do céu mesclado com a chuva escondida no degradê daquelas aglomeradas nuvens pesadas
O raio branco, ardido, o barulho do trovão - que vem de lado, do ouvido esquerdo para o direito.
E vem primeiro o cheiro da terra - não daquelas do norte, mas do cerrado, o cheiro da minha terra.
O vento perfumado do pó fino vermelho que era seco, sente agora os primeiros pingos:
Chove
Forte
Ventado
E abro os olhos no escuro
Com o cheiro ainda tão vivo, surpresa, sorrindo
Espero ansiosa a terra molhada que há de chegar
De hoje a 29, há de chegar...

Um comentário:

  1. juds, você é uma pessoa tão incrível, quanto mais convivo mais eu gosto! essa coisa de escrever é tão legal, tão bonita, essa exposição pública de quem vc é... conviver cntigo é um privilégio! beijos amiga!

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