As minhas sessões de meditação iam de mal a pior.
Agitada, distraída, dispersa em pensamentos que não viram nuvens, ficam lá, paradinhos no meu céu azul...
E ontem, intrigada com a minha dificuldade que aumenta (ao contrário da maioria, que diminui)
bem no finalzinho da meditação, perguntei pra minha mente -
tá com medo de que?
E ela me respondeu
- não é medo, é raiva! De tudo. Estou escondida aqui, atrás da raiva.
- Então, outra pergunta
- E o que acontecerá se você não tiver raiva?
- Eu vou sumir, desaparecer, evaporar desse mundo - ninguém mais vai me enxergar
E eu respondi
- Mas, se está escondida, vai aparecer caso deixe a raiva de lado...não?
- Pior ainda! Aparecer! Com toda essa luz! Com tanta intensidade! Com toda essa essa essa
Bléin, bléin - o sininho do fim
Horas depois, cheguei em casa encimesmada.
Minha mente está entre a cruz e a caldeirinha!
- Se tem raiva, some; se não tem, vira pura luz
Parece simples decidir, mas finalmente entendi o impasse:
a meditação tem me feito olhar nos fundos dos meus olhos e admitir
só não estou feliz porque não quero estar
só não deixei a tristeza de lado porque fiquei escondida atrás dela, da raiva
aí, de olhos fechados no quarto, sorri (pra mim)
agora sim, agora sim - disse em voz alta mentalmente
não, não, não
em mim, não cabe raiva ou tristeza
essas são distrações das quais eu não preciso mais
porque eu, de verdade, não quero me esconder
e se for luz demais, intenso demais, tanto melhor -
já está mesmo passando da hora de eu aparecer como sou
clic - dormi sem sonhos
acordei sorrindo
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