31.8.09

Foco

Hora de alinhar
Sonhos com metas
Horas com coisas
Vida e vontades
Datas e dias

Foco no olhar
em ideias
e fazeres
pulsar o coração
asas e voar





28.8.09

coisas que aprendi aos 36

1. tenho sonhos. e eles serão realidade um dia
2. viajar para um lugar desejado acorda a alma
3. é possível se apaixonar de novo por si próprio.
4. comer bem é melhor do que eu pensava
5. é hora de me aposentar da edição
6. tá quase na hora de ser escritora
7. tá médio quase na hora de ser mãe
8. o silêncio fala, de fato, mais que muitas palavras
9. fazer o melhor sempre é a solução para o arrependimento
10. preciso de mais dinheiro
11. e mais mar
12. de menos roupas, sapatos e afins
13. conhecer pessoas diferentes é um jeito de se ver no espelho num novo ângulo
14. manter amigos antigos é um exercício de perseverança
15. esperar não tem muito a ver com esperança
16. tem tudo a ver com paciência
17. esperança tem tudo a ver com fé
18. fé é aquilo que eu sinto quando danço
19. eu detesto musculação. mas minha coluna ama.
20. me sinto mais viva quando sou pupila
21. "a inseguraça não me ataca quando erro" - não mais
22. ser tia-dinda é pré vestibular pra ser mãe. (lê-se: minha vida é perfeita!)
23. eu não sei me despedir das pessoas que preciso deixar
24. eu (ainda) não sei costurar.
25. eu sempre fui incrível. só agora que eu vi!

aqui escrevi o que aprendi aos 35


27.8.09

Existe o timing ou somos todos uns egocêntricos?

Os úlitmos eventos da minha vida podem ser analisados no mínimo na seguinte ótica:
Eu não planejei nada.

E essa coisa de não planejar geralmente significa que as coisas acontecem no timing errado, ou pelo menos na hora em que não estamos esperando.
Tenho sempre essa coisa de dizer que o timing não tá certo, que isso ou aquilo estão fora de "sinc" comigo.
Mas, tenho que admitir:
Será que não é a invenção de timing que está fora do timing ?
Porque se eu crio uma expectativa de ritmo e sucessão de eventos e eles simplesmente não acontecem assim, não seria hora de eu reajustar meu "sinc" de acordo com os relógios que regem minha vida?
Sim, porque como já falei aqui, eu não dirijo minha vida (já faz um bom tempo), eu só edito mesmo.
Daí, a recuperação dos meus olhos, a dieta maluca, a Sofia...
tudo e todos acontecendo nos momentos imprevisíveis, aparecendo nas horas indevidas, tirando tudo de lugar na minha vidinha sem sal!

E agora....ah, tanto sal! Tanto riso!

Definitivamente, não existe isso de timing errado. Sou eu que tenho que parar com essa mania de cronometrar a vida como numa corrida de revezamento.

A corrida da vida é bem diferente: ninguém devia ligar pra linha de chegada, e sim para a estrada que muda a cada passo...

Ai, ai, ficar velha é bom que só!

24.8.09

Dica de presente

Para quem está sofrendo com o que me dar de aniversário.
Aceito esse pedacinho de terra aí.
Ou um tempo nele...

22.8.09

Ideias sobre a vaidade

Para mim, o pior pecado capital é a Vaidade, seguida da Avareza - que no fundo, é um tipo de vaidade, ou não?
Eu não estou falando de gente que se arruma e passa perfume pra sair.
Nem de gente que se preocupa em malhar pra ficar gostosa no carnaval.
Dessas eu nem tenho muito a dizer porque gostaria de ter a mesma disciplina, senão a vaidade.
Eu penso muito nessa vaidade emocional. Essa noção de que sou importante pra caramba,
e de que todo mundo quer saber minha opinião sobre as coisas; saber sobre minha vida, ler esse blog aqui.
E me admiro muito com as pessoas que falam de si o tempo inteiro num monólogo infinito, tanto faz quem ouve: o importante é o som da própria voz, ter a melhor história (ou a pior, se o tema for tragédias). Eu sou assim em muitas situações, lógico. Talvez por isso me incomode tanto - porque perco meu lugar.
Mas, também me incomoda o quanto há de solidão na vaidade.
E de medo.
Porque talvez, a pessoa assim, que só fala dela pra ela mesma ouvir, já se acostumou a falar sozinha - por um histórico de nunca ser ouvida.
O intrigante é que a vaidade alimenta exatamente o que a pessoa mais tem medo - da solidão.
Porque quanto mais você fala de si para os outros o tempo todo, mais isolada e sozinha fica.
Quanto mais defende um ideia e teima em não ouvir o próximo, menos pessoas compactuam com você e seus pensamentos. Menos valor você tem para os outros, menos te ouvem, menos te admiram.
O vaidoso pensa que sai na frente, ganhando sempre. E quando chega lá longe, olha para trás e vê o vazio que criou ao redor de si.
O que será que se ganha sendo assim?

20.8.09

Ventosas

ssssuuuuc
chuóp
esfrega
aperta
puxa

e de novo
e mais em cima

creeec
crooc
ai

cheiro de menta
cânfora
arnica

dedos e pele
dor e alívio
quase lágrima
riso

tudo roxo púrpura
preto acinzentado
vai com as cores
os resquícios do inferno astral
e abre inícios às festas natal!

19.8.09

Inferno astral impera

VIRGO [August 23–September 22] No more rotten dessert, Virgo. No more silky danger or juicy poison. No more worthless treasures or empty successes or idiotic brilliance. Soon, all those crazy-making experiences will be gone, blasted, dead. By this time next week, the bad influences that were trying to pass themselves off as good influences will have fallen away in response to your courageous drive for authenticity. You will be primed to restore your innocence and play in places where purity is the rule, not the exception. Already, the wisdom of your wild heart is regenerating, giving you the strength to overthrow the sour, life-hating influences that were threatening to smother your spirit.

Eita, que o Buda me empreste luz e sabedoria. Porque o bicho tá pegando pro meu lado, vix...

18.8.09

O motorzinho do dentista

Eu hoje identifiquei o que incomoda tanto no dentista:
Mais que a dor, é a antecipação dela: o som do motorzinho.
Dá aquele suor frio, uma tensão nas costas, no pescoço, ai!

Mesmo que a boca toda esteja semi-morta
é a expectativa da dor que vem no som do motorzinho que mexe com os nervos.

E a coisa toda é tão cruelmente desenhada que os ouvidos ficam logo ali
Bem ao lado dos dentes!

O som aumenta e diminiu numa mixagem digna das torturas mais elaboradas
Não é possível que com tanta tecnologia, não há um engenheiro, inventor, sei lá
Pra mudar o som desse instrumento entrando e saindo da boca

Detesto sentir dor. Sou totalmente a favor de praticamente entrar em coma na cadeira do dentista - enfia a agulha da anestesia, que essa eu aguento feliz já que sei que após ela, nada mais será incômodo.

Só de ligar o motorzinho, dói. Medo puro.
Mais ou menos assim, as dores do coração. Antecipamos o que ainda nem chegou porque o motorzinho foi ligado. Pode nem encostar, mas só de ouvir ... já dá arrepios...
A dor que já sentimos outras vezes, volta à memória num flash - e vivemos um sofrimento passado como se fosse presente.

É pena que ao contrário da boca, no coração não há como aplicar anestesia.
Tem que deixar doer mesmo.
Até sarar.
Mas como no dentista, às vezes o medo da dor é bem maior que a dor em si.

E tem horas que o motorzinho nem dói, nada. É só mesmo nossa memória megera fazendo a gente viver coisas antigas como se fossem as de agora.

Coisinha estranha o ser humano...







15.8.09

Carta para uma Rainha

Querida Sofia,
você nasceu num fim de tarde digno de Rainhas no dia 14 de agosto de 2009.

O sol estava quente, soprava um vento morno e seco, que foi esfriando com o escurecer.
Ipês amarelos se esticam no céu anil, enfeitam o Eixão de Brasília gritando o mês de agosto!
Nuvens fofas de algodão, cheiro da terra vermelha no ar.

O Enzo brincava de bolhas de sabão.
E todos nós, muito surpresos e alegres com a sua vontade de nascer já!

Seus pais estavam tranquilos e sorridentes quando entraram para encontrar sua médica, a doutora Giovana.

E quando você apareceu na janelinha da maternidade, no colinho do seu pai! ...
Ah! Sofia, isso sim que faz tudo valer a pena!
Os olhos marejados, gritinhos de euforia!
Fotos, fotos, fotos,
Ligações, abraços, beijos
Sorrisos, só sorrisos...

O nosso amor atrevessou vidros, portas, cobertores!
Você foi abraçada e beijada por todos
Ali, deitada, olhou a gente bastante, mexendo os olhos negros e muito abertos pra lá e pra cá.

Sua pele cor de rosa em mil dobrinhas de morder!
Ficou pelada, foi medida, pesada, banhada,
Finalmente - foi mamar e dormir!

Sofia, minha Rainha-afilhada!
O mundo é o melhor reino encantado agora que você chegou!
Feliz Aniversário!

13.8.09

Intrepretações, alguém?

VIRGO [August 23–September 22] Two annoyances that had been bugging you before your exile have been neutralized. But you've still got at least one more to go, so don't relax yet. Redouble your vigilance. Check expiration dates on your poetic licenses and pet theories. Scrub the muck from your aura, even if your friends seem to find it "interesting." And learn to read your own mind better so you can track down any disabling thoughts that might still be lurking in remote corners.

11.8.09

A irmã Sofia

A Sofia está dentro da barriga da minha mãe.
Por isso, a mamãe vai ao médico. E volta feliz. Mesmo quando está chorando um pouquinho.
A Sofia fica lá dentro nadando e daqui a pouco ela vem aqui pra fora, titia?
- Fica Bijuzinho. Nadando, dormindo...
Eu nado na piscina. E mergulho lá no fundo pra pegar a argola assim:
tchuuuuuuuuuuuu

Ela é bem pequeninha. E é minha irmã.
Minha mãe não é minha irmã.
Minha tia Bijú é irmã do meu pai, é tia Bijú?
- Isso, Enzo. Eu sou irmão do seu papai...
A Dinda é irmã da mamãe.

Eu não sou irmã porque eu sou menino e meu nome é Enzo e eu tenho dois anos.
A minha festa foi do Elmo.
Os meninos fazem a barba. As meninas usam batom.
A Sofia usa batom na barriga da mamãe, titia?
- Ainda não, Enzinho. As meninas usam batom quando ficam maiores um pouquinho...

No meu quartinho novo, tem um macaco na parede, quer ver?
- Quero, quero sim.
E tenho um Pula-Pirata
A Sofia vai gostar do Pula-Pirata, tia Bijú?
- Vai adorar, Bijuzinho! Ela vai gostar muito!

O quartinho da Sofia tem um patinho na parede.
A Sofia é minha irmã mas ela também vai ser minha amiga.
Igual a Marina da tia Maju?
- Igual, mas diferente, meu Bijuca
Só que ela vai morar lá em casa e dormir no bercinho, titia?
- Isso, ela vai morar na sua casa, com seu papai e sua mamãe!

Agora, a Sofia está lá dentro da barriga nadando.
Daqui a pouco, ela vai chegar no hospital.
Mas ela não está doente, não.
Eu também não estou!
Quando ela chegar, ela vai ser bem pequeninha e vai chorar assim:
ééeeeeeeeeeeeeeee
Eu também vou chorar, mas eu choro assim:
uaaaaaaaaaaaaaaaa
O papai e a mamãe me pegam no colo quando eu choro
A Sofia também vai pedir colo

Eu vou fazer a Sofia rir.
E ela vai fazer o Enzo rir também, titi?
- Vai, Enzinho! Você vai rir muito!

A Sofia está chegando daqui a pouco...
Sete e meia
Ela é minha irmã.
Tia Bijú, o que é irmã?
- Enzo querido, meu sobrinho-Bijú.
Irmã é uma amiga com selo de garantia
É o outro lado da alma do irmão
É um jeito de amar todo estranho
Mas garanto, Bijuca
É muito muito bom!
....
Venha, Rainha Sofia!
A corte inteira te espera sorrindo.
Seu irmão Enzo será seu primeiro presente nessa vida
Seguido logo de tantas outras maravilhas!





10.8.09

Montagem e direção

Eu nunca quis dirigir um filme.
Sempre gostei de edição.
Acho que a arte de se fazer um filme está na capacidade de cada um enxergar no seu ofício, o todo em que aquilo se transformará. E na importância do seu papel como artesão daquela peça coletiva.

Sendo assim, não me sinto diretora da minha vida. Porque ela não é totalmente minha, porque ela é uma criação de todos que me rodeiam.

Apesar de viver minha própria história e, em muitas vezes, mudar o rumo deste ou daquele capítulo, não sou a diretora, a maestra, aquela que orquestra tudo. Eu não mando e desmando.

Sou sim, a editora da minha vida.
Monto as cenas que se alinhavam umas às outras de acordo com o que tenho nas mãos.
Editar, não é necessariamente, inventar algo belo naquilo que é horrível.
Muitas vezes, é preciso, ao contrário, enaltecer o terrível, mostrá-lo cru, para só assim, apresentar o belo.
Como num jogo de contraposições, trazer a sensação de que a tempestade é bela porque logo após virá a bonança!

É que o elemento surpresa brinca com essa ideia de que o controle que tanto almejamos nunca é lucro! Porque perder o controle, confiar no outro, pode trazer boas surpresas. Como ganhar o prêmio de melhor filme!

Monto a minha vida analisando o ritmo, a textura, a forma e o contorno dos eventos que me acontecem.
Se sombrios, merecem silêncios longos, planos demorados. Contemplação.
Se alegres, ganham mais cortes, a trilha sonora é mais alta, há uma certa anarquia na edição.

Agora, nesse exato momento, edito esse capítulo um tanto inquieta.
É claro para mim que é a cena final da sequência - A DIETA, A OPERAÇÃO, O EMPREGO -
E é nítido também o início da nova - OS JANTARES, A FESTA, NOVO SEMESTRE -

Saio da frente da tela.
Olho a jaqueira lá fora.
Aguardo o material bruto da minha vida chegar em minhas mãos.
Fade out.
Penso nas melhores imagens para as próximas cenas e sorrio:
Vai ter muita música alta. Vai ter luz de velas, gargalhadas. Vai ter amor em muitas formas.
E já tem muita gente trabalhando pra essa história ganhar um Oscar!




9.8.09

Vende-se Modelo 72


Na volta do almoço do dia dos pais,
ultrapasso uma Kombi como essa.
Nas pequenas janelas de trás, o anúncio

VENDE-SE
ANO 72

Sorri.

Imaginei quanto alguém daria por mim
Se ao invés de mulher, eu fosse uma Kombi de 72...

8.8.09

Sobre comida, vistas e vida

Não sou a mesma.

Forçada a prestar mais atenção ao que como,
Comecei a cultivar o delicioso hábito de cozinhar

De tanto frequentar o mercado e a frutaria
Passei a comer coisas que há tempos não provava
Cerejas
Framboesas
Pêssegos

E por estar com os olhos embaçados
As horas em casa foram sem TV, sem livros ou computador.
A falta de foco trouxe amigos mais pra perto,
e encheu a cozinha de aromas, peixes, saladinhas

O tempo longe do trabalho
Passei deixando crescer vontades
Alimentando todas
Com um carinho particular
De quem corta a cebola
Ferve a água
Espera o cozimento
Sente o cheiro,
Prova o tempero

Ficar de dieta
Ficar sem ver
Me deram uma perspectiva do que é realmente
Esperar
A paciência de ver o corpo se adaptar
Os olhos clarearem
O doce dar ponto
A vida acontecer

Pela primeira vez
Sinto e entendo que esperar
Esse processo da espera
Vem recheado de surpresas
Que podem sim, enfeitar tudo
Virar o motivo
Enquanto a espera
- do quê mesmo? -
Se transforma em outra coisa
Que nada mais é
Que viver a vida como ela está