31.12.09
Último
28.12.09
Sozinha
A casa vazia e mal arrumada.
Chuva e silêncio.
A visita deixou a sala vazia.
A festa, a cozinha desordenada.
Uma luz só acesa.
Minha casa, meu vazio.
Olho a quina da parede.
A Lucrécia e seu berçário!
E me dá um estranho aperto no peito:
Ela se foi e deixou os seus!
Procuro a pequena aranha pelos cantos, sem sucesso.
Os filhotes agora estão mais dispersos, o teto com pontinhos pretos.
Em breve, acharão a janela e seguirão para mundo-jardim lá fora!
Uma súbita solidão me assolou.
As famílias se desfazem para se refazerem em novas famílias.
Deu medo de morrer sem família, sem a minha família, minhas arainhas, nascidas de mim...
24.12.09
O Presépio de Natal
22.12.09
Árvores sem pés
18.12.09
Amor maduro
16.12.09
Ainda é tempo de surpresas em 2009
15.12.09
Pensamentos Natalinos
14.12.09
... S E A R C H I N G ... O N E M O M E N T P L E A S E ...
11.12.09
O monge, o calango e eu
9.12.09
FORA ARRUDA!
Leitores, não há mais o que dizer. Temos que FAZER.
Vamos às ruas protestar!
Se você não está em Brasília, pode se juntar a nós vestindo branco na quinta feira!
Agenda Brasília Limpa!
Quarta-feira (09/12) - Protesto na Praça do Buriti, a partir das 10h. - Brasília
Quinta-feira (10/12) - Movimento Brasília Limpa promove mobilização para que brasilienses e TODOS OS BRASILEIROS saiam às ruas vestidos de branco, coloquem fitas ou faixas da mesma cor em carros e janelas e andem com os faróis acesos.
Sábado (12/12) - Carreata partindo do Mané Garrincha – 9hs - Brasília
2.12.09
Até a volta!
Lucrécia e o longos dias de novembro
30.11.09
Mestres e Lições
28.11.09
A cigana, a cesta, a chefe
26.11.09
Hits do Blog
22.11.09
Calor, frio, confiança
20.11.09
Sete dias, pra quem?
Ele morreu de câncer, aos 91 anos, em casa.
Nunca foi católico.
E Deus mesmo, ele só aceitou de uns dois meses pra cá.
No dia do enterro, alguns quiseram levar um padre para uma última oração.
Fui contra. O velho Chiquinho não ia gostar nada disso.
Hoje, vamos celebrar o sétimo dia numa missa que eu tenho certeza que ele repudiaria. Assim como a missa que fizeram para a esposa dele, minha avó Antônia.
Em breve, vou ser madrinha de batismo da Sofia, filha mais nova do meu único irmão.
Nem ele, nem minha cunhada são católicos praticantes. Mas acho que acreditam em Deus.
Eles sabem que eu também não sou (mais) católica, mas budista.
No entanto, haverá batizado, com o tal cursinho de padrinhos no final de semana e tals.
Para quem? , me pergunto, ainda fazemos rituais que não mais nos tocam?
Li hoje em algum lugar que Einstein escreveu algo como:
senso comum é aquilo que as pessoas concluem quando têm 18 anos e nunca mais mudam de opinião.
Adoro os rituais. Todos. Pela beleza estética, pelas músicas e vestimentas, pela intensidade.
Só não tenho certeza se praticar o catolicismo por ser senso comum é ser espiritualmente elevada...
Por que tenho que seguir estes rituais religiosos que não me falam ao coração?
Sigo. Ou me atraso para a missa.
18.11.09
Morte e vida, Fabiana
A cada minuto me dou conta do quanto ainda tenho pra viver e do quanto quero que tudo seja intenso e sincero.
Temo não realizar alguns sonhos,
temo perder aqueles que amo.
Mas a morte sempre me traz a lúcida necessidade de viver a minha vida, só a minha, do meu jeito, do único jeito que sei, com todas as minha forças, com todo o meu amor.
Pra tudo e pra todo mundo.
Dizer adeus pra quem morre, me dá a medida exata do tamanho (pequeno) da vida e do desejo gigante de viver pra sempre.
Isso dói.
Aqui, bem na boca do estômago.
12.11.09
Essas coincidências...
(Florbela Espanca)
Sonho que sou a Poetisa eleita,
Aquela que diz tudo e tudo sabe,
Que tem a inspiração pura e perfeita,
Que reúne num verso a imensidade!
Sonho que um verso meu tem claridade
Para enhcer todo o mundo! E que deleita
Mesmo aqueles que morrem de saudade!
Mesmo os de alma profunda e insatisfeita!
Sonho que sou Alguém cá neste mundo...
Aquela de saber vasto e profundo,
Aos pés de quem a terra anda curvada!
E quando mais no céu eu vou sonhando,
E quando mais no alto ando voando,
Acordo do meu sonho...
E não sou nada! ...
- poema que caiu na prova do último domingo...-
11.11.09
Aranha grávida
Tudo começou quando a vi fazendo teia entre as portas do meu quarto e do banheiro. Local privilegiado: arejado, mas não muito claro. Bonito,ouve-se a tv e o som. Sente-se o cheiro de xampu e de comida, não ao mesmo tempo, de preferência, ainda mais quando se está grávida porque diz que o enjôo de cheiros é terrível. Eu aposto que vou ser uma grávida enjoada com cheiros porque já sou assim mesmo sem neném na barriga!
Toda vez que saio do banho pela manhã, olho para a aranha e a cumprimento cordialmente.
Ela, nada.
Sinceramente, acho meio frio da parte da aranha. Sou sua única vizinha. E nem sou sua predadora, já que parei de comer carne faz umas semanas...e sendo budista, só mato o que como. Ou pelo menos tento. Fora o povo que mato de raiva, mas aí eu preciso ser avisada. Afinal, sou budista mas não leio mentes. Se tá com raiva de mim, tem que falar antes de morrer. A culpa não será minha no caso. Nada a ver com budismo. Ou aranhas grávidas.
Aonde eu estava mesmo?
Então os dias e as noites passam para todos nós, inclusive para a aranha e eu.
Noto a aranha ficando mais preta. Não, não mais preta, mais encorpada, ao contrário da minha própria imagem no espelho, que se esvai a olhos vivos; a aranha ganha corpo quase que diariamente! Sem dúvida, ela não tem a gastrite que tenho. E nem as insônias.
Vida de aranha é assim: fica lá, na teia, olhando minha vida passar. Como as câmeras de vigilância, só que bem mais íntima. Até porque, aranhas têm 4 pares de olhos... ou estas são as abelhas? Ah, e depois vou contar das abelhas e do litro de gasolina.
Bem, voltando à aranha prenha, antes de mudarem o canal!
Estranhamente, não há bichinhos presos na teia que já ocupa boa parte do canto da parede. Só uma vez vi um insetinho tipo mosquitinho se esperneando por lá. Devo ter sido o manjar dos deuses das aranhas.
No dia seguinte, o mosquitinho sumira. E a aranha, mais gordinha.
Deve ser horrível ser aranha. Imagina, você come um insetinho só e já puft - vira uma gordita!
Se bem que eu, se comer um brigadeirinho numa festa infantil ... bloft! - engordo cem quilos.
Tá, cem é muito, mas eu sinto o brigadeiro se multiplicar na minha corrente sanguínea e espalhar o açúcar nos lugares mais incovenientes: bunda, barriga, coxas.
Saco. Eu tava falando da aranha e já pulei de assunto mais uma vez...paciência, meu cérebro funciona assim! Especialmente nos dias sem dormir e comendo papinha sem sal de arroz e batatinha. Tipo hoje. Ufa. De volta à aranha.
Eis que hoje pela manhã, olho para o canto como habitualmente tenho feito. A aranha estava OBESA! Com uma cara péssima mesmo, gente. Tipo com prisão de ventre, enfezada total. Foi daí que concluí - a bicha tá grávida, meu!
Sorri - tia de arainhas, demais!
Esperei ansiosa a dona Antônia chegar - hoje é dia de faxina, adoro. Chego à noite, só a capa do Batman e abro a porta pro cheiro sensacional do amaciante deixado nas roupas do varal. A casa caladinha, limpinha, morrendo de saudades de mim. Acendo um incenso, abro as janelas e vou sentindo devagar, o cheiro das roupas molhadas perder lugar pro incenso de amêndoa ou cravo. Fico assim nas quartas à noite. No silêncio limpinho da minha casa comigo dentro. E a dona aranha!
E daí que a dona Antônia chegou quase oito e eu já tinha feito o café pra nós duas. Mas a ansiedade era pra dar as intruções do dia:
- Tá vendo aquele cantinho ali? Não é pra passar a vassoura ali. Deixa sujo, não faz mal. Tem teia de aranha, eu sei. Deixa. Tem uma aranha morando comigo. Ela tá gordinha e eu tenho quase certeza que o parto é hoje. Ela tá péssima, até virou o rosto pra parede, tadinha. Se puder, cante umas músicas e tal. Ela fica sozinha, deve ser um pouco isso. Digo porque sou assim. Se me sinto péssima, falo que quero ficar sozinha, mas é pura mentira. Gosto de dengo. Ela também. Eu acho. Ainda mais se estiver para ter filhos, pense bem: uma baita responsabilidade, nesse prédio em reforma, em época de chuvas e cigarras, aonde arrumar comida pra tanta gente, melhor, arainhas? É muito complicado ser mãe aranha. Melhor respeitar. Pelo menos se fosse comigo, ia gostar se aranhas não me aborecessem na minha gravidez. Né?
Cá estou. Pensando na aranha. Será que a dona Antônia deixou ela parir em paz? Para onde vão os filhos das aranhas do mundo?
Do trabalho, vou meditar. É possível que as aranhas passem nos meus pensamentos meditativos.
Chegarei em casa tarde e sem dúvida, vou correr para ver a quina do hall.
Espero ter a sorte de ser tia de arainhas hoje!
Eu tinha uma moral da história pra finalizar. Mas deixo o texto assim mesmo. Em aberto. A seguir cenas. Vejam no próximo episódio. Como a vida da aranha. E a minha também.
10.11.09
Da minha prima Júlia
Pense numa boa lembrança
E junte com outras mais
Afinal quando se trata de alegria
Repetir nunca é demais
Pãozinho quente da vovó
A certeza de nunca estar só
Faça as pazes com os inimigos
Encontre mais amigos
Viva com muita emoção
E se alguém perguntar com curiosidade
O que dará essa poção
Felicidade é a resposta para a questão
Lembre – se, todas as vezes que estiver triste ou num momento difícil lembre –se do poema, nem precisa ser dele inteiro só uma parte serve.
Júlia tem 9 anos, é carioca e estuda ballet, karatê, robótica e escreve nas horas vagas.
Beijo, Julix, você é tuuudo de bom!
8.11.09
Dica
5.11.09
Convite
love, lucy.
Esse foi o melhor email que recebi nos últimos meses.
Daqueles que a gente abre um sorriso na frente da tela.
As amizades que plantamos e nunca mais regamos, de repente, nasce uma outra nova flor: e bem na hora que a gente mais precisa do perfume!
As sementes que já plantei, nasceram, sim! É que como eu, são preguiçosas para sairem dos cobertores da terra, demoram o tempo que precisam, esperam cair bastante chuva e fazer muito calor lá embaixo...só então, ainda bocejando, saem para ver a luz do sol - e é tão bom quando elas finalmente apontam!
Faz toda a espera valer a pena!
3.11.09
A morte do Besouro
- Papai! Um Besouro!
- É meu filho. Deixa ele na grama, ele já morreu.
- Ele vai voar, papai?
- Não, filho, ele já morreu, ele não voa mais.
...
Olha para o inseto duro e teso entre os dedinhos brancos.
...
- Papai, quando o besouro "desmorrer" ele vai voar, vai?
31.10.09
Cataventos metálicos
29.10.09
Maldades durante a insônia
Na fila do caixa, coloco minhas compras na esteira. O homem atrás de mim olha atento. Primeiro pro meu decote, depois para minhas escolhas: uma garrafa de champanhe, chocolate, queijos, velas cheirosas, óleo de massagem.
- Noite de comemorações?
- Han, han, nem olho de volta, preguiça até de ser antipática
- Essa champanhe é boa, aposto que é encontro romântico
- Isso mesmo, - e ainda bem que chegou minha vez
- O seu namorado é um cara de sorte
Pago em dinheiro e espero o troco fazendo uma breve pausa na conversa.
- É namorada, amigo. NamoradA. - saio sorrindo escondida.
no posto de gasolina:
Saio do carro para passar o cartão de débito.
Vejo o mesmo movimento do carro ao lado. Um homem.
- Você vai pagar também? - ele pergunta todo sorridente
- Não, pra mim é de graça - com uma preguiça louca de ser legal de manhã.
- Hahahaha! Sério! Também, bonita desse jeito, você merece
- Ah, mas eu não sou DESSE JEITO. Eu sou um ser de outro planeta travestida de humana para entender por que os homens são tão chatos especialmente nas primeiras horas da manhã. Câmbio desligo - e faço um sinal pro céu, como que me comunicando com meus compatriotas ETs
na lojinha japonesa de produtos naturais e orientais:
Olhando a prateleira mais alta, estico os pés e não alcanço a garrafa.
- O senhor pode por favor me ajudar? - peço para o primeiro homem que vejo.
- Claro, minha filha - com cara de tarado.
- São essas garrafas aí de cima. Duas, por favor.
- Saquê? Nossa, vai dar conta de beber isso tudo? - com cara de quem quer ser convidado.
- Eu não. São para o meu amo. Hoje à noite ele me amarra e me chicoteia por uma hora completa. Depois, joga o saquê por cima das feridas. - com voz suave, natural.
- O que é isso, você só pode estar de sacanagem - com cara de nojo, medo, desgosto.
- Ah, nem é tão ruim, já acostumei. Só a parte que ele joga sal por cima das feridas e lambe é que ainda dói um pouquinho - falando perto do ouvido do homem e saindo devagarzinho.
28.10.09
Visão
No acostamento, estacionada, uma Brasília branca com o bagageiro de trás aberto e uma bunda amarrada num jeans velho se mexe de um lado para o outro, o dono desta arrumando isopor, guardanapos, tals.
Por cima do veículo, uma faixa:
Lanches Japão
- churrasco grego
- xburgue e hot dog
- tapioca
...
Adoro o Brasil.
27.10.09
Meu Palio e eu
Com nove anos de uso, o bichinho nunca tinha passado por um mecânico, uma regulagem.
Alguém trocou os pneus dele pra mim, o óleo, acho que troquei umas duas vezes esses anos todos.
Não é à toa que o carro realmente não tinha mais o que dar.
No quesito carro, sou um desleixo.
Preguiça, desinteresse, falta de cuidado com o que é meu.
Vou morrer numa grana, mas o carro tá que até parece novo! Limpinho, levinho, cheiroso...
...
Fui dirigindo à noite, sorrindo sozinha e pensando séria:
Será que repito esse comportamento em outro lugar?
Com pessoas?
Fiquei pensando em algumas figuras que adoro e que tenho preguiça, desleixo.
Não cuido, não ponho água, não dou um gás, não alimento a relação...
Uma hora, a coisa explode.
É que as pessoas cansam de serem deixadas de lado.
Como meu carro, elas param de funcionar.
No caso do automóvel, é só colocar no mecânico, fazer um rombo na conta bancária e está tudo perdoado.
E com aqueles que quero bem? Como faço para aprender a cuidar de alguém que já está na minha vida a tanto tempo sendo negligenciada?
...
Prometi mudar minha relação com meu carro.
Será que consigo prometer o mesmo para as pessoas ao meu redor?
26.10.09
Discussão
23.10.09
Ensinamento
Estudar a si mesmo é esquecer-se de si mesmo.
Esquecer-se de si mesmo é iluminar-se por tudo o que há no mundo.
Iluminar-se por tudo é tornar-se senhor de seu próprio corpo e de sua própria mente.”
(Dogen)
Eu ainda estou no primeiro verso.
E acho que fico nele até o fim dessa vida fácil, fácil...
Aff, que difícil!
22.10.09
Thomas X Cultura
21.10.09
Cirurgia auricular
Acordava depois de dormir por 18 horas, e minha mãe cuidadosamente fazia furos de brinco de diamantes nas minhas novas orelhas. Eram diamantes grandes e lindíssimos.
Entendi tudo: é hora de acordar, de estar desperta e atenta.
É o momento de aprender a ouvir.
Minha mãe, que sou eu mesma mais sábia, me mostra que as palavras são preciosas como uma pedra rara; enfeitam, mas também pesam.
19.10.09
15.10.09
Eu não faço a minha parte
Mas, eu não tenho nada a dizer.
Como todo mundo, amo a natureza.
Como todo mundo, reciclo o lixo, economizo saco plástico do mercado.
Como todo mundo, tenho um carro e ando raramente a pé ou uso o transporte público.
Como todo mundo, minha justificativa é que a culpa é do governo.
O que faço na minha rotina não contribui em nada para desacelerar as burrices humanas feitas até aqui com o meio ambiente.
Tudo bem, não frequento shoppings.
E há tempos não compro nada.
Tudo bem que decidi não trocar meu carro porque o Planeta não precisa de mais um carro zero na rua e um velho vendido a preço de banana. (e também porque eu não tenho dinheiro)
E mandei o meu carro velho para a oficina depois de 9 anos sem nunca ter trocado nada - e vou gastar uma pequena furtuna, mas acho que vou poluir menos com um carro mais regulado. Isso me consola.
O fato é - as pessoas não mudam.
Ou melhor, elas só mudam quando elas querem.
E ainda assim, é um suplício ser diferente.
O que fazer para mudar o jeito de ser, de pensar, de agir de alguém?
Não sei. Não mesmo.
Eu não mudo!
Eu não consigo mudar meu jeito de ser mal humorada de manhã!
Mudar minha rotina, então...
E olha que eu sou movida a desafios, adepta a mudanças só pra incomodar, tals.
Não, eu não faço minha parte.
Não faço porque é chato mudar, é difícil lembrar de ser diferente, é complicado reestruturar a rotina tão bem estabelecida...
E sei que o Planeta vai virar um inferno para se viver.
E penso nos meus sobrinhos que terão que aguentar chuvas e calor desmedidos por todo esse comodismo que das gerações anteriores.
Daí, penso se quero mesmo ter filhos para viver no Planeta que vou deixar como legado.
E é só nessa hora, que eu tenho vontade de mudar.
14.10.09
Anel de ouro
9.10.09
Retorno
Eu chegava novamente a Istambul!
Apontando aqui e ali, mostrava aos meus pais, meu irmão e cunhada, as belezas que eu já conheço...
Ao chegarmos ao centro antigo, fico emocionada e choro.
A Mesquita Azul!
Estava entardecendo num céu cinza e luz fraca de sol.
Andamos por pontos da cidade que eu não visitei da primeira vez.
Pegamos um bondinho e chegamos até uma praia.
Já é noite, e sou a única que entro no mar.
Dou um, dois, três mergulhos nas águas iluminadas somente pelo luar.
O mar é verde escuro, morno, as espumas branquinhas.
Me sinto dentro de mim.
Em casa de novo,
No mar turco.
30.9.09
Raiva
Com raiva de uma pessoa específica.
Com as portas da nave fechadas, acendi as velas, o incenso.
Acendi a luz do altar principal, do tatame de meditação.
Abri as portas laterais e uma rápida brisa soprou o ar quente para fora.
Sozinha, olhei para o Buda Amida e fiz a reverência do incensamento.
Ao levantar meu corpo, tive a sensação do Buda estar sorrindo pra mim!
Outra reverência, olho nos olhos do Buda. E ele sorri.
Me sento então na primeira cadeira, da primeira fileira e fecho os olhos para meditar sozinha.
Em mim, os olhos do Buda sorri.
A raiva é o sentimento que temos quando gostamos de alguém.
E gostamos tanto que queremos que essa pessoa tome uma outra atitude, diferente daquela que nos trouxe raiva.
Raiva dos outros é uma tentantiva de trazer mudança. Para melhor, sempre.
E se eu transformasse essa raiva em atitude?
Ah, mas não tenho coragem de falar sobre isso com essa pessoa...
Logo, só me resta mudar a minha percepção dessa pessoa. Me mudar.
Para não ter raiva dos outros, o jeito é mudar em mim o que me faz ter raiva:
Ser mais paciente, perseverante, mais amorosa.
E sorrir.
No fim da noite, um presente incrível:
Lina me deu O Caderninho dos Delírios.
E o primeiro deles foi:
Todo meu pensamento de raiva se transforma em rosa amarela
Cheirosa e aberta.
Acordei com um buquê no café da manhã
27.9.09
25.9.09
Horóscopo inspirador
Dr. Mr. Pincaré: vamos tomar um café?
24.9.09
Fé é Confiança
23.9.09
Vela
E outra
E outra
Isso não faz a primeira chama diminuir, ficar sem calor ou sem luz.
Pelo contrário, ilumina ainda mais tudo a sua volta.
E não seria o mesmo com o amor?
21.9.09
Burocrata
Vou ser uma burocrata.
Servidora (de preferência Federal) pública que tem mesa, cadeira, ramal, lápis, caneta, computador. Ponto pra assinar, contra-cheque, plano de saúde.
Já me aposentei (emocionalmente) da edição desde março.
As condições no trabalho hoje em dia só me ajudam a fincar o pé e pensar:
Eu sou mais eu, tenho que tomar um rumo e seguir o que quero.
E o que quero, mais que tudo, é ter uma família.
Sendo honesta, essa meta é bem complexa, já que envolve uma série de decisões minhas, mas também de uma segunda pessoa (tendo em vista que eu prefiro ter uma família com um par, um companheiro)
Mas daí que uso a simplicidade do Alberto para desenrolar problemas difíceis - como um quebra cabeças gigante, o melhor é isolar as partes e não pensar no todo (pelo menos num primeiro momento) - separar as pecinhas por cor, forma e só depois localizar seu local.
Por isso, o primeiro passo para eu seguir pensando em ter uma família é:
- ter condições financeiras para sustentar uma. Que aliás, é a parte mais simples de se conquistar: com trabalho e com estudo o dinheiro sempre chega.
Claro que parece precipitado pensar nisso hoje, já que nem grávida eu estou! (graçassssssssss).
Mas, pense comigo: se eu começar a estudar para concursos hoje, digamos que eu tenha sucesso mais ou menos no mesmo período do ano que vem - 2010. Isso provavelmente significa que eu tomarei posse em até 2011.
Com isso conquistado e garantido, posso então pensar nas coisas mais complexas:
- um companheiro de vida e de sonhos, uma figura que queria dividir comigo coisas parecidas...
(é, porque querer coisas parecidas mas não dividir comigo eu já encontrei bastante gente legal...)
E sendo bem mais pragmática, se com 39 anos essa figura aí de cima insistir em se esconder, estarei pronta para fazer terapia, grupo de ajuda, meditação, tudo, tudo que eu puder fazer para estar emocionalmente decidida a ser mãe.
- de inseminação artificial, de pai desconhecido, ainda não decidi -
(como no jogo, as peças mais difíceis a gente deixa mais pro final do quebra cabeças, quando parte do todo já está bem estruturado e é mais fácil enxergar os buracos...) - mas vai chegar essa hora.
Só que quando a maternidade chegar, eu quero ter um emprego com um salário legal, um seguro saúde legal e, de preferência, morar num prédio com elevador (pra me ajudar a carregar as compras e a barriga) lá pra cima...
Isso. É por isso que eu quero ser burocrata. Não é desperdício de talento artístico, nem resignação com Brasília. É porque tenho vontade de ter uma família, ser mãe.
Talvez, nada disso aconteça. O quebra cabeça caia no chão, eu desista de recomeçá-lo; ou eu perca as pecinhas e não consiga jamais terminá-lo; ou sei lá, eu queria brincar de outra coisa...
Mas preciso ter certeza absoluta que fiz tudo do mundo prático e material para concretizar esse sonho.
Começo pelos estudos. O mais fácil. Como separar as pecinhas de mesma cor.
18.9.09
Setembro
13.9.09
O punk é lindo!
12.9.09
Recado Pessoal
se você ainda me lê:
mandei inúmeros emails para você no último mês!
Se aí em Ruanda o Gmail não entrega direito a correspondência...
Me manda outro endereço email para eu responder você!
Saudades, saudades, saudades!
11.9.09
Ups...quase!
9.9.09
Talvez eu seja a última romântica
8.9.09
Solidão
Eis que me bate forte e densa,
a mais completa sensação de solidão.
Um silêncio profundo no corpo.
Uma quase dor no olhar.
Apertei a leitura contra o peito,
Virei de lado
E sonhei que tudo isso era muito real
Ainda bem
4.9.09
O meu Eu Te Amo
http://www.apostos.com/protensao/index.html
Eu não falo Eu Te Amo nunca.
Mesmo.
Nem pra minha mãe.
Acho que escrevo mais que falo. Conta?
Talvez porque cresci ouvindo quase nada de eu te amos ao meu redor.
Não é falta de amor, atenção!
É falta da definição dele.
E definir o que, exatamente?
Os sentimentos são linhas tênues entre pessoas -
é como um fio de nailon que amarra (ou desata) um tecido ao outro:
de um lado vai por aqui, do outro lado, por ali.
O que une os tecidos só interessa porque eles estão juntos -
mas há de se questionar a natureza do náilon?
a data de fabricação?
a largura, a medida, o tom da cor?
Se está unindo, não é SÓ isso que importa?
Quando eu digo um Eu Te Amo
vem de um desespero e de uma quase dor
uma antecipação da perda do fio talvez
O meu Eu Te Amo sai doído, melancólico e já saudoso do próprio amor
Daí porque não falo nunca.
Não mais!
Para bom entendedor, o silêncio basta.
Agora sou sorrisos e olhares.
Abraços e afagos.
Meus amados sabem bem seus devidos lugares na fiação da minha vida.
São fios de aço, densos e escuros.
Não oxidam e nem soltam as tiras.
Eu não digo Eu Te Amo nunca.
Meus fios de amor não carecem de anúncio,
Só mesmo de um outro coração para ali se embaraçar.
Mandem-me seus Eu Te Amos para termos aqui um pequeno glossário de amor!
3.9.09
Duvido!
2.9.09
Idade e perspectiva
- Pedro, você tem uma prima adulta, né? A Fabiana dirige, leva você no cinema...
Pedro olha de rabo de olho para mim, sentada ao lado.
- Fabiana, quantos anos você tem? - me pergunta sem hesitar
- 37, Pedro.
- Nossa, você é 14 anos mais velha que eu?
- Não, eu sou 31 anos mais velha que você. 31 é bem mais que 14.
- Você é mais velha que a minha mãe?
- Não, eu sou 3 anos mais nova que a sua mãe. Eu tenho 37, ela tem 40.
Pensa pensa pensa
- AH HA! VOCÊ É MAIS NOVA QUE A VOVÓ?????
- Sou Pedro, sou sim...a vovó tem 81! - morrendo de rir.
- Eu sabia! Eu sabia! - ele salta do sofá, agarra um salgadinho e corre pela sala!
31.8.09
Foco
28.8.09
coisas que aprendi aos 36
27.8.09
Existe o timing ou somos todos uns egocêntricos?
Eu não planejei nada.
E essa coisa de não planejar geralmente significa que as coisas acontecem no timing errado, ou pelo menos na hora em que não estamos esperando.
Tenho sempre essa coisa de dizer que o timing não tá certo, que isso ou aquilo estão fora de "sinc" comigo.
Mas, tenho que admitir:
Será que não é a invenção de timing que está fora do timing ?
Porque se eu crio uma expectativa de ritmo e sucessão de eventos e eles simplesmente não acontecem assim, não seria hora de eu reajustar meu "sinc" de acordo com os relógios que regem minha vida?
Sim, porque como já falei aqui, eu não dirijo minha vida (já faz um bom tempo), eu só edito mesmo.
Daí, a recuperação dos meus olhos, a dieta maluca, a Sofia...
tudo e todos acontecendo nos momentos imprevisíveis, aparecendo nas horas indevidas, tirando tudo de lugar na minha vidinha sem sal!
E agora....ah, tanto sal! Tanto riso!
Definitivamente, não existe isso de timing errado. Sou eu que tenho que parar com essa mania de cronometrar a vida como numa corrida de revezamento.
A corrida da vida é bem diferente: ninguém devia ligar pra linha de chegada, e sim para a estrada que muda a cada passo...
Ai, ai, ficar velha é bom que só!
24.8.09
Dica de presente
22.8.09
Ideias sobre a vaidade
Eu não estou falando de gente que se arruma e passa perfume pra sair.
Nem de gente que se preocupa em malhar pra ficar gostosa no carnaval.
Dessas eu nem tenho muito a dizer porque gostaria de ter a mesma disciplina, senão a vaidade.
Eu penso muito nessa vaidade emocional. Essa noção de que sou importante pra caramba,
e de que todo mundo quer saber minha opinião sobre as coisas; saber sobre minha vida, ler esse blog aqui.
E me admiro muito com as pessoas que falam de si o tempo inteiro num monólogo infinito, tanto faz quem ouve: o importante é o som da própria voz, ter a melhor história (ou a pior, se o tema for tragédias). Eu sou assim em muitas situações, lógico. Talvez por isso me incomode tanto - porque perco meu lugar.
Mas, também me incomoda o quanto há de solidão na vaidade.
E de medo.
Porque talvez, a pessoa assim, que só fala dela pra ela mesma ouvir, já se acostumou a falar sozinha - por um histórico de nunca ser ouvida.
O intrigante é que a vaidade alimenta exatamente o que a pessoa mais tem medo - da solidão.
Porque quanto mais você fala de si para os outros o tempo todo, mais isolada e sozinha fica.
Quanto mais defende um ideia e teima em não ouvir o próximo, menos pessoas compactuam com você e seus pensamentos. Menos valor você tem para os outros, menos te ouvem, menos te admiram.
O vaidoso pensa que sai na frente, ganhando sempre. E quando chega lá longe, olha para trás e vê o vazio que criou ao redor de si.
O que será que se ganha sendo assim?
20.8.09
Ventosas
chuóp
esfrega
aperta
puxa
e de novo
e mais em cima
creeec
crooc
ai
cheiro de menta
cânfora
arnica
dedos e pele
dor e alívio
quase lágrima
riso
tudo roxo púrpura
preto acinzentado
vai com as cores
os resquícios do inferno astral
e abre inícios às festas natal!
19.8.09
Inferno astral impera
Eita, que o Buda me empreste luz e sabedoria. Porque o bicho tá pegando pro meu lado, vix...
18.8.09
O motorzinho do dentista
17.8.09
15.8.09
Carta para uma Rainha
você nasceu num fim de tarde digno de Rainhas no dia 14 de agosto de 2009.
O sol estava quente, soprava um vento morno e seco, que foi esfriando com o escurecer.
Ipês amarelos se esticam no céu anil, enfeitam o Eixão de Brasília gritando o mês de agosto!
Nuvens fofas de algodão, cheiro da terra vermelha no ar.
O Enzo brincava de bolhas de sabão.
E todos nós, muito surpresos e alegres com a sua vontade de nascer já!
Seus pais estavam tranquilos e sorridentes quando entraram para encontrar sua médica, a doutora Giovana.
E quando você apareceu na janelinha da maternidade, no colinho do seu pai! ...
Ah! Sofia, isso sim que faz tudo valer a pena!
Os olhos marejados, gritinhos de euforia!
Fotos, fotos, fotos,
Ligações, abraços, beijos
Sorrisos, só sorrisos...
O nosso amor atrevessou vidros, portas, cobertores!
Você foi abraçada e beijada por todos
Ali, deitada, olhou a gente bastante, mexendo os olhos negros e muito abertos pra lá e pra cá.
Sua pele cor de rosa em mil dobrinhas de morder!
Ficou pelada, foi medida, pesada, banhada,
Finalmente - foi mamar e dormir!
Sofia, minha Rainha-afilhada!
O mundo é o melhor reino encantado agora que você chegou!
Feliz Aniversário!
13.8.09
Intrepretações, alguém?
11.8.09
A irmã Sofia
10.8.09
Montagem e direção
9.8.09
Vende-se Modelo 72
8.8.09
Sobre comida, vistas e vida
6.8.09
2.8.09
27.7.09
Escuridão
24.7.09
Brilho, Contraste, Nitidez
23.7.09
Promessas
22.7.09
Desejinhos
20.7.09
Saideira
19.7.09
Foco
16.7.09
O Espírito e o Sufixo
(Bruno Varjão)
Nasci forte como um tauro deve ser, gaudério da cepa boa. Minha querida mãe sofreu as dores do parto do piá que queria ver o mundo. Isso tudo deu-se em 1890, em uma colônia no interior do Rio Grande Sul.
Por mim, falaria apenas Rio Grande, mas me acusam de ser separatista, por que existe um Rio Grande no nordeste e chamam Rio Grande do Norte. Lá não sopra o vento minuano. Por que não Rio Grande Nordeste?! Parece mais bonito, nem lembro o nome da capital, mas somos mais tauras que aqueles do litoral de cima.
Hoje sou velho, vi vidas e mortes, aliás a vida é a morte vivida. Meu pai morreu antes do parto, ficou preso no galpão que pegava fogo. Quando a fumaça saiu das nossas terras e misturou-se ao pôr-do-sol , já era tarde.
Minha mãe tocou a lida campeira sozinha, até eu ter idade suficiente para ajudar a prenda de meu pai e a santa que me colocou aqui. Rédeas curtas, era assim que ela cuidava dos empregados, de mim, das colheitas e do pão.
Fazia preces ao negrinho do pastoreio para que cuidasse de minha santa mãe, da querência e de mim. Fui crescendo e o trabalho aumentando, minha santa mãe envelhecendo rápido e meus deveres campeiros aumentando.
Aos dezesseis anos senti a primeira dor da vida. Minha querida mãe foi levada pela aquela doença. Em seu último suspiro, no canto do cisne, me disse:
- Filho, que tu seja agora um homem de orgulho e lealdade.
Em 1906, meu coração foi fechado pelo luto. Já era um adulto, cuidando do campo e do gado. Larguei a escola e aprendi com a vida o pouco que sei.
Criei em meu pasto a minha identidade, me chamavam de patrão, me obedeciam; e assim segui por dez anos sem parar, enchi a guaiaca e arrendei novas terras.
Com 26 anos, esse velho já era senhor da região, rico de dinheiro e solidão. Foi então que fui buscar novos negócios na capital. Porto Alegre era grande, muito grande para meus olhos. Conheci um comprador que me chamou para trovar durante a janta em sua casa.
Naquela casa, conheci a bondade. Catarina. Irmã caçula do comprador de gado. Logo, pedi fidelidade, nos casamos. Dei algumas cabeças de presente ao irmão que me deu a minha prenda. Cabelos dourados e olhos cor de céu em dias sem nuvem.
Poucos anos depois ela me deu a primeira felicidade, um guri. Guri que logo herdará parte do que tenho, pois a outra parte vai para a pequena prenda que ,hoje, já não é pequena.
Catarina não resistiu ao parto e me deixou só. Tinha minhas crias pra cuidar e a vida para lamentar. Quando a prole cresceu, mandei para a capital, para que fossem doutores. Mais uma vez ficamos eu e o pampa.
Os anos passaram. Meus filhos cresceram e me deram netos.
Aprendi a ser filho quando fui pai, e aprendi a ser pai quando fui avô. Não tenho a mesma força para a lida campeira, mas ainda tenho voz para mandar.
Hoje, meus netos têm a mesma idade de quando me tornei senhor. Minhas mãos tremem quando seguro o mate. Estou morrendo, sou velho.
Via a Catarina sorrir para mim em meus sonhos. Bela como sempre foi.
Vejo a Catarina sorrir agora, me desperta alívio, será o espírito dela?
Peço a São Pedro que sim.