31.12.09

Último

Se a vida é um caminho com inúmeras bifurcações a serem escolhidas, 2009 foi o resumo dessa metáfora.

A cada mês do ano que passou, me deparei com escolhas a fazer - ou por aqui, ou por ali.
Agora, no último mês, no último post, me alegro de ter a certeza de sempre ter feito a melhor escolha. Sim, porque a melhor é sempre aquela que fazemos e ponto final!

Viajei para os lugares certos, na hora certa; conheci pessoas boas e más e escolhi me aproximar (ou me afastar) de ambas, também no momento certo; fiz uma escolha radical na profissão, que ainda não me trouxe frutos, mas nem por isso foi a decisão errada.
Amei e desamei. Engordei e emagreci.
Em especial, realizei o sonho de viajar para Istambul!
Minha sobrinha Sofia nasceu.
Meu avô morreu.

Meus amigos sobreviveram a todas as minhas intempéries. O mesmo para meu corpo.
Meu dinheiro diminuiu no bolso e aprendi muitas lições com isso. (em especial o fato de que não é legal ficar sem dormir por causa de dinheiro)

Meu amor aumentou por mim mesma. E em consequência, fiquei mais paciente para aprender a amar o próximo.

Este será o último post de 2009, que foi confuso, rápido, atribulado e emocionante.
O fim da década, o começo de muitos novos sonhos e desejos.
Há dez anos não passava a virada na minha cidade, Brasília.
Cá estou.

Uma forte sensação de fechar um ciclo, iniciar novos projetos - reforçar velhos objetivos - inventar novas estratégias.
Não tenho resoluções para 2010.
Espero somente ter a chance de escolher o melhor caminho, sempre.
E sei, essa chance eu sempre tive, e sempre terei.
Afinal, o melhor caminho é aquele que escolho.
Ops, outra encruzilhada - escolho esta, com o pé direito e o coração cheio de amor.
Feliz 2010!
Tin-tin!

28.12.09

Sozinha

Madrugada.

A casa vazia e mal arrumada.
Chuva e silêncio.

A visita deixou a sala vazia.
A festa, a cozinha desordenada.

Uma luz só acesa.
Minha casa, meu vazio.

Olho a quina da parede.
A Lucrécia e seu berçário!
E me dá um estranho aperto no peito:
Ela se foi e deixou os seus!

Procuro a pequena aranha pelos cantos, sem sucesso.
Os filhotes agora estão mais dispersos, o teto com pontinhos pretos.
Em breve, acharão a janela e seguirão para mundo-jardim lá fora!

Uma súbita solidão me assolou.
As famílias se desfazem para se refazerem em novas famílias.

Deu medo de morrer sem família, sem a minha família, minhas arainhas, nascidas de mim...

24.12.09

O Presépio de Natal


Desde que me entendo por gente, minha mãe monta um presépio de Natal na entrada da casa.

A base é uma tábua de madeira serrada pelo papai.

Dois banquinhos sustentam toda a história da noite do nascimento de Jesus.

A manjedoura é de pedras de papel pintadas de guache cinza.

O caminho que leva a Jesus é de areia do parquinho da quadra.

O laguinho tropical no meio do deserto é uma criativa invenção da mamãe para abrigar o sapo, e os patinhos.

As figuras natalinas, não sei de onde vieram, mas têm um aspecto sutil de beleza e tristeza, como é mesmo essa data tão celebrada.

No presépio da minha casa, tem anjinhos cantando nas pedras, pastores, ovelhas e carneiros, além dos animais e os três Reis Magos.

O cheiro do cipreste cortado inunda a casa e se mistura com as músicas de Natal.

Para mim, preparar a noite, sempre foi mais especial que a noite em si.

Esse ano, nada mudou.

A diferença é o novo ajudante, entusiasmado com todo o processo - desde serrar a madeira a escolher o melhor lugar do laguinho de espelho para abrigar o sapinho!

Natal é festa de criança. E quando a criança é aquela que amamos do fundo do coração, celebrar o nascimento de uma outra, Jesus, faz todo sentido.

Hoje, entendi tudo: o Natal é a celebração de todos nós, que ao nascermos, trouxemos ao mundo esse sentimento de esperança e amor.

O Enzo, a Sofia, as crianças que amo me deram isso de presente: uma vontade imensa de amar muito e ser sempre uma pessoa melhor.

E o Natal, hoje, me trouxe isso também.


Feliz Natal para todos nós!





22.12.09

Árvores sem pés

Um chuva torrencial atacou a Asa Sul por volta das 3 da tarde.
O vento bateu muito forte.
Árvores caíram. Cinco, contei.
Umas, partiram no meio e tombaram em calçadas.
Outras, deixaram galhos pelas ruas.

Mas teve uma, enorme, rica em folhas, alta -
esta caiu inteira!
A raiz descolou da terra, ficou de ponta cabeça, os pés olhando pro céu!

Eu, parada no sinal de trânsito, olhando as raízes de pernas pro ar.
- Senti um alívio imenso - é tempo de ter os pés no ar, virar de ponta cabeça, perder o chão.
Em breve, tudo volta à direção certa.
Nunca é aquela que pensamos que seja. Mas é sempre a certa. E a melhor.

Que venha 2010.


18.12.09

Amor maduro

Fui a mais uma festinha ontem pensando nos amigos que encontraria ali.
São pessoas que orbitam pela minha vida, às vezes mais perto, às vezes mais longe. Alguns são muito semelhantes a mim enquanto outros tem absolutamente zero a ver comigo.

Por que tenho amigos tão diferentes uns dos outros, diferentes de mim?
Porque a coisa mais importante, temos em uníssono - respeitamos uns aos outros.
As diferenças, os preconceitos, os defeitos graves.

Meus amigos respeitam meus dramas, minhas crises de ansiedade, minhas manias e neuras.
Respeitam minha rabugice, meus sumiços.
E a recíproca é verdadeira.

Mas, além do respeito, temos a mágica capacidade de admirarmos uns aos outros! Nos defeitos e nas qualidades!
E principalmente, nas diferenças!

Não me canso de enxergar nos meus amigos, todas as qualidades que almejo ter um dia.
E até os defeitos e os erros, vejo todos com olhos apaixonados!

Sim, as pessoas são diferentes entre si! E os amigos que escolhi na minha vida não são aqueles que me mimam, me elogiam, enchem minha bola e só. Ao contrário, são seres que me questionam, instigam, perturbam minha paz e me tornam uma mulher melhor todo dia.
Só que fazem tudo isso com tanto amor e dedicação, que é difícil não pagar de volta na mesma moeda! Eu apóio, mas critico. Eu elogio, mas questiono. E amo com a medida certa aqueles que me amam com tanto coração e respeito.

E funciona assim: a vida colocou pessoas no meu caminho. Os amigos, eu escolhi. E fui escolhida por eles. Com eles, é fácil amar. Porque é um amor maduro, certo de admiração e paciência! Ah! Santa paciência pra conviver comigo...

Meus amores, meus amigos: eu sou mais feliz porque vocês existem!

(resposta ao email da Marcinha. E uma declaração aos meus amigos, já que nunca tenho o culhão de me declarar ao vivo e em cores, um defeitinho bobo e perdoável...; )

16.12.09

Ainda é tempo de surpresas em 2009

Com poucos dias restando, me resignei de persistir nos estudos e decidi resolver outras pendências.
A porta do meu armário quebrou.
O chuveirinho do chuveiro também.
A casa precisa urgente de uma mão de tinta.
E jurei pendurar os quadros e a máscara Veneziana antes de 2010 chegar.
Também quero umas prateleiras de livros, para aliviar o peso da velha e linda estante emprestada da minha mãe.
Meu astral mudou. É hora de cuidar de mim e da minha casinha.

Essa mudança de astral veio empurrada por uma série de boas novas que ouvi nos últimos dias - um amigo vai se casar com a moça que namora há 3 meses (sim, eu aposto que dará certo!); uma amiga querida soube das boas novas sobre a saúde dos olhos; sem esquecer, claro, da fofa da Japa, que tá NA-MO-RANDOOOO!
Claro, não é comigo, mas respinga em mim. Ver pessoas que amo felizes me abre um sorriso no rosto - e fica mais fácil encarar a minha própria chatice.

E daí que passo a tarde pra lá e pra cá, comprando pecinhas, escada, tinta, parafuso. Suada e com pressa, entro em casa para um rápido xixi e - Lucrécia TEVE BEBÊS!
A aranha gordinha que há dias estava quieta e imóvel no mesmo canto de sempre agora vigia uma teia salpicada de pontinhos pretos! São dezenas de arainhas! Que alegria! Tantos menininhos Jesus nascendo para minha redenção!

Minha casa é um berçário! Viva a vida da Lucrécia e seus filhos todos!

Minha boa nova é imbatível, melhor que a soma de todas as que ouvi até então!





15.12.09

Pensamentos Natalinos

Estou de mal humor. Para todo sempre até a noite de Natal.
Sério, por que tanto alvoroço?
Eu simplesmente DETESTO ser obrigada a sair para comprar presentes!
Perde-se todo o propósito da doação, TER QUE IR ao shopping e pensar em algo criativo, barato e bonito para os meus queridos!
Eu não sou boa trabalhando sob pressão.
Já até briguei com a minha mãe (claro)...

E outra - Pra que tanta confraternização?
Passei o ano todo sem encontrar essas pessoas, pra que encontrá-las justo esse mês? Estou sem dinheiro, sem tempo e sem saco. Péssima companhia... ainda mais para aqueles que foram ausentes na minha vida o ano todo e justo agora resolvem virar amigos... bem, até a virada do ano, quando tudo volta a ser igual.
Ai, e nem vou começar o blá blá blá sobre a idiotice que é o tal amigo oculto. Ainda bem que me livrei de todos esse ano. O Buda é mais!

E uma última - por que fica todo mundo super carente, vulnerável, saudosista? Me incluo nessa turma: estou chorona, melancólica, sei lá (não é TPM, meninos, eu raramente uso essa desculpa).
Já perceberam o aumento em ligações, emails e notícias de pessoas que nem moram mais no nosso planeta (sim, geralmente os exs...)!? Simplesmente, as pessoas se lembram que um dia foram felizes? Ou bate aquela crise de consciência depois de analisar o ano e ver o quanto poderíamos ter sido mais legais uns com os outros? Eu ando assim: com vontade de abraçar e pedir desculpas pra metade do planeta - todo mundo que me aturou esse ano, coitados, especialmente meus colegas na TV. Ninguém merece me engolir com caroço e tudo... A consciência pesa porque o ano tá acabando e meu tempo acabou pra ser uma garota mais legal...

Estou ranzinza. Minha pior fase. Mas, não me apego mais - vamos lá, fila de shopping, reunião de trabalho, responder mil emails, dia 25 está aí!
Já já, estou liberta.
Ufa.
Esse ano resolveu ser longo justo no último mês!




14.12.09

VIRGO [August 23–September 22] Whenever the tide goes out, the creek I live next to loses a lot of its water to the bay. From a distance, the mud looks like a wet, black desert, but if you get up close, you'll see it's covered with tiny furrows, pits, and bulges. This is evidence that many small creatures live there, although only the hungry ducks and egrets know exactly where to look to find them. Be like those birds, Virgo. As you survey your version of the mud flat, ignore anyone who tells you that it's barren. Go searching for the rich pickings.

... S E A R C H I N G ... O N E M O M E N T P L E A S E ...

11.12.09

O monge, o calango e eu

O monge Haritani toca o sino todo dia às sete da manhã. Hoje, foi só uma badalada. O silêncio estranho trouxe o grupo de yogis para fora. Ele morreu debaixo do sino grande, no jardim do Templo.
Era novo, japonês e muito engraçado.

Mas, tudo que pude fazer foi chorar com pena de mim mesma.
O que será de mim, do Templo, sem o monge Haritani?
Por que levo outra bordoada da vida, justo agora, no virar da folhinha?
Por que tanta coisa difícil, dura, triste, doída para mim?

Chorei sozinha, acendi as velas e meu incenso. Até hoje não tenho um altar budista em casa.
Toda semana me prometia ir aos aos ofícios ministrados por ele. Há tempos não vou meditar.
Culpa, irresponsabilidade, indisciplina, preguiça, falta de fé. Agora, ele morreu.

Fui me despedir do corpo na nave do Templo. Cruzei com um calango na calçada com a cor da cauda radicalmente diferente do corpo. Esse sofreu um atropelamento ou algo assim, pensei. E taí, correndo pra rua de novo, recriminei.
Mas, como o monge, o calango teima em viver com fé.
No monge, a fé era simplesmente física, palpável, medida no sorriso, no gesto suave, no ritmo certo do canto, na belíssima voz entoando o mantra.
No calango, a fé vem do equilíbrio da nova cauda, na certeza de que há melhor gramado do outro lado do asfalto. No simples fato de viver o momento, o aqui agora e ponto final.

Como todos, eu sofro as perdas e tristezas da vida. Particularmente, esse ano foi bem sofrido, em muitos sentidos. Mas como o calango, minha cauda teima em renascer, se reconfigura, de outra cor talvez, mas me dá o equilíbrio e a integridade para seguir nas calçadas da vida.
Como o monge Haritani, eu não duvido da vontade do Buda de me ver feliz. A minha fraqueza é duvidar da minha própria força, da minha própria fé em mim.
E vendo o monge, eu via o Buda.
E é isso que dói nessa despedida.
No meu egoísmo, eu só penso em como será daqui pra frente sem o monge. O calango atravessa o asfalto e se mistura na grama verde.
É fim de tarde. Vamos tocar o sino no lugar do monge Haritani.

9.12.09

FORA ARRUDA!

Leitores, não há mais o que dizer. Temos que FAZER.

Vamos às ruas protestar!

Se você não está em Brasília, pode se juntar a nós vestindo branco na quinta feira!

Agenda Brasília Limpa!

Quarta-feira (09/12) - Protesto na Praça do Buriti, a partir das 10h. - Brasília

Quinta-feira (10/12) - Movimento Brasília Limpa promove mobilização para que brasilienses e TODOS OS BRASILEIROS saiam às ruas vestidos de branco, coloquem fitas ou faixas da mesma cor em carros e janelas e andem com os faróis acesos.

Sábado (12/12) - Carreata partindo do Mané Garrincha – 9hs - Brasília

2.12.09

Até a volta!

VIRGO [August 23–September 22] In one of his short poems, John Averill describes a scene that captures the essence of your current astrological omens: "Today is the day of the photo of moonrise over Havana in a book on a shelf in the snowbound cabin." Here's a clue about what it means: The snowbound cabin is where you are right now in your life. The moonrise over Havana is where you could be early in 2010. How do you get there from here?

Well, I have no idea, but I will sure do my best for it to happen by january first! Hahahaha!

Volto em breve, leitores adoráveis!

Lucrécia e o longos dias de novembro

A aranha Lucrécia despejou os ovos na teia ontem à noite.
Agora, ela está gordinha mas perdeu um pedacinho do corpo.
Poderia dar um google em "como nascem as aranhas", mas vou observar ignorante.
É mais divertido me sentir impotente diante de algo que não tenho a menor ideia de como vai ser. Divertido no sentido do surpreendente e impotente no sentido de ser livre de qualquer ato ou situação que venha a acontecer. Sou espectadora da vida aracnídia. O melhor que posso fazer é olhar e não me envolver.

Aliás, deveria adotar esse pensamento para outras áreas da vida.
Para tudo novo, desconhecido e sem controle, deverei observar com olhos curiosos e inquietos, meio de longe, meio espectadora, meio torcedora para que, no final, tudo dê certo.

A Lucrécia está imóvel ao lado da bolotinha preta na teia. Não se mexe mais para nada. Não na minha presença pelo menos.
Tem horas que a vida é assim para todos, é o que concluí. Até as aranhas às vezes ficam assim, sem nada acontecendo na vida delas.
Mas, tanto eu quanto Lucrécia sabemos que esses momentos de marasmo e estática são como guarda-volumes de energia. Aquela que vamos ter que ter de sobra em breve, como por exemplo quando os filhotes de Lucrécia nascer. Serão muitos, famintos e pequeninos. Ela deverá suprir todas as necessidades com a energia guardada nos dias longos e parados de novembro.

Meu novembro foi corrido e cansativo. E parece agora que, como Lucrécia, entro num dezembro mais tranquilo e lento. Bom. Só pode ser um sinal para acumular energias (de preferência não em calorias! ó Buda!) para o ano que chega.
Em 2010, é provável que seja minha vez de parir crias nessa vida. Não arainhas, mas talvez, com a mesma exigência de cuidado e amor.