30.4.08

Princípios

Intolerância - Grifith - 1916

O filme conta quatro histórias paralelas em períodos distintos da História do Mundo.

É simplesmente incrível como quase nada foi criado em termos de linguagem - ele usa câmera na mão e travellings e a montagem já tem inserts e ângulos bem dinâmicos.

Ainda um pouco didático para hoje, as cartelas não só explicitam o conteúdo dos diálogos, mas contextualizam o espectador, explicando a explicação...

Interessante também notar como na década de 20, as pessoas pensavam os períodos anteriores - o Império Babilônico, A era Cristã.

Todo ano Hollywood lança um fim afirmando ser a "sequência de ação" mais longa de todos os tempos - duvido - Intolerância tem uma guerra do Rei Cyros com o Rei da Babilônia que dura bem a metade do filme - e violenta: soldados caindo das muralhas da cidade, incêndios, espadas no bucho do inimigo, até homem decapitado tem! DUAS VEZES! E o melhor! Há um mulher na batalha! Ela lança DUAS flechas!

Ficaria aqui escrevendo dias a fio sobre todas as observações - e ainda nem cheguei na parte II - que está no outro DVD - no fim da primeira parte, há uma cartela dizendo tipo assim: interrompemos por cinco minutos nossas histórias para um breve intervalo, mas a fita não acabou, não se assustem, pessoas, essa coisa de contar história em movimento tem começo, meio e fim, ok?

Vou adorar esse feriado!

29.4.08

Feliz, Feliz, Feliz

Joelhos roxos
Ombros doídos
Bolhas nos pés

Jantar faminto
Sono de pedra
Sonhos em outros sonhos

Abri os olhos na cama macia
O corpo ainda cansado sorriu
A boca sorriu
O olho sorriu

De dentro pra fora, a vida mudou
Da noite pro dia

Alma acordada
Corpo vivo

Cheguei sorrindo pra trabalhar,
parece incrível mas foi assim

27.4.08

tic - tac

A Paciência é a arte de manter a esperança
(eu equeci quem falou isso, mas acho que foi Voltaire)

24.4.08

Templos

Agora, (re)encontrei mais um templo: voltei a dançar!
O espaço amplo da sala verde, o linóleo no chão, o cheiro,
tudo me deixou rapidamente em casa - a minha casa, a casa do meu corpo.

Esse meu corpo que lembrou de movimentos e ritmos que meu cérebro teimava em não memorizar!
O corpo elástico - que ainda é! - o corpo pesado, estranhando o suor, o excesso do espaço, o ruído dos sons.
A mente relaxada, concentrada, observa, ri, decora.

Estou de novo, chegando em casa: meu corpo.

23.4.08

Arrependimentos

Me arrependo quando olho o passado e me vejo fazendo e dizendo coisas que na hora, eu sabia que não me levariam onde eu queria ir
- e ainda assim, fiz e disse o que queria: não porque eu não enxergava outra alternativa; mas porque a opção também não me garantia o sucesso de alcançar meu desejo.
Daí, chutei o balde tantas vezes, fazendo o tipo menina mimada - se não for do meu jeito, não será de jeito algum...
Me arrependo do que fiz sabendo que poderia ter feito melhor, por mim mesma e pelo próximo.
Mas na hora de decidir, de agir, o que me vinha era tão somente a frustração de ter o que queria na hora que queria como queria com quem eu queria...
Hoje, além de continuar não satisfeita, tenho ainda o arrependimento de não ter sido a melhor pessoa que eu poderia ser; enxergar o que fiz sem poder voltar e arrumar. Ser forçada a olhar pro futuro e admitir meus erros do passado, prometendo para mim mesma que estarei atenta agora para nunca mais perder nada nem ninguém por agir assim.
E é nisso que penso todas as noites sozinha na hora de dormir...

21.4.08

Choveu no meu chip

pois é, depois de quase 500 reais de prejuízo, meu Mac continua sem acesso à internet...
olho gordo, mau olhado, inveja, macumba, uruca, quebranto...
tem nada não.
uma hora, tudo muda...
enquanto isso, os hiatos aqui vão existir - mas não me abandonem:
voltarei com força total!

18.4.08

Incidentes

Cheguei super tarde ao trabalho, uma dor de estômago terrível.
Me atrasei quase uma hora para levar o computador na assistência técnica.
Peguei uma hora de congestionamento para comprar os presentes do fim de semana.
Queimei o dedo no incenso na hora da meditação.

Mas as coisas que superaram tudo isso:
esperar pacientemente o Felipe da Livraria Cultura embrulhar todos os livros com um capricho invejável
comprar um tapete na liquidação
ver o Enzo engatinhando pro meu colo...
dormir, dormir, dormir

17.4.08

Momento de projetar a beleza

Nestes próximos dias, que vão de 17/04 (hoje) às 17h e 12/05 às 1h, o planeta Vênus estará passando pelo seu signo ascendente, Fabiana, e durante este tempo estará marcando fortemente o seu setor da identidade. Este é um período em que você provavelmente sentirá que está irradiando mais beleza e magnetismo pessoal. Você perceberá seu poder de sedução aumentado, e isso lhe beneficiará não apenas na vida afetiva e sexual, como também na vida social como um todo.
HMMM. NÃO TÔ TINTINU NADA...

Uma necessidade espontânea de se relacionar com os outros é a marca registrada deste período, e você provavelmente perceberá uma maior boa vontade pessoal para lidar com as diferenças alheias. Sua qualidade sedutora é a grande arma do momento: o sorriso certo e a palavra gentil derrubam muros com um poder às vezes muito superior ao da agressividade! Preste atenção nisso, neste momento.
OK, CÂMBIO

O único perigo para este momento pode envolver uma certa indolência e a auto-indulgência, com um excesso de fixação nos prazeres da vida. Viver os prazeres é maravilhoso, apenas cuidado com os excessos! Evite açúcar e doces, pois seu metabolismo pode estar baixo no momento, e tente equilibrar esta tendência com exercícios e ginástica. Observe o que você come.
AH, SEI, EVITAR DOCES...HAN, HAN, EXERCÍCIOS...TÁ, TÁ, TÔ ANOTANDO AQUI...

Este, Fabiana, é um período excelente para você cuidar de sua aparência. Que tal dar uma geral no guarda-roupa? Ou uma mudança no penteado?
FEITO


Pense nisso: você tem a sua beleza pessoal, e pode otimizá-la mais e mais! Descubra o que te faz envolvente, e invista nestas qualidades!
OTIMIZAR MINHA BELEZA PESSOAL...SEI, SEI...

EU DEVIA ERA PARAR DE LER HORÓSCOPOS...

16.4.08

Erro

Eu pensei que o ápice do dia de ontem seria o corte de cabelo.
Pois é, mas não foi.
Corte, Templo, choppinho...
E a vida gira de novo, num eixo que jamais pensei...

15.4.08

No fim do túnel

E então, chegou o dia em que tudo ficou melhor!
O céu super azul, o vento fresquinho da manhã.
E o melhor do dia - cortar o cabelo às 17h30

Mulher tem disso: a gente acha de verdade que cortando o cabelo e comprando sapatos, tudo pode ficar melhor!
E só de pensar assim, já estou ótima!

14.4.08

No bombom

Amar não é apoderar-se do outro para completar-se
mas se dar ao outro para completar

(veio no Serenata de Amor que eu ganhei da Marcynha!)

Incapaz

Ontem fui ao Templo com o Enzo, o Bruno e a Rafa - para celebrar o Buda Menino, uma cerimônia oferecida às crianças.
Estava muito feliz.
Mal dormi na noite anterior, fiz muitas expectativas.
Como tudo no Budismo, foi uma cerimônia simples: um pequeno altar florido com uma pequena imagem do Buda Menino ficou em frente ao altar maior. Uma mesa em cada lado, uma com chá quente a outra para receber as oferendas de flores e velas dadas pelas crianças que entraram em fila, ao som do coral do Templo.
A manhã estava azul e fresca. Nunca vi o Templo tão cheio.
Nos sentamos bem na frente, ouvimos o mantra, vendo as coisas acontecerem.
A última parte da oferenda, os presentes derramam chá doce na pequena imagem, uma alusão ao dia do nascimento do menino Sidarta, quando dizem que choveu doce.
Então, peguei os Enzo nos braços, e com ele fiz minha oferenda - derramei do copinho de bambu, o chá de erva doce.

Estava muito feliz, mas acho que ninguém percebeu.
Não consegui.
Não soube dizer da minha alegria, não soube expressá-la.
Não sorri, não fiz festinha com o Enzo.
Me senti inadequada, como que incomodando o dia dos meus convidados.
Me senti sem-graça, sem jeito, totaltmente tímida, acuada.

Eu queria que tivesse sido perfeito, e não foi.
Eu queria ter sido espontânea, alegre, mas não fui.
Eu queria que fosse diferente, mas não é.

Ainda assim, ficou a alegria contida de finalmente levar o Enzo ao Templo...

11.4.08

O caminho do meditar

De volta das férias, esta foi a primeira semana de meditação.
O monge falou um pouco sobre a Roda do Darma - a primeira vez que o Buda falou sobre as Quatro Nobres Verdades para os ascetas que o seguiam até ali.

O monge também comentou que às vezes temos a impressão de que não estamos seguindo em frente, que não vemos progresso - mas a Roda gira e continuamos a evoluir.

Com essa idéia na hora da meditação, fiquei muito espantada comigo mesma. E sorri.

Fiz o primeiro curso de meditação no final de outubro do ano passado. O Templo ofereceu os três módulos em sequência, pra minha sorte, e terminei de fazer todos eles em janeiro deste ano.

Já na primeira semana - os encontros são duas vezes por semana - me senti muito mais serena e calma. O ato de me deslocar até o Templo, parar tudo na vida para ficar uma hora respirando, de olhos fechados, olhando os pensamentos passarem como nuvens no céu da mente - desacelerei, ou melhor, encontrei meu ritmo real.
Imediatamente, me redescobri lenta, calma, serena como eu sei que sou - e que a agitação e a ansiedade que me caracterizavam são somente um véu, uma máscara que me transformava todos os dias, numa pessoa inquieta, infeliz, inconstante no pior sentido da palavra.

A meditação me lembrou de onde venho e como sou DE VERDADE.
Eu sou forte e calma. Maleável e segura.
Encontrar descanso na minha mente serena é o melhor presente que eu poderia ter me dado.

As sessões nunca são iguais, raramente consigo entrar no estado meditativo da mesma maneira que o dia anterior, mas isso não me preocupa mais.
Mesmo fora do Templo, em casa, no carro, procuro em mim a sensação da mente tranquila, do esforço alegre - respiro seis vezes e digo o mantra. Geralmente, da quarta pra quinta vez, algo muda aqui dentro.
No peito, no pulmão, na batida do coração.

Hoje, as sensações e sentimentos que me angustiam e me entristecem ficam em mim menos tempo, têm uma dimensão menor no universo da minha mente - que agora é ampla, me cabe inteira: feliz, presente, me esforçando a cada dia para ser uma pessoa melhor. Porque é o desejo do Buda que eu, você, nós todos sejamos Budas.
Iluminados pela nossa própria luz, presentes no agora, em cada respiração.

A roda girou. `As vezes imperceptível ainda assim, evoluí. Eu sou outra pessoa - ou melhor, eu sou eu mesma como nunca fui. Parece estranho, mas cheguei em casa.

ps - aqui é onde tudo acontece

7.4.08

Anotações sobre trabalhar loucamente

O homem é um bicho de rotinas.
Eu então, a mais pura virginiana!
Estes dez dias ininterruptos de trabalho me puseram à prova.
Sem rotina por causa das férias, ainda tive que me rearrumar rapidamente para uma maratona de dez dias de trabalho - que acabou hoje às 00h20...

Longe dos amigos, da família, da casa aconchegante, a prática budista de meditação se fez valer inúmeras vezes, no limite da exaustão e também da irritação, nervosismo, impaciência com o próximo. Repeti o mantra, respirei sentada na cama, acendi um incenso todas as noites no escuro da casa bagunçada. Criei uma rotina no caos, para me salvar do cansaço e da agitação.

Me descobri exatamente igual sempre, talvez um pouco mais reservada sobre minha própria história...e redescobri que as pessoas pensam muito mais nelas mesmas. Sempre.

Relembrei a estranheza de começar do zero, amizade e trabalho, com pessoas e lugar desconhecidos. Foi bom.

Revi meus valores de trabalho, de amor ao que faço, de ética e estética. Senti saudades das pessoas que estão logo aqui, e também daquelas muito longe...

Notei que o dinheiro nunca será a melhor recompensa pro trabalho bem feito, mas que fazer por pouco é meio que dizer que o meu trabalho não é assim tão bom. Mas é.

Abri os olhos achando que estava sonhando, saí da cama pensando no banho, entrei no banho pensando nas contas, vim pro trabalho sonhando alto: quero uma massagem! Quero meus amigos! Quero uma noite de sono sem hora pra acordar! Fazer as unhas, sair pra dançar, ir ao mercado...ter a vida que eu nunca pedi a Deus, mas ele me deu mesmo assim!

1.4.08

Eu imagino

Quase fechando os olhos, imaginei se morresse subitamente, num dia como hoje.
Seria fatal, surpreendente, doído para alguns.

Meus pais ficariam inconsoláveis.
Meu irmão perderia minhas ligações tarde da noite, minhas conversas inseguras,
minhas frases feitas inventadas e as nossas gargalhadas em uníssono.
O Enzo esqueceria rápido de mim, olhando as fotos para registrar que um dia teve uma tia parte de pai.

Meus amigos não encheriam a capela do velório - sim, apesar de insistir em ser cremada, tenho certeza que minha mãe faria um enterro bem católico pra mim - e assim, todos passariam pelo caixãozinho semi-aberto, entupido de flores cheirosas demais - eu numa roupinha sei-lá-qual, pálida, inchada, super-séria.
E meus amigos sairiam do cemitério atordoados para se sentarem no primeiro bar que encontrassem - talvez o Mercado Municipal ou o Beira só porque já tá ali meio que na saída do Campo da Esperança.

O meu apartamento e meu carro velho vão para meus pais, já que não deixaria herdeiros, nem viúvo.
Meu emprego, esse tem tanta gente querendo que não teria problema algum achar substituto à altura.

A missa de sétimo dia seria na igreja ao lado da casa da minha vó. Aí sim, viria gente de tudo quanto é canto pra homenagear meus pais. O assunto durante a missa seria a causa mortis, o fato de eu ser tão nova, mas não ter nunca tido filhos, que faltava pouquinho pra terminar de pagar meu apartamento, que eu era uma moça tão boa, coitadinha, mas Deus sabe o que faz.

O fato é que o tempo passou, a vida me passou.

E se eu morresse, a falta que eu faria seria realmente frugal, simples e o pior - morreria também com estes que me amam.
Não deixaria obra, escrito, idéia genial nenhuma.
Não teria mestrado, doutorado, certidão de casamento.
Não descobririam conta bancária farta, nem manias escondidas atrás do armário.
Se eu morresse hoje, não seria nada demais, mesmo. Só mais uma alminha que sobe...

Só que a idéia de não ter filhos me bateu num sentido egoísta e fatal - sem reproduzir minha genética em outro ser, tudo que sou morrerá comigo. E essa conclusão idiota, de tão estranha, me deu medo. Tanto de não ter filhos, quanto de tê-los.

E aí que eu amei mais ainda o Enzo. Porque pelo menos ele leva um pouquinho de alguém de mim, meu irmão.

E aí que dormi mal, pouco e com sonhos sombrios de perseguição, medo, estranhos e escuros.

E aí que acordei. Tô viva, e lá vou eu pra mais um dia como outro qualquer...

Dúvida atroz

A esperança se retro alimenta
ou seria auto fágica?