30.7.10

Cotidiano

Toca o alarme.
Pasta de dentes para dentes sensíveis.
Escova de dentes com pilha nova, para remoção de placas e tártaros.
Água pelando do chuveiro.
Sabonete líquido manipulado para pele semi-oleosa, só no rosto.
Sabonete no corpo, trazido de Campos do Jordão.
Xampu de camomila para brilho nos cabelos.
Condicionador de camomila também - pra não ficar cheirando a salada de frutas de self-service. Pouco. A quantidade do condicionador, não a camomila. Nem a salada de frutas.
Enrola na toalha.
Desodorante anti-transpirante com proteção 48h. Mas mesmo assim, amanhã vou usar de novo. Cheiro de alguma florzinha.
Hidratante de Bergamota no corpo.
Protetor solar 45 no rosto. Nas mãos. No colo. No pescoço.
Cabelo penteado em 3 escovadas. Melhor, penteadas mesmo. Com pente.
Veste roupa. Uma sobre a outra como deve ser.
Vitamina de linhaça, aveia, ameixa, couve, frutas. Para estômago e intestino.
Floral para TPM.
Homeopático para ansiedade.
Banana na bolsa. Ou maçã.
E barra de cereal de quinua. Sem açúcar e com uva passa. Para o colesterol.
Casaco.
Óculos de sol para dirigir.
No sinal vermelho:
Creme para as unhas e cutículas.
Batom com suave brilho e proteção solar 15.
Se der, pó compacto no rosto, pescoço, colo. Com proteção solar 15 - daí, soma 60.
Sinal verde:
Esplanada dos Ministérios.
Em Brasília, oito horas.



29.7.10

Couraça

Sou cobaia da psicologia.
E em alguma das escolas, que se não me engano é a bioenergética, acredita-se que o corpo humano vai se moldando às emoções e sentimentos que vivemos no decorrer da vida.
Criamos, aos poucos, mas rapidamente, o modo como usamos o corpo e as cicatrizes que vão marcando cada curva, cada órgão, cada membro.

Mas, como cachorro correndo atrás do rabo, não há como saber qual emoção causou qual cicatriz e vice-versa. Daí, o exercício terapêutico seria assim: chegar à profunda exaustão da máquina. Deixar o corpo físico tão esgotado, que as emoções surgirão, sem qualquer censura.

Já sentiu isso?
Um exceço de atividade física é seguida por uma vontade de gritaaaaaaar logo depois!
Ou um ato sexual tão intenso que as lágrimas vem sem controle.

Talvez, alguns sejam mais sensíveis, e outros precisem de sofrer mais na carne até deixar derreter a couraça.
Esse limite de cada um é bem pessoal.
Mas é bem provável que a exaustão física é amiga da real intimidade com sentimentos e emoções escondidas.

Quem sabe o ditado popular realmente é verdade?
Afinal, emoção à flor da pele diz muito do que a psicologia parece afirmar.

Qual foi a última vez que um sentimento te tomou o corpo assim?




28.7.10

Narcótico

Em uma das teorias da comunicação, fala-se sobre o efeito narcotizante dos meios de comunicação.
De um modo simplista, é quando nossa mídia não cumpre seu papel e acaba bombardeando a sociedade com um volume dispensável e inútil de tudo: informação, entretenimento, quando seu objetivo deveria ser infomar, entreter, interpretar, e - ok, até vigiar o status quo - mas, com um tempo para algum respiro.
Uma pausa para digestão. Nada!

O efeito narcotizante produz exatamente o óbvio - ficamos assim como que embriagados, anestesiados.
Satisfeitos em sabermos bastante sobre um monte de coisinhas.
Não mais sentimos a NECESSIDADE de agir.
A mídia nos substitui reclamando, denunciando, mostrando a guerra, a pobreza, a corrupção. Nós, de tanto ver, nem notamos mais e clic - mudamos o canal.
Ou abrimos a próxima página na internet.

Deixamos o agir para, sei lá, quando houver mais tempo
- mas o tempo adicional também trará mais vontades: mais filmes, mais notícias, mais isso, mais aquilo - aquilo tudo que a mídia reforça que devemos ter vontade de.

Como bêbados, não sabemos a hora de parar.
E se paramos, não sabemos muito bem o que fazer senão esperar a próxima oportunidade de voltar a beber.
A sensação é boa, sem dúvida.
Ficamos estranhamente preenchidos.
E só assim temos amigos para dividir opiniões lidas, pensadas!

Incrível tudo isso ter sido pensado em meados da década de 40
- a televisão ainda era um projeto e o rádio deveria ser como nossa internet. Não, nosso twitter. Não. Nossa Rede Globo. Todos, todos mesmo, tem acesso.
Ah, lindo isso: usar a mesma droga. Isso sim é democracia!

27.7.10

De volta!

De cara nova, cabelo curto e muitas ideias pra tagarelar aqui.

Sim, um evento horrível me forçou a tirar o blog do ar por uns dias, pensar numas coisas.
Tenho muito a dizer sobre isso, talvez aqui seja o melhor lugar.
Mas, talvez seja exatamente isso que eu não deva fazer...

Bem, vamos ao que interessa: ESCREVER, ESCREVER, ESCREVER!

Até breve, amig@s!

16.7.10

Fim

amigos,
um evento horrível ocorreu e me fez tomar a decisão de encerrar esse blog.

fui vítima da minha própria ingenuidade e descompromisso com a minha vida privada.
e além de pagar um preço alto, acho que é hora também de parar de falar aqui.

um amigo de disse que minha personalidade é muito "dercy gonçalves" e que eu deveria ser menos isso, menos aquilo. ele está certo.
e eu, pra variar, aprendendo do jeito mais difícil.

o pior são as pessoas que sofrem junto. merda.

obrigado, leitores.
um dia vou escrever livros. aí, nos encontramos de novo.

13.7.10

Rotina

Hoje foi muito difícil acordar. Mais que o comum.
Tenho tido um sono pesadíssimo, apesar de demorar a cair no sono.
Os sonhos são sempre cheios de personagens - da vida real - e com muita ação.

A aula de ontem acabou dez e meia e cheguei em casa quase onze horas.
Há 350 pessoas na minha turma.
Imaginem uma sala de aula desse tamanho!

Essa rotina só está começando.

E já antecipo agosto sendo um loooooongo mês...





12.7.10

Espiral

Uma semana já passou. E rápida!
Em retrospectiva, posso dizer que meu cronograma está impossível de ser cumprido.
E por outro lado, se não cumpri-lo, não conseguirei ver todo conteúdo até o dia da prova.

Tive um surto de ansiedade.
Daqueles que chamo de espirais:
Começo com um pensamento ruim e dele nascem inúmeros outros em cadeia,
de forma que vão me puxando para baixo num espiral circular para baixo!

Em anos de terapia, criei essa imagem e aprendi a domá-la.
A prática da meditação me ensinou a silenciar esses pesnsamentos visualizando a Terra da Paz do Buda.
E um pote de sorvete HagenDas de Macadâmia me deixou entorpecida de açúcar o suficiente para desligar do mundo e surfar na internet em busca de nada por algumas horas.

Independente das técnicas, foi um aviso:
Eu tenho que escolher como vou administrar minha ansiedade mais uma vez.
Ela pode me derrubar num espiral para baixo e me impedir de agir - congelando minhas boas ideias e atitudes, sabotando meus sonhos e planos.
E pode também se transformar em combustível: domando a ansiedade, me sinto forte para enfrentar qualquer outro desafio emocional.

Escolhi a última. Fiz um floral, mantenho as meditações, mas acabei logo com o pote de sorvete.
É que tudo bem controlar a ansiedade. Mas de preferência com a circunferência da cintura intacta. Ou quase. Ai.

E vamos à semana dois.

9.7.10

Ventos e velas

No início dessa fase de estudos, me convenci de que só depende de mim.
É só ter disciplina, é só estar focada, é só aprender, memorizar, estudar, estudar, estudar.
Esse pragmatismo funciona, claro.

Mas, agora que a prova tem data e já inicio um estudo de revisão, me dou conta de que não
não depende só de mim.
Eu tenho que contar com uma certa sorte:
a sorte de estudar o que vai cair na prova
a sorte de me lembrar do que estudei
a sorte de estar saudável, descansada, enfim...

Além da sorte, preciso de confiança.
Confiar no caminho que escolhi, nos passos que dei até aqui.
Confiar que fiz tudo certo para chegar onde quero. Mas como contar com a confiança? De onde tiro isso?

Isso me atrapalhava o sono de ontem quando me lembrei de uma história budista que vou adaptar aqui:

Você está num mar belíssimo num barco a velas.
Seu barco é grande, confortável, do jeito que você sempre quis.
Há muitos lugares que você conhecer navegando por esse mar.
Mas, para seguir, você preisa de ventos. Ventos que acordem a velas do barco da sua vida.
Você pode ser um grande navegador. Seu barco a velas pode ser o melhor do mundo.
O mar pode ser convidativo.
Só que sem os ventos, nada acontece.
Os ventos são o Outro Poder, o Tariki.
Aquele que sopra o Próprio Poder, o Jiriki - que é você, eu, cada um de nós. Esse poder que pode muito, mas não pode tudo. Porque precisa do Outro Poder, do que completa, do que impulsiona, do que faz mover o mundo. O Buda Amida.

Fechei os olhos sorrindo, respirando fundo e já sentindo o frescor e o sopro do mar: há ventos soprando na minha vida.

É possível seguir velejando porque o Outro Poder me leva para onde quero ir.

7.7.10

Emagrecimento

Estudar para concurso é como perder peso:
todo mundo sabe o que se tem que fazer, mas fica todo mundo procurando um atalho!

Não há corta caminho em nenhum dos dois:
para emagrecer, a maioria das pessoas precisa só de duas coisas - comer menos e queimar mais calorias. Ou seja, fechar a boca e mexer o corpo.
para estudar, é igual - estudar mais para saber mais.

Ah, mas tem um remedinho, tem uma pílula, tem um dica. Ok, você pode ACRESCENTAR isso na sua dieta. Mas a dieta tem que ser feita.
Ok, tem um professor ninja, um livro perfeito, lindo. Adicione isso a todas as horas de estudos. Mas sem as horas estudadas, difícil....

Han, han, conheço um vizinho, uma prima, um colega que emgraceu cem mil quilos em um mês tomando cerveja todo dia! Ele é a exceção.
Tem uma amiga de trabalho que não estudou nada, fez a prova e passou. Parabéns pra ela, não é meu caso - eu sou bem inteligente, mas ainda não sou vidente...(nem mentirosa desse tanto)

Emagrecer e passar no concurso que quero não tem caminho-de-rato. Pelo menos, não pra mim...rotina, disciplina, foco, concentração.
E especialmente: disposição, boa vontade, bom humor, ânimo, e aquela fissura boa de se fazer algo bem feito e conseguir o que ser quer.

Vamos ao dia três da dieta. Digo, dos estudos.

6.7.10

Aprendendo de mim

Sempre gostei de estudar.
Até hoje, aquele "oh" sai fácil quando finalmente compreendo um novo conceito, uma nova sequência de raciocínios.

Com esses meses de leituras, resumos e aulas, aprendi muito sobre mim também.
Meu corpo tem sido um bom livro:

A rotina diária foi adaptada a quem eu sou, e não o contrário.
Por exemplo, adotei um cochilo depois do almoço. Não tenho sono nesse horário. Mas meu corpo agradece a posição vertical e os olhos fechados. É um "log off/log on" entre o trabalho e os estudos. Em média, durmo 17 minutos. Ponho o despertador para tocar em vinte. Mas sempre acordo exatos três minutos antes.

Outra coisa: a cada 55 minutos, tenho que me levantar da cadeira. Nem preciso olhar no relógio, sei que uma hora passou. E aproveito para trocar de matéria. Meu cérebro fica entediado, disperso, preguiçoso - facilito a vida dele, mudo de assunto.

Demorou um pouco, mas prestando atenção no meu corpo está mais fácil ficar quieta, concentrada e feliz - e mais rápido parece o tempo passar!

Quando essa fase acabar, terei mais conhecimento sobre inúmeros assuntos. Mas principalmente, uma PhD de mim!




5.7.10

1 de 46

Hoje foi o dia um de quarenta e seis.
Admito: comecei os estudos em outubro de 2009 - uma revisão da língua portuguesa.
Depois estudei Lógica e Matrizes e Determinantes.
De novembro até o Reveillon, foi bem complicado criar um ritmo.
Disciplina é liberdade, e no meu caso, é passaporte para uma guinada financeira.

Explico: desde minha viagem à Turquia, voltei pensando que toda a edição que mora em mim, acabou. Ou pelo menos, preciso ter isso como diversão, e não profissão. Afinal, meu sonhos não cabem mais no meu salário.

Bem, tudo isso foi confirmado em junho, quando fui "demitida" por dois meses. Com as finanças totalmente descontraladas, em outubro me reergui e a primeira coisa que fiz com o dinheiro que sobrou do mês foi a matrícula do curso de português!

Chega de flashback!
O fato é que o edital do concurso público para o Ministério Público da União foi publicado na última sexta. E a prova, amigos, será dia 11 de setembro!
Tudo muito simbólico na minha vida, eu sei.

E por isso mesmo, estou confiante.
Tudo que tiver que ser, será.
Mas por via das dúvidas, farei tudo que me é possível fazer: me dedicar de coração.

É chegada a hora de tirar uma sabática do mundo:
entrar no meu "mode" obsessiva compulsiva e estudar quarenta e cinco dias sem sair de cima.

Depois tomo sol.
Depois, cerveja, sono, cinema.
Depois, depois.
Já fiz tudo isso muito.
Esse tempinho de nada passará rápido e é até bom pra dar saudade...(pros outros também, sabiam?)

Meus posts serão portanto, reflexo dessa bolha que entro hoje.
Prometo: ficarão abismados com a quantidade de mini-mundos podem existir em um momento assim!
Aguardem!