25.12.07

Presentear é coisa de mulherzinha?

Na minha casa, presentear é coisa pra mulher.
Tudo bem que cresci entre inúmeras tias e uma super mãe, mas ainda assim, não entendo a cultura que existe na minha família - que dar presente é coisa de mulher.

Se pensarmos bem, presentear só passou a ser possibilidade para a mulher quando ela entrou no mercado de trabalho, no máximo há um século atrás. É pouco para se ter transformado em obrigação, incumbência nas vésperas de Natal, aniversários, bodas...

O homem até então era o provedor; o marido que trazia o dinheiro, as compras, e claro - os presentes para a jovem dona de casa. Aliás, moço bom era aquele que presenteava a namorada porque além de mostrar o interesse amoroso, demonstrava o tamanho da carteira, que era um bom jeito de dizer que trataria a moça tão bem quanto ela era tratada na casa do pai. E se a intenção era séria, quero dizer, se o moço queria ir aos finalmente e se casar com a moça, os presentes passavam de flores a bombons, a pequenas jóias até a sonhada aliança de noivado. Se havia machismo na idéia de dar presentes em troca da atenção feminina, ele caiu por terra quando as mulheres começaram a corresponder não só com carinhos no escuro, mas também com presentes vindos dos primeiros empregos como telefonistas, datilógrafas, operárias...elas, nunca esqueceram essa demonstração de afeto, já eles...

Nada contra a modernidade das relações, mas ganhar presentes dos homens sempre foi um jeito de entender o apreço deles por nós. Me perguntou se o apreço diminuiu ou a preguiça se abateu de vez no sexo oposto. No final do século XX, as demonstrações de afeto passaram cada vez menos pelos presentes e lembrancinhas e cada vez mais pelos móteis. Entendam, sou super a favor de móteis, sexo antes do casamento, outros tipos de presentes que não os tradicionais de Natal...mas, me intriga o desinteresse do homem moderno pela tradicional demontração de sentimento: o presente de aniversário, de Natal, enfim.

Agora, as mulheres solteiras, casadas, mães, filhas - elas que se preocupam em perpetuar o agrado em forma de presentes enquanto os homens reclamam dos shoppings lotados, da falta de idéias (!!), da falta de tempo, de dinheiro, de saco mesmo. (logo eles que nasceram com um...)

Eu acho isso uma pena. Claro que sou bem treinada, gosto de presentear os homens da minha vida. Penso com carinho, sou criativa, gasto bem meu suado dinheirinho. E não esqueço uma ocasião sequer. O problema é que, admito aqui, eu adoro ganhar presentes, principalmente dos homens. Eu adoro pensar que aquela pessoa passou cinco minutos numa loja e escolheu dentre tantas coisas, uma que se parecesse comigo aos olhos dela. E é triste ver que, a cada ano que passa, ganho menos presentes dados por homens...

Meu pai não deu presente pra minha mãe, mas ela se lembrou de pedir pra mim, e eu comprei pra ele. Meu irmão não deu presente pra minha mãe, mas pediu pra dividir o valor do presente que eu escolhi pra ela, comigo.
Eu ganhei cinco presentes - Um vestido dos pais meus pais (que minha mãe escolheu) e um calendário 2008 com todas as fotos do Enzo (que foi idéia da minha cunhada e com certeza produzido por ela) e os outros três, ganhei de três amigas mulheres. Nenhum presente veio de algum amigo, primo, conhecido, que seja homem.

Notem, eu não tenho namorado atualmente. Por isso, a reclamação é genérica. Aliás, nem chega a ser reclamação...é mais uma observação dolorosa...
Sei lá, devia ser bom ganhar um presentinho de cada homem significativo na sua vida no século XIX.

Me pergunto sempre, se a humanidade esquece as coisas boas do passado só para continuar reclamando do futuro...

Um comentário:

  1. Meu pai e meu irmão compram presentes para a família.
    Eles são bastante tradicionais.
    Inclusive todo o resto... Também é como no século XIX.
    Hummm...

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