20.3.09

A Mesquita Azul




A imponência do edifício já me deu o tamanho da intenção.
Entramos pelo pátio lateral onde hoje funciona - claro - um bazar.
A frente da Mesquita tem uma larga entrada com uma escada que chega ao pátio principal. Ali, há uma espécie de púlpito que na verdade é um lugar para os homens lavarem os pés e as mãos antes de entrar na Mesquita. Mas nós, os não muçulmanos, devemos entrar pela porta do lado.
Mas ali, na porta, fomos parados - o minarete inicou o chamado para as preces daquela hora do dia. Nenhum infiél deve entrar a Mesquita. A voz sai das torres em volta do edificio numa gravação em árabe: um homem canta acapela em intervalos de silêncio o nome de Alah. Essa voz entra no peito. Dá pra ouvir com o coração. E a vontade é de segui-la, ver ao que ela convida.

Depois de aguardar por uma hora as preces terminarem, entramos. Eu cobri a cabeça com o meu cachecol - as mulheres devem entrar assim, sem exceções. Meu coração estremeceu por um instante. Mesmo abarrotada de turistas, pessoas ajoelhadas no imenso tapete veremelho se concentram em silêncio. Ajoelhados em direção `a Meca, o burburinho é menor que tudo - e a beleza só não é maior que Deus.
As abóbodas e paredes inteiras cobertas de azulejos - em torno de 20 mil - fazem um jogo de cor e textura, num lindíssimo elo entre arte e adoração.

Os grandes pilares e paredes só ganham esmero acima de nossas cabeças. Por isso, tem-se que olhar para cima o tempo todo como que mostrando que beleza estará sempre acima da compreensão humana. É mesmo coisa dos deuses.

Vitrais coloridíssimos filtram a pouca luz do fim do inverno que entra e a luz dos lustres muito baixos aonde se vê pequenas lâmpadas nos lugares de velas que ali iluminaram preces de séculos atrás.

Rodeada de gente de todos os lugares do mundo, ouvindo vozes em todas as línguas, minha vontade é de me ajoelhar. Olho ao lado e só então enxergo o lugar das mulheres: no canto, atrás de uma treliça de madeira. Ali no fundo, uma dezena de lenços coloridos se revezam abaixando e levantando o troco, ajoelhadas no chão. Imaginam o que pedem, para quem rezam essas mulheres que não seja pela própria liberdade, emancipação, escolha...

Com a cabeça coberta, jogo o corpo levemente para trás e olhando para o alto, penso em Deus.

5 comentários:

  1. q fantástico!
    me senti um pouco assim em Notre Dame. E na Saint Paul tb - q nem de perto devem ser tão imponentes qto a Mesquista Azul.
    tb jpa me senti assim vendo o mar.
    ou a lua nascer.
    Fabs, vc é tão viva! não se preocupe em envelhecer.
    vc será sempre fantástica!
    bjosss

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  2. Belíssima imagem!
    Fico feliz de poder "acompanhar" vcs em pedacinhos da viagem!

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  3. Ludmila Gomes15/4/09 7:32 PM

    Estou invadindo seu blog....mas tenho uma explicaçao plausivel para tal.Chego em Istambul no dia 26 de abril......sou medrosa em tudo mas sempre vontade de conhecer este lugar......cansei de esperar e estudar e trabalhar e.....to largando tudo e indo passar umas semanas la pra conhecer e quem sabe voltar revigorada. Seu blog me deixou com uma expectativa ainda maior claro que nao tenho um primo gato mas mesmo sozinha e solteira vc me deu uma esperança de boa viagem.
    Abraços
    Ludmila Gomes

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  4. Querida Ludmila, que bom que gostou do blog. Anote meu email - fabiana1972@gmail.com - te passo boas dicas de Istambul! Você vai a-mar!! Aproveite muito e não se preocupe - os turcos são doces e engraçados!

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