31.10.06

Sexo : beijar

Uma pessoa se surpreendeu com o texto anterior.
Achou que me expus demais.
Adorei.
Se incomodei um, é sinal de que incomodo muito mais.

Então, aí vai.

Eu vou falar de sexo mesmo.
O bom, o tal, o maravilhoso mundo encantado dos adultos.

É, porque sexo mesmo, só sendo gente grande pra entender.
E gostar.

Eu adoro sexo.
Fazer, pensar, ler, falar. Nessa ordem.

E a partir de hoje, começo aqui, uma das várias postagens sobre o assunto.

...

Eu vou falar de beijo.
Às vezes fico assim, olhando as pessoas e dizendo,
Esse eu comia, esse não, esse talvez.
Esse tem cara de quem beija bem, essa aí, se eu gostasse de mulher, eu encarava...

Já beijei na boca de mulher. Melhor, fui beijada. Mas foi café com leite porque não teve língua.
A menina era uma gata. Só que achei que tava beijando uma esponja, não deu.

Já beijei viado. Mas foi pra dividir o Ecstasy que tava na ponta da língua dele. Eu tava nervosa demais, não deu tempo de dizer se foi bom. Outro viado já me beijou. De língua. Ele tava se exibindo na mesa do bar, me senti usada.

O melhor beijo mesmo é aquele que eu quero muito. E eu consigo querer muito um beijo num intervalo de 30 segundos.
Ou quando o beijo chega e é muito muito muito melhor do que eu esperava!
Claro, já julguei mal - achei que o beijo seria tudo de bom, e fica aquela coisa mais ou menos.
E por fim, o beijo que de tanto beijar, fica irresistível - esse geralmente, vem com a paixão.

Um beijo na boca, de língua, lento, molhado é o indício de química na certa.
Se eu beijar e sentir um quentinho na boca do estômago...se o beijo vier com a mão segurando a nuca...e se o beijo for seguido de um olhar longo dentro do olhos
E beijo afobado? Apertado? Respirando forte? Meio rindo, meio tenso? Que não dá vontade de se largar? E deixa o rosto avermelhado, do batom, da barba, dos dentes...

Senhoras e senhores, eu sou mulher de dar!
Não fico economizando vontade, não! (já basta as tantas outras vontadinhas na vida!)
Do beijo, já sigo logo pro amasso.

E o amasso, leitores, fica pra amanhã!

29.10.06

2.8

Eu encontrei com ele na quinta-feira.
Bateu um súbito baixo-astral, desliguei a ilha e fui pro bar.
De cara, os olhares se cruzaram.

Desde agosto, nunca mais tinha visto a figura.
Não que quisesse, juro.
Mas, marquei o número no celular...

Oi, oi, tudo bem, tudo.
Daqui a pouquinho, do meu lado dançando.
E falando no ouvido, brigando com a altura do som.

Fui pagar no caixa.
- Tem alguma chance da gente ficar junto hoje?
Ix, na lata. Adoro gente na lata.

Coisa de adolescente, no carro, beijo, pára-brisa embaçando.
Então, tchau. Fui pra casa sozinha mesmo. Melhor assim.

E no sábado, toca meu celular.
E mais tarde, de novo.
E retornei, mais tarde ainda.
Aí, lá em casa.
...

Ele tem 28 anos!
Aquela fissura da pouca quilometragem.
A química é boa, sim.
Tem umas idéias tranquilas, seguras, serenas...
Daqui seis anos, vai ser uma figura sensacional.

Não, o coração não disparou.
É, ele falou dele, pelos cotovelos.
Perguntou pouco de mim, ofereci umas informações gratuitas mesmo assim.
Ele é na lata, não tem papas na língua, me fez rir.

Foi embora; não pediu, eu não convidei.
Dormi sozinha, porque é melhor assim.
Ainda é melhor assim.

27.10.06

Xô, Esperança!

Eu abri a sacada pra pegar uma garrafa d´água no frigobar.
Na porta branca, o louva-deus verde.
Calmo.
Eu cutuquei ele com a pontinha da caneta
Dá licença aí, dona esperança, que eu tô com muita sede.
Ah, ele saiu do meu caminho,
E entrou dentro da sala!

Agora vi tudo.
De que adianta matar a sede, com um animal dentro da ilha, olhando pra mim?

Cutuquei o louva-deus de novo, e do chão ele voou para a parede branca
E da parede, para o porta-lápis
Essa esperança que chega cada vez mais perto de mim!
E não me deixa trabalhar!

No último cutucão,
Ele voou para a parede azul.
Ali, nenhuma chance de me sentar na cadeira preta!

Desci o elevador pensando na estupidez de chamar o zelador para pegar um inseto
Que deveria ser sinal de boa sorte!

- Mas o que é louva-deus?
- Aquele que parece um gafanhoto mas é do bem, sabe? Um todo verde, que traz boa sorte!
- Ah, esperança!
- Hmm, eu chamo de louva-deus. Mas traz mesmo boa sorte, né?
- É, se entrar voando na casa da gente, traz boas novas.

Entrou, pegou pelas patinhas esquálidas, saiu com o louva-deus pelo elevador.
- Pronto, pode levar a esperança com você!

Aqui sozinha, seria bom ter uma coisa viva pra me fazer companhia.
Vou trazer uma plantinha. Essas são verdes mas não voam.

Hora de morte.

Se no final tudo der certo, será muito parecido com o que tenho hoje.

Então, se este é o final da história,
Chegou minha hora de morrer.

Eu quase bati o carro.
E quando tudo anda bem assim,
Acho de verdade que é minha hora de partir.

Nunca fui de sonhar muito.
O que faço, invento pra ter vontade de
Se abrir mão
Ou deixar sem fazer,
Não haverá tanta diferença assim

Se causei impacto
Ou não
Isso também passará

Perdi meu medo de ser esquecida
Não me lamento se outros seguiram em frente
E eu fiquei aqui

Esperando essa hora de agora
De morrer
Feito tudo que fiz
e deixado tanto a fazer

25.10.06

Sonhei!

Eu peguei o carro do meu irmão emprestado e saí dirigindo.
Cheguei num parque, que apesar de ser dentro da cidade, era imenso, com um rio que cortava o verde. Havia pedras, água muito azul, árvores grandes.
Segui dirigindo, fora do asfalto, pela relva, depois pelas pedras, cada vez mais perto do rio.
Sabia que estava perdida.
Então parei o carro bem em cima de uma rocha enorme, que só então me dei conta, estava no meio do rio!
Como havia parado ali?
E como vou sair dali, dirigindo?

Fui buscar meu irmão.
No caminho, expliquei o que tinha acontecido.
Ele, meio irritado, chegou no local onde o carro estava.
Agora, estava lotado de gente! Era uma área de lazer, pessoas pulando das pedras, nadando, tomando sol!
Subimos até o topo de uma rocha - o rio subiu, o carro estava submerso!

Lá de cima, de muito alto, por entre as rochas, vimos uma mancha escura na água.
Era ali que o carro estava!

Num ímpeto, meu irmão pulou.
Vi seu corpo diminuindo, diminuindo, até cair na água -
Veio o silêncio das profundezas.


Aqui de cima, eu entendi tudo.

Tem um lado meu, mergulhando sem hesitar, no fundo do rio.
Meu outro eu, está lá em cima, observando, à espreita, admirada e assustada.
O que vale tanto a pena um salto tão profundo?
Eu inteira sei bem o que -
buscar o que deixei de mim por aí.
Trazer à tona, achar, resgatar.

E no fundo, não é só que está submerso.
Mas o salto, o salto para o mais profundo azul
Esse, sim, vale
E não é a pena
É a salvação.



24.10.06

Não ser não

Eu acordei com uma vontade de não ser.
De ficar no escuro.
De ser a moça do filme,
O homem da foto
A cigarra na janela

Menos euzinha aqui.

23.10.06

Tempo e vazio

Tem um vazio aqui.
Ufa!
Ai!
Nossa, nem é um vazio tão grande.
Eita, mas fica grudado na cabeça, não sai, não sai.

Estranho,
Um vazio que eu quero que seja

Racional

...

Hora de me afundar no trabalho.
Nos amigos
No álcool - ai, que preguiça da dor de cabeça!
Na casa nova

De rir forçado até o riso vir natural
De gostar sem querer, até ser espontâneo
De tratar mais que bem, até voltar pra mim em dobro.

Essa hora que sempre volta!
Que cansa de saber dela
E estar nela!

Eu vou esquecer
Ignorar
Fazer de conta que não é comigo

Quem sabe passa sem me perceber
Mais esse vazio
Que não é dos grandes
Mas ainda assim, vazio?

22.10.06

Rei morto, rei posto.

O Rei está doente. É hora de preparar seu sucessor e a festa da próxima coroação.

E como sua corte o amava muito houve silêncio, sem cor, e sem lágrimas.

A corte entristece, e mais que nunca, tudo ficará à disposição de Vossa Alteza. Não haverá festa, nem tempo livre. Tem-se que prestar a devida atenção às mazelas do bondoso Rei.
Faça chuva, faça sol, a corte deve agora viver somente para manter o Rei vivo.

Passa-se o tempo e o Rei nunca nunca melhora. Só piora...

Se fosse em outras cortes, esse tempo seria tortura, seria impossível, seria em vão. Desistiriam de velar aquele bom homem, voltariam aos seus trabalhos, suas rotinas, suas outras alegrias.

Não essa corte. Ficou ali. Leal. E cética.
E mais tempo ainda se passou.
Numa noite, o Rei chamou a todos, e de sua sacada, bradou:
- Eu vou morrer esta noite.
A corte sucumbiu num choro sem fim.
O Rei se retirou e poucas horas depois, ouve-se a notícia.
O Rei morreu.

E então, como num passe de mágica, o choro daquela corte parou de escorrer. Das lágrimas nas faces surgiam pequenos vaga-lumes dourados que voavam imediatamente.
As estrelas cadentes iluminaram a escuridão.

E ficou impossível.
E virou uma força gigantesca.
E a corte inteira, todos juntos, sorriu aos céus.

Ao amanhecer, o sucessor será visto da mesma sacada de onde o Rei se foi.

num pequeno parêntese, nessa história, ainda estamos na parte "o rei se retirou e poucas horas depois..." - mas na hora que passar para o parágrafo seguinte, o leitor NÃO deve reiniciar a leitura a partir do primeiro parágrafo. Favor continuar a leitura DE ONDE ESTÁ. É importante que haja MOMENTUM até a frase - "ao amanhecer, o sucessor ..."





19.10.06

O mantra de hoje

As coisas que eu enxergo
São sinais
Coincidências
Ou um pouco mais de miopia?

A sequência de eventos
é essa mesmo?
Ou vejo nela somente o que me importa?

O nome do personagem
O casal no bar
Um amigo que liga
Você no computador

Todo dia,
o mantra da realidade
O que eu quero é meu
O que eu quero é meu

O que eu quero mesmo?
E sem querer, já é meu.
Tem um ano meu mantra
E tanto dele eu já vivi!

Me lembrem de postar um fato de hoje daqui um ano.

18.10.06

Deitada e de pé

Eu tive um sonho bom.
Daqueles que eu não me lembro ao acordar,
Mas fica aquela sensação, uma leveza, um descanso na cabeça.

O colchão novo já é meu.
E a janela em breve terá cortinas escuras.

Acostumei rápido com o barulho do silêncio.

E os banhos quentes são melhores que eu pensava!

Aos poucos vejo que fico de pé.
Sozinha mesmo.
E depende só de mim
Estar de pé e achar isso bom.

17.10.06

É ...

O tempo escorre.
Quando posso, não durmo.
E se quero, não alcanço.

Na dúvida, tenho fé.
Mas por amor, já desisti.

O céu cinza de chuva
Lindo de morrer

A casa nova de vida
A velha vida de sempre

Quando eu mantro,
Acontece
E se demora
Entristece

Me deu um medo enorme de
Morrer sozinha na casa vazia

...

Do pouco tempo que tenho
Eu penso no muito tempo que sobra
Pra ficar sozinha
E querendo estar com

Nada anda
Nada rola
Nada pra amanhã

O que eu quero mesmo

É chegar em casa cedo
E ter alguém pra me beijar

É deitar na cama tarde
Com conversas na madrugada

Escolher ficar sozinha
E ter a surpresa dele ligar

O que eu quero mesmo
é quem eu quero
Que me quer
De um outro jeito
Sem ligar
Sem beijar
Sem conversar

Tá certo, não há supresas
Mas deve sempre ser decepção?

15.10.06

Dois elefantes no fundo do mar

Passava das 3:30h e eu estava com sono.
Me despedi, paguei minha conta e voltei andando rápido para o carro.
Estacionei longe, estava sozinha, alerta geral.
Ando sempre no meio da rua, e não na calçada. É que a rua tem mais luz, os carros passam, se algo me acontecer, pelo menos mais gente vai testemunhar.
Enfim, coisas de mulher nas madrugadas.

Pertinho do meu carro, um Audi A4 preto diminui e um homem me faz uma pergunta.
Não ouvi, mas deduzi que ele queria minha vaga. Desacelerei o passo.
- Você saiu do Buccanero?
- Não. Ri - pensei - o figura não sabe nem a cara da mulher que ele tava dando em cima dentro do bar...Ô, fim de mundo.
- Ah, você não tava no Buccanero?
- Não, eu tava no Gate´s. - Ri de novo - agora pensando que ele tava me criticando - e daí se eu tava no Gate´s que é cafona e não no Buccanero que é moderninho? - segui pro meu carro.
- Annn, e agora você vai para algum lugar?
- Vou sim, pra casa dormir. E você? - com aquele tom irônico de dispensada geral que eu sou mestra.
- Não sei!
Caí na gargalhada. Ele tava ali, no meio da rua, dando em cima de mim? Ô, gente.

Entrei no carro, dei partida, ré, faróis, cinto de segurança.
O Audi parado um pouco à frente.
Foi o tempo de reconsiderar.

Sabe quando alguém se aproximou de mim, assim? Nunca.
Ele não tava com cara de bêbado. E nem era um monstro horrível.

Poderia ter sido mais simpática, mais aberta, mais - ... - cara, como eu penso!
Parelelos para entrar na L2 (mas eu poderia ter dado ré e voltado pela rua do Gate´s) - abaixei o vidro do passageiro.
- Vamos tomar um café?
Parou tudo.
Ele falou as palavras mágicas.
VAMOS
e
CAFÉ
- Não tem nada aberto a esse hora.
- Já foi no Mac Café? É bem aqui.
- Vamos.
- Você não vai fugir, né?
- Não sou de fugir de café.
Ele pagou. Saiu para ir ao banheiro e deixou no balcão a carteira, o celular, a chave do Audi.
Ele pediu um Capuccino.
Ele é jornalista, maratonista, tem uma filha de sete anos.
É a cara de um antigo amigo, só que mais feio. Tem um problema de dicção que me distraía. Perguntou de mim o suficiente para falar dele.
Me levou até o carro.
Me deu um beijo de leve, suave, na boca.
Ri.
Me beijou de novo.
Ri de novo.
- Por que tá rindo?
- Porque é engraçado isso.
Me deu um beijo mais intenso, mas aí eu já tinha estragado tudo.
Caí na gargalhada.
Ele sorriu.
- Se cuida.
- Você também.


14.10.06

Mudada

Eu vou me perfumar.
Escolher a roupa a ser tirada devagar.

Prender os cabelos e deixar a nuca à mostra.

Vou usar saltos finos,
Pés à mostra nas tirinhas pretas

Vou chegar pontualmente atrasada
Um pouco afobada
A ansiedade, expectativa, o riso nervoso
Falando um pouco alto demais,
Rápido, atrapalhando palavras

Eu quero e tenho medo
E sei que não terá volta
Preciso de explicações
Mas também, de que tudo seja rápido,
Silencioso
Macio
Leve

Não quero me embriagar
Agora, a sobriedade é muito importante
Porque a lembrança de cada minuto é essencial
Ando rápido
E páro para me arrumar na frente da entrada.
Coloco a chave na porta.
Giro, giro, forço a maçaneta.

Com as mãos cheias de mala, sacola, caixa
Entro Cheguei.
Na minha casa.

Errei? Ou Acertei? E que diferença faz?

Eu me antecipo onde deveria andar devagar.
Sou lenta para as coisas que têm que acelerar.

A minha antena está quebrada?
Ou não sei fazer o malabarismo com tantas bolas?

Estou cansada.
Andar só, e sempre no meio de um caminho e de outro
Demanda algo que tenho pouco.
Um quê de blasé

A minha intensidade
Me impede de ver um palmo na frente do meu nariz.
E então fico apalpando
O mundo todo.
Não repouso
Quieta
Esperando o tato do outro

Então me arrependo
Me acho burra
Me coloco no calabouço
Me dou tantos castigos!

Estou cansada
Das punições eternas
De nunca saber ser
Fazer errado procurando o certo

Me desculpar por ser assim desse jeito
Não tem um ser nesse mundo, perfeito
E ainda assim, passo todos os segundos da minha vida
Brigando para acertar
Castigando por errar

E nunca nunca
Esperando alguém me amar.

Esse jeito que eu sou
Sem quê de blasé
Um tanto enorme de intenso
Que cega,
Que arde
Que mete medo
E nunca nunca
Esquecendo de esperar o amor.



13.10.06

Dália Negra

A maior parte das pessoas vai ao cinema porque é bom criar uma certa expectativa sobre a história (que a própria fita promete nos primeiros minutos) e vê-la discorrer de frente aos olhos.

Eu acho que é um pouco porque na vida tanta coisa não vai do jeito que a gente quer, que a gente acaba indo ao cinema para confirmar - isso mesmo que eu queria que acontecesse! Ah, ainda bem que tudo acabou bem! - e sair de lá satisfeita, aliviada, pronta para mais uma série de frustrações, desencontros, mal entendidos.

Bem, eu fui ao cinema hoje à noite para me livrar da chateação de não ter rédeas da minha vida.
Escolhi Dália Negra porque era um policial, ação, fácil de comprar a briga do bem contra o mal, enfim. E era Brian de Palma.

Pô, não foi nada disso!
Os primeiros minutos te vendem os caras errados!
A história não é sobre a amizade dos tiras? Nem sobre o triângulo amoroso? Ah, tá, sobre um crime? Mas, qual deles?
Você passa a maior parte do filme tentando entender praonde o diretor está te levando!!! Ah, é pancadaria? Ué! Elas são ou não são lésbicas, afinal?
Vai ver que é por isso que tem tanto off e flashback nos últimos dez minutos de filme - pra te contar a história que você acabou de ver! - aliás, nunca demorou tanto pra chegar o fim de um filme!

Saí do cinema assim - ufa, ainda bem que eu tenho minha vida! Onde tudo que penso e interpreto acontece na hora errada. Mas pelo menos, não tem narração em off pra me explicar o dia no fim do dia!

11.10.06

Chuva

Eu hoje vivo o amanhã
E fujo de tudo que o agora me dá

Eu cansei de ser ação
E olho parada o que a vida me dá

Eu ontem morri de paixão
E corro sozinha de um futuro que a ida me dá

Eu agora
E penso perdida

Me dá?

10.10.06

Tristeza com café

Eu acordei triste hoje.
E o chato de ficar triste, além da tristeza em si, é que tem que se fazer mil outras coisas.

Não dá pra ficar triste e trabalhar, ficar na fila do banco, cumprimentar o vizinho
sem querer com toda força falar antes de tudo - eu acordei triste hoje - e chorar um pouquinho.

Só que não é assim que se faz.
Então, ficar triste sem poder ser triste é ruim em dobro.

Além da vontade de chorar grudada na garganta,
Ainda tem que fingir o cisco no olho pro marejado d´água

Fora o aperto no peito por dentro,
Colocar sutiã, roupa, sapato, pentear o cabelo,
E sair de casa pra trabalhar, produzir, render, terminar o projeto, entregar.

O estômago pequeno, encolhido
Fecha a calça, engole a comida,
Anda na chuva.
Mas sem chorar.

Eu acordei triste hoje.
E hoje vai demorar a passar.
porque ao invés de ser triste,
tenho que ser todas as outras coisas.
Filha, amiga, profissional...
Triste, não. Triste não pode.

Tomo um gole quente de café forte e vou trabalhar.

Ah, é você ...

A inquietação de te ver, passa logo quando você me olha.
As tantas coisas para falar, são silêncio para não atrapalhar.

E tudo que penso
preciso da sua opinião
E quando sinto
quero estar perto
e mil vezes tentar de novo

Por os dois pés no chão
e ter certeza que não tem passo pra trás.

E se o futuro não chega nunca com você
Que seja esse presente o melhor para ter!

Eu já amava você muito antes
pelo nome
Um amor descomedido de primeira
E descuidado de então

Eu me apaixonei por você em todas as outras pessoas
E quando aqui, do seu lado
Nem apavora
Nem nada

É só isso mesmo
Agora, agora, agora.


7.10.06

Chá

O burburinho de casa cheia.
O cheiro do vinho, do pão.
Os beijos, abraços, carinhos, risinhos.
Conversas que não terminam.
Atenção que não acaba!

O apartamento que virou casa.
A casa que virou minha.

Nossa, minha...
Nossa, nossa...

5.10.06

Voando

O besouro não nasceu pra voar, mas voa.
O pato não voa, mas tem asa.

Na próxima vida, quero ser besouro - acoplado com asas e patas, pra cair no meio do sanduiche do piquenique!
E deixar de ser a pata - que tem asa mas voa mal, que tem patas mas anda feio.

4.10.06

Carta

Juro que não é preguiça, mas quando escrevi essa carta para uma amiga, saquei que era para mim mesma...

Ligar o foda-se faz bem - pra tudo - e ficar triste com isso também faz bem - tomar um chá de sumiço, ficar na sua, chorar, tomar um porre ... esse movimento intrsopecção é bom pra sair mais rápido e do outro lado do túnel.

Não tem corta caminho - é do tamanho que tem que ser...

O seu silêncio será mais intenso que as mil palavras que tem a dizer.
Quanto mais os dias passam, mais eu acho que essa é a melhor solução
- se não há o que fazer, não faça nada. E fazer nada é uma merda porque a gente quer tomar conta do mundo e da nossa vida ... mas tem horas que tomar conta do mundo é só isso mesmo - não fazer nada. Ficar só olhando...

Eu quero ser reação e não ação, saca?
Amiga, na semana que vem, teremos minha casinha para alojar o nosso sumiço do planeta e todas essas elocubrações! Vai ser ótimo!

Eu tenho certeza que tudo será diferente, e ao mesmo tempo igual no ano que vem...

3.10.06

Previsão do futuro - viver no presente.

Em fevereiro, a previsão foi - "ele ainda vai te procurar. Mas você vai conhecer um homem que já está na sua vida!"

Em maio, a amiga disse - "em três meses na sua casa nova, você vai conhecer o homem da sua vida!"

Em agosto, uma das bruxas da família - "esqueça do passado. Tem um homem que já está na sua vida e você ainda não conheceu"

Agora estamos em outubro.
Não, não conheci nenhum homem que já estava na minha vida. OU conheci?
Não, não esqueci o passado. OU fiz dele um novo presente?
Não, não faz três meses que moro na minha casa nova. Mas, sinceramente? E daí?

As pessoas fazem estas previsões porque eu tenho uma cara péssima de tia velha?
Ou têm pena de mim porque minha vida de solteira é miserável?
Acham mesmo que não há possibilidade de ser feliz assim, do jeito que estou?

E que minha vida seria transformada numa passe de mágica com a chegada de um grande amor?
Recadinho para todos os magos, bruxos, amigos e parentes:
Obrigada. Sério.
Mas, eu não acredito mais nisso.
Nem no grande amor, nem nas cartas de tarô.

Eu sou sempre apaixonada. E quando sou correspondida, claro, é muito melhor.
Quando dura mais tempo então, é ótimo.
Todos os homens da minha vida foram grandes amores. E um dia, eles deixaram de ser (ou eu deixei de ser para eles).


Eu não sou pior porque sou solteira.
Nem me sinto incompleta porque estou sozinha.
Não esqueci do inferno que pode ser a vida a dois.
E adoro de verdade, ficar sozinha lendo um livro sem dar satisfação do que farei depois.

Não me entendam mal - eu nasci para ser par.
Mas me entendam de um vez por todas - eu sou única. E só.

2.10.06

Ops, errei de novo

Eu não vou mais me cobrar por fazer errado.
Nem me antecipar em reações dos outros
Que mal me conhecem

Eu vou deixar de me odiar porque o telefone não tocou
E de agora em diante,
Tenho a certeza de que o melhor é sempre o que acabou de acontecer

Eu não vou me medir pelas ações do passado
Não as minhas, não as de outrem

Vou seguir sendo eu mesma
Errando mesmo
E as falhas não serão medidas de quem sou

A partir de hoje,
Tudo bem eu errar
Muito, com gente, com coisa, comigo

Os meus erros não são parte de mim
Eles serão errantes
Que passaram, enfim!



1.10.06

And by the way...

Eu fiquei super comportada a semana toda, inclusive o final de semana inteiro (e já são 22h! do domingo de eleição!)

Não exatamente porque é melhor pra minha carne...
Mas talvez, pro meu espírito.

E quando esses dois - a carne e o espírito - estão em contradição, começo a escolher sempre o lado mais fraco - do espírito. Que é geralmente, o lado que sofre mais longamente depois.

Porque como sabemos, o corpo: lavou, tá novo!
E o espírito, bem - quanto mais se lava, mais desbotado fica...
E eu não quero de jeito nenhum um corpinho limpinho num espírito desbotado!

Eleição

A merda de se andar pra frente e rápido, e ter que parar para esperar o resto do mundo.

Segundo turno.

Puta merda, Geraldo não dá!

Um passo para frente, dois para trás.