Saí da cama ainda com sono, o xampu não deu pra lavagem do cabelo, a calça não fechou direito na barriga. Essas coisas que chateiam.
E o pior: a faxineira usou o restinho do pó do café!
Parei na padaria pra tomar um expresso e seguir a vida.
O dia estava azul turquesa e verde esmeralda. Aqueles típicos depois da chuva.
- Bom dia! A senhora vai querer o quê?
- Oi. Um expresso, por favor.
- Um expresso saindo.
Sorri amarelo. Ninguém tem culpa do meu azedume. Mas eu também não tenho que ficar feliz porque o atendente é atencioso. Ou tenho?
- Prontinho! Um expresso! - me entregou com uma das mãos e olhou nos meus olhos. Os dele, sorriam:
- A senhora acredita que há coisas por um motivo maior? Uma razão maior que a nossa?
Segurei o pires com o café quente e olhei de volta nos olhos do senhor atrás do balcão. Um raio caiu na minha cabeça. Sem pensar, respondi:
- Sim.
E ele:
- Eu também! - virou de costas e tocou a fazer cafés, sucos, vitaminas.
Tomei aquele expresso como quem toma uma poção mágica. Fechei os olhos. Senti o cheiro forte, o amargo quente.
Sim, eu tenho certeza de que a maioria das coisas são por um motivo maior. Ou pelo menos, por razões que não as minhas.
Lá fora, o dia ainda magnífico, por exemplo.
Sim, eu sempre acho que as coisas acontecem como devem acontecer. Em muitos casos, na nossa limitada compreensão humana e dimensão temporal, a gente não consegue encaixar as peças e entender por que algo não saiu como esperado. Aí passa o tempo, mais algumas coisas acontecem e - BUM! - cai a ficha de como está tudo certinho...
ResponderExcluirÀs vezes eu pareço conformada ou resignada, mas realmente tenho essa crença de que as coisas estão acontecendo no tempo certo e da maneira certa, e que se a gente não compreende é porque ainda não chegou o tempo para a nossa compreensão... é aquela história de que "no fim, tudo dá certo. Se não deu certo, é porque ainda não chegou ao fim"...
Beijos e saudades!