17.1.08

Edmundo

Querida Júlix:

Hoje foi seu aniversário de oito anos e seus pais deixaram você aqui em Brasília para comemorar.
Sua festa foi de Branca de Neve e todas as suas tias ajudaram na preparação.
Tinha todos os salgadinhos da tia Angélica e um bolo de Suflair com brigadeiros da vovó Ignez.
Todos nós fomos e todos lhe deram presentes legais.
Mas o que você mais gostou, foi do pinto que você roubou da chácara da sua avó Mariz.
O Edmundo, que você batizou assim, era um pinto malhado de preto e branco, feio e fedido.
Você deixou ele descansando um pouco numa caixa de papelão na área de serviço, mas foi por pouco tempo.
Pegou o pinto pelas patas e carregou pra debaixo do bloco, depois que a súbita chuva passou.
O Edmundo estava bem estressado. Não estava confortável no seu colo. E muito menos com um barbante amarrado na pata enquanto você gritava - Edmundo, anda! Vem aqui! - Ele ciscava o chão liso e preto do prédio, talvez rezando por um salvador.
Não houve quem te convencesse que o Edmundo deveria voltar para a chácara, onde ele sempre seria seu - até você voltar, no próximo verão. - Nem mesmo explicando que ele morreria numa viagem de avião até o Rio, congelado com as bagagens. Você chorou e correu - o Edmundo debaixo do braço - até o fim do bloco. O pinto piava, você chorava e os adultos discutiam. A esperança é que amanhã você esqueça o pinto e vá brincar com todos os seus novos brinquedos - aí, Edmundo será libertado de volta.
Eu mesma duvido muito. Aposto que amanhã você acordará e já com Edmundo a tiracolo, irá brincar por aí entre os prédios da quadra da vó Ignez, em mais um dia de verão.





Feliz Aniversário, Júlia!
Beijos da Prima Fabianix
ps - Edmundo se recusou a posar para esta foto. Ele na verdade é uma franga. Odiou o nome e não quer dar entrevistas

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