9.8.11

Sobre pêndulos e espirais

É típico eu ter momentos "espirais":
Algo me incomoda muito, faz minha ansiedade chegar a picos e me deixa totalmente atordoada em sem ação. Ou melhor, em geral, com a ação errada.

Aí, chuto o balde, piso na bola, e como num pêndulo, vou a um extremo de atitude e pensamento.
Daí, me arrependo, morro de vergonha, fico deprimida.
E é o pêndulo de novo, agora chegando ao outro extremo.
O ir e vir do pêndulo, constrói espirais para baixo dentro de mim.

Perco o foco no fato, no problema, e fico como que submersa num redemoinho de pensamentos que puxam minha energia, minha perspectiva, minha felicidade - tudo vai pro buraco lá no fundo da espiral. Bato no chão do poço, retorno flutuando numa nuvem confusa que parece alívio, mas é só tristeza mesmo.

Tudo isso, o pêndulo e o espiral, duravam dias, às vezes meses. No mais longo de todos, a ideia de morrer faiscou na minha cabeça. Levei um susto grande. Decidi olhar pra dentro de mim com mais amor.

A idade e a observação têm me salvado todos os dias.
Amigos, terapia e meditação ajudam muito também.

Hoje, a espiral e o pêndulo vêm e vão em questão de horas, e até de minutos.

Enxergo a poeira de pensamentos formar o vento do redemoinho.
Já me preparo para levantar voo, dessa vez, atenta à velocidade do pêndulo.
Me seguro com força no mundo real: o almoço com os sobrinhos, a prática de yoga, lavar a louça.
E então, acaba.
Esfrego os olhos. E o incrível é que sempre vejo um pouco melhor depois de uma dessas!

Agora, aprendi a amar minhas espirais. Elas fazem parte das minhas loucuras, da insanidade que mora em mim, que às vezes não resiste e empurra o pêndulo com força, esperando sempre domar o tempo, a vida, o futuro desconhecido.

Ser um pouco maluca me faz sã.
Me ensina a medida de quem eu sou no avesso de mim, no escuro, no fundo, no fim.
E me mostra quem os outros são. De verdade.