13.12.10
Resoluções para 2011
Para o ano, serei:
mais distraída
mais esquecida
mais indisciplinada
mais inadequada
mais irresponsável
mais inconsequente
mais ingênua
mais lenta
prometo também
chegar atrasada com mais frequência
gastar dinheiro com: manicure, massagem, limpeza de pele, roupas e sapatos.
fazer dieta pra ficar gostosa
ficar gostosa pra ser exibida
ser exibida pra dizer não
dizer não pra achar coragem
e ter coragem pra dizer sim
e espero que em 2011 eu consiga
estar mais indisponível
mas fazer novos amigos
ler todos os romances que sonho
mas passar no concurso dos sonhos
acordar cedo nos dias de folga
e sem sono nos dias de semana
ser ignorante
ser surpreendida
ser indiferente
economizar em: palavras, atos e pensamentos
mas, acima de tudo eu quero muito:
ser diferente
sendo eu mesma
ser feliz
do jeito que der e vier
6.12.10
lendo letras lentamente
30.11.10
Chá
Mas a maior delas é a falta de competência.
Tenho lido tanta gente boa
e me apaixonado por todas elas
- que tá difícil achar que sou digna de linhas e leitores.
É, tomei chá de sumiço.
Sem vontade de compromisso.
Chá dos bons, pra dormir e acordar com mais preguiça ainda.
Incrível.
Quanto mais faço, menos vontade de fazer.
Cansaço.
Deve ser mesmo esse fim de ano-banzo, uma coisa que sempre pega pra mim.
Um chá forte e sem açúcar.
Que esse ano foi quase de amargar
Planos que não saíram do papel
vários
Coisas que nem funcionaram
muitas
E um ranço de que nada andou
Um ano parado, focado no futuro - longe
que nunca chegou
um ano mudo
chegando ao fim
ufa pra mim!
E por isso tudo, não escrevi mais aqui.
Mas ponho agora esse rabisco
Que é pra manter o visgo
do hábito
E o bom do escrever:
botar pra fora o que não cabe
envelhecer
vaidade
vai
sai
chega de chá de sumiço
me acho talvez
uma vez
aqui
ali
na letra á ou na zê
escrever
linha
parágrafo
ponto final
28.11.10
Pérolas do Enzo I
3.11.10
Massinha
24.10.10
O barco tailandês
20.10.10
sobre o fim do começo
16.10.10
Provas
14.10.10
medicina
6.10.10
Descanso
3.9.10
Fim
29.8.10
Coisas que aprendi aos 37
26.8.10
O Nome do Sol
The word "sun" is a term that can refer to any of trillions of stars.
So I'd like to propose that you come up with a name for it.
It could be a nickname or a title, like, "Big Singer" or "Aurora Rex" or "Joy Shouter" or "Renaldo."
I hope this exercise will get you in the mood to find names for a whole host of other under-identified things in your life, like the mysterious feelings that are swirling around inside you right now, and your longings for experiences that don't exist yet, and your dreams about the elusive blessings you want so bad.
(http://www.villagevoice.com/ - VIRGO)
24.8.10
Setecentos e cinquenta mil inscritos
Vamos começar um mantra!
que o meu local de prova seja:
arejado, com banheiro que tenha descarga, papel, água,
e mesa e cadeira que não belisquem as pernas da gente,
e gente que não coma com a boca aberta ou espirre em cima do seu cabelo;
e fiscais que sejam atenciosos
e não gritem com ninguém,
e que não esteja nem frio nem calor,
e que minha cadeira não fique no sol a manhã toda,
e nem tenha aranhas subindo pela sua perna e você achando que é porque não se depilou e tem um cabelinho fazendo cócegas na calça,
e claro, fora isso:
que tudo que eu sei,
eu me lembre,
e tudo que eu me lembre,
caia na prova,
que tudo que caia,
não seja anulado
e também
que eu passe entre os primeiros chamados
e os chamados sejam empossados
e os empossados entrem em exercício
e que o exercício comece em fevereiro de 2011!
amém!
23.8.10
A paixão, o que faz?
A romântica, especialmente.
É um surto fisiológico, um tilt do sistema, sem dúvida.
Um coração humano, duvido, não aguentaria viver sob o estado contínuo da paixão:
rubor nas faces, palpitações, tremedeira dos joelhos, falta de ar.
Viver isso todo santo dia que o seu amado abre a porta de casa, seria uma vida mínima.
Puft, morta aos 20 anos.
Mas, lá no fundo, inventei essa teoria para justificar:
faz um tempão que não me apaixono.
Ou isso, ou não me deixo apaixonar?
Justifico também que a paixão é uma coisa um tanto juvenil -
no auge da idade da loba, virei gata escaldada:
não é o medo da água fria: o fato é que eu já sei aonde essa estrada vai dar.
E aí, dá mesmo é preguiça.
Apesar de tudo, não sinto saudades das sensações da tão famosa paixão romântica.
Até porque, já aprendi a reproduzi-las em outros departamentos da vida: o famoso sublimar, conhecem?
Funciona. Ô.
A saudade que sinto é uma outra.
Que por enquanto, é bem mais complicada de matar.
É que envolve a paixão imatura, inconsequente.
Mas tem muito mais a ver com amor.
E o amor, o que faz?
Ou melhor, como fazer sem ele?
17.8.10
Interrompemos nossa programação para o horário eleitoral
14.8.10
Aniversário de Rainha
12.8.10
Tá bom assim?
Na verdade, essa nem é a melhor hora, mas tem umas coisas que ou a gente faz na hora que dá vontade, ou acaba por não fazer.
E eu quero falar sobre televisão pública, acesso à comunicação, mídia, jornalismo. Um por vez, calma.
Minhas ideias são bem organizadas, o difícil é colocar no papel. É que é bem mais fácil fazer um debate desses numa mesa de bar, de preferência com cerveja gelada (ai, que saudades!) e gente inteligente ao redor.
A televisão brasileira é pública.
Está na Constituição. Ela é assim porque é uma concessão do governo.
Ou seja, o cara não manda no canal, está lá substituindo o poder público, que concede o direito de explorar aquela fibra ótica, aquelas ondas de rádio.
Em retorno, é obrigado a cumprir as regras: priorizar a educação, a língua e a cultura nacionais. Tudo isso, na nossa Carta Magna.
E daí que é óbvio que a televisão que a gente assiste em casa não tem qualquer caráter público - não educa (a não ser que você sonhe em aprender horrores com o Faustão), não prioriza a cultura nacional (na Constituição fala-se de culturas regionais, inclusive); sem mencionar todos os outros conceitos que norteiam a palavra público - do povo, das pessoas - nós, os cidadãos é que deveríamos controlar a mídia. Literalmente.
Estar nos conselhos de diretoria, de conteúdo, de criação.
Nós somos a televisão porque é a nós que ela tem que servir.
Como os hospitais públicos. Como as escolas públicas. Pagamos impostos para a Rede Globo funcionar!
Por sorte dos nossos governantes (25% dos senadores possuem concessões de rádio e televisão no Brasil), a população ainda não entendeu que isso é um DIREITO.
Para o direito à saúde e educação por exemplo, há mobilização social.
Aliás: a própria mídia estimula o povo brasileiro a lutar pelos direitos a escola e hospitais!
Por que será que a televisão não fala sobre a televisão?
Por que não há um TV ESPERANÇA no lugar de CRIANÇA ESPERANÇA?
Nós somos ignorantes dos nossos direitos básicos.
Tanto que não entendemos que o direito à informação, É BÁSICO.
Acessibilidade a conteúdos que nos eduquem, nos estimulem, nos instiguem a ser um povo melhor é obrigação do Estado.
Que, por lei, é representado pela Globo, SBT, Record...
Da próxima vez que assistirem ao Bonner e à Fátima, duvidem:
Eles estão te explicando pra te confundir.
Assistam a seguir:
Por que nossa lei de imprensa foi revogada?
O que acontecerá sem os diplomas para exercer o jornalismo?
Quem nos representa no Conselho de Comunicação para regulamentar uma nova legislação?
8.8.10
No meio
4.8.10
Perspectivas
2.8.10
A porta do Jardim
30.7.10
Cotidiano
29.7.10
Couraça
28.7.10
Narcótico
27.7.10
De volta!
16.7.10
Fim
um evento horrível ocorreu e me fez tomar a decisão de encerrar esse blog.
fui vítima da minha própria ingenuidade e descompromisso com a minha vida privada.
e além de pagar um preço alto, acho que é hora também de parar de falar aqui.
um amigo de disse que minha personalidade é muito "dercy gonçalves" e que eu deveria ser menos isso, menos aquilo. ele está certo.
e eu, pra variar, aprendendo do jeito mais difícil.
o pior são as pessoas que sofrem junto. merda.
obrigado, leitores.
um dia vou escrever livros. aí, nos encontramos de novo.
13.7.10
Rotina
12.7.10
Espiral
Em retrospectiva, posso dizer que meu cronograma está impossível de ser cumprido.
E por outro lado, se não cumpri-lo, não conseguirei ver todo conteúdo até o dia da prova.
Tive um surto de ansiedade.
Daqueles que chamo de espirais:
Começo com um pensamento ruim e dele nascem inúmeros outros em cadeia,
de forma que vão me puxando para baixo num espiral circular para baixo!
Em anos de terapia, criei essa imagem e aprendi a domá-la.
A prática da meditação me ensinou a silenciar esses pesnsamentos visualizando a Terra da Paz do Buda.
E um pote de sorvete HagenDas de Macadâmia me deixou entorpecida de açúcar o suficiente para desligar do mundo e surfar na internet em busca de nada por algumas horas.
Independente das técnicas, foi um aviso:
Eu tenho que escolher como vou administrar minha ansiedade mais uma vez.
Ela pode me derrubar num espiral para baixo e me impedir de agir - congelando minhas boas ideias e atitudes, sabotando meus sonhos e planos.
E pode também se transformar em combustível: domando a ansiedade, me sinto forte para enfrentar qualquer outro desafio emocional.
Escolhi a última. Fiz um floral, mantenho as meditações, mas acabei logo com o pote de sorvete.
É que tudo bem controlar a ansiedade. Mas de preferência com a circunferência da cintura intacta. Ou quase. Ai.
E vamos à semana dois.
9.7.10
Ventos e velas
É só ter disciplina, é só estar focada, é só aprender, memorizar, estudar, estudar, estudar.
Esse pragmatismo funciona, claro.
Mas, agora que a prova tem data e já inicio um estudo de revisão, me dou conta de que não
não depende só de mim.
Eu tenho que contar com uma certa sorte:
a sorte de estudar o que vai cair na prova
a sorte de me lembrar do que estudei
a sorte de estar saudável, descansada, enfim...
Além da sorte, preciso de confiança.
Confiar no caminho que escolhi, nos passos que dei até aqui.
Confiar que fiz tudo certo para chegar onde quero. Mas como contar com a confiança? De onde tiro isso?
Isso me atrapalhava o sono de ontem quando me lembrei de uma história budista que vou adaptar aqui:
Você está num mar belíssimo num barco a velas.
Seu barco é grande, confortável, do jeito que você sempre quis.
Há muitos lugares que você conhecer navegando por esse mar.
Mas, para seguir, você preisa de ventos. Ventos que acordem a velas do barco da sua vida.
Você pode ser um grande navegador. Seu barco a velas pode ser o melhor do mundo.
O mar pode ser convidativo.
Só que sem os ventos, nada acontece.
Os ventos são o Outro Poder, o Tariki.
Aquele que sopra o Próprio Poder, o Jiriki - que é você, eu, cada um de nós. Esse poder que pode muito, mas não pode tudo. Porque precisa do Outro Poder, do que completa, do que impulsiona, do que faz mover o mundo. O Buda Amida.
Fechei os olhos sorrindo, respirando fundo e já sentindo o frescor e o sopro do mar: há ventos soprando na minha vida.
É possível seguir velejando porque o Outro Poder me leva para onde quero ir.
7.7.10
Emagrecimento
todo mundo sabe o que se tem que fazer, mas fica todo mundo procurando um atalho!
Não há corta caminho em nenhum dos dois:
para emagrecer, a maioria das pessoas precisa só de duas coisas - comer menos e queimar mais calorias. Ou seja, fechar a boca e mexer o corpo.
para estudar, é igual - estudar mais para saber mais.
Ah, mas tem um remedinho, tem uma pílula, tem um dica. Ok, você pode ACRESCENTAR isso na sua dieta. Mas a dieta tem que ser feita.
Ok, tem um professor ninja, um livro perfeito, lindo. Adicione isso a todas as horas de estudos. Mas sem as horas estudadas, difícil....
Han, han, conheço um vizinho, uma prima, um colega que emgraceu cem mil quilos em um mês tomando cerveja todo dia! Ele é a exceção.
Tem uma amiga de trabalho que não estudou nada, fez a prova e passou. Parabéns pra ela, não é meu caso - eu sou bem inteligente, mas ainda não sou vidente...(nem mentirosa desse tanto)
Emagrecer e passar no concurso que quero não tem caminho-de-rato. Pelo menos, não pra mim...rotina, disciplina, foco, concentração.
E especialmente: disposição, boa vontade, bom humor, ânimo, e aquela fissura boa de se fazer algo bem feito e conseguir o que ser quer.
Vamos ao dia três da dieta. Digo, dos estudos.
6.7.10
Aprendendo de mim
5.7.10
1 de 46
29.6.10
Árvores de totó
Encontro com o menino de quase três anos com a frequência que faço questão: todas as terças, quintas e domingo.
Estamos sempre rodeados de outros adultos e quase sempre, da pequena Sofia.
Mas acho um jeito de ficar com o Enzo, só com ele, pelo menos alguns minutos.
Domingo, cheguei mais cedo para o almoço e o encontrei vendo DVD.
Um dia lindo lá fora, desliguei o filminho e, pela mão, levei-o até a bicicleta.
Descemos os três.
Embaixo do prédio, ele corria na bike - ele fala bike - e eu ia atrás.
Depois, mudamos para motocicleta. E aí eu era carona. Com capacete e luvas - ele providenciou as minhas que sairam de dentro da mochila faz-de-conta.
Ao descermos da moto, ele foi fazer xixi na grama.
- Eu não preciso de ajuda, tia Biju - abaixaindo o short de Homem Aranha e a cueca de Elmo.
A umidade da urina deixou a grama brilhante e ele olhou pra mim:
- Vamos plantar uma árvore?
Plantamos. Muitas. Pé de amendoim. Pé de amora. Pé de abacaxi. Pé de mamão - esse é pra Sofia, tia Biju, porque eu não gosto de mamão.
E para finalizar o nosso pomar com chave de ouro.
- Agora, vamos plantar um pé de totó.
- Totó? E como é o gosto dessa fruta?
- E de abacaxi.
- Hmmm, e ele tem cara de que fruta?
- De manga.
- Ah, entendi. Totó tem gosto de abacaxi e cara de manga. Que delícia, Bíju!
- Han, han - ele afirma com a cabeça, os olhinhos fechados, tão certo de si, desse mundo mágico de pomares, motos, corridas de bicicleta!
Isso tudo em uns 15 minutos.
Valeu a semana toda.
28.6.10
Hoje tem jogo
Não, não entendo nada de futebol e só vejo jogos de quatro em quatro anos.
Mas nesta, tá faltando de tudo um pouco:
a maioria do nosso time não joga no Brasil, nosso técnico é sisudo e introspecto, o Galvão Bueno é (continua) insuportável...
E fora isso, tem o fato de estarmos no século 21.
É gente, porque em 82, a única coisa que se fazia era ver o jogo.
Hoje, além de assistir a partida, o noticiário tem links ao vivo a cada dois segundos. Temos a internet, pessoal!
A possibilidade de se mandar uma equipe, gravar, editar e mandar a matéria pro jornal supera todas as diferenças de fuso-horário!
Impressões e comentários que vão de leigos-fanáticos a profissionais-ex-jogadores borbulham por todo lugar!
Essa super valorização, tira o valor do jogo em si.
De tanto se falar na partida, a partida perde sua aura mágica.
De tanto replay, todo mundo começa a achar o gol uma coisa básica...tipo, é só isso?
E o pior: na hora de realmente se comemorar o fim daquele jogo, todo mundo já está meio saturado, não há buzinaço, samba na esquina do bar: pra quê? É só ficar em frente à telinha e assistir a comemoração dos outros: na Bahia, no Rio, tals...
Eu confesso, ainda não entrei na onda.
Acho que nem vou entrar.
Se mais nova eu não curtia tanto assim, agora talvez seja tarde demais!
Tudo bem, não deixei de ir aos sambas e batucadas ao final de cada jogo.
E me pego repetindo os comentários que ouvi na TV só pra não ficar de fora...
Mas, no fundo, tanto faz - aliás, hoje eu nem verei o jogo. Tenho mais o que fazer. Mesmo.
Confesso, tem um lado meu torcendo pro Brasil sair logo da Copa e minha vida voltar ao normal.
Mas um outro lado do meu serzinho acha lindo demais ver um país inteiro paradinho, quietinho, um silêncio profundo na hora do jogo.
Não torço pro time. Torço pro Brasil. E se esse povo sensacional ama tanto o futebol, que assim seja: boa sorte, seleção! E que venha o Hexa!
22.6.10
Férias
Então, toda manhã acordo atrasada graças ao modo soneca do relógio.
Pulo rápido da cama, mas com preguiça monstra.
Do chuveiro, geral no quarto, roupa e cozinha: bato uma vitamina no liquidificador.
Linhaça, pera, suco de amora, quinua ...
glupt pra dentro e puft pro trabalho.
Nada diferente hoje.
Mas cadê a tampinha da tampa?
Ontem mesmo estava ali, eu lavei, deixei na pia...
Com a pressa, tampo o espaço vazio com a mão e ligo o aparelho:
PLUNCT, PLACT!!!
Desligo - peras não fazem tanto ruído!
Despejo o suco lentamente no copo - tlóc!
Sim, a tampinha quase virou vitamina de amora.
Bebi a coisa. Antes, porém, passei o líquido pela peneira - e nela ficaram muitos pedacinhos de plástico de tampinha de tampa de liquidificador...
A vitamina ficou ótima. Mas, definitivamente eu preciso de férias.
17.6.10
Partidas e chegadas
Ainda não dei um adeus definitivo a ninguém que amo de verdade, estão todos ao alcance do meu abraço.
Não acredito que as experiências que acumulei até aqui com decepções e tristezas, com partidas e finais infelizes sejam necessariamente uma prévia do que virá com a morte de um ente amado.
Ainda não sobrevivi à morte de um amado, mas já superei inúmeros grandes amores, longas amizades, decepções surpreendentes. Dói diferente, sem dúvida. Mas dói.
No entanto, estas dores da vida nos preparam para as próximas que serão semelhantes. Apesar de sentir com força e intensidade, sigo a vida mais serena, mais igual, mais como se nada tivesse me acontecido.
Isso é bom? Ou só sinal da idade?
Com a morte, duvido. Não sei se morrer alguém nos prepara para a ida de um próximo. Com a morte dos meus avós pelo menos, uma despedida foi sempre diferente (e doída) da outra.
E tenho certeza que é por isso que a vida me poupou, até agora, dessa tragédia que é perder alguém pra valer. Eu não tenho forças para pensar nisso.
Sim, morro de medo da morte. Da minha nem tanto. Mas assistir quem tanto amo sair desse meu mundo é insuportável!
A única coisa que me parece absoluta é que a morte chega. E quando ela chega, há de ser uma hora terrível de lágrimas e luto. Mas, ao chegar, é imprescindível vivê-la. Com toda a intensidade e tempo que ela demanda. (e cada um tem seu jeito e sua forma).
Olhar a dor da morte na hora que ela chega é um ato de fé na vida e de coragem no amor que permeia o momento.
Não tem receita, não tem remédio. Só vivendo pra ver.
com amor, para lucyana.
13.6.10
carta ao "tal" santo
31.5.10
Barriga
26.5.10
encantadora de cobras
20.5.10
Crescer na dor...será?
18.5.10
O lado bom
13.5.10
Igual diferente
11.5.10
Tigresa
2010 O Ano do Tigre
Este é definitivamente um ano explosivo. Começa geralmente com um estrondo e acaba com um choramingo. Um ano dado para a guerra, o desacordo e desastres de todo os tipo. Mas será também um ano grande. Nada será feito numa escala pequena, ou tímida. Tudo, bom e mau, pode e será levado aos extremos. As fortunas podem ser feitas e perdidas. Se você tiver uma possibilidade poderá agarrá-la mas nunca esqueça que tem grandes obstáculos pela frente.
As pessoas farão coisas drásticas no mesmo momento. Os temperamentos subirão ao seu redor, será uma época de testar a sua diplomacia. Como o tigre, nós tenderemos a agir sem pensar e a terminar lamentando-nos pela pressa que tivemos.
As amizades, os riscos comuns e os negócios que requerem a confiança mútua e a cooperação feitas neste tempo são frágeis e serão quebrados facilmente. Entretanto, o ano forte e vigoroso do tigre pode também ser usado para injectar a vida e a vitalidade em causas perdidas, em riscos, em indústrias que se afundam, e/ou falhando. Será do mesmo modo um momento para a mudança maciça, para a introdução de ideias novas e marcantes, especialmente controversas.
O calor impetuoso do ano do tigre, apesar de seus aspectos negativos, devemos dizer que poderia ter um efeito de limpeza e purificação em todos nós.
Apenas um breve conselho para este ano imprevisível - agarre-se ao seu sentido de humor e deixe a má cara enterrada ou escondida durante este ano.
recebi via email, pela Pink. E sim, é bem por aí.
5.5.10
Coração
Suspeita de infarto.
Não no meu peito.
Mas no peito do meu pai.
Achei que era uma dor mais fácil, já que é no coração de outrem.
Nada.
Dor doída.
Sem fome.
Sem sono.
Sem vontade nenhuma.
Só mesmo de trocar de lugar.
Eu aguento fácil um quarto gelado e tubos nos braços.
Meu pai. Ele não suporta nada disso não, gente.
Muda ele de lugar: amanhã ele vai ao meu trabalho e eu faço mil outros exames.
Ou troca nossos corações.
Prometo cuidar do dele bem melhor do que cuido do meu.
Do jeito que for, que volte logo a bater o meu coração.
do jeito de sempre, igualzinho.
ou melhor até
quando o coração do meu pai sair do susto
voltar à guerra.
pulsar junto
junto com o meu.
1.5.10
Vai-e-vem
29.4.10
Gerações
28.4.10
Xópin Cênter
24.4.10
Fé e religião
23.4.10
Bonança
Fiz meu exame de ressonância magnética com dopler da tireóide.
E ... tchan!!!!!!!! Achei que não fosse possível, mas o encolhimento desse glândula que tanto me preocupou no ano passado...sumiu!
A minha tireóide cresceu!
Como? Ah, a gente teve uma conversa de garotas...
No ano passado, o mesmo exame acusou uma redução de 8 para 5 cm cúbicos. A produção de hormônio estava normal, mas uma glândula diminuir é motivo de preocupação, já que não é legal uma mulher adulta ter glândula de menina.
Bem, daí que ontem, depois de ouvir o barulhinho interno dela (vocês já fizeram esse exame? É sensacional ouvir o pulsar do seu corpo...o sangue, a pressão...)
veio o resultado:
de 5 cm cúbicos, minha tireóide mede agora distintos 6,9 cm cúbicos!
Hehe, um número sugestivo...
De presente para ela, parei numa lojinha de presentes - pensei em comprar bobages para a cozinha ou umas velinhas cheirosas...ei que vejo um Buda!
O Buda Amida!
O Buda que procuro desde que fiz a iniciação!
Um Buda em pé, com as mãos espalmadas para fora, olhos semi-cerrados, e o sorriso da Mona-Lisa (seria ela iluminada também?) - uma estátua do Buda exatamente como eu queria!
No Budismo, quando fazemos um altar em casa, a casa se torna a morada do Buda.
Meu corpo é o altar da mente tranquila.
E minha casa, a casa Daquele que está Desperto.
Gashô.
22.4.10
Rebordosa
Nem fiz grandes farras. Fugi da muvuca da Esplanada.
É que para mim, as duas últimas semanas foram tão intensas!
Não nas rotinas, no cotidiano...
Intensidades lá no fundo, no meu coração, na minha alma mesmo.
Tenho a sensação que transitei por placas tectônicas em movimento.
E agora, finalmente, elas cessaram.
Na estabilidade, percebi coisas fora de lugar.
Que na verdade, estão no lugar certo agora, e não antes.
Interessante.
Seria o aniversário de Brasília?
A chegada da Primavera?
Ciclos se fecharam.
Pessoas se foram. Outras voltaram.
Eu me reencontro de volta ao meu corpo depois de um estranhamento desconfortável.
Hoje é como se fosse Primeiro de janeiro.
Aquele dia que a gente acorda já no fim do dia pensando que tem o ano inteiro pela frente!
Acordei de um Reveillon.
Uma passagem de etapa, de fase.
Estou desperta.
No corpo e na mente.
Viva.
A veras.
20.4.10
Feliz Aniversário, Brasília
18.4.10
Domingo à tardinha
17.4.10
Sem encontro no encontro
14.4.10
Aqui é meu local de trabalho
13.4.10
O Guri
Acordei. Acordei do que seria a morte, mais uma vez algo deu errado. Não quero me rasgar o peito com uma lâmina cega de cólera, nem ter meu crânio estilhaçado por uma bala, não quero sangue. Além disso, esses dois modos são arriscados demais, posso sobreviver com sequelas e cicatrizes. Seja como for, seja limpo, dê o mínimo de trabalho aos outros.
Merda! Mijei na cama, to velho pra isso, ou ainda muito novo. Minha camisa serve como pano de chão, acho que dá para absorver o pouco de urina que tem. Não enxergo nada nessa escuridão, a cortina não revela se é dia ou se é noite. Sinto que dormi alguns dias, sinto um estranho gosto de vinho e cigarro na boca.
Já sei. O vinho fazia parte do meu rito de passagem, de uma vida para um nada. Era um cabernet sauvignon com comprimidos de dormonid, valium e lexotan. Maldita ressaca, essa mistura quando não mata te faz mal. Misturemos sempre com moderação, com a moderação necessária para nos matar.
Preciso dormir mais um pouco, mas nesse mijo úmido não dá, talvez o sofá de dois lugares em frente à TV, um sofá não pode ser pior que a sobrevida. Se um livro de auto-ajuda fala em 12 passos, eu preciso de um pouco mais, acho que até a sala são uns vinte cinco. Nesses vinte cinco, sigo cambaleando e batendo entre as paredes do corredor, esquerda, direita, esquerda, direita, passo a passo, até cair sublimemente como uma pluma cai do céu ou como um corpo que cai do oitavo andar.
Durmo mais oito horas seguidas, levanto e pego a minha água com gás, bem gelada com uma fatia de limão, sinto a garganta rasgar com o choque da água fria e do gás concentrado. Meu corpo flutua e pesa mais de uma tonelada ao mesmo tempo, é a gravidade brincando com o meu ser. São meus neurotransmissores e minhas bainhas de mielina que brincam comigo como teatro de sombras . É a vida, ou o resto que resta dela. Ligo o estéreo e seleciono a minha seleção de jazz, a ocasião pede luz de velas longe de mim e um jazz suave, quase sombrio, pode ser também um folk rock de um cantor suicida. Durmo mais algumas horas, sonho pouco, sonhos estranhos, alguns com sexo, outros com monstros e candidatos à presidência.
Não sei quanto tempo se passou desde o meu rito, passando pelo meu fracasso, até o momento atual. Fracasso... O insucesso é o fracasso dos otimistas, talvez um dia seja insucesso mijar na cama.
Preciso de um café, um bom café, não daqueles de padaria feitos às pressas com kilos de açúcar, quero um bom grão, um café bem tirado da máquina, para tomar sem açúcar, sentindo a pureza, pensando em poucas coisas puras que ainda há nesse mundo, talvez nem esse café seja puro. Mas prefiro não pensar muito nisso.
No caminho da cafeteria vejo um guri com uma cara chorosa, sozinho em frente ao banco, não sei quantos anos tem o pequeno piá, talvez oito ou dez, é impossível diferenciar crianças quando elas começam a ler aos 6 anos até começar a fumar maconha aos 16. Nesse período todos são iguais, alguns mais iguais que os outros.
- E aí guri, tá perdido? Pergunto com um certo tom de preocupação, não tão preocupado por ele estar perdido, talvez mais preocupado pela responsabilidade de ter que cuidar dele até ele encontrar o pai.
Com uma voz chorosa e presa, como quem sofresse em silêncio uma dor inexplicável, sem tamanho, ele responde:
- ´Tô esperando o meu pai, ele foi pegar dinheiro pra fazer a compra do mês. Já deve ‘tá saindo.
- É perigoso um garoto da sua idade ficar sozinho aqui.
- Ele disse que seria rápido. Porque o senhor está triste?
-Por que me chama de senhor?
- Meu pai me disse pra chamar gente mais velha que a gente de senhor.
-Entendo. Estou triste. Minhas paredes estão caindo e eu estou tropeçando nos meus passos, as pontes pelas quais passei caíram.
- Como assim, senhor?
-Esquece. Esse moletom foi você que escolheu?
-Mais ou menos. Meu pai queria que eu pegasse esse.
O garoto tímido, alto pra idade dele e bem articulado, apesar de poucas palavras, usava um moletom flanelado com uma estampa chamativa, era laranja e azul, uma combinação bem infantil para um garoto com postura de homem, pelo olhar desse guri dava pra ver que pela vida já havia passado maus bocados. O guri de cabeça baixa fazia um vai e vem com a perna.
-Seu pai percebeu que você escolheu essa roupa pra agradá-lo.
-Não sei, senhor. Eu uso pouco essa roupa, não gosto de usar perto dos meus amigos, uso só quando saio com meu pai. Queria um com desenho preto e vermelho. Meu pai tá me chamando. Tchau!
Alguns meses se passaram, minha esperança na vida ainda era fraca. A vida não passa de uma sucessão de acontecimentos repetitivos com pequenas variações imperceptíveis. As cores são dadas pelo eterno conflito do bem e do mal, esquerda e direita, copo meio cheio e copo meio vazio, estampas laranja e azul, e preta e vermelha. A vida tem sentindo na contradição, na antítese e no paradoxo.
Estava decidido Juntei receitas de diversos médicos, e brindes de alguns traficantes. Dessa vez o meu ritual seria com Jack Daniels, o melhor Bourbon, teria Valium, Dormonid e Lexotam. Começaria pelo Lexotan por ser mais fraco, curtiria a onda, a dormência dos olhos. Depois passaria para o Valium, minha boca ficaria mole, as palavras sem sentido e tudo teria um tom cômico. Depois abriria o Jack, sem gelo, como deve ser um Bourbon, e acabaria com o Dormonid. Sentiria meus dedos adormecerem, meus pés, meus braços e minhas pernas...uma gradação de dormência e esperança em não mais palpitar o coração.
Quando saí da farmácia vi o guri. Era um piá, um pequeno guri, mas estava tão alto, tão crescido. Sem barba e com pensamentos e devaneios e usava um moletom. Dessa vez preto e vermelho, discreto, ideal pra sua idade, ou suposta idade pela altura que tinha. Parecia feliz caminhando com passos fortes e largos. Às vezes penso se era um guri ou um homem. Ele passou por mim, me derrubou no chão, minha sacola de compras da mão direita voou longe, minha garrafa caiu no chão mas não quebrou. O Rapaz pediu desculpas, foi bastante educado perguntou se eu estava bem, mas não me reconheceu. Quando levantei, procurei meu kit suicídio e vi que estava no meio da rua, sendo atropelado várias vezes por carros e dentro de uma poça d’água. Merda!
Pelo menos o pequeno herói de moletom com estampa preta e vermelha me deixou com a garrafa de Jack e mais um dia de vida, talvez ache uma linda mulher pra tomar comigo. Talvez chegue em casa e escreva um bilhete na geladeira “ carpe diem”, quem sabe eu não escreva em algum outro dia “carpe vitae”.
de b.varjão
beijo, querido!