25.5.08

O Homem Desiludido

Era um Carnaval de rua, numa viela apertada e quente.
Uma marchinha tocada por um grupo de músicos afinados e a turma fantasiada dançando atrás.
Eu vinha na frente vestida de passista e cantando alto. Parei numa banca de jornal.
Agora, estava em terras estrangeiras - falava inglês.
Na hora de pagar, minha ficha pessoal sai no caixa -
- I´m sorry, can´t sell you anything because it seems that you like pornography
Eu olhei surpresa para o homem:
- Well, I don´t think this has anything to do with it
E meu irmão me repreende porque eu não devo responder às afirmações feitas nesse país. Saio dali ultrajada, nunca abriria mão da minha individualidade para ficar num país assim.
Então, já estou num tour dessa pequena cidade medieval/histórica, (onde já vivi outro sonho antes destes) e minha tia Ana e minha mãe, visitam uma catedral.
Por fora, ela é exatamente como a Notre Dame - por dentro no entanto, é vazada, ventilada, toda de madeira - e tem um bar todo de espelhos e vidro, com garrafas e rótulos e barmen vestidos de fraque.
Saio dali comentando o quanto estou apaixonada e cheia de esperanças.
Entro na casa onde moro - porque agora já estou no meu país - e o apartamento é grande, iluminado, com um lindíssimo jardim de inverno bem no centro. Há plantas tropicais, janelas altíssimas e estou no meu quarto falando ao telefone (em português) com uma grande amiga (que não existe na vida real) sobre o homem que estou apaixonada (que não existe na vida real) - e então, vejo um vulto na porta.
É um adolescente, alto, moreno, que veste apenas uma sunga vermelha. Ele é magro e desengonçado e consigo segui-lo até a entrada.
Meu irmão sai do quarto dele ao mesmo tempo e acusa o moço de sunga vermelha de ser um espião para o meu amado.
Pego o jovem pelos cabelos, torço os braços para trás com a força da ira e ao sentá-lo numa cadeira, insisto:
- Quem te mandou aqui?
Ele chora e treme e me responde em soluços:
- Um homem que quer estragar tudo.
- E quem é esse filho do demônio?
- Um homem que sofreu uma grande desilusão e agora quer acabar com todo o amor do mundo.
Surpresa, minha raiva aumenta. Pergunto para mim mesma:
- Como posso fazer para revidar esse ato de tanta maldade? Poderia mandar esse menino me levar até esse homem e acabar com ele, bater nele, fazê-lo sofrer.
Mas só há um único meio de atingir esse homem tão cruel.
Abraço o menino que ainda chora. Dou um beijo nas bochechas dele.

Acordo com o despertador.
E no entre-sonho decido que ao encontrar o homem desiludido, olharei bem fundo nos olhos dele, e num abraço longo e afetuoso, vou dizer no seus ouvidos:
- EU TE AMO.

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