29.12.08

Seis

Estamos em Bristol e vamos mais ao sul hoje no fim do dia - Cornwall - para uma festa a fantasia a la James Bond! Estah frio, frio, frio.

Hoje eh dia 29 de dezembro. Nesse mesmo dia em julho, tudo mudou.
Seis meses.

19.12.08

Vésperas

Eu nunca me casei na igreja.
Mas até parece despedida de solteira:
amigas aos gritinhos, abraços e beijos
Lembrancinhas e carinho!
Todo o mundo torcendo, rezando por mim!
De um jeito estranho, isso me deixa mais serena.
Porque dá a sensação de que toda minha ansiedade, agonia, nervosismo
Fica ali nos abraços, nos sorrisos, nos olhos marejados.

Dormi mal, mas dormi.
O café da manhã fez um bololô no meu estômago:
acho improvável o almoço descer bem...
Meu corpo é uma catedral de membranas que são tocadas pelas batidas do coração.
Se bate mais forte, tudo treme, vibra e às vezes, desaba!

Não dessa vez! Por favor!

Vou olhando os minutos passar no trabalho.
Se voltar a escrever aqui, já será em terras inglesas!

Sonhei com um abraço, uma menina, e tudo colorido na cor cinza.

18.12.08

Contagem

Nem preciso mais fazer contagem regressiva.
Está tudo pronto.
Falta uma coisinha aqui e ali.
Mas só.
Passar nos velhos.
Fechar a mala.
Festinha de "despedida" - invenção da Cris.
Uma manhã inteira de trabalho (ainda!)
E eu só tenho cabeça para - LONDRES!

17.12.08

Obrigada, 2008

Quanto mais penso no ano que passou
e nas pessoas que conheci,
Mais eu sinto uma onda de gratidão tomando conta de mim

Sou grata pela Luz do Buda
Que acendeu em mim meu farol, minha própria luz

Por todos vocês,
Seres incríveis que me levaram pra todos os lugares
me deixaram sozinha
me empurraram pra frente
me amaram de todo jeito
essas amizades que firmei, refirmei, reconfirmei,
são todas bênçãos incríveis
e uma prova de amor e compaixão
deste mundo para comigo!

Meus pais, os fofos do planeta!
Meu irmão, que sempre foi irmão em todas as minhas vidas
E certamente veio nesta somente para aguardar pela minha iluminação

O Enzo - meu Buda particular
Que realmente iluminou minha existência nos piores dias
E me fez acreditar de novo
No impossível
No milagre
No ser humano como faíscas divinas em formas vivas!

Minha profissão
Que traz meu pão, minha cerveja ! - e principalmente
A certeza absoluta do quanto sou capaz, criativa e constante

Minha Brasília
A cidade que escolhi para viver e ser
E que me acolhe desse jeito meio caipira, meio cabreiro
Mas ainda assim, me abraça no por do sol no parque
Me embebeda nas mesas de domingo no Beirute
Me mata de rir no chão da minha casa - agora minha pra valer!

Eu sou só gratidão
E quanto mais penso nisso
Mais difícil fica de analisar 2008
Porque foi um ano sem sal
Sem muitas ondas
Sem muito dinheiro, amor...
Mas que, enquanto se esvai nos dias
Parece intensificar sua importância
Nas grandes e pontuais coisas que ocorreram durante:
O Carnaval
Reencontros surpreendentes de amores platônicos
Jericoacoara
An englishman in Brasilia
Meu apartamento, enfim, no meu nome.
E Londres! Quem diria - Londres ainda estará em 2008 para sempre na minha lembrança!

15.12.08

Calmaria

Estou estranhamente serena.
Como que esperando o trovão atrás do vento que uiva
Antecipando a tempestade que chega no azul escuro

O dilúvio que vai lavar minha vida
Está a cinco dias de acontecer

14.12.08

A Meditação da Limpeza

- Vocês são de uma empresa, é?
A voz vinha de trás de mim, através do portão de grade da entrada principal.
- Não, frequentamos o Templo, somos da sangha e hoje fazemos uma limpeza simbólica anual, explicou a Cris, minha coordenadora de jardim - sim, fui escalada pra trabalhar no jardim na minha primeira limpeza voluntária do Templo.
Pensei comigo - como assim, limpeza simbólica?
Para mim, não tinha nada de simbólico ficar acocorada em cima dos meus tamancos - me sentindo totalmente inapropriada com a roupa que fui - catando ervas daninhas do imenso jardim que enfeita a frente do Nave.
Comecei assim, apressada, sabia que tinha só duas horas ali, a cabeça fazendo todas as outras atividades do fim de semana -
E ah! Quanto mato cresceu ao redor das plantinhas do jardim! Parece uma tarefa impossível, pensei angustiada.

Até que - vi uma Joaninha!
Andando lentamente pelo talo da folha que eu estava prestes a arrancar do solo, o vermelho reluzindo contra o verde - olhei intensamente para ela e ela pareceu olhar de volta para mim! Sorriu!
Talvez a última vez que eu tenha visto uma Joaninha eu tinha uns 10 anos!
Comecei então a fazer a minha tarefa com toda atenção possível - quem sabe não encontraria mais Joaninhas!?
Ralentei meus movimentos, e aos poucos, senti as pernas, os braços, o suor da testa cederem ao cheiro da terra, à textura do mato, meus ouvidos foram coando de leve a conversa dos companheiros; os pássaros pareciam cantar mais alto agora, mais que as buzinas dos carros!
Meu coração parecia pulsar no ritmo da terra escavada.
De tempos em tempos, pegava o montinho de ervas daninhas e levava até o grande saco de lixo. Num dado momento, me levantei dos joelhos e vi - o jardim já era visível, a limpeza do mato realmente surtia efeito!
E num fluxo de empolgação, continuei ali com meus companheiros por mais uma hora.
A sensação do cansaço e do calor não me impediram de ver como mais belo estava o jardim.
Sorri para os pássaros cantando no poste de luz.
Eles viam que ainda há muito mato para ser tirado dali,
Mas eu sabia que aquela limpeza tinha ido bem além das ervas daninhas do jardim do Templo. Junto com elas, foi pro lixo minha mente turbulenta e agitada.
Saí dali mais bela que quando entrei - mesmo suja de terra, suada do sol, cansada do trabalho braçal.
NAMO AMIDA BUTSU

12.12.08

Sete

Eu vou ter que ser realmente muito criativa pra inventar tanta coisa pra fazer em sete dias
Mais compras
Mais meditação
Mais corridas no parque
Trabalho
RPG
Acupuntura
Academia
Compras de farmácia
De presentes
De embrulhos pra presentes
De cartõezinhos pra presentes

Comer menos
Beber menos - cerveja
Mais - água mineral
Dormir mais cedo
Mais tempo
Mais rapidamente

11.12.08

Orgulho de prima!

http://br.youtube.com/watch?v=Sab4JLSV73I

Querido,
nestes dias de tanta ansiedade e expectativa pra mim, estou com os nervos à flor da pele.
E daí que abri esse link e me emocionei. Chorei de emoção de ver sua coragem e serenidade, seu companheirismo e atenção.
A sua beleza Vi, reflete no céu, no balão, no breve sorriso que sai da sua boca no imediato segundo do salto!

Entendi tudo.
Você ama saltar porque faz parte de quem você é - encarar o medo olho no olho pra atravessar o ar e ver o belo.
Enxergar o mundo num outro ângulo, nem sempre mais confortável, geralmente mais perigoso, mas sem dúvida, muito mais emocionante.
Estar ao lado do próximo, sempre, seja contando com ele como para dar apoio.
Voar alto, de corpo e de alma, no ruído do vento que é o barulho da sua própria alma inquieta.
E a súbita solidão no vazio do azul,
Te faz de repente pertencer a esse mundo
E este mundo de repente
Vira parte de você.

Seu amor pelos saltos é só um reflexo do amor que você tem por você mesmo, Vi. Acredite. Está claro nas imagens como no céu azul do balão.
Só não viu quem ainda não quis!

Te amo!
Um beijo com muito orgulho
(dos seus saltos e de quem você vem se tornando a cada dia!)

ps - vou publicar isso no meu blog, tá?

email pro meu primo Vinicius, um homem cada vez mais incrível com o passar dos minutos!

10.12.08

Bola

Gente, sou uma bola só de expectativa e ansiedade.
Se não surtar até dia 19, embarco pra maior aventura da minha vida.
Uma maluquice que um dia conto aqui com detalhes.
Mas, claro - tem a ver com romance, viagem, incríveis acasos, budismo, amigos, enfim...
Bem a minha cara!

Respirando
Respirando
Respirando

9.12.08

Sobre as surpresas da vida

Fui a mais uma confraternização ontem.
Fui meio a contra gosto, pra fazer a social.
Fui e não me arrependi. Para minha agradável surpresa, foi ótimo!

Cheguei em casa elétrica, demorei a dormir.
E nas minhas tentavias de acalmar a mente e relaxar,
Me veio um profundo sentimento de gratidão
Por todos que passaram pela minha vida esse ano
E fizeram dele um ano mais engraçado, mais divertido, mais surpreendente.

E como num filminho de slide, as carinhas iam aparecendo na minha mente
todo mundo do trabalho e em especial minha chefe - tão generosa em me dar a "alforria" para um feriado que vai mudar minha vida - ela ali, tão feliz naquela noite, quando tudo se resumiu em um breve encontro engraçado e curioso de gentes tão diferentes entre si! E pensando na minha chefe, comecei a chorar!

Era assim, uma sensação de gratidão, de agradecimento, de sei lá - saber que tenho tanta gente do bem me rodeando -
Meus bodisatvas* particulares - pequenos vaga-lumes trazendo sinaizinhos verdes por tantas noites escuras que já passei!
E ela, especialmente naquele momento, me veio à mente - uma figura doce e guerreira. Menina e senhora de si.
Um admirável ser humano, disposta a tudo para ver o sorriso no rosto de quem ela quer bem - (mesmo que não traga necessariamente um sorriso aos lábios dela). Pensando nas coisas que já passou até aqui, lembrando do que já dividimos no trabalho, e o pouco que vivi com ela na vida pessoal - tive uma sensação de surpresa e gratidão por ter tido tanta sorte de conhecê-la!

Gosto de supresas. Mas quase nunca as enxergo porque estou sempre ansiosa, antecipando, prevendo, adivinhando.
Mas conhecer a Maíra é certamente uma surpresa que a vida me deu e que finalmente enxergo agora: e olha que eu detesto esse negócio de puxa-saquismo, viu!

*Bodisatva é um termo usado no Budismo quando um ser já está pronto para a iluminação mas compassivamente decide ficar entre nós e nos ajudar na nossa iluminação. Numa intrepretação mais aberta, bodisatva é todo ser humano, animal, vegetal, que de alguma forma nos ajuda a chegar mais perto da mente iluminada do Buda que existe dentro de nós. Tipo uma chefe que me ajuda a fazer a viagem mais maluca da minha vida! Brigadão, garota!

3.12.08

Barriguinha

Acho melhor eu parar de comer...
A barriguinha já está ficando saliente de tanta sobremesa, chocolate, docinho, cafezinho, jantares, almoços! Af, e nem chegaram as confraternizações oficiais!

2.12.08

Contagem regressiva

Finalmente estou começando a preparar as coisas
Devagar, vou entrando no clima de férias, recesso, feriado!

Não vejo a hora de parar um pouco, sair do buraco do pré-sal, desligar o computador por uns dias...

Faltam 18 dias!

30.11.08

Santa Catarina

Tenho uma memória afetiva pelo estado de Santa Catarina
Passei férias inesquecíveis em diversas praias do litoral
Dancei no festival de dança de Joinville
Vi a festa alemã em Pomerode, hoje ilhada pelas enchentes.

Não é bondade, não, é pura obrigação mesmo.

Anota aí:

http://allesblau.net/tag/contas

Quem sabe, no dia que você precisar, alguém faça o mesmo por você, né?

27.11.08

Viver e reviver

Reencontrei por coincidência dois grandes amigos nesta semana.
O Gaudêncio foi meu escudeiro fiel em Nova York pelos últimos três anos que vivi lá.
Nos despedimos em 11 de setembro de 2001.
Ele foi minha ponte no final da minha história amorosa, e me ajudou muito de lá.

Enfim, mantivemos contato, mas na terça, finalmente nos abraçamos.
E foi incrível.
Aquela sensação maravilhosa de poder somente SER -
De olhar nos olhos, lá no fundo
De ter certeza absoluta que o outro está ali inteiro e feliz.
Foi muito bom ver alguém que já me viu tão louca, infeliz, surtada mesmo.
Foi muito bom ver o Gaudêncio tão melhor, mais bonito, mais feliz, mais PRESENTE.

E daí, me encontrei com a Mariana, com quem dividi minha infância e adolescência na escola, na aula de inglês, nas entrequadras de Brasília, no primeiro ano de formada em São Paulo. Ela me visitou em Nova York.
Reatamos a amizade, apesar da distância ainda, há uns 3 anos. Conheci a filha dela, ela veio na minha casa.
E é assim. Aquela pessoa que me pergunta como vai a minha avó.
E faz aquela cara de surpresa e alegria quando conto uma boa novidade.
Aquela velha cara para as novas coisas.

As velhas pessoas chegam de novo na minha vida.
Já sabem das minhas manias, minhas bobeiras, minhas risadas.
E quando não sabem, sorriem com os olhos, com a alma, um afago gratuito.
Estou feliz de ter tantas histórias com tantas pessoas incríveis.
De a vida estar passando serenamente, mas com tanto impacto, com tanto afeto.

Sou feita de gente.
Não tem mesmo jeito.
Meu mundo, o de dentro e o de fora,
Vive da gente que me rodeia,
Que aparece e reaparece e desaparece!

Sou feita dos amigos, amantes, afetos e desafetos
Que contornam meu corpo
E meu coração!

Um brinde às pessoas!
Estas que ficam, aquelas que passam.
As que foram e ainda voltarão!
E especialmente aos meus velhos e bons amigos -

A quem eu nem preciso mais dizer nada
Só rir bem alto! Bem alto mesmo!

23.11.08

Domingo

Tive um sonho lindo
Uma manhã linda
Um almoço ótimo
Uma tarde incrível!

Vai TER QUE DAR tudo certo no final!

Irmão

Ontem foi aniversário do meu irmão e acabo de chegar da comemoração -
pizza com os amigos dele.

Estou na ápice do meu surto de ansiedade
Me sentindo deslocada,
feia,
errada
Desconcentrada
sem assunto
com medo
com dor de barriga - há 4 dias!

Não sei exatamente o que disparou o surto dessa vez
e estou sem muita energia para avaliar neste momento

Há um enorme buraco
e me sinto só
com o peito espremido nas palmas das mãos

Resisto, no entanto, a levar tudo isso muito a sério.
Engoli o choro
dormi e acordei
mas ela continua aqui
Ansiedade
de ser outra pessoa
ou estar em outro lugar

Me vem a vontade de ser mãe - ou ter SIDO mãe
e a pouca esperança e as mínimas perspectivas

E rápido desvio o pensamento para FATOS
e mais rápido ainda a ânsia me enforca

Estou exausta de mim
mas resisto em ser a vítima dessa vez

Olho nos olhos desse gigante ansioso
Morre quem piscar primeiro

20.11.08

Exílio...

VIRGO [August 23–September 22] I suggest you meditate on the theme of exile. Here are some questions to get you started: 1) Have you ever been shunned by people you care about? 2) Do you know what it's like to unwillingly leave a place that has made you feel safe and secure? 3) Can you remember the desolation that came over you when you found yourself wandering in the middle of nowhere? 4) Has it been a challenge to connect with your tribe or be at peace in the land that makes you feel at home in the world? Whatever your exile is, Virgo, the coming weeks will be an excellent time to figure out how to heal it.

19.11.08

Tchau, Thiago

Meu peito está angustiado e revoltado.
Thiago, um colega da TV, faleceu ontem à noite.
Erro médico? Falta de assistência, diagnóstico, medicação?

Após suspeitas de um monte de coisas, finalmente descobriram que ele tinha um fungo.
Sim, um fungo na corrente sanguínea. Veio das fezes do morcego, o fungo.

Ele ficou de um hospital pra outro, até ser transferido para uma UTI com falência múltipla dos órgãos.

Faltou tempo? Faltou boa vontade? Faltou um bom médico de plantão?

Pessoas da própria TV dividiram o valor da ambulância que o levou de um hospital para a única UTI disponível, acionada com um telefone para um deputado federal do DF.

Eu dei dez reais para a coroa de flores. Não fui ao enterro.

Se ele fosse meu irmão, não teria morrido. Eu tenho seguro saúde, que cobre despesas em hospitais particulares e UTI.
Se ele fosse um servidor da TV - e não um terceirizado, ele não teria morrido. Porque teria o privilégio do dinheiro, do acesso.
Se ele fosse mais velho, talvez tivesse morrido mais cedo. Mas com 23 anos, o corpo resiste fortemente a todas as intempéries e luta por mais tempo, com mais força.
Se ele não fosse o Thiago, estaria vivo.
Mas ele não está.
Para mim, fica a revolta com este sistema de merda de saúde pública.
Fica minha inabilidade de expressar tudo que penso em atitude.
Fica um vazio, uma tristeza mesmo.
O Thiago era tudo de bom. Aqui na TV era a pessoa que mais me impressionava - bonito, prestativo, atencioso, bem humorado, e totalmente apaixonado pela profissão.

Tchau, Thiago. Eu sinto muito.

17.11.08

Perspectivas

Já trabalhei num montão de lugares.
Em termos de ambiente, o melhor era uma sala de quina, com janelas de fora a fora olhando o rio Hudson. Um computador, um telefone, uma mesa, uma cadeira, uma estante. No horário do almoço, no verão, dava pra subir no deck do último andar e comer olhando a cidade lá embaixo. Cada parede era pintada de uma cor, com bolas, listas, flores em tons contrastantes.

O lugar mais exótico era dentro do Zoológico do Bronx.
Eu descia na estação de metrô e andava mais uns 7 minutos pelo caminho que cruzava a "casa" dos leões, dos pavões, e o cheiro de floresta, mesmo no inverno, era impossível de não ficar feliz. Tá certo, foi o pior chefe da minha vida, e a minha sala tinha um cheiro de bicho nada agradável.


Em São Paulo, trabalhava num pequeno prédio de dois andares, horrível de estacionar, horrível pra achar lugar pra almoçar, mas com pessoas incríveis e o gelateria Parmalat na esquina pra um expresso a cada cinco segundos!

Não vou comentar sobre o meu local de trabalho destes últimos quatro anos...é que eu já desisti de reclamar pois não farei nada a respeito. Então, me calo.

Mas, quero fazer uma observação - lá nos Estados Unidos, quando alguém espirrava, era imediatamente mandado pra casa. A fobia de contágio com germes alheios impedia as empresas de deixarem funcionários gripados, febris, menstruadas, alérgicos, trabalharem. E olha que os ambientes nem eram tão insalubres, havia janelas, espaços abertos, alto astral.
Aqui, é uma espécie de orgulho trabalhar caindo de doente, de febre, de pressão baixa...é bonito mostrar pros colegas o quanto se sofre para o bem da empresa.

Essa mania de sempre ser a vítima da situação, a vítima da doença, da circunstância. Sempre esperando um prêmio de consolação, o bônus para o mais miserável, o mais em dívida, o mais-doente-que-vem-trabalhar-pra-não-deixar-o-trabalho-tão-importante acumular e o chefe ficar frustrado.
E o mais curioso é que essa postura não só deixa todo o resto dos colegas doentes - num efeito dominó - como também diminui o ânimo, o astral, a produtividade de todos.

Estou exausta. Síndrome de véspera de fim de ano?

13.11.08

É chato ser gostosa, viu?

VIRGO [August 23–September 22] For many people, 10:30 a.m. is the best time of day to come up with fresh insights. But that won't exactly be true for you in the coming week. I mean, 10:30 will be a time when you're likely to be really smart, but then so will 11:30, 1:05, 3:46, and 4:20. For that matter, 6:35 may also bring a gush of high intelligence, as well as 7:27, 8:19, and the last 10 minutes before bedtime. What I'm trying to say, Virgo, is that you're in a phase when being brilliant should come naturally.

11.11.08

O melhor anônimo do mundo é aquele que escreve aqui!

Fabi,
você alguma vez abriu a geladeira e se deparou com um odor sinistro?
e por isso saiu catando o que tinha de coisas fora da validade pra jogar fora e enfim, defenestrar o mal cheiro???
Bem, às vezes nos esquecemos de fazer essa "limpeza" na nossa "alma", e então adoecemos sem saber o porquê.
Vejo nos seus posts o quanto vc é impregnada pelo passado.
ex que sempre retornam em sonhos, ex que sempre retornam em pensamentos, ex que sempre retornam em cartas, ex que sempre retornam em saudades, ex que sempre retornam e dores de cotovelo, ex, ex, ex...
TUDO COM VALIDADE VENCIDA!
o passado nos serve como escadas, que vc pode utilizar pra subir ou descer. a hora é de subir, crescer, amadurecer.
quem vc amou no passado, não é mais o mesmo do presente e nem muito menos vc é.
as histórias que vc viveu, de amores, países, trabalhos, amigos, famílias, servem pra te tornar forte, grande, única. nunca ninguém vai viver as tuas histórias e vc nunca viverá as de ninguém, por isso orgulhe-se delas, mas siga enfrente para continuar a escrever o resto da história da tua vida que está por vir.
livre-se das coisas podres, pois só assim haverá espaço na sua "geladeira" pras coisas novas.
seja feliz mesmo quando a tristeza te visitar, pois com a "alma" limpa, ela, a tristeza, não encontrará abrigo.
beijos


Comentário postado pelo Anônimo - que eu acho que me lê com certa frequência - e aquele tapa com luva de pelica, aquela chacoalhada segurando os ombros, aquilo que alguém te fala quando não aguenta mais ver você fazendo burrada!
Um beijo, Anônimo! Você é tuuudo de bom!

9.11.08

Tristeza

Difícil explicar
Mas tem uma sombra de tristeza me rondando
E hoje foi irresistível

Não cai lágrima
Só tenho um coração pesado
E a vontade de nem sei

Melancolia

Era pra ter sido um fim de semana agradável
Fiz mil coisas na rua, acordei cedo, meditei, revi amigos

Mas, algo não estava bem
O corpo sonolento, um cansaço nos olhos

No meio da chuva, o carro escorrega na pista
Desvio do meio fio, puxo o volante, vou para a outra faixa!
Bate uma dor de cabeça
Do volume da adrenalina

Voltei pra casa
Ensopada, deito na cama
Telefone desligado
Dormi

Acordo horas depois,
Me forço sair da cama
Arrumar a casa
Banho
Rua
Teatro
Festa

Mas o corpo cansado
O olhar lento
A mente em outro lugar
Sei lá

Indiferença
Tristeza
ou é só vontade mesmo
de parar tudo e fazer nada por muito dias?
Tanto faz, tanto faz...

6.11.08

Especial

Fui buscar meus pais no aeroporto ontem
Quase 20 dias sem vê-los
Já era tarde e chovia
Fui dirigindo devagar, feliz com a chuva e com a expectativa

Fui ansiosa, sorrindo
Parei o carro longe, andei sem aparar a chuva
Fiquei lá em pé, molhada e calada
Sentindo o coração bater forte

Esperei
e esperei mais um pouco
senti um frio na barriga
e um frio no corpo úmido

Comprei flores
Sentei no cimento duro
Olhei o relógio, o número do vôo, a sala de desembarque

E de novo
e de novo
e de novo, só pra ter certeza

Pessoas se abraçando
Pai e filho
Mulher e homem
Negociantes
Um grupo de amigos gritavam pra moça sorridente

Meu pai sai na frente
Um forte abraço
Demorado
Suado
Cheio de risadas
Minha mãe veio logo atrás
Tranquila
e cheia de beijinhos

Mais chuva até por tudo no carro
Mais chuva até entrar pra comer
Mais chuva até minha casa...

Eu sabia que devia ter secado o cabelo pra dormir
Dor de ouvido, garganta
Mas...
Que importa?

Meus pais chegaram!
Agora tem alguém pra cuidar de mim...

3.11.08

Homens

Era uma duna de areia cascalhenta e já estava meio escuro.
Eu subia devagar, mas sem muita dificuldade
E quando olho pra cima, vejo uma multidão de pessoas descendo
"Por que estão vindo na direção oposta? " foi meu primeiro pensamento

Parei um instante, procurando me desviar das pessoas
Mas uma delas me nocateou na cabeça
Caí desmaiada
Dois homens me socorrem e me levam para uma pequena rua de chão
Há uma pequena mercearia japonesa
Um dos homens se interessa por mim

Vamos andando meio que abraçados, e ao chegarmos na mercearia
Que agora já é um café e eu peço em inglês, um scone and coffee
O homem me pega pela mão e me levar pra dentro do tal café,
Onde mora toda a família japonesa,
Ele tira a camisa
E eu fico olhando ele, sentada numa cama
Não há exatamente uma inteção sexual nisso tudo,

Então, ele agora é um ex ex ex ex namorado (que sempre me visita em sonhos)
Que está enciumado do atual ex
E eu fico assim, serena com tudo aquilo
Muito certa dos meus sentimentos

Mesmo sem saber quais são

31.10.08

Sabia que deveria ficar online até agora
Não tinha a resposta assim, em palavras, mas sabia

Daí, meu irmão ficou online
E trocamos algumas linhas:

Estão todos bem
Só faltou eu
Meus pais estão ótimos e adorando
O Enzo está engraçado e "falador"

E foi me dando um aperto aqui
Na boca do estômago
Um nó de marinheiro
Nesse cerrado sozinha
Até...

Chorei de saudades
Do Bruno
Do Enzo
Dos domingos em volta da mesa com cheiro de café e doce
Do papai com as histórias mirabolantes
E mamãe com um comentário atento
E a risada boa da Rafa

A gente seleciona as memórias
E eu apaguei estas
Das saudades de família
E só agora me lembro
Que pode ser grande e pontuda
Um nó na barriga
Uma lágrima na bochecha

Um amor estranho que a distância evidencia
É esse amor de família
Que nunca fiz muita questão de ter
Porque na verdade, sempre esteve ao redor
E dentro de mim.

Um beijo e um abraço apertado pra todos os viajantes: papai, mamãe, Bruno, Rafa e meu Biju-Enzo

29.10.08

Calor

Acordei de mais uma noite mal dormida com o calor infernal que assola Brasília há vários dias.
Desliguei o chuveiro elétrico, mas a água cai morna no meu corpo suado de lençol.
Nem banho dá vontade de tomar.
Estou cansada, estranhamente cansada.
É esse calor, pensei comigo -
E também pensei
E se for assim daqui pra frente?
Todo outubro sem chuva e com um sol de agosto?

O ser humano se adapta a tudo, não me preocupo com as próximas gerações
que nascerão já nesse clima apocaliptico.
Mas...e nós, que já brincamos nas chuvas de outubro?
Que assistimos filmes em VHS com a céu caindo lá fora em novembro?

Teremos que nos adaptar, não há outra saída.
Me sinto na obrigação! Como posso deixar de viver porque está calor?
Não posso me deixar levar pela preguiça e o desânimo do calor desses dias.
Não.
Hoje à tardinha, vou correr no parque.

27.10.08

Mundos

Depois de um intenso e merecido mergulho no Samsara, fui meditar hoje à noite.

Passei o fim de semana em isolamento total do mundo cibernético:
me dediquei exclusivamente ao mundo palpável e tátil
-
Tomei sol e comi muito com a Bio e Luiz - que agora são paulistas e sempre chegam e voltam correndo -
matar a saudade não dá, mas dessa vez deu pra por a fofoca em dia - ou quase.
E a comidinha da tia Marilene tira qualquer dieta do prumo! Pena de mim!

Comecei minhas sessões de corrida com a Cris em um dia e com a Márcia no outro.
Não preciso dizer que estou dolorida, mas a exaustão física é um alento pra minha alma:
Aos poucos, entro no mundo físico do esporte, da prática da atividade com um objetivo único - estar bem.

Fui à festas de aniversários com amigos, bebidas, música e risadas altas. É de todos, o mundo mais familiar,
mas que aos poucos vem perdendo espaço pela idade, preguiça e para tantos outros mundos que eu ainda quero conhecer!
Visitei meu avô, que com 90 anos, resumiu tudo:
"Eu me achava muito evoluído. Mas com a morte da sua vó me dei conta que sou como todo mundo. Sofro e choro de saudades"

A ausência da minha família direta - todo mundo em Santiago do Chile - me lembrou de como era viver longe de pai e mãe: uma saudade gostosa de sentir, uma liberdade boa, mas uma apreensão lá no fundo - e se eu nunca mais vê-los?

A meditação me lembrou que eu não sou nenhum desses mundos. Que eu não pertenço a nenhum deles. Eu sou somente uma sombra. Porque perto de mim, sempre há Luz.

22.10.08

Adeus

Hoje eu reli uma carta de amor datada de 25 de novembro de 2004.

Foi a carta mais linda que alguém já me escreveu.
Palavras doces e amorosas, tudo que eu sempre quis ouvir.

Uma pessoa que realmente me via, me enxergava como sou -
mas como ele mesmo disse, dois anos tarde demais.

Eu li tudo, do começo ao fim e aí veio uma vontade de chorar.
Ontem eu também tive uma vontade de chorar
Aliás, pensando bem, já faz um tempo que eu ando assim, meio com vontade de chorar.

Daí, quando eu choro, vem uma lagriminha solitária, que nem escorre direito

Enxugo a danada do rosto e perco a concentração na dor -
O adeus ficou no passado
O amor ficou no passado

E o que está comigo aqui
É essa incrível possibilidade de querer amar alguém
Não cabe mesmo lágrima de antigo amor.
No máximo um sorriso de canto de boca, os olhos fechados na chuva
Sopro com força um beijo carinhoso
Para ele, sempre tão longe
Vai junto um novo adeus
Cheio de espera
E de esperança

21.10.08

Probabilidades

É possível que o improvável aconteça um dia?
Ou seria provável pensar que o impossível uma hora acontece?
Afinal, é tudo um jogo de palavras
Ou são peças nos lances do amor?
Sinto saudades das tantas certezas
Que nunca mais tive

18.10.08

Inimigo íntimo

Demorou, mas as cigarras berram em Brasília.
Este ano, fiquei um tanto ansiosa com esse tempo longo para sairem da terra.
Eu adoro reclamar das cigarras! E morro de medo delas também!

Geralmente, anunciam a primeira chuva e por aqui ficam até quase o Natal.
Os ipês se despedem, entram as cigarras, os içás - que são formigas aladas - e finalmente, os flamboyants e a chuva de verão.

O hiato entre agosto e setembro nunca demorou como este ano.
Espero, espero e numa noite calorenta, as janelas escancaradas convidaram -
A cigarrinha entrou rápida no seu zunido particular.
Bateu no vidro, na parede, na luminária e tuft! - entrou por entre o lustre a lâmpada!
Gritaaaava!
Num salto de susto, apaguei a luz! O que mais poderia eu fazer?
Ela vai morrer presa ali.

Me deu uma profunda tristeza e um medo terrível - a criatura que detesto tanto, vai morrer presa, aqui na minha casa!
Ela morreu mesmo, vejo a sombra dela quando acendo a luz. Não tenho coragem de tirar o lustre para jogá-la no lixo. Eu tenho medo de cigarras mortas também.

E lá estava ela até ontem à noite, no calor insuportável que temos tido por aqui: a janela é a moldura de um quadro onde lá fora nada se move. A jaqueira parece pintada ao lado dos carros e prédios. Vidros devem ficar abertos!

Não sopra vento, mas... eis que outra cigarra vem me visitar! - Das grandes!
Fico ali, no computador, fazendo de conta que nem ligo. Ela, em silêncio, está na cozinha. E por ali fica, sem cantar (o que me faz pensar que deve ser fêmea, pois somente os machos cantam para acasalar. E aliás, não é cantar com a garganta; é uma espécie de fricção do abdomem.)Me convenço que isso é um absurdo, apago tudo e corro pro quarto de dormir.

Não passava das 7 da manhã, a cigarra me acordou hoje. Com muito calor, fui pro banho morta de preguiça e medo - ela ainda está viva! Por que não foi embora daqui?
Vesti uma roupa e chinelos, e apelei para o novo porteiro do prédio.
Quando subiu de vassoura em punho, comentou:
- Eu vou matar ela pra jogar fora.

Senti um golpe no estômago. Ela já estava meio moribunda, lerda, andando pelo chão branco, perdida e calada. (Vai ver que era por isso que buscara refúgio, um lugar longe das outras, felizes e cantantes.)
Matar uma cigarra? Outra?
No outro canto do apartamento, ouvi as vassouradas baterem forte no chão da cozinha.
Para cada baque, um pulo no meu coração. Me deu vontade de chorar.
O porteiro varreu a cigarra morta pra fora de casa.
Fechando a porta, senti uma solidão profunda.

No Templo, o monge Haritane falou das cigarras. Como demoram pra sair da terra para cantar por pouco tempo - como nós, que demoramos tantas vidas para chegar à iluminação.
E daí, comentou que uma cigarra entrou na casa dele. Como a minha visitante, aquela era fraca e doente. O monge deu a ela água com açúcar e conviveu com o tal ser por um longo dia até a cigarra morrer naturalmente. - E aí, eu fiquei triste - ele acrescentou.
E eu, mais ainda.

15.10.08

Efeito Lua Cheia

Estava eu e este homem.
Era a sala ou o cômodo de algum lugar, um apartamento talvez.
Estava dia, a luz entrava forte pelas janelas,
Mas não era calor, era bom
Ele estava sentado no sofá e me puxava de leve bem pra cima dele
Eu sorria, falávamos em outra língua - talvez espanhol?
O beijo era bom
A textura da pele,
Olhando no olho
Já estávamos sem roupas

Em movimentos uníssonos
Sem sons
Só palavras em outra língua
Lábios
Orelhas
E um longo suspiro
Ao acordar

14.10.08

Lenço

Comecei em julho, ou seja, três meses de aulas.
Mudei de horário, porque o tempo anda meio apertado mesmo e é melhor andar pra trás do que parar
pelo menos em se tratando de algo que teimo em aprender.

Acho que sofri um leve retrocesso, porque matei aulas demais, quase três semanas seguidas!

Mas, hoje, saindo pra aula, via a lua cheia, e com meu lenço novo amarrado abaixo da cintura
Me senti uma rainha egípcia
Com guizo nos quadris
Dançando ao luar!



ps - esta foto é meramente ilustrativa, viu pessoal...

12.10.08

Início


Eu achava que quando alguém assume um compromisso com você, tem que cumprir até o fim
que quando a gente promete algo, tem que fazer
falou tá falado, promessa é dívida
ajoelhou tem que rezar

Me sentia muito bem assim, cética e certa no meu mundo de afazeres prometidos
promessas cumpridas
encomendas entregues

Até chegar o amor
e o fim dele

E me vi desprometendo, descumprindo, desfalando
desfazendo os compromissos todos!
O amor - em todas as formas que passou na minha vida,
me fez ver aos poucos que, o compromisso é feito,
a vontade é de cumpri-lo,
mas a força da vida, do sentimento, do mundo
muda tudo
toda hora

Assumir um mesmo amor, fazer dele um compromisso,
é desafiar a estrutura orgânica da vida,
de si próprio,
dizendo um sim que já se sabe de antemão
que terá tantos poréns -
e é exatamente nisso que reside toda a força do compromisso de amar

(E por aprender isso,
vim fugindo do dito cujo a vida toda)

Com medo de não conseguir
de mudar de idéia, de sentimento, de vontade;
com tanto medo de assumir,
que preferi sempre culpar o outro
inventar uma celeuma, mudar de país

Meus relacionamentos acabaram porque
eu, eu tinha medo do compromisso
não de cumpri-lo
mas de descumpri-lo,
de desfazê-lo
acordar de outro jeito e fim

Por tudo isso
Hoje fiz minha iniciação no Budismo
A cerimônia de Tomada de Refúgio nos três tesouros do Budismo
(O Buda, o Darma, e a Sanga)

Assumi um compromisso de viver o budismo na minha vida
Vivendo a experiência direta do darma
Praticando a compaixão e o bem ao próximo
No meu Caminho Óctuplo

Fiz um compromisso sério, pensando em cumpri-lo até o fim da minha vida
Fiz morrendo de medo
com algumas incertezas e dúvidas
e me sentindo ainda muito ignorante e incapaz

Mas, fiz um compromisso.
A pessoa que sou hoje fez um compromisso hoje

Amanhã, quando acordar, farei um novo compromisso
Com o sentimento da pessoa que eu serei amanhã

E assim será
como a vida,
um novo compromisso a cada dia
numa nova pessoa que serei a cada dia
budista, iniciada, mas nunca a mesma de hoje
deste momento
deste compromisso
mas acreditando sempre na fé
e na minha capacidade de ser, todo dia,
uma pessoa melhor do que fui ontem

8.10.08

Mãe


Hoje é aniversário da minha mãe.
Espontânea, inteligente, linda.

Ela está com 62 e por tudo que já passou, até que segurou bem a onda.
É uma pessoa ímpar
Porque é agressivamente leal
Intuitiva
Careta
Doceira
Ledora curiosa de tudo sobre o ser humano
E incrivelmente doce e brava ao mesmo tempo

Me vejo com 62 anos quando olha pra ela
Imagem e semelhança
Aceito os defeitos herdados
Ansiedade
Dona da verdade
Ciumenta
Preguiçosa

E lamento as qualidades que não vieram no sangue
Paciência
Generosidade
Senso de profundidade, tamanho, localização

Hoje, comemoro com ela mais um ano de alegrias e tristezas naquela vida
O Enzo, a doença imunológica, o trabalho
Mas principalmente
Hoje celebro a alegria de ser parte da vida de mamãe
Conversar, fazer planos, falar mal da vida alheia, fazer as unhas
No auge na minha vida adulta,
Finalmente, reconheço nela uma grande amiga e mulher!

Beijinho, mãe!

5.10.08

Sobre ver o invisível

Eu amo arte.
O que ela pode representar para mim e os efeitos que me causa.

A surpresa que a arte traz - uma lembrança do humano em mim - de sentimento, sensação, emoção
me deixa compreender que faço parte do todo, do humano e do não humano.

Estar despreparada para o que vou ver, ouvir, sentir na arte - é estar no presente, viver o aqui e agora intensamente.

Olhos abertos, mente atenta - e a arte vai até o coração. Ilumina pela luz que sai das tintas, tranborda notas musicais, o escuro do teatro.

A arte é divina. E humana. É o caminho, o fio de contas, a flor que nasce na sala escura do cinema, na aquarela em branco.

Mas só agora, tudo isso faz sentido em palavras.
É que só esse ano, conheci a Adriana.
E vi nas suas telas, minha jornada no budismo até aqui.

O budismo virou arte, que virou vida, que virou budismo.
Que na verdade, sempre foi tudo.
E tudo sempre foi budismo.

Adriana, meu veículo para a arte-luz
E Budismo, meu veículo para a vida.

Beijão, querida. Obrigada.


ps - "O Budismo cabe em um copo d'água" - exposição individual de Adriana Marques - de 5 a 18 de outubro no Mezanino do Teatro Nacional, Brasília.

1.10.08

Pra semana

VIRGO [August 23–September 22] Talk back to those annoying voices inside your head, Virgo—I mean those nagging little chatterers who second-guess you 10 times a day, trying to undermine your faith in what you've started in recent weeks. And as you respond to their agitation, do so with poise and grace—not with defensiveness or bitter complaint, but with a quietly aggressive confidence that the intuitions you relied on to launch your new projects were basically sound. Those annoying little voices are trying to convince you to go back to square one, when in fact you're on the right track and merely need to do some tinkering.

29.9.08

Consumo

Ó mundo cruel!
Hoje comprei sapatos!
Não há nada mais deliciosamente revoltante que ceder às tentações do consumismo barato:
Entrar numa liquidação de sapatos e levar exatamente aqueles que menos se necessita!
Foi meu primeiro surto do ano...
Nada mal pois já estamos praticamente no mês 10!
Aquisições incríveis
Baratíssimas
E, espero, muito usáveis!

ps - tudo para celebrar secretamente algo muito secreto que manterei em segredo!

28.9.08

Rock'n'roll

No Arena, o rock'n'roll comeu solto
Era noite de música ao vivo
Tributo aos vovôs do rock - The Clash

Tudo ali, me lembrou a pessoa que fui
O jovens fumando e bebendo
Procurando por eles mesmos
E se achando entre amigos,
Na música
No chacoalhar da dança

Não estava deslocada
Mas definitivamente, ali não era meu habitat natural
Vi tudo com olhos antropológicos
Sem conseguir por muito tempo, entrar no momento

Ouvi a música
Bebi e dancei
Não foi nostálgico
Foi um alívio

A pessoa que eu fui está aqui
Dentro da mulher que hoje eu sou
E esta de hoje cabe todas de sempre
Mas exatamente agora
O ser que sou está só

27.9.08

Mais chuva!

Chuva no brejo

Moraes Moreira

Olha como a chuva cai
E molha a folha aqui na telha
Faz um som assim
Um barulhinho bom

Faz um som assim
Um barulhinho bom

Água nova
Vida veio ver-te
Voa passarinho
No teu canto canta
Antiga cantiga

No teu canto canta
antiga cantiga

25.9.08

Depois da chuva

Shhhhh, silêncio.
Não estão ouvindo nada?
A chuva passou, levou os raios e os trovões.
Deixou a terra, folhas e troncos ensopados.
Mas não...
Não há sequer uma cigarra cantando!

23.9.08

Deus é Fiel

Eu não ia escrever sobre isso, mas lendo o Estuário, me lembrei que sempre quero escrever sobre o assunto e acabo esquecendo.

Ando muito esquecida. Direto esqueço coisas, ligações a fazer, pessoas.
Ontem mesmo, esqueci meu ex! Totalmente!
Assim, me lembrei dele num momento e puft - caramba! Faz tempos que não penso na figura! Ah, minha memória...

Enfim, eu ia escrever sobre outra coisa - que também me fugiu da memória - e como disse a Elisa Lucinda - o pior da memória é quando a gente perde as coisas: porque daí, temos que ficar procurando! O melhor mesmo é só esquecer e pronto. Esquecido está. No caso do escrito, eu perdi mesmo...mas uma hora dessas eu acho de novo.

Mas, bem. Quero falar desses adesivos que a gente vê nos carros, nas lojas, em tudo quanto é canto - DEUS É FIEL

Sei bem que o verbo SER é de ligação, mas - nesta oração específica, não me canso de perguntar - FIEL A QUEM?
Porque ser fiel, é mole. O problema é pra QUEM a gente dedica a tal fidelidade. Ou fidelização, como gostam as empresas aéreas, de telefonia celular, os bancos, tals.

Veja bem, eu não duvido da fidelidade. E nem de ninguém que afirme tal coisa sobre outra pessoa. Ou coisa. Ou ser.
Mas, por que diabos será que as pessoas gostam dessa afirmação? Esta, de que Deus é fiel?

Aos meus ouvidos, soa um pouco como ameaça...do tipo, Deus é fiel, e você?
Daí, já me dá uma certa irritação, porque, oras - faça logo um adesivo tipo:
E aí? Você já chifrou hoje? Melhor ainda: Você já ME chifrou hoje?
Pra que tanto rodeio? E ainda por Deus no meio?
Se a pessoa tá desconfiada, é melhor saber logo. Ou então, esquecer. Mas esquecer mesmo, como do dia do aniversário do chefe. Que nem tem jeito de voltar pra buscar...

Eu não acredito nisso, que Deus é fiel. Pelo menos pra mim, ele nunca prometeu nada...estou tranquila.
E agora que já escrevi tudo, me veio uma vaga lembrança de já ter um post aqui sobre Deus ser fiel ou não.
Quem mandou perder ao invés de esquecer?

22.9.08

Detestamentos da vida só

Na lista das piores coisas de morar sozinha:
1 - definitivamente a número um - ficar doente
Mesmo detestando ser cuidada, bajulada, mimada - é horrível eu mesma ter que levantar pra pegar o remédio
Eu mesma ter que abrir a gaveta e pegar qualquer meia pra esquentar os pés
Prepara o banho,
Esquentar o chá, por o mel, derramar na xícara, por na bandeja
Ir à farmácia queimando de febre
Lembrar dos horários de remédios mil

2 - definitivamente a número dois - fazer compras no mercado
Além de eu detestar mesmo fazer compras - mesmo quando eu dividia a casa com outras pessoas, essa detestação já existia -
Carregar o porta-malas - que já vive cheio de trecos: livros de estudo, de leitura, tapetinhos de Yoga, tênis pra malhar, chinelos Havaianas, meias sujas, limpas, médias - ainda tem que caber todos os saquinhos de mercado
Achar um jeito de tirar todos os saquinhos, segurá-los com uma das mãos enquanto a outra fecha o porta-malas do carro - porque colocar tudo no chão demoraria mais meia hora pra acertar os buraquinhos de mãos das sacolinhas de plástico - e ainda naquela posição super confortável de meio agachamento. Não! Eu economizo energia e paciência equilibrando todos os pesados em uma das mãos, enquanto a outra segura os mais leves - papel higiênico e absorventes, por exemplo - pra fechar a tampa do porta-malas;
Andar até a portaria de prédio com a chave em punho para abrir a porta que tem molas e não fica parada sozinha.
Aqui, eu tenho que por os saquinhos no chão. Já até consegui a façanha de abrir a porta sem mexer nos saquinhos já acomodados cortando a circulação dos dedos - mas em seguida, a sacolinha rasgou, espatifando o papaya no chão do prédio com aquele fedor de mamão (eu não gosto de mamão, mas comi por um tempo pra fazer cocô direitinho).
Ponho os saquinhos leves no chão, a chave já na manha, selecionada no chaveiro.
Daí, subir os dois lances de escadas.
Até um mês atrás, ficava dolorida dessa aventura semanal. Agora que estou puxando ferro muito seriamente, ainda não me afetou os músculos. Só o humor mesmo.
Abro a porta de casa e dá vontade de deixar os saquinhos ali, na porta mesmo. E ir comendo as coisas dali mesmo.
Mas claro - desensaco tudo, guardo na geladeira, no armário, lavo as verduras, as frutas, tiro tudo dos saquinhos, coloco em potinhos de plásticos com tampas verdes, todos combinando e com tamanhos diferentes - tá, sou TOC e daí?
O pior, o pior mesmo, é quando deixo por engano, saquinhos dentro do carro - é que às vezes compro coisinhas pra comer no trabalho, daí as compras nem saem do carro até o dia seguinte, na rampa do Congresso. Mas já esqueci sorvete, chocolate, manteiga - e a preguiça de descer e subir?
Sério, na maioria das vezes, prefiro encarar a meleca só no dia seguinte. Não aguento de má vontade!
Hoje, esqueci chocolates, absorventes, e Veja MultiUso.
Sem dúvida, o carro terá um cheiro particular amanhã cedo...

21.9.08

Budista

Das ilusões

Meu saco de ilusões, bem cheio tive-o.
Com ele ia subindo a ladeira da vida.
E, no entretanto, após cada ilusão perdida...
Que extraordinária sensação de alívio!


Mario Quintana
(1906-1994)

20.9.08

Sábado

Ultimamente, tem poucas coisas que gosto mais
Que ficar sozinha em casa, o dia todo
Trabalhando, comendo, conversando online

E quando a chuva bate no vidro
Reflete a noite e o vento lá fora!
Não tem lugar melhor no mundo
Que o agora.

18.9.08

Chuva esperada

Finalmente!
O dia já veio com cara de expectativa:
As nuvens baixas e cinzas
O tempo estático
Tudo parado como uma respiração presa
Segurando um soluço
Esperando cair
Chuva

Como no sexo
Os movimentos se fazem em ansiedade
A respiração encurta
O peito acelera
Até o último segundo
Esperando vir
Orgasmo

Vai ficando insuportável
Irresistível
Incontrolavelmente bom
O calor
O suor
E cada gesto
Cada folha que cai
É um anúncio
Da chuva
Do gozo

A demora instiga
Aumenta a vontade
Até bater o vento último
Suspiro final
E vem a chuva fininha
Leve e suave - que não tem nada com isso
O orgasmo manso - doce e intenso
Como se fosse o primeiro de tantos
Dessa nova estação que vem

16.9.08

Lua laranja

Tinha fumaça no céu.
Uma lua laranja escondida por trás de
Não vento

Do olho que arde por dentro
Uma lua laranja reflete no vidro do
Não ar

Nuvem de nada por cima
E uma lua laranja que ensina
Não dor

Só vontade de amor

14.9.08

Fassbinder e costelinhas



O Casamento de Maria Braun - Fassbinder, 1978

Saí do samba no Calaf e me encontrei com Marcia na porta do Museu.
A pequena sala super fria foi um alívio na noite seca e quente.

O filme fala sobre Maria Braun, uma mulher que se casa e o marido vai pra guerra no dia seguinte.
É a Alemanha de Hitler e o rádio com o nome das pessoas ecoa durante o filme todo.
Ela frequenta a estação ferroviária, sempre em busca de notícias de seu homem,
até o dia da chegada do marido da amiga. Ele dá a notícia de que Hermann morreu.
Maria troca um broche por um belo vestido preto, e troca a estação ferroviária pelo bar dos americanos.
Lá, ela se envolve com Will, um militar negro e mais velho. Gosta dele, mas nunca se casará com ele.
Will deixa ela grávida e feliz, até o dia em que o marido volta pra casa. Na discussão, Maria mata Will e Hermann confessa o assassinato. Vai preso. Maria perde o filho de Will.
Maria viaja de primeira classe para visitar o marido na cadeia, e conhece um negociante francês.
Ele se apaixona por ela.
Ela vira secretária, amante e sócia dele.
O Hermann sabe de tudo.
Maria fica rica, poderosa e em cada cena, mais linda.
Hermann fica deprimido e cada dia mais triste.
Ele sai da prisão e vai voltar a ser homem no Canadá. Mandando uma rosa todo mês para a milionária mansão de Maria.
O francês morre.
Hermann volta.
O rádio que ecoava nomes, agora transmite a final da Copa do Mundo de futebol - Alemanha e Hungria.
Maria recebe metade da herança do francês.
Hermann recebe a outra - porque o francês foi visitá-lo na cadeia e combinou tudo com ele.
Maria deixa o gás da cozinha aceso pra acender um cigarro,
E no segundo cigarro, tudo explode e o filme acaba
No rádio a narração do futebol anuncia - Acabou! Acabou! Acabou!

Fassbinder é moderno em tudo - o tema clichê se transforma numa incrível história de uma mulher fora do seu tempo ("estes não sáo bons tempos para sentimentos''- Maria fala num momento) - e a fotografia e montagem são criativas, inovadoras e vão se transformando com o crescendo da história - da pouca luz e rápidos cortes do início, o desenrolar da história deixa a câmera e a edição mais suaves, elaboras, ricas - como Maria Braun. O filme é lindo esteticamente. Os diálogos, os cenários, os personagens e suas histórias são relevantes, instigam e fazem rir.

...

Do museu, sentamos num cantinho - o Café Itália - e jantamos costelinhas de porco com molho barbacue e três doses de pinga mineira.
Isso sim é globalização.

12.9.08

Um passo

Fiz a lista das diversas frentes de ataque que tenho atualmente
Abaixo delas, suas respectivas pendências
Claro, tudo em planilha Excel devidamente colorida
- Adoro

No embalo, já iniciei a batalha em duas das frentes :
Estudos e Voluntariado
E avancei bastante
- Feliz

Marquei os números de telefones que preciso ligar
E numerei em ordem de relevância
Cada coisa que farei em sequência
- Ótimo, ótimo

Amanhã tenho reuniões de trabalho
Almoço de amigos
Cinema alemão
- Produtiva, isso

É assim que acho mais fácil viver
Resolvendo mil coisas ao mesmo tempo
Dividindo meu tempo livre entre cem atividades

Distraída com o mundo
Não dá tempo de ser só

11.9.08

Músculos

Um fato:
Estou a exatos 30 dias fazendo musculação

Sinto os músculos tensionados e fortes!
Braços, ombros firmes!

Agora,
tem mais espaço pra minha alma ficar solta aqui dentro

Estou segura pelos músculos e tendões duros
Todos aptos e prontos
A segurar qualquer coisa que derrubem
No meu coração mole e macio

10.9.08

Des-contente



Há momentos em que somos testados a manter uma fidelidade a uma postura mais sublime, em termos de reação ao mundo que nos cerca. A Estrela, significante de conselho para este momento em sua vida, vem sugerir a necessidade de cultivar a esperança como uma forma de manter acesa a sua luz interior. Ainda que os elementos concretos lhe desafiem ou lhe forneçam sinais negativos, é a sua postura de pensamento positivo que lhe permitirá superar os obstáculos, Fabiana. Procure manter o alto astral, a postura positiva e não desanime. Atue de forma clara, aberta, e no mínimo as pessoas lhe darão o maior valor!


Não me lembro de ficar tanto tempo tão descontente no emprego como agora...não acho que agir diferente fará com quem as pessoas me dêem o maior valor - porque infelizmente, isso não me interessa mais. Sou assim: quando desencanto, puft! Nada remenda...

5.9.08

Miopia

Uso óculos desde os 16 anos.
Miopia não deixa a gente ver as coisas de longe.
Meu grau não é nem muito nem pouco. Só o suficiente pra ter que usar óculos pra dirigir, ir ao cinema, trabalhar.
Tenho lentes de contatos caso meus óculos não combinem com o modelito que escolhi
Ou quando a noite é de festa.
Ou quando estou cansada do peso no nariz.

Conheço muitas outras pessoas que usam óculos.
Muitas pessoas interessantes são míopes.
Umas mais que eu, outras menos - tanto interessantes quanto míopes.
E tem pessoas que usam óculos por outras dificuldades.

Engraçado é que óculos é uma coisa que a gente não empresta
E também é difícil explicar como a gente enxerga com eles, ou sem eles.
É que a visão é uma coisa muito particular mesmo.

E não-ver, também.
Porque quando a pessoa não enxerga, não há jeito.
Nem mesmo quando a gente descreve, explica, coloca os outros sentidos no meio da história...não funciona.

Cada um vê como pode.
E mesmo querendo compartilhar meus óculos,
Cada olho, cada olhar, tem uma forma, um tipo, um jeitão de ver o mundo.

Às vezes acontece de eu estar sem óculos e aí, aperto os olhos e enxergo um pouco além.
Mas é por pouco tempo, cansa, e geralmente só funciona por um breve momento.
Em casos de emergência, enxergo mais. Mas também não dá pra confiar muito.

Desconfio que não-ver também tem uma utilidade.
Se não enxergo TUDO, dependo dos outros sentidos
E das outras pessoas.
Não posso, não devo, esperar portanto, ser vista como quero
Porque o meu querer ser vista
É como me vejo assim, com três graus de miopia nesse olho marrom que tenho

O resto das pessoas no mundo nunca me vêem assim!
Elas também não vêem nada nada como eu vejo!
E finalmente, não me surpreende mais
O fato de não haver ninguém que enxerga o amor como eu
E o meu amor, como eu
E as tantas possibilidades de tudo que poderia acontecer
Por causa do amor que eu vejo!

4.9.08

O que é isso, afinal?

O que será que será
Que andam suspirando
Pelas alcovas?
Que andam sussurrando
Em versos e trovas?
Que andam combinando
No breu das tocas?
Que anda nas cabeças?
Anda nas bocas?
Que andam acendendo
Velas nos becos?
Estão falando alto
Pelos botecos
E gritam nos mercados
Que com certeza
Está na natureza
Será, que será?
O que não tem certeza
Nem nunca terá!
O que não tem concerto
Nem nunca terá!
O que não tem tamanho...

O que será? Que Será?
Que vive nas idéias
Desses amantes
Que cantam os poetas
Mais delirantes
Que juram os profetas
Embriagados
Está na romaria
Dos mutilados
Está nas fantasias
Dos infelizes
Está no dia a dia
Das meretrizes
No plano dos bandidos
Dos desvalidos
Em todos os sentidos
Será, que será?
O que não tem decência
Nem nunca terá!
O que não tem censura
Nem nunca terá!
O que não faz sentido...

O que será? Que será?
Que todos os avisos
Não vão evitar
Porque todos os risos
Vão desafiar
Porque todos os sinos
Irão repicar
Porque todos os hinos
Irão consagrar
E todos os meninos
Vão desembestar
E todos os destinos
Irão se encontrar
E mesmo padre eterno
Que nunca foi lá
Olhando aquele inferno
Vai abençoar!
O que não tem governo
Nem nunca terá!
O que não tem vergonha
Nem nunca terá!
O que não tem juízo...
(chico e milton)

30.8.08

Ressaca

Ontem foi meu aniversário e muitas coisas sairam exatamente como planejei
Não fui trabalhar, caminhei no parque, fui pra academia, almocei com a família, recebi amigos...
Mas nem tudo foi como eu esperava, especialmente no quesito ligações telefônicas
Eu queria receber algumas, nem tanto outras...e não foi bem assim.

E dai que eu tive um insight incrível após uma ligação:
Eu posso passar o resto do tempo pensando nisso
Ou eu deixo a ligação ser somente uma ligação
(yes, sometimes a cigar is just a cigar)
E o mesmo valeu pra outros telefonemas que nunca vieram.

Foi então que finalmente eu saquei total:
Se todos os dias fossem meu aniversário
Eu poderia então escolher que todos eles seriam muito especiais
E portanto, nada de ruim que acontecesse iria perturbar a alegria desejada!

Logo, eu decreto a partir de hoje,
Que todos os dias que viverei
Serão como o dia do meu aniversário
Um dia especial e cheio de expectativas boas
Que nada de imprevistos ruins vão atrapalhar os planos de felicidade!
Tin-tin!

29.8.08

Coisas que aprendi aos 35

1. Ser tia é sensacional
2. O amor renasce sempre com um novo amor
3. Meditar é muito bom
4. A rotina tem encantos
5. RPG resolve muita dor na coluna
6. Acupuntura resolve dor de qualquer coisa, até de cotovelo
7. Fitoterapia salva
8. Dançar ilumina
9. Sexo alivia
10. Ilha de edição em casa é trabalho dobrado
11. Continuo com vontade de ter uma família
12. Isso significa ser mãe e marida
13. Dança do ventre é mais que dançar
14. Não ver noticiário faz pouca diferença
15. Viajar para praia é luxo essencial
16. Lingerie bonita também
17. É possível amar alguém por uma noite (tudo bem, duas)
18. Minha família diminuiu por opção minha
19. Minhas relações estão mais equilibradas - 50% de cada um
20. Sou um ser espiritual
21. Me perdoei por erros que cometi
22. Me dei conta de erros que não foram meus
23. Pensar menos é melhor
24. Comer menos também
25. Tá - beber menos1
26. Chá de boldo antes de dormir
27. O mantra pra acordar
28. Ser voluntária é quase que ser paga pra ver os outros felizes
29. Sol é tudo
30. Sou o farol da minha vida
31. Sou medrosa.
32. Meus pés de galinha ao redor dos olhos estão aumentando
33. Minha paciência também
34. Sim, e a minha fé
35. O budismo me trouxe de volta pra mim
36. É bom vestir minha pele - agora de cabelo cortado, então...

27.8.08

Monossilábica

Ando sem assunto.
Ou melhor, penso em vários, mas censuro todos.
Estruturo várias pequenas historinhas,
Esqueço todas antes de sentar na frente do computador.

Este blog era pra ser uma descrição dos meus dias, das minhas idéias.
Não tem sido bem assim essa semana, tudo bem

Tenho me emocionado por pouco,
Chorado sozinha
Não é bem tristeza, só emoção mesmo...
Difícil explicar essa coisa mulherzinha

Talvez seja a pílula
Ou o aniversário
Ou só eu mesmo - me dando conta de que realmente
Tudo que eu sempre tive foi o agora. (isso é meio triste e meio libertador - e dá vontade de chorar!)

E essa mania feia de querer me agarrar a tudo e a todos?
Reviver momentos
Ruminar falas
Repensar sentimentos
Pra nada
Porque por exemplo, neste exato momento

Estou em casa
Minhas duas violetas, meu cacto e eu
A TV fazendo barulho
E um livro me esperando no quarto - só. Ponto. Acabou.

Sim, meu último surto consumista
Comprei um livro na Livraria Cultura
Menino, tinha esquecido o quanto é bom estar chateada e dar um pulinho na livraria!

Vamos lá
Philip Roth

Tudo de bom

Se o trampo tá ruim
O amor tá mal
A saúde tá médio
O dinheiro tá zero

...

É sinal que tudo ficará SENSACIONAL em pouco tempo!

...

E na minha meditação de hoje veio tantas alegrias juntas!

25.8.08

Voltando atrás

Ô coisa chata é se dar conta de que perdeu uma oportunidade
Seja de conhecer alguém melhor
Seja de repetir o prato
Seja de um chance pra outra vida

Agora...
Agora, é só isso mesmo.
O Agora.

24.8.08

Quatro pessoas

Passei quatro finais de semana como voluntária na festa do Templo Budista.
Minha tarefa foi, essencialmente, fazer uma rápida visita guiada com os interessados que subiam as escadarias até a nave do templo.

Das oito noites que fui guia, talvez tenha falado com umas 500 pessoas no total. Mais umas 50 com quem falei nas escadarias, na porta de entrada...
Destas 550 pessoas com quem tive contato direto, quatro delas ficaram comigo.

As duas primeiras pessoas, um casal que fez a visita guiada. Chegaram de mãos dadas, curiosos e em silêncio. Ao final da visita, me disseram que vão a um casamento budista em São Paulo (do irmão dele) e querem saber mais sobre a filosofia para participarem mais da festa. Conversamos sobre meditação, leituras e viagens. Sorridentes, saíram prometendo voltar. Hoje à noite, lá estavam novamente.
Desta vez, fizeram a meditação, e me contaram que virão para os encontros no curso de budismo também.

A outra pessoa, a tia Diva. Ela é mãe do Luis, um amigo de infância que ainda encontro vez ou outra pela cidade. Eu estava na porta do templo porque uma meditação ia começar. Quando ela me viu, os olhos dela se iluminaram, ela abriu um sorriso e eu um outro enorme. Ela não hesitou nenhum segundo em tirar os sapatos e entrar para a prática. Na saída, me disse que há dias vinha pensando no quanto está em falta com o silêncio interno, esse momento meditativo, tão difícil de descrever. Me agradeceu por eu estar ali, e isso me emocionou profundamente. Sou eu quem agradeço você, tia Diva.

E por último, uma adolescente, que de tão linda, me chamou a atenção. Subiu e desceu as escadarias umas cinco vezes, e me fez a mesma pergunta uma três. Na porta, mordendo os lábios, ela pensava se entraria ou não para ouvir o monge Sato falar. Eu não resisti
- Olha, eu acho que você deveria entrar. Você já subiu e desceu essa escada cinco vezes! Não pode ser só pela atividade física.
Me olhando surpresa, ela sorriu. E eu aproveitei para falar mais:
- Se você realmente não quisesse, você não estaria aqui. A gente sempre tem certeza do que a gente não quer. Entra, escuta. O máximo que vai acontecer é você sair achando que perdeu 30 minutos da sua vida.
Ainda sorrindo, ela tirou os All Stars de caveira e com as meias listradas de rosa e branco, entrou na nave.
E saiu com o belíssimo rosto sereno e em silêncio.
Aliás, todas as pessoas saem em silêncio. Aquele que vem da mente, não da boca.

Agora em casa, é difícil não me sentir orgulhosa e vaidosa pelo meu feito - fui o canal, o guia, o caminho por onde estas quatro pessoas passaram para viverem uma pequena experiência direta no budismo.
E estes sentimentos de alegria são estranhamente voláteis - porque eu sei que apesar de pertencerem a mim, também vão acabar.
Mas só a oportunidade de ter vivido estas oito noites intensas, transformam essa alegria passageira em profunda gratidão.
A mesma gratidão que ensinei hoje à menina Ana, que ao fazer a reverência do incensamento, repetiu comigo:
Obrigada Buda Amida por estarmos hoje aqui nessa festa.
Namandabu

Não me deixe só
Eu tenho medo do escuro
Eu tenho medo do inseguro
Dos fantasmas da minha voz...

Não me deixe só
Tenho desejos maiores
Eu quero beijos intermináveis
Até que os olhos mudem de cor...

Não me deixe só
Eu tenho medo do escuro
Eu tenho medo do inseguro
Dos fantasmas da minha voz...

Não me deixe só
Que o meu destino é raro
Eu não preciso que seja caro
Quero gosto sincero de amor...

Fique mais
Que eu gostei de ter você
Não vou mais querer ninguém
Agora que sei quem me faz bem...

Não me deixe só
Que eu saio na capoeira
Sou perigosa
Sou macumbeira
Eu sou de paz
Eu sou do bem, mas...

Não me deixe só
Eu tenho medo do escuro
Eu tenho medo do inseguro
Dos fantasmas da minha voz...

Fique mais,
Que eu gostei de ter você
Não vou mais querer ninguém
Agora que sei quem me faz bem...

Não me deixe só
Que eu saio na capoeira
Sou perigosa
Sou macumbeira
Eu sou de paz
Eu sou do bem, mas...

Não me deixe só
Eu tenho medo do escuro
Eu tenho medo do inseguro
Dos fantasmas da minha voz...

(Vanessa da Mata)

23.8.08

Instantes

Quando há muito suspenso no ar,
Muito o que ser resolvido
Muito o que ser decidido
E pouco, muito pouco que eu possa fazer
Espero

E se antes a espera era doída
Angustiada, excessiva
Agora, respiro
E acho em todo o momento
O motivo certo para estar bem
Mesmo na espera
com angústia, expectativa e ansiedade
Porque estar bem
É mais importante
Do que não-estar

21.8.08

Corpo ou mente?

Fiquei doente hoje.
Acordei enjoada, pensei que pudesse ser a meia taça de vinho de ontem
somada aos salgadinhos fritos

Não sei dizer.
Fui embora mais cedo do trabalho
Um enjôo enorme, dor nas entranhas
Dor de cabeça até agora.

Não é sede
Não é sono
Não é fome

Será que me dei conta do medo que tenho de não ter coragem?
Será que tomei a decisão certa?
Será que abrir mão do concreto pelo sonho
É tão difícil assim de aguentar?
Meu corpo me diz que sim -
Estou enfrentando tudo e todos
A praticidade, objetividade da vida
Em prol do impalpável, improvável
Tão sonhado algo
Que nem sei bem o que é

20.8.08

Não resisti...

VIRGO [August 23–September 22] "The advantage of the incomprehensible is that it never loses its freshness," wrote French poet Paul Valery. From that perspective, Virgo, I bet you'll be sparkling and brisk in the coming days. There will be so much delightfully hard-to-understand novelty flowing your way that you'll be awakened again and again and again, rising each time to a higher level of awareness.

Lindo, né?

19.8.08

Contando...

Faltam dez dias pro meu aniversário e ao contrário de TODOS os outros anos,
estou mega, ultra, power feliz, feliz, feliz!

18.8.08

O retorno

Tive um sonho incrível a noite passada.
Voltei a sonhar como se estivesse vivendo aquilo, e acordei me lembrando de cada detalhe, finalmente.
Estou com preguiça de descrever o sonho porque já fiz isso em email pras pessoas com quem sonhei.
Mas o bom é que foi intenso, real e bem detalhado.
Foi quase erótico, quase premonitório e com pessoas incríveis.

Acho que minha fase de sonhar acordada acabou e os sonhos voltaram pro lugar aonde eles pertecem - no silêncio das noites profundas de sono feliz.

Meu inferno astral acabou.

17.8.08

O ladrão

Ontem à noite, foi meu dia de gravação da Festa do Templo.
Fiz várias imagens da cozinha, dos preparativos, do sino tocado pelo monge Haritami.
(ainda não vi o resultado, mas farei isso já já)
Subi até a nave para aproveitar o lugar vazio e fazer imagens do altar.
Fiquei pouco minutos ali quando a Cris entra com aquela voz calma
- Gente, acabou de entrar um ladrão aqui.
Nos fundo do altar, tem uma porta que dá pra secretaria do templo, onde o provável ladrão pensou ter rios de dinheiro, talvez.
Não teve muito tempo, pois há inúmeros seguranças na festa e o homem foi tocado dali na correria, mas ninguém o alcançou.
Essa foi a história que ouvi contarem.

Passei o resto da festa rondando pela multidão com a câmera ligada.
Na minha cabeça, pensava no ladrão. Aquele que entrou pelos fundos da nave e nos ladrões de outras coisas da minha vida.
O ladrão do templo teve acesso até certo ponto, mas foi detido no momento certo.
Dele, não senti medo nenhum.
Mas, e os outros ladrões:
O ladrão do tempo da minha vida - que me rouba os minutos, as horas com a imensa preguiça que me assola?
O ladrão da firmeza - que me rouba a clareza de pensamento e me obriga a estar com pessoas que eu prefiria não estar?
O ladrão da serenidade - que me rouba a mente tranquila e me enche de expectativas, ansiedades?
Destes, tenho um medo enorme.
Estão roubando de mim e eu ainda não os detive! O que estou esperando?

Fui embora um pouco febril e cansada.
O ladrão da saúde ainda nos meus calcanhares. Essa gripe da seca de Brasília.

Eu acho que no fundo, estou à espera de outros para afugentarem meus ladrões.

15.8.08

TPM, Inferno Astral e a famosa meia-idade

Farei 36 anos dia 29.
Como todo ano, corto o cabelo e compro um vestido novo.
Tem bolo de chocolate e coca-cola.
E a fatal crise pré-niver começou.
Meu desânimo no trabalho é gritante.
Pensei que uns dias na praia me trariam boas idéias e pique pra rotina.
Nada. A cada dia, minha empolgação é menor.
Não quero, mas me sinto encurralada:
Não tenho como chutar o balde e ficar desempregada
(até porque, o próximo "emprego" que eu arrumasse, teria tantos ônus quanto o que já tenho.)
Não me animo a mudar de área, amo editar.
Fazer um mestrado, um curso, nada disso me estimula.
Profissionalmente, me sinto em declínio.

Meu ânimo está na vida lá fora da ilha
A dança
O templo
O Enzo
As viagens que sonho (e que não tenho como pagar)

Eu sei que isto também passa...
Mas é inevitável pensar na minha vida até aqui de um modo crítico -
Afinal de contas, quantos passos eu dei pra trás durante todo esse tempo na TV?

12.8.08

Pescoço

Nosso pescoço liga a mente ao coração.
O meu ficou duro nesse domingo.
Outro torcicolo.
Ninguém merece!

11.8.08

dica da semana

VIRGO [August 23–September 22] The light in your eyes looks a little foggy, Virgo. The fire in your belly seems to be dying down, and your brain has started to hiccup. Am I worried? Not at all. After the nonstop breakthroughs you enjoyed for a while there, I expected that you would eventually need time to slow down and let it all sink in. So I suggest that you cultivate a state of low-key contentment as your deepest mind integrates the transformations you've set in motion.

9.8.08

O incrível sentimento da compaixão

É fácil ser compassiva com aqueles que amo -
A compaixão é uma consequência de um profundo amor
É a santa paciência que tenho com tantas reclamções do meu pai
É o profundo silêncio que faço ouvindo os gritos da minha mãe
É o enorme sorriso que tenho para o Enzo, com tanto ainda para viver

O difícil mesmo é ter compaixão quando há ressentimento
Como eu posso estar no lugar do outro, ver de onde ele veio
Se martela na minha cabeça todas as dores que já senti por essa pessoa?
Como posso não criticar, não me irritar, não esbravejar
Quando sei que tudo que acontece agora é consequência de tudo que veio antes?

A compaixão deve ser: estar ciente de tudo isso, e somente SERVIR
Servir ao outro mesmo sabendo das tantas dores que ele causou
Servir de corpo e alma, levando pro hospital, ligando pra saber se melhorou
Servir abdicando da preguiça, do tempo livre, dos outros afazeres
Servir sem vaidade, sem vingança, sem hipocrisia

Saí do hospital me esforçando para entender tudo isso
E no sinal, um homem segurava uma placa - sou ex-presidiário, desempregado...
Veio em mim uma profunda pena daquela pessoa.
Dei uma moeda porque me imaginei presa numa cela e agora ali, livre na rua.
Então, imediatamente entendi:
Estava trocando a compaixão por um, para dar esmola a outro.

Me senti extremamente frágil, humana e REAL.
Nesse mundo de carne e osso, como sentir a verdadeira compaixão?

7.8.08

As 108 ilusões

Quando o Dharma diz que tudo na vida é ilusão, reluto um pouco.
Mas ontem, entendi exatamente o que isto quer dizer:
Filtramos o mundo através do nosso corpo físico e nossa mente.
O nosso ego é um coador do mundo.
Tudo que absorvemos, vem através do corpo e da mente.
Então, sofro pela ausência de alguém, ok.

Mas vem que daí meu celular toca.
É minha mãe avisando que minha avó, aquela que acaba de fazer 80 anos,
Está na emergência do hospital.

Numa fração de segundos, tudo muda
Minha perspectiva do mundo à minha volta gira, agora, em torno da minha avó.
Lembranças passam rapidamente e me vem um medo da morte.
Ora, se sou capaz de mudar meus sentimentos e emoções de um sofrimento para outro,
O sofrimento é afinal, apenas uma questão de PERSPECTIVA. - logo, uma ilusão.

Já bem abalada, chego na emergência do hospital.
E de novo, tudo muda mais uma vez.
Sentados em cadeiras, de pé, pessoas de todos os jeitos, aguardam na fila.
De todos ali, a minha avó é a doente mais saudável - sorri, me abraça, conversa baixinho.
Horas depois, saio dali com uma certa surpresa no olhar

Eu sofria por amor, depois por medo! Agora, sinto uma grande compaixão por todos.
Por aquele que não está aqui, pela minha avó, pelas pessoas na fila de espera da emergência.
E sinto também uma enorme gratidão.
Eu enxergo tudo. Com esses olhos que selecionam, interpretam, editam...
Eu vejo que tudo é como é porque eu sou como sou - carne, osso, mente.
Mas na verdade, se eu deixar de SER, tudo deixará de ESTAR
E isso é a iluminação.

Passando, passando, passou!

Ufa!
Pronto!
Nada como uma sessão dupla de dança do ventre pra me lembrar
Que o meu umbigo é mesmo o MEU CENTRO
E que não há nada demais em estar feliz
Sonhando, plantando e aguando planos mil

6.8.08

Viciada

Estou totalmente improdutiva.
Há tempos, já.
A desculpa antes era a dor de cotovelo, depois a falta de trabalho
Depois o excesso.
Depois a proximidade do recesso.
E aí veio a praia, o mar.
Me convenci de que ia recomeçar diferente, novas rotinas, projetos
Mas não.
O fato é que tenho pilhas de coisas pra resolver
E esqueço de todas quando tenho o tempo para fazê-las
Saio do trabalho com mil horas de vida
E vou para casa
Admito
Fazer nada
Estou viciada na preguiça de não fazer nada
Estou viciada na internet
Estou viciada na TV
Estou viciada em dormir cedo e acordar atrasada
Estou viciada em não comer bem
Estou viciada numa vida besta sem rumo
Estou viciada no vício de não agir ou reagir
Eu não sei se consigo quebrar o ciclo
E ser a pessoa que eu sei ser quando quero
Eu não sei se quero ser a pessoa que quero
Eu não sei se quero nada
Eu não sei nada
Eu nem sou eu

5.8.08

Ilha

Depois de quase 40 dias, estou de volta à ilha de edição.
É mesmo uma ilha, sem janelas e sem ar (só o refrigerado que bate bem na sua testa)
De costas para a porta que dá para um estreito corredor,
De frente para a luz branquíssima que atrapalha enxergar os 3 monitores bem na minha frente.
Não tem telefone, e apesar de ser um bom computador, não tem internet não.
Fico ali, 7 horas de novo.
Faço a edição de um programa de música, um por semana, uma hora de duração.
Daria pra fazer mais, mas aí é outra seara.
Então, estou de volta, de volta da produção.
De volta, mas não a mesma...nunca a mesma
Em vias do meu inferno astral, passo por um tobogã
de sentimentos, pensamentos e emoções
e tenho achado muito difícil deixá-los ir, como nuvens num céu azul
ou ondas num mar profundo
Tem sido difícil porque, como antes, sinto que estas sensações
Me fazem quem sou
Tenho esquecido minha essência calada por dentro
E dei lugar a um rugido no peito
De amor
De saudade
De dor
De dúvidas tantas
No entanto, ainda fora do centro
Sorrio sozinha
Não estou mais aonde estava
Apesar de ter voltado pra cá

4.8.08

Ignorância

Me sinto uma total ignorante toda vez que tenho que falar sobre budismo
Quanto mais eu leio, mais insegura fico
Porque entendo tudo perfeitamente e tudo faz muito sentido
Mas na hora de explicar, acho simplista demais
Inexpressivo, superficial

Acho que faço um desfavor pro Buda

Hoje, foi assim no Templo
Me senti inadequada, inútil, emburrecida

Sorte minha pela impermanência das coisas

3.8.08

Visita Guiada

Melhores dúvidas
1 - Mas, vem cá: não entendi esse lance de iluminação
2 - E onde eu posso comprar um kimono igual ao seu?

1.8.08

Viajar

Eu não devo viajar na maionese
Eu não devo viajar na maionese
Eu não devo viajar na maionese

30.7.08

Muda

Quando é intenso, fico muda
Se sinto mais, penso menos
Quanto mais medo, mais euforia
E já que eu não esperava
Aconteceu assim
Desse jeito das coisas serem pra mim
Rápidas, rasteiras, festeiras
Felizes e Fim!

28.7.08

Ida

Dentro do avião, Marquinhos liga. Estava lá fora, mas o pessoal não deixou ele embarcar.
A chegada em Fortaleza foi com muita, muita chuva.
Enquanto esperamos no aeroporto, olho o céu cinza-escuro.
Com uma hora de atraso, pegamos o ônibus Redenção com destino à Jijoca, seis horas dali. A chuva parou, mas o ar úmido é abafado. Bem cara do Ceará.
O ônibus pinga em toda quina, paramos para um lanchinho safado às 22h. Jijoca aparece já dava uma hora da manhã.
Pulamos do ônibus para a Jardineira - bagagens em cima, passageiros nos bancos de fibra do caminhão reformado.
Vamos cruzar o Parque Nacional - agora com uma auto-estrada. Uma hora de chacoalhar e zunido. Fome e sono e tudo junto até a beira mar. Chegamos à Praia do Preá e dona e seu filhos abraçam sorrindo a avó e a sobrinha. E daqui seguimos pela praia. A lua cheia que reflete no mar, deixa tudo azul-feliz. Me dá uma alegria funda. O sorriso enche o olho de lágrima do vento que bate com força. Vejo estrelas, espumas, dunas.

27.7.08

Bons Ventos


Vou contando aos poucos aqui, tudo que os bons ventos levaram para Jericoacoara.
Por agora, esta foto roubada da internet...os windsurfers, ai, ai...

17.7.08

Bagagem

Estou pronta como há tempos não estava.
Tirar tudo das tomadas, fechar o gás da cozinha.

Sem acesso à internet
Celular sem sinal
Decidi também deixar o livro técnico sobre cinema (obrigada, Alex!)

Estou com desejos intensos de tudo!
E como há tempos, não estou a fim de pensar em nada!

Parece que todas as viagens que fiz até aqui, eu era café-com-leite
Só agora
Só nessa vez
Eu tô no jogo pra valer

E estou adorando!

16.7.08

Passos

Assim, sem avisar nada
Você veio pros meus braços
Riso largo
Passos duros
E caiu no meu abraço!

Se soubesse, se soubesse
O sorriso no meu peito!
Um passinho e mais um outro
Não tem troco, esse presente!

Sigo atrás e com cautela
Um temor maior que o seu

Uma sombra sem recortes
Caso a queda assuste o passo

Estou aqui, no meu silêncio
Mas se caso o choro vem
Não duvide, Bijuzinho
O meu amparo, você tem!

E nesses passos do começo
Do começo da vida sua
Da sua vida tão longa
Que sonho tanto em estar
Estarei sempre na sombra, Enzinho
Pr´a nas quedas te aparar!

15.7.08

Dores

Estou com uma dor chata no estômago.
É um misto de porcaria que ando comendo na rua
E a expectativa de uns dias de descanso.

Estou com dor nas costas, das horas no computador

Dor nos pés, de caminhar, procurando um lugar pra chegar
Nos olhos, de olhar longe e não ver o começo

Estou com dor no peito, pensando em pessoas queridas
Sentindo a falta dos que estão longe
E longe do coração

13.7.08

Jeri




Eu sei que ainda tenho a semana toda. Mas sábado estarei olhando pro mar. Só isto, já me basta.

O hibridismo

No meu workshop de dança do ventre, aprendi um tanto sobre o Egito - o meu país de origem na outra vida.
É uma sensação muito boa me sentir totalmente ignorante sobre um assunto
Porque é um desconforto, mas ainda assim, fascinante -
Me dar conta de que ainda tenho tanto a aprender, sobre tantas coisas, me dá vontade de correr atrás do tempo perdido
E ao mesmo tempo, de respirar fundo o presente e tudo que a vida tem me dado de mãos beijadas.
Abraço tudo e levo pra debaixo das cobertas.

...

Novas pessoas têm entrado na minha vida - Atuar numa área diferente no trabalho, o Budismo, as aulas de Dança do Ventre.
Em todo lugar, me deparo com o hibridismo de cada um -
Uma dondoca com filhos de vários maridos; um desenhista businessman; uma bailarina doutora.
Sou assim também. Não me encaixo em segmento algum, sou híbrida demais.
Tenho experiências mistas e vivências paradoxais. Não tenho mais como ser rotulada.

Sou livre para ser quem sempre fui. Finalmente. Agora, me vejo como sou, sem qualquer cobrança pra caber que caixinhas pré rotuladas.

...

Quem me rodeia, me transforma, mas não me transtorna.

10.7.08

Faço e refaço

Lembro e esqueço
Anoto e apago
Durmo e amanheço

Ligo e desligo
Apago e acendo
Sento e levanto
Danço e deito
Penso e falo

Almoço e janto
Sonho e acordo

Mas não amo
Em nada, amo
Por nada, amo
Ninguém amo

7.7.08

Aonde? O que?

Não consegui trabalhar,
Se estou conversando com alguém, rapidamente me perco no novelo de pensamentos
Cheia de coisas pra ler e reler
Vou para casa e não faço nada - nem comida

Não consigo meditar,
A mente cheia de sonhos, sono, a perna formigando.
Depois, falo sem parar, das coisas boas das vidas alheias
E como sem parar
Pra minutos depois me dar conta que exagerei em tudo

Minha dispersão está me assustando um pouco
Pois não me sinto cansada,
Nem com sono,
Nem nenhuma nova tristeza

A minha vontade vem e volta naquilo que estou fazendo
Tipo agora, eu queria estar vendo TV
Mas, se páro de escrever aqui,
Não quero olhar a telinha!

E muito pior que antes
Nem consigo ficar parada
Esperando o tempo passar!

6.7.08

Oferta

`As vezes, o que tenho para oferecer surpreende até a mim mesma
Mas, senão posso fazer e ter exatamente como quero

Aceito ser o que é possível no presente.

Neste exato momento
Eu sou somente o que posso ser
Ou pelo menos,
O que o outro quer que eu seja

Não é resignação ou conformismo
Simplesmente, as coisas como elas são

5.7.08

Um brinde `a lei seca!

Com essa coisa de não se poder tomar um copo de cerveja e sair por aí dirigindo,
A burguesia brasiliense está em polvorosa!
Agora, ninguém mais dirige totalmente embriagado ...
Como se antes, isto não fosse problema!
Na verdade, a lei mais rígida faz na prática, o que a outra lei já deveria fazer -
coibir e punir a combinação álcool e volante.
Até aí, minha opinião nem é relevante.

O que quero deixar aqui é meu fascínio pela repercussão da tal lei
As pessoas estão falando nos bares - tomando refrigerante, claro -
Nas festas, no trabalho.
Todo mundo tem um achismo sobre a radicalização do que é proibido.

Para mim, o mais incrível é que todos estão realmente preocupados em como fazer para cumprir a lei!
Isto, sim é raro.
Há tempos não ouço tanta reclamação, controvérsia -
mas, ainda não ouvi nenhum espertinho achar um jeito de burlar a lei.
Sinal dos tempos - e de que a democracia, aos poucos, vai se enraizando nas idéias das pessoas.
Sim, discordamos da rígida lei. Mas ela existe, e agora, teremos que cumpri-la.

Claro, tem as teses do aumento do consumo das drogas ilícitas, também a hipótese de que agora sim, o valor da caixinha do guarda vai aumentar consideravelmente...
Mas, ouvi várias outras soluções para acompanhar a lei:

- os bares ofereceriam transporte coletivo saindo de hora em hora com uma pequena taxa adicional na conta - ao invés do manobrista, você paga para ser deixado em casa
- o governo do DF será forçado a finalmente solucionar o problema de transporte público na cidade - se o metrô, os ônibus e as vans rodassem 24 horas e em todos os lugares, quem precisa parar de beber? - Cansei de beber todas em Nova York e voltar de metrô pra casa. Geralmente, sozinha, no frio, e ainda andando um bom pedaço da estação em casa. O que me leva para o outro ponto
- com ônibus e metrô funcionando 24 horas, a segurança vai ter que aumentar - podem até tirar o DETRAN da viscalização pra aumentar o número de guardas nos pontos de ônbus e metrô!
- um amigo sempre ficaria sóbrio para carregar os outros manguaças pra casa - isto também diminuiria o número de veículos nos estacionamentos, menos gás carbônico no ar, aumentando nossas chaces de viver mais tempo, logo, mais tempo para beber mais vezes sem dirigir.
- o famoso slumber party - amigos vão pra sua casa, tomam todas e dormem por lá mesmo. Podem até levar colchonete, mas não devem esquecer nunca a escova de dentes...

Sim, corremos o risco da lei ser considerada inconstitucional pelo Supremo. Sim, pode até ser que novas drogas ilícitas aparecem no mercado, que os guardinhas do DETRAN enriqueçam rapidamente e que o número de mortes continue igual.
Mas, o que valeu até agora é que as pessoas estão sofrendo as consequências de viver numa democracia, entendendo talvez, que só com participação, discussão, novas soluções, as leis podem refletir o que a sociedade realmente precisa!

3.7.08

Dói

Me bateu uma lembrança
Assim, do nada, enquanto eu voltava pra casa
Uma avalanche de memórias entrecortadas
Sorrisos, abraços, conversas.
Pensei que agora, tem outra mulher vivendo isso que já vivi

Me deu um nó na garganta
Fui mudada de lugar na vida

Pessoas que me foram queridas aos poucos

Me deu vontade de ligar
Eu, que nem me despedi!
Nunca falei um - sinto muito -
Ou um - muito obrigada por tudo -

Essas saudades doídas
São ainda mais tristes quando me tomam de supetão
Enchendo meu olho de água
Fazendo meu peito apertar
Doendo, doendo...

1.7.08

Mais uma noite

De música e dança.
Super cheio, super bom
A solidão da pista de dança lotada
O som muito alto, nas altas caixas de som
SKA
Metais e percussão
Cerveja e gente linda
Foi a melhor segunda feira de todos os tempos
Vi gente que faz meu coração bater
E desejei com força tocar o coração de alguém
Fechei os olhos sorrindo
Abri os braços cantando
Fui dormir maquiada
Com sede
Com fome de bis!

29.6.08

Mortinha

Não há saudade que resista ao sorriso
Ao abraço torto
`Aquela baba com cheiro de morango
Os gritinhos estridentes

Ainda bem que você voltou, Enzo!
E o melhor-que se lembrou de mim!

Estava mortinha de saudades
E agora, estou só alegria!
Meu Budinha! meu Budinha!
Um beijo da sua titi!

28.6.08

Inteligente

A inteligência provoca
Com ela vem um olhar mais profundo
Um sorriso de canto de boca
E o irresistível movimento do corpo
Assim, em minha direção

Ser inteligente é sexy demais.
Ou sou eu que tô vendo coisa onde não tem?

Enfim,
Deixa eu desligar esse computador e ficar sexy:
Vou ler um livro

27.6.08

Surpresas

Não há nada mais surpreendente
Que se surpreender com a inteligência de alguém
Quando o santo bate
As idéias caminham
A conversa sai

Nada é mais incrível
Que ver nos olhos do outro
Um brilho que foi você que trouxe
Que um sorriso fugir da minha boca
Trazido pelos olhos desse alguém

Não tem coisa melhor
Que ser entendida sem se explicar

26.6.08

Aula Um

As coisas são assim: vão ajuntando na minha cabeça até uma hora que não dá mais.

Minha homeopata disse que a minha energia estava muito parada no ventre.
Faz sentido - 18 horas sentadas não devem fazer bem mesmo.
Na virada do ano, três resoluções - que eu voltaria a dançar, que eu me casaria este ano, e uma última, que já esqueci
(Cris e Marcinha, vocês se lembram da minha última resolução? Ou foi cookie demais?)
E finalmente, na semana passada, soube que no século 17, eu era egípcia.

Achei que esperei tempo suficiente -
Agendei uma aula experimental
E tive medo
Da vergonha
Da idade
Do meu jeito esquisitinho de ser
Matei a aula experimental

Daí, reagendei - marquei no celular novo e tudo
Chegando lá, amarelei de novo
assisti a uma aula

Mas, na seguinte, não teve como fugir:

Dança do Ventre

A vergonha da minha barriga sumiu em 2 segundos
Com o primeiro longo compasso lindíssimo de música egípcia
Minha maior preocupação era imitar e aprender, imitar e aprender
Toda minha energia focada no umbigo
O centro do meu mundo
Acho que nunca olhei tanto pra minha barriga
Nunca notei as tantas combinações possíveis que se faz com um quadril
Mas, o mais incrível:
Eu não me senti uma idiota, velha, ignorante
Eu simplesmente senti meu ventre
Como centro de tudo aquilo - a música, os movimentos, o ar que enche e esvazia

Rapidamente, me senti em paz
Uma paz enérgica, cheia, ruidosa como os guizos dos lenços

Eu não me prometo nada
Mas ficou a vontade de voltar lá,
Pro centro do meu mundo
Meu ventre
Minha dança

25.6.08

Idéias soltas de uma estagiária

Eu pensei que eu soubesse trabalhar em equipe.
E que minhas habilidades fosse úteis para outras funções

Mas este mês, a Karina precisou tirar licença médica e topei ficar no lugar dela
Na produção
Sim, sou editora
Mas, por hora, sou produtora

Bem, os olhares admirados com a mudança de "função" já deveriam ter sido um aviso
Só que aí, não tinha mais volta
E estou fazendo de todo o possível para usar tudo que sei para fazer o que dá.

De cara, o que se fala não é o que se faz. Ou seja, se você combina algo com alguém,
Deve duvidar desta pessoa, seguir os passos dela e se certificar que ela fará o combinado

Agora, se for o inverso, alguém seguindo os seus passos - ha!
Aí, você tem que ouvir, tem que ser colocada no seu lugar, porque:
Como assim? Você errou e o outro tem que te ajudar?
Era só o que faltava alguém te ajudar! Quem mandou você dizer que sabia fazer?
Agora faça. E, bem-feito se errar, porque assim, todo mundo fica sem ter como trabalhar
E aí é ótimo porque sobra tempo pra falar mal daquela outra
Que também não fez o que tinha que ser feito - igual a você.

Mas, alto lá! Dois pesos, duas medidas!
Sim, porque você merece que ninguém te ajude, afinal, você que pediu pra entrar
Agora, a outra, não mexe com ela não... é, não comenta nada com ela não... me dá aqui que eu faço por ela
Tudo bem, ele não vai resolver, mas deixa ele aí onde ele está e resolve você (mas lembre-se que se você errar...)

Eu pensava que trabalhar em equipe era quando todo mundo trabalhava pra terminar o mesmo projeto.
Só que não é.
Na verdade, equipe é quando todo mundo elege vários problemas pra não serem resolvidos
Deixam em cima de dois ou três e ficam torcendo pra tudo terminar logo
Quando o projeto acaba
Todo mundo pode falar mal
Porque ninguém se sente parte dele
e a culpa é toda dos dois ou três que inventaram de terminar o projeto!

Quando a prioridade no trabalho de equipe
é cada um cozinhando a sua batata quente
pra jogar no colo do próximo
A preocupação não é almoçar a batata pronta
é sair da mesa sem se queimar

E eu pensava que equipe era outra coisa...

24.6.08

História de um amor

Numa aldeia distante, no meio do Egito,
Uma pequena tribo viveu anos em guerra.

Mas, o povo forte e alegre seguia suas vidas, e o penar das mortes, da pobreza e da fome
Não foram tão grandes quanto esta história.

Foi um amor de outros tempos, aquele da moça pelo jovem.
Ela era correspondida, e a aldeia fazia votos de felicidade.
Hesitante, o rapaz propôs o casamento
E ela, mesmo com muito medo,
Nem consultou os pais -
Aceitou o pedido gritando aos ventos
Sim Sim Sim

O sopro chegou aos deuses da guerra
Que, furiosos, intimaram o jovem `a dura batalha

Chorando, os amantes se despediram
E num único abraço, os lábios se encontraram
No beijo, a promessa do futuro

O jovem levou um lenço
A moça bordou armadura
E muito tempo passou
Com lembranças, ventos, e um sim

Chegou então num fim de tarde
Um soldado mensageiro da notícia

O jovem sofrera um ataque
A morte era iminente
Pouco tempo havia para o adeus

Do rosto da moça, nenhuma lágrima escorreu
De dentro do baú antigo, sacou a armadura bordada
No corpo nu jogou o vestido de noiva
Branco
Longo
Lindo
E por cima do linho, o ferro brocado de flores

Cavalgou no vento
Chegou, já amanhecia um outro dia
Os deuses ainda dormiam
O vento não soprava mais

Era um silêncio infinito

A moça inclinou-se sobre o jovem,
Sussurrou sorrindo
Sim Sim Sim
E ele,
Olhando nos olhos molhados
Beijou-a na boca, nos ouvidos, nas mãos

Despertos pelo ruído do amor
Os deuses da guerra curaram a ferida do jovem
quebraram a armadura de flores da moça

De mãos dadas, o casal saiu em direção ao nascer do sol
E nunca mais foram vistos
Separados

ps - para o meu amor de tantas vidas ...