31.8.06

Metáfora

Deu um glitch no meu IPod.
O CD de instalação veio com um problema.
Não posso voltar para o meu antigo modo de ouvir músicas...
O outro formato, nem tenho mais!
Então o jeito é encarar o problema
Pesquisei, li, mexi aqui e ali.
Teve hora que quis desistir,
Mas como ficar sem música? Sem cantar? Sem dançar sozinha no quarto?
Então procurava com mais vontade.
Até que achei a resposta.
Veio em pedaços,
Solta aqui, ali.
Juntei com coisas que eu já sabia...
E, finalmente!
Meu IPod funciona bem.

Um alívio saber que persistência tem alguma recompensa.

30.8.06

23:55 e era você.

Um estalo no peito.
O jeito na voz.
Eu erro no meio
Um riso sem quê.
Você.
Você.
No último instante
O tempo passou
Chegou!
Você.
Você.
Tremendo de boba
Esqueço o que mesmo?
Ensaio sem peça
Falo pra quem?
Olha aqui, é pra você.
Esse gesto sem quê.
A fala sem porquês.
Memória do pouco.
Mas tanto pra ser.
Eu adoro você!

29.8.06

Eu tenho trinta e quatro!

lista das coisas que aprendi com trinta e três.
1 - quando não sei o que fazer, não faço nada.
2 - comprar o primeiro apartamento é como passar no vestibular. só que melhor.
3 - meus pais estão mais velhos do que aparentam.
4 - amar a profissão é uma dádiva.
5 - o amor é elástico.
6 - se os amigos antigos não são mais amigos, tudo bem fazer novos amigos.
7 - meu ovário direito é maior que o esquerdo.
8 - chorar no trânsito evita olheiras de chorar na madrugada.
9 - carne vermelha à noite dá pesadelo.
10 - dançar, sushi, sexo e lingerie bonita são necessidades primárias.
11 - não preciso aparar as antenas da intuição.
12 - as coisas acontecem porque estou preparadas para elas. as boas e as ruins.
13 - mensagens de celular não são confiáveis. melhor ligar logo.
14 - eu me engano sobre as pessoas.
15 - viajar continua ótimo. em grupo também.
16 - meu corpo está diferente.
17 - não curto pizza. nem cachorro quente. mas crepes...a hora que for!
18 - terapia é ginástica para o cérebro.
19 - patins é ginástica para o cérebro e para o bumbum.

28.8.06

Mapa

Me colaram no tempo, me puseram
uma alma viva e um corpo desconjuntado.
Estou limitado ao norte pelos sentidos, ao sul pelo medo,
a leste pelo Apóstolo São Paulo, a oeste pela minha educação.

Me vejo numa nebulosa, rodando, sou um fluido.
Depois chego à consciência da terra.
Ando como os outros,
Me pregam numa cruz, numa única vida.
Colégio. Indignado, me chamam pelo número, detesto a hierarquia.

Me puseram o rótulo de homem,
vou rindo, vou andando, aos solavancos.

Danço. Rio e choro, estou aqui, estou ali, desarticulado,
gosto de todos, não gosto de ninguém, batalho com os espíritos no ar,
alguém da terra me faz sinais, não sei mais o que é o bem nem o mal.
Minha cabeça voou acima da baía, estou suspenso, angustiado, no éter,

Tonto de vidas, de cheiro, de movimentos, de pensamentos,
não acredito em nenhuma técnica.
Estou com meus antepassados,
Saio às ruas combatendo personagens imaginários,
Estou com meus tios doidos, às gargalhadas,
na fazenda do interior, olhando os girassóis do jardim.
Estou do outro lado do mundo,
daqui a cem anos, levantando populações...

Me desespero porque não posso
estar presente em todos os atos da vida.

O mundo vai mudar a cara,
a morte revelará o sentido verdadeiro das coisas.

Andarei no ar.
Estarei em todos os nascimentos e em todas as agonias,
me aninharei nos recantos do corpo da noiva,
na cabeça dos artistas doentes, dos revolucionários,


Tudo transparecerá:
vulcões de ódio, explosões de amor,
outras caras aparecerão na Terra.

O vento que vem da eternidade suspenderá os passos,
dançarei na luz dos relâmpagos, beijarei sete mulheres,
abraçarei as almas no ar,

me insinuarei nos quatro cantos do mundo.

Almas desesperadas eu vos amo.
Almas insatisfeitas, ardentes.
Detesto os que se tapeiam,
os que brincam de cabra-cega com a vida,
os homens "práticos"...

Viva São Francisco e vários suicidas e amantes suicidas,
e os soldados que perderam a batalha, as mães bem mães,
as fêmeas bem fêmeas, os doidos bem doidos.
Vivam os transfigurados, viva eu,
que inauguro no mundo um estado de bagunça transcendente.

Sou a presa do homem que fui há vinte anos passados,
dos amores raros que tive,
vida de planos ardentes, desertos vibrando sob os dedos do amor.
Não me inscrevo em nenhuma teoria.

Estou no ar,
na alma dos criminosos, dos amantes desesperados,
no meu quarto modesto na praia do Botafogo,
no pensamento dos homens que movem o mundo,
nem triste nem alegre,
sempre em transformação.

Murilo Mendes

Adorei, André. Beijos

27.8.06

É. De novo.

Eu acordei não muito tarde.
Eu abri os olhos e vi o tempo nublado, virei pro lado e fechei os olhos sorrindo.
O corpo dolorido, a cabeça leve, a boca seca.
Sonhei a noite toda com você.
Abri os olhos de novo.
E mais um sorriso pro teto.
Eu repito os pequenos gestos, o tom da voz, o cheiro da fumaça, da cerveja, da pele.
E mais uma vez.
E mais outra.
Com uma nova lembrança entre um e outro.

É. Você chegou.

Mas se eu te disser tudo isso, o que será de mim? Não. Você sabe o que tem que saber.

Esse universo de gostar de você é só meu.

26.8.06

Tem um piano tocando de levinho

O piano - foto de Júlia (com 5 anos)

Na seca

Eu corro.
Ganas de abraço, apertado.
Sem fôlego, as pernas cedendo.
O ar ardido entrando seco no peito.
Sangra o nariz.
O coração.
Meu corpo é um peso - se piso, é grave; no ar, é espírito em forma de gente.

Eu danço.
Sede de água, tudo mais.
O olhar tímido, o sangue aquecendo.
A terra subindo densa no ar.
Corta as bocas.
O coração.
A minha alma é um enfeite - se leve, é cristal; no fogo, é corpo em forma de gente.

Eu sonho.

24.8.06

Caixinhas velhas

Tô jogando caixinha fora, vai querer?
Não tem mais nenhuma que me faça gosto...

Se antes cabia, é porque eu não vi o quanto sobra pra fora.

O amor tem volume demais! E não entra na caixa relacionamento;
nem amigo, nem parceiro, nem amante, nem marido.
Nem sozinha.

O que muda todo dia - sem aresta, sem beira, caiu da prateleira, quebrou a caixinha, desceu ladeira abaixo.

Eu agora mando em tudo que se mexe em mim. É essa inércia que derrubou a estante! Ela toda, com tudo em cima!

Não vou construir outra. Não vou inventar caixinhas.

Eu vou ficar quietinha, andando pra frente com o coração atrás das costelas, dos músculos, das veias e artérias.

Tô jogando caixinhas fora -
No lugar delas, um vão imenso, alto, denso.

Um volume vazio de agora, de eu, de hora após hora.

23.8.06

Sã.

Eu não pulei do meio-fio.
Nem tenho um vestido de um metro e setenta.
Continuo da altura de uma fita métrica de costura.
E de todos os meus pecados, me arrependo só daqueles que ainda não cometi.

Só não fujo da culpa porque ela não existe.
Acabei de descobrir que eu não sou mais católica!

Eu detesto gente que quer ser legal.
E gente chata também é um porre.


Sou a mesma da segunda passada. E tão diferente desde sempre!

Fico irritada com as mesmas coisas.
Mas acho engraçado como a vida é assim, tão fora da caixinha que eu inventei pra tudo.

Tenho que rir da minha cara.
A da sempre, com mais marcas.

Sou a mesminha pessoa dos oito anos de idade.
Ainda assim, insisto em ser melhor que ontem.
Para mim mesma.
E pra isso, ser má é bom.
Ser egóísta é ótimo.
E uma vez ou outra, ser o centro do universo (o meu e o dos outros) é sensacional!

21.8.06

Tufão

Me carregou pra longe dessa vez.
Levantou a poeira seca, me derrubou no chão.

Surpresa, sim.
É incrível minha capacidade de manter a crença de que todo mundo é como sou.
Ingênua!

Eu não perco mais tempo pensando em como as coisas deveriam ser.
Elas já são.

Eu não alimento (não mais) amores por pessoas que nunca serão.

O exercício diário do agora. A não mente, o não ser.
Silêncio para agir.
Ação com a alma.
Dói, mas constrói.

Atos são pensamentos que não tiveram coragem de existir?

Cadê o caráter de cada um?

Todo dia, tiro o coração da ponta dos dedos e guardo atrás das costelas.
De onde ele nunca deveria ter saído.

18.8.06

Hmmmmmm...

Ficar quietinha, esperando a vida passar.
Dormir.

De repente bateu uma preguiça enorme de pensar!

Passa logo, esse dia?

A surpresa que eu espero seria bem vinda hoje à noite...

17.8.06

VIRGO (Aug. 23–Sept. 22)

My old philosophy professor Norman O. Brown would periodically interrupt his lectures, tilt his head upward as if tuning in to the whisper of some heavenly voice, and announce in a mischievous tone, "It's time for your irregular reminder: We're already living after the end of the world. No need to fret anymore." The implication was that the worst had already happened.

fiiiiuuuuu! finalmente acabou! estou mesmo sentindo um cheirinho de chuva chegando - aquela que levanta a poeira seca, molha a terra vermelha, traz aquele vento suave de água do céu.

We had already lost most of the cultural riches that had given humans meaning for centuries. All that was going to be taken from us had already been taken.

é, materialmente falando, nem vou enumerar meus bens perdidos.

On the bright side, that meant we were utterly free to reinvent ourselves.

urru! é comigo mesmo!

Living amid the emptiness, we had nowhere to go but up.

para o alto e avante!

What remained was alienating, but it was also fresh. Use these ideas as seeds for your meditations, Virgo.

sim, mestre.

You can apply them to both your personal life and the world at large.

vida pessoal - começar upload da reinvenção do meu euzinho.
o mundo em geral - versão 3.4 do meu euzinho em breve invadirá esse planeta azul.

preparem-se viventes de todos os planos! o impacto será geral, irrestrito e sensacional!


15.8.06

Estamira

Chorar e dirigir é bom porque ninguém te interrompe com uma pergunta idiota.
Você pode moer os pensamentos em quantos pedacinhos necessários para as lágrimas continuarem caindo.
Em Brasília, melhor ainda - pegue o Eixão e siga sempre.

Eu prefiro a direção Sul-Norte.
E tenho lágrima que só acaba na tesourinha da entrada da quadra!

Começo pensando bem forte numa coisa só.
Quando os olhos marejam d´água, derrama pensamento, um atrás do outro, cada um com mais motivo pra chorar que o de antes!
Tem vez que até soluço sai. Embaça o óculos, entope o nariz, seca os lábios...

O difícil é quando vem aquele choro doído mesmo, lá do estômago. Aquele que tem que se dobrar no meio pra dar mais força.
Até hoje, nunca parei o carro, não.
Mas vontade, já deu muita.

Chorei até chegar no balão da quadra. Uns bons oito quilômetros de água e sal.

13.8.06

O que eu sinto. O que eu quero sentir e não sei.

Mudo surdo do peito.
Esfria a mão, o pé, o bico dos seios.

Eu não vou mais fazer as regras para depois quebrá-las.
Eu vou quebrar todas as veias e ficar cega.

O escuro da lente protege quem não quer me ver.
Mas e aqueles que me enxergam já?

Para eles, não há.
Tem nada não.

A segunda, a terça, a quarta.
Vai ter dia e vai ter noite.
E um dia será de eclipse. E uma noite terá duas Luas.
Eu, nua.
(A pior rima que pude pensar!)

Uma hora dessas, acordo morta.

11.8.06

A moça e o bailarino

Conheci uma pessoa armada.
No fim, apaixonada, com um abraço longo, me ofereceu seu coração.
Nem estremeci.
Agora, de longe, olho meu reflexo naquela mulher.

A caminho do Teatro Nacional, um bailarino negro em calça jeans, deu dois saltos imperfeitos bem na frente do meu carro no farol.
Só aí, a ternura da moça fez sentido em mim. Sorri.


E se eu comprasse em sapatos toda terapia que vou fazer na vida?

9.8.06

O meinho da semana

Sono.
Sonhos.
Planos.
Encantos em cenários que não são.
Surpresas nas esquinas, quinas, quinta feira tem festa!
Me alegra essa gente,
Essas coisas,
Idéias.
Tantas!
Tonta.
Pronta.
Solta.
Louca essa vida, louca.

A cor era o marrom

Meu avô morreu de câncer.
O telefone da minha sala tocou, num prédio alto do Soho. Era a voz rouca da minha mãe. Desliguei, me despedi do meu chefe, peguei o metrô, fiz uma sacola com o passaporte, peguei um taxi pro aeroporto. Daí, chorei.

Porque morte de longe, dói mais. E se eu morresse longe?
Quase 30 horas depois, na frente do caixão, ele tão pequenino, a barba longa tão branca.
A morte de perto assusta demais.
Na Páscoa, ele no hospital, demente, alucinando, me pediu um boina marrom do estrangeiro. Assenti com a cabeça, o peito cheio de ódio - não deixavam ele morrer porque todo mundo tinha medo do vazio, do dia de depois do enterro. Não deixavam ele morrer!

Então, dia 8 de agosto, morreu suplicando, morreu triste, louco, magro. Sem a vaidade que o acompanhou a vida toda - no perfume, na barba tingida, nas unhas sempre muito limpas - sem a dignidade do terno passado, da boina marrom...vovô, eu não trouxe sua boina marrom!

De você eu trago a piada na ponta da língua, a risada alta em qualquer hora, a grosseria repentina. A lealdade feroz, a dureza com os de perto, a mão estendida pra quem vem de longe. O amor pelas histórias, contos, casos, doce com café. E a fé interminável na vida.

Saudade de longe e de perto, na morte é toda igual.
Da sua netinha, Fabiana Maria

8.8.06

Baladinha e pequenas sacadas

If life gives you lemmons, make a lemonade.
É assim.

Me joguei pra dançar uma música black.
Muito melhor que ter vindo pra casa, morgar na frente do computador ou nas páginas de um livro que fatalmente teria que reler... a cabeça lá ...não. É mais repousante estar onde o corpo vive - no agora. Então, danço, canto, e já vou dormir já - meu CD player quebrado, serei obrigada a entrar na era Ipod!

O amor - é elástico. E num músuculo forte como meu coração, faz maravilhas. Quanto mais eu amo, mais eu amo.
Quanto mais eu danço, mais me encontro.
E num pulsar pro outro, me ouço - é bom ser quem sou. É bom. É estranho, mas é bom.

Faço 34 anos dia 29. Cai numa terça. Um dia bom.

6.8.06

Wisdom in letter format

We are very intense and rigorous in our emotional lives and that is scary to most people who are trying to avoid their emotions at all costs. We´re EXTREMELY honest and that’s scary also, because most people are trying to keep up a mask of how they think they should be or how they WISH they really were.

This makes you a fearless artist!

- I love you, Lyds! Thanks a lot! -

5.8.06

Do sorriso de Deus

Deus tem um senso de humor, digamos, celestial.
Ou isso, ou meu inferno astral chegou com toda força esse ano.

Morde e sopra.

Começo com a premissa de um lugar pra soltar a franga, desabafar e juro - não falar mal dos homens - como toda solteira acima dos 30 anos.

Indo pra um showzinho de música black. Enquanto a Cris não liga, fico de bobeira, já com um pouco de sono - a idade - e um desânimo por causa de um monte de coisas que faltam.

Mas, dançar sempre me cura. Se a música é alta, boa, e ao vivo, deu. Talvez, Deus esteja mais presente aí que na ausência das coisas.

Vou abrir um cervejinha e retocar o batom.