Minha mãe está doente. Tosse, dores nos ossos.
Passou a semana assim. Levei-a ao médico.
Fez inúemeros exames.
Mas, não há nada de errado com o corpo.
Como eu, minha mãe está doente do coração.
Um coração partido de sonhos, de tantas mágoas
Poucos desafios, pouco amor - ou não aquele que ela quer
Eu sei.
Eu sou muito parecida com a minha mãe
Romantizo a vida, elevo aqueles que amo às alturas da perfeição
Até o dia que tudo desaba na minha frente - como agora
E fico assim, surpresa e desiludida
Mas, algo está diferente entre nós.
Eu não sou mais tão como ela.
E já errei tantas vezes que decidi que desse jeito não dá
Claro, estou sofrendo uma dor terrível
Da rejeição
Da dúvida
Do silêncio profundo
Só que estou lúcida
Sólida
Chorando, mas sem me sentir a vítima da situação
Sofrendo, mas esperando com fé na mudança
Do mês
Da lua
De opiniões
A lucidez que tenho
Me ampara e não me deixa cair no espiral
E me dá a certeza de que só eu posso viver essa dor
E só posso fazê-la parar ou continuar
Há horas que penso ser pior tanta sanidade
Porque antes, eu não me sentia tão responsável
Enquanto que agora,
Para cada gesto,
Me pergunto se é isso mesmo que quero
E logo mudo de idéia
Vou quieta pro meu canto,
Sofrer em paz e sozinha por mais um tempo
Pois aprendi
Que não há nada a se fazer
Se é o outro que precisa fazer algo
E nada é tão útil
Quanto esperar
Quando é só isso mesmo que se deve fazer
Nenhum comentário:
Postar um comentário