28.12.09

Sozinha

Madrugada.

A casa vazia e mal arrumada.
Chuva e silêncio.

A visita deixou a sala vazia.
A festa, a cozinha desordenada.

Uma luz só acesa.
Minha casa, meu vazio.

Olho a quina da parede.
A Lucrécia e seu berçário!
E me dá um estranho aperto no peito:
Ela se foi e deixou os seus!

Procuro a pequena aranha pelos cantos, sem sucesso.
Os filhotes agora estão mais dispersos, o teto com pontinhos pretos.
Em breve, acharão a janela e seguirão para mundo-jardim lá fora!

Uma súbita solidão me assolou.
As famílias se desfazem para se refazerem em novas famílias.

Deu medo de morrer sem família, sem a minha família, minhas arainhas, nascidas de mim...

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