30.11.07

Festival

Ôba, vou me enterrar aqui esse fim de semana - faça chuva, faça sol

Pequeno milagre diário

Todos os dias, peço um pequeno milagre que me leve até o fim do ano, carregada.
Depois de pedir, isso há uns dias atrás, à noite eu olho pro dia que passou
e sempre encontro, sempre um, às vezes mais...

E hoje, logo depois do café, encontro o que o Gustavo escreveu...
Já tenho meu pequeno milagre de hoje, obrigada, Gustavo!

29.11.07

O diagnóstico, finalmente

Tem poucas coisas piores que ver alguém que você ama, sentindo dor
O meu coração aperta de angústia e raiva
quando minha mãe entra pela casa na cadeira de rodas
as lágrimas escorrendo
nunca vi minha mãe chorar assim - nem na morte do pai dela.

Dá aquela vontade de esmurrar as paredes
de chorar junto
de gritar palavrões infinitos

Agora, com 20 quilos a menos, voltou do último exame
uma ressonância da glândula da tireóide

Pelo que entendi, basicamente a glândula se auto-destruiu
Está em frangalhos, produzindo um nada de hormônios
e forçada pela medicação (syntroid) a funcionar melhor

É uma sensação de alívio - pelo menos agora sabemos o que é
E também de impotência - a tendência é a glândula morrer
e o corpo precisar até o fim, dos hormônios artificiais

Com o choro entalado
mas a voz de brava
conversei com a minha mãe sobre o que ela quer pra ela
com o primeiro neto aqui, comigo de volta depois de tantos anos
e ela de cama, definhando
se ela realmente quer isso pra ela,
como ela quer viver os próximos anos da vida
e o que fará para alcançar as decisões que tomar
ela me respondeu num sussurro
- ainda tem muita coisa boa pra acontecer na vida, minha filha

Eu juro. Eu duvido. E meus olhos encheram de água.
Saí do quarto pra chorar escondida.

É fácil dar a receita pra vida alheia
Difícil é decidir que tudo ficará bem
e realmente acreditar que sim, há muita coisa boa daqui pra frente.

Epífane

As minhas sessões de meditação iam de mal a pior.
Agitada, distraída, dispersa em pensamentos que não viram nuvens, ficam lá, paradinhos no meu céu azul...
E ontem, intrigada com a minha dificuldade que aumenta (ao contrário da maioria, que diminui)
bem no finalzinho da meditação, perguntei pra minha mente -
tá com medo de que?
E ela me respondeu
- não é medo, é raiva! De tudo. Estou escondida aqui, atrás da raiva.
- Então, outra pergunta
- E o que acontecerá se você não tiver raiva?
- Eu vou sumir, desaparecer, evaporar desse mundo - ninguém mais vai me enxergar
E eu respondi
- Mas, se está escondida, vai aparecer caso deixe a raiva de lado...não?
- Pior ainda! Aparecer! Com toda essa luz! Com tanta intensidade! Com toda essa essa essa
Bléin, bléin - o sininho do fim
Horas depois, cheguei em casa encimesmada.
Minha mente está entre a cruz e a caldeirinha!
- Se tem raiva, some; se não tem, vira pura luz
Parece simples decidir, mas finalmente entendi o impasse:
a meditação tem me feito olhar nos fundos dos meus olhos e admitir
só não estou feliz porque não quero estar
só não deixei a tristeza de lado porque fiquei escondida atrás dela, da raiva
aí, de olhos fechados no quarto, sorri (pra mim)
agora sim, agora sim - disse em voz alta mentalmente
não, não, não
em mim, não cabe raiva ou tristeza
essas são distrações das quais eu não preciso mais
porque eu, de verdade, não quero me esconder
e se for luz demais, intenso demais, tanto melhor -
já está mesmo passando da hora de eu aparecer como sou
clic - dormi sem sonhos
acordei sorrindo

28.11.07

Boas notícias sempre vêm de mãos dadas

Um colar de continhas coloridas
as boas novas começam a chegar, uma a uma, em fila, todas alinhadas e multicor

Da noite pro dia, literalmente
as coisas ficaram mais engraçadas
mais leves
mas amenas

De um jeito ou de outro
os amigos se aproximam
o dinheiro aumenta
a cabeça vai se iluminando com idéias, idéias, idéias

São as continhas de mãos dadas
boas novas
bem vindas
tão esperadas

(obrigada pelos chopps, Manuquinha!)

27.11.07

Céu verde, chuva amarela

Quando eu tinha uns 5, 6 anos, meus pais me deram um guarda-chuva.
Era um guarda-chuva para meninas de 5 anos, pequeno, de plástico.
O cabo era de plástico branco, os aros de metal - que beliscam as pontas dos dedos na hora de abrir - terminavam em bolinhas plásticas para não furar olhinhos no jardim de infância.

O meu guarda-chuva era de plástico amarelo. Amarelo ovo.
Só que o plástico era transparente de maneira que se você estivesse embaixo dele,
veria nuvens amarelas e um céu verde!
E claro, a chuva caindo, caindo, em gotinhas amarelas e translúcidas refletidas no sol!

Eu torcia pra chover, e se não chovesse, saía por aí com meu guarda-chuva amarelo,
olhando os olhos azuis se tornarem verdes, os carros, as placas, a vida mudar de cor.

Ontem, na hora de dormir, me lembrei do meu guarda-chuva amarelo.
O meu filtro para a vida dourada,
estou com ele aberto desde então.

26.11.07

Um diagnóstico, alguém?

Espasmos de dor pelo corpo inteiro,
especialmente na região do tórax e abdomen
Boca seca
Enjôo, náusea, falta de apetite
Rápida perda de peso - 14 quilos em um mês
Sem febre
Sem convulsão
Intestino parado
Estômago em cãimbras
Tremor pelo corpo, especialmente pernas e braços
Dificuldade de locomoção - uso de cadeira de rodas
Tosse seca
Fraqueza,
tontura
cansaço

Nenhum remédio para dor
Suspensa a medicação para convulsão
e também para tireóide

...

e então? alguém pode diagnosticar o que a minha mãe tem?

25.11.07

Mix de mundos

Sonhei que estava em Nova York
nas visitas que sonho tanto em fazer para minha também terra natal
Estava na Broadway, levando amigos pra conhecer
No sonho eu lamentava não ter feito isso mais vezes na vida real
O entardecer na Broadway, quando tudo se acende e o dia apaga

Sonhei que estava em Brasília
e as luzes do Conjunto Nacional eram as mesmas da Broadway
enquanto eu explicava para os amigos
que eu faço isso muitas vezes na vida real

Sonhei finalmente que estava numa ilha de edição
de moviola, de película, do cheiro da química de revelação
e seguia uma estagiária por entre subsolos
ela descia num mini elevador para debaixo da terra
e voltava com um chocolate para o chefe maior

No andar de cima, subo e encontro a Clau,
que deitada num sofá
mexe num espelho alto do outro lado da sala
o espelho desequilibra, cai pelo vão da escada
som do estilhaço no chão de concreto batido
pela janela
um cidade grande, cinza e esfumaçada
e um por do sol desses de cinema e de sonhos

Inquilinas

Estava eu, sentada no sofá de vestidinho preto, assistindo o William e a Fátima
eis que surge dos livros de Gramática, uma lagartixa.
Dessas branquinhas com olhos muito pretos, ela sapatea na diagonal e vai para trás da TV.
Senti um pequeno susto, uma leve alegria e um ímpeto de tomar uma decisão
O que fazer com uma lagartixa que vive na minha casa?
- Vou jogá-la pela janela
E se ela pular em cima de mim?
- Espere, lagartixas não pulam...
Ela vai se assustar, pode morrer, como vou tirar um bicho morto da minha casa?
- Num pedaço de papel higiênico, sei lá
Tá, mas antes, feche a porta do quarto. Não tem nada agradável em acordar com algo frio andando pelas bochechas.
Fecho a porta.
Na volta, ela está no meio da sala. Peraí, na SALA, não dá. Eu não a convidei pra cerveja nem nada! Folgada...agora, está decidido - vou jogá-la pela janela. Pego o maior envelope que tenho - das ressonâncias antigas, que é de papelão duro - e me aproximo. A lagartixa vê 360 graus, corre para debaixo da mesa. Tenho a idéia de mostrar o caminho da porta. Ela entende...mas de ponta cabeça, segue até o batente de cima, e fica lá, olhando tudo invertido, rindo de mim. Deixo a aventura de lado, até que não é nada mau ter uma companheira no dia a dia.
- Ela poderia comer as formigas que aperecem do além na pia da cozinha!
Ah, não sabia que lagartixas comem formigas...
- Bem, então que tal comer aquela arainha na quina da parede?
Aranha também? Nossa, eclético o menu da lagartixa
- Tudo bem, pelo menos tem uma arainha e uma lagartixa que dividem meu mundo claustro comigo...
Volto para a novela, mas como não quero gostar dessa novela, me forço a terminar de me arrumar para a festa. Hora do makeup, babe... na hora que o pessoal chegar, peço ao namorado de alguém para fazer as funções de caçador de lagartixas.
- Isso mesmo, uma mulher que mora sozinha tem desculpa pra tudo com a afirmação - sabe como é, moro sozinha, morrrro de medo de bichos, não tenho forças pra colocar o garrafão de água no filtro...
Me distraio na maquiagem. A japinha chega, tomamos umas, a lagartixa rindo da gente de cabeça pra baixo, ao lado da arainha, as duas viraram amigas.
Hora de ir, apago as luzes e agora a casa fica acesa só com a lua cheia. Eu fui pra festinha chata, mas na minha casa, a festança foi de matar.
Na volta, a aranha dormia sozinha, a lagartixa não estava mais lá.

24.11.07

Sexta, sábado, domingo

Os fins de semana são curtos demais
pro tamanho das ressacas
pro número de filmes alugados
pra pouca comida na geladeira
pros três livros inacabados
pra vontade de não sair da cama
pra vontade de sonhar
pra vontade de voar

23.11.07

Ressonância

Marquei o exame pra às 18h, mas cheguei lá às 17h porque queria fazer os tais exames de sangue que a ginecologista pediu.
Mas antes, claro, entrei na clínica errada.
- tem certeza que marcou pra hoje?
- sim - respondo meio aérea (meio???)
- não vejo seu nome aqui para este horário
- inclusive, liguei hoje de manhã pra confirmar
- na clínica vilas boas?
- não! na clínica vila rica
- ah! não é aqui não...
Fala sério! Pra que duas clínicas com nome de Vila há menos de 500 metros uma da outra fazendo os mesmos serviços? Ando os tais 500 metros e pego a senha 466 - o guichê chamava a 461. Saí dali e entrei na sala ao lado. Poderia fazer os exames de sangue enquanto espero a ressonância. Pego a senha 27 - eu adoro esse número. Era meu número da chamada na quinta série do Rosário - a professora de francês nos chamava pelo número (como no MacDonald´s!) e como eu consigo me lembrar disso e do primeiro número de telefone da minha avó...
Tem um senhor número 26 sendo atendido. Ele marca o exame de uma terceira pessoa. Espero uns cinco minutos que parecem mil. O ar condicionado está desligado, está abafado. Chega minha vez.
- queria coletar sangue pra esses exames aqui
- hmmm, xô...são quatro horas de jejum
- han, han, estou de jejum
- é convênio?
- han, han, aqui minha carteirinha
- hmm, então, o laboratório só funciona até às 16h pra coleta.
- (putamerda, por que não foi a primeira coisa que o cara falou? perdi 3 minutos da minha vida nesse guichê de merda e fora os outros 5 minutos esperando o número 27!...) ah, tá. obrigada.
- de nada

Volto pra clínica vilas boas, quero dizer, vila rica - tá na senha 463. tá quente, confuso, barulhento. eu não entendo porque as pessoas insistem em ligar a tevê de plasma com o volume alto em Malhação pra gritar uns com os outros...
Uma mulher fura a fila na cara dura.
A maioria da sala de espera é de mulheres. para exames e como acompanhantes. os homens não acompanham as mulheres quando elas adoecem. as mulheres acompanham as mulheres, as mulheres acompanham os homens. os homens não.
Minha vez. Faço a ficha, assino aqui, asino ali, respondo dois questionários - fez cirurgia, tem filho, é casada? - essas perguntas que elevam a auto-estima de quem está triste com tudo e ainda com a saúde frágil. - sim, não, não. Posso aguardar lá dentro.
Um corredor branco com luz demais. Um quadro amarelo abstrato feio de doer, mas que consigo enxergar um coração alado. Bate uma solidão funda. Tenho pena de mim sentada sozinha numa sala de espera para um ressonância magnética da coluna cervical. Fico com vontade de chorar e deitar no sofazinho. Estou há 20 minutos esperando, olho o celular pra ver a hora...mas na verdade é pra me certificar que não perdi nenhuma ligação. Não, não, ninguém me ligou mesmo. Olho os pauzinhos da antena...sim, tá ok, com sinal cem por cento. Mais vontade de chorar.
Chamam meu nome - Fabiana Maria - oi tudo bem, entra ali, tira a roupa, veste esse pijama, me espera aqui.
Ah, legal. Já estou me sentindo a rainha da cocada preta e agora com esse pijama beige 5 números maior, ô, bem melhor.
Entro na cama de ressonância. E por incrível que pareça, acho minha paz. Aquele ruído na cabeça, o tremor, os diversos barulhinhos, a ordem - não engole, não mexe a cabeça - de repente, tudo faz sentido.
Penso em todas as coisas ruins, os sentimentos, todos. Exorciso com aquele baruho ensurdecedor tudo de mal em mim - que queimem naquela cama radioativa! Amém!
- Pronto, aqui seu protocolo. Obrigada, boa tarde.
Ponho toda a roupa de volta, saio em silêncio e em paz.
Dentro no carro, aquela vontade de chorar. Parei na frente do cemitério, as flores estão lindas pra vender. Eu merecia um buquê de flores das mais cheirosas - mas não vou me dar esse luxo...até porque, nem tenho dinheiro na carteira. Os olhos agora, cheio de novas lágrimas.
Ah, que bom, vou pra casa poder chorar...ameaça chuva, melhor ainda...
Fiz yoga, tomei banho, comi sucrilhos, vi tevê, deitei pra dormir.
Deu três da manhã e me lembrei que não tirei o brinco da orelha esquerda pra fazer a ressonância.

22.11.07

Menino

Era um cômodo bem grande, mais ou menos dividido
é que não tinha paredes, mas os móveis faziam as vezes
um quarto bem grande, um banheiro enorme, uma sala com sofá
Essa casa não era a minha,
e minhas malas deixavam evidente minha estada temporária
estou entrando - ou saindo - do banheiro, enrolada em toalha branca, o cabelo molhado, cheiro de sabonete e creme, de água quente evaporando

tem um menino deitado na minha cama

Sim, uma cama enorme de casal - com lençóis brancos, edredon, travesseiros desalinhados
uma cabeceira alta, branca, desenhada em metal

definitivamente, a minha cama de dormir - tem um menino deitado
Ele não está dormindo, somente deitado
veste shorts azul marinho, sem camisa vejo as costelas por trás das carnes
é moreno claro, mas de cabelo muito muito preto.
Abre os olhos em sonolência - também são escuros, os olhos, as sombrancelhas, os cílios são

- Você não pode dormir aqui - digo sussurrando, chegando perto do menino
- Mas eu quero ficar com você - retruca com olhos lânguidos de criança apaixonada
- Você não pode dormir comigo - agora, toco no braço magro, puxo de encontro ao meu corpo
- Deixa eu ficar com você - pede com voz de homem e curva o corpo de criança

Em silêncio, mas hesitante, pego o menino no colo - e noto que quase já é alto! - e o coloco no chão coberto de mantas, colchas e almofadas
Ele se deita resignado, também em silêncio, me olha profundo na alma
Sinto medo da paixão que despertei
E uma tristeza, uma dó, uma saudade de mim

- Ele é um menino, ele é um menino - acordo pensando enquanto me deito na cama do sonho.

Bruno faz 33

Quando éramos crianças, o Bruno e eu fomos melhores amigos
Brincávamos juntos e brigávamos muitos também.
Eu admirava no Bruno a força física naquele corpinho mirrado,
e a esperteza dos olhos por trás dos óculos imensos.
Ele também era amigo de todos e não me lembro de vê-lo mau-humorado jamais
Gostava de brincar de tudo, mas principalmente das coisas velozes:
Corrida, jogar bete, bicicleta, polícia e ladrão
Ele era muito bom em matemática, aprendeu a ler as horas muito antes que eu
mas ainda assim, não se interessava pelos estudos formais na escola.
Era inquieto, cabeça quente, conversador e rodeado de amigos (e amigas) por todos os lados
E à noite, quase ao dormir, via uma nota de melancolia, um quê de tristeza
Colocava Elvis nas alturas e repetia a mesma música tantas vezes fossem necessárias
Não era permitido entrar no quarto
Nem secar as lágrimas que talvez caíssem
(foi aí que aprendi a chorar sozinha e no escuro?)

O Bruno de hoje é igualzinho por dentro,
mas as camadas da idade aperfeiçoaram as qualidades
minimizaram os defeitos
De garoto mirrado ele não tem mais nada
A inquietação e desinteresse pelos estudos fez dele um advogado com idéias próprias
conservador em alguns pontos, quase anarquista em outros
e ainda muito conversador
Das brincadeiras sobraram as piadas, as gargalhadas infinitas
E a cabeça quente hoje se preocupa mais em solucionar que bater boca
Praticamente um filósofo de botequim, se não fosse pelo péssimo hábito de não beber

Sim, continua cheio de amigos (e amigas)
Ouve música alta - agora, no carro
Se chora, talvez no colo da Rafaela (a amiga que virou namorada que virou amiga que virou namorada que virou esposa)

O Bruno nunca foi religioso
mas é talvez uma das pessoas que mais tem fé na vida e no amor
Nunca rezou
mas sempre acreditou que os pensamentos nos levam às ações
Nunca pediu milagres
mas está aqui, nesse mundinho de Deus, aos 33 anos - quem diria!
Um homem que nasceu pronto
Um menino que acordava assobiando
Um pai
Um marido
Um filho
Um irmão
Mais que tudo, meu querido, você é um enorme presente
Um grande amigo, parceiro de estradas solitárias
Nesta e em tantas outras vidas que já tivemos irmãos
Obrigada, Bruneto, pela vida que você divide comigo!
Feliz Aniversário, Edmundo!
Da sua irmã, Rabiquita

21.11.07

Yoga e eu

Eu fiz umas duas aulas lá na academia mais baratinha que tinha achado na cidade
Achei legal o lugar, tal... mas, tudo leeeento demais!
Tudo bem que é yoga e que a idéia é desacelerar, meditar
Só que um hora de aula virava 35 minutos de aquecimento, dez de "descanso" e o restinho da tal malhação -
Tá, eu ainda estou me recuperando da hérnia de disco, ando fraquinha dos músculos, mas nem tanto!
Eu procurei yoga pra ficar fortinha e no ano que vem, voltar a dançar - se ficasse no ritmo da aula, seriam uns cinco anos até eu achar minha força muscular!
Foi com esse pensamento de insatisfação (eu sei, ando inquieta) que mexi nas minhas coisas entulhadas na casa da minha mãe
Pasmem - achei uma VHS de yoga que comprei numa liquidação da Radio Shack da Broadway por volta do ano 2000! - foi essa fita e uma câmera Polaroid, que doei pro Bruno e o putinho já perdeu...
Não sei como a fita de yoga ainda está viva e chegou até aqui...dei play - a aula é excelente.
No dia seguinte, dei um google no nome da moça da fita - não é que ela é moderninha? - tem DVD agora! Custa 30 reais e tem três aulas - a academia custa 70 e tem meia aula. Comprei.
A fita chegou ontem pelo correio - aliás, que delícia receber coisas pelo Correio!! - gente, não tem coisa mais legal que chegar em casa e ter encomendas chegadas pela ECT!
Eu assisti a fita toda antes de malhar - nossa, a mocinha continua a mesminha da silva - ela dá a aula junto com uma outra mocinha (eu acho que elas são namoradas; sabe com é, Califórnia, yoga, mulheres de malha numa matinha) e as aulas são dadas à beira de um rio, numa florestinha, enfim. Pode ser o fundo de quintal da casa da moça, for all I know, mas é zen. O mais importatne é isso, é zen.
Me convenci que fiz bom negócio. Ontem, fiz yoga de calcinha, dentro de casa, com a luz apagada e tomei aquela chuveirada sinistra no final em absoluto silêncio! Não tem academia que ofereça isso!
Adorei. Dormi como uma pedra (e nunca entendi essa metáfora, já que pedras não dormem...ou dormem?) e planejo novo encontro com as mocinhas da yoga hoje antes da meditação. Pois é, eu agora medito no Templo Budista. Essa notícia fica pro próximo post, tá?

19.11.07

Pérolas da balada

Quem gosta de homem é viado
Mulher gosta de casamento

(um comentário no aniversário da Taty)

Já é fim de ano?

Estou insatisfeitíssima.
Com tudo.

Estou inquieta, por dentro e por fora
Já comecei a ver o ano pelo lado do fim
E com isso vêm todos os outros pensamentos
As coisas que passaram
As que nem chegaram a ser
As dúvidas que se mantém
O silêncio que aumenta
Mas não traz um pingo de paz

Sonho com férias
Mas não haverá dinheiro, já sei

Fico então torcendo por dias a fio de pijamas
Deitada nas novas almofadas
Com pilhas de livros e filmes
E o celular do lado
Caso alguém queira ser sociável

É
A instatifação gera antecipação
Que gera ansiedade
que não gera nada
e fica tudo do jeito que está
até algo ficar diferente

Eu preciso de um pequeno milagre
todos os dias
até o Natal

16.11.07

Último compromisso festivo do ano

Estou com as solas dos pés doendo
Completamente sem voz
No corpo, a marca das barbatanas do vestido longo
E aquele cansaço de ressaca

Foi uma ótima festa
Música boa
Gente animada e amiga
Champanhe e comidinhas

Talvez, meu Reveillon já tenha começado.
O Ano Novo chegou hoje.
É hora de comemorar o que ainda há de vir.

14.11.07

Cor

Uma hora dessas cai uma lata de tinta pink na minha cabeça.
Tudo vai mudar de cor assim, de supetão.

Eu

Egocêntrica
Frágil
Egoísta
Insegura
Vaidosa
Burra
Romântica
Cética
Fiel
Cega
Leal
Estúpida
Risonha
Sóbria
Viva
Morta

13.11.07

3 meses


Foto tirada dia 2 de novembro, feriado de Finados, na casa da minha mãe.

Reparem na mão que abraça a outra. Nos olhos fixos no estranho, a câmera.
Na concentração do momento.
E no segundo seguinte, sorri espalhafatoso. Dá gritinhos com as mãos para o ar.

O Enzo é um eterno mutante como todos nós, como toda a vida.
Imagino se ele me olha com olhos constantes, ou se muda de opinião cada vez que me vê
Ou melhor, se muda de opinião e de olhos, de olhar e ver a cada instante
E se a supresa é sempre melhor a cada encontro nosso

Imagino porque pra mim, é um pouco isso
Ter o Enzo na minha vida é uma constante surpresa
Eu nunca sei se ele vai sorrir ou chorar comigo
Eu nunca sei se ele vai ficar no meu colo
E mesmo assim, com as mutações inerentes desse biju-ser que aprende
Eu sempre terei a certeza do amor que tenho por ele
(e ele já terá por mim? eu já sou algo que ele sabe o que é? meu cheiro, meu colo, meu riso?)

Das mudanças de estações
Das trocas de fraldas
O que é permanente, Enzinho
É o amor

O meu por você
o da flor pelo pássaro
da chuva pela terra
da vida por viver

Vou ficar com saudades

O Sofá roxo na vitrine

Quando saí da médica ontem, dei um pulinho no shopping. O Liberty é um lugar que guardo com carinho na lembrança porque foi lá que vi "Pulp Fiction" do Tarantino. No época, eu tava de namorado novo e encontrei com o antigo na porta do cinema. Foi aquela sensação que toda toda mulher já teve ou tem vontade de ter - eu tava super apaixonada pelo novo namorado, o velho namorado já tava com outra (melhor, nunca deixou de ter outra...) - mas, deu aquela olhada surpresa do tipo - como assim? você não morreu por mim? - e eu, iluminada - Opa, tô viva e bem...
Mas, de volta ao Liberty Small - sim, porque aquilo não é Mall, subi ansiosa a escada rolante para os cinemas. Uma decepção. Tudo às moscas. Um mesmo filme em todas as salas, um infantil. Aliás, o shopping inteiro entregue.
Desci as escadas, olhei uma sandália linda na Arezzo que custa 300 reais. Tinha uma outra mais barata, mas menos linda. A linda dá certinho com o vestido de princesa. Aquele que eu mandei fazer pro casamento do Sérgio e que vou usar na quinta, no casório da Malu com o Caline. Eu ficaria linda com aquela sandália nos pés. São 300 reais, mas eles dividem. A cor, a altura, tudo perfeito. Linda linda.
Dei a volta e entrei na loja de decoração. Na vitrine, meu sofá. Art deco anos 50, baixo, estofado de chenile roxo batata. 1800 reais. Eu entrei, perguntei preço, forma de pagamento, se tem de outra cor, as medidas.
Só não tive coragem de sentar. Se eu sentar no sofá da vitrine, saio da loja 1800 reais mais pobre, sem sandália e com sofá. Se ele for tudo que promete de lindeza no conforto, fico sem viagem de férias e sem sandália. Rapidamente me lembro que já fechei negócio com o computador. 2000 reais. Falta 1000 pra pagar. Penso em perguntar pra moça simpática que se estica inteira com a trena na mão, se eu poderia levar o sofá agora e começar a pagar em fevereiro. Mas me lembro que fevereiro começam as prestações do seguro do carro, do iptu, do ipva, do seguro obrigatório. Segundo minha última planilha de Excel na cor laranja, preciso de 1800 reais extras para saldar essas obrigações anuais já existentes em 2008. O preço do sofá, do meu sofá. Pego o cartãozinho, escrevo no verso tudinho pra não esquecer. Dou mais uma volta na loja e me imagino comprando a mesa de pernas palito, a poltrona com estofado diferente, aquela estante cristaleira que usaria de biblioteca. Tudo daria bem mais que 1800 reais e ainda falta somar a sandália! E talvez esse dinheiro não seja suficiente pra eu viajar um mês de férias em abril. Muito menos pro exterior. Istambul, então...continua no sonho.
E o sofá também. Saí da loja dizendo que ia buscar a minha mãe pra dar opinião.
É. Assim que a minha mãe melhorar, apresento ela pro meu sofá roxo. E nem passo na frente da vitrine com a sandália de princesa.

12.11.07

Dança

Eu dancei como há tempos não fazia.
Me senti com quinze anos, o cabelo grudado na testa,
O suor escorrendo pelo pescoço.
Eu dancei todos os ritmos, todas as músicas, com toda a força.
O calor era insuportável,
Tinha gente saindo pelo ladrão,
O gelo do copo virava água só de segurar o plástico na mão
A música tava super alta
As pessoas eram super lindas
E foi inevitável - rir, dançar, dançar, dançar
Em quatro horas de festa, tomei uma garrafinha de água - wiskey aguado, vodca por engano
Mas nada me embriagou mais
Que dançar, dançar, dançar

Vi caras conhecidas
Cantei músicas envelhecidas
Senti as pernas
Os joelhos
Os pés - com bolhas
Cheguei em casa como há tempos não chegava
Calada da rouquidão, surda do som
Um banho morno
Lençóis gelados
Um sonho, dois sonhos
Domingo já é - que bom, dançar... que bom!

Achados e Perdidos

Sonhei que deixava pra trás a cadeirinha de carro do Enzo
Dava um trabalhão voltar pra buscar, e acordei antes de conseguir
Sonhei que tocava violino na rua, e quando chegava na casa da minha avó (que no sonho não era a mesma da vida real)
me lembrava da bolsa que deixei na calçada, ao lado do violino
E corria sem sair do lugar, até acordar
Sonhei no fim de semana que esquecia um outro objeto, que agora me foge a memória
E acordei hoje com essa sensação
De estar esquecendo algo
De estar perdendo algo que só me lembro tempos depois
De estar distraída?
Achada ou perdida?

Inventário

(inspirada no grande Samarone Lima)

Tenho um medo enorme de morrer
E daqueles que eu amo também
Tenho medo de baratas e cigarras
E tudo e todos que são alados - incluindo aviões, anjos e capetas
Tenho medo de nunca engravidar
Da comida ficar ruim
Da gasolina acabar
Do dinheiro não dar
Tenho medo de gente calada demais
Tenho medo de sentir dor
De ficar cega
De ficar louca
Tenho medo de ter raiva
Tenho medo de ter medo
Tenho medo de ter
E nunca mais de novo
De viajar de menos
De dormir demais
De ser esquisita
De ser esquecida
E de nunca ser ouvida

8.11.07

Vizinho

Ontem, chamei a polícia.
Meu vizinho louco passou dos limites.
Ele arrombou o vidro da portaria e num barulho ensurdecedor, arrebentou a porta da própria casa - lá de dentro, gritou que pagava 500 paus e fazia o que queria ali.

Não que eu seja ingênua de pensar que usar maconha causa isso.
Mas ele estava alterado, eu moro sozinha e senti muito medo. Ele é muito muito maior que eu.

O cara é o tal que toca heavy metal a tarde inteira e a manhã do sábado - religiosamente - enquanto a mãe não está em casa.
Ele é louco, não trabalha, não estuda, fuma maconha na janela, embaixo do bloco, é gordo e tem o cabelo oxigenado.
Eu não tenho medo dele, por assim dizer, por ele ser louco.
Mas estou desconfiada que ele está em surto, escalando em casa atitude, culminando na de ontem à noite.
A polícia não veio.
Quando falei com a síndica, ela me confessou que tem medo dele fazer algo com os filhos dela. Ela é mãe solteira, mora lá o mesmo tempo que eu, um ano.

Eu não quero ser refém na minha própria casa. Tenho medo, mas há limites para a loucura.
Tem que haver um modo de me defender e de repreender esse homem. Como, ainda não sei.
Estou pensando em ir à Delegacia da Mulher.

6.11.07

Madrugada

Eu acordei às 4 horas para levar minha mãe ao aeroporto.
Era isso ou pedir para a Helena dormir aqui.
A Helena mora no Setor P da Ceilândia. Não tive coragem de anunciar que, no fim de um dia de trabalho, ela não voltaria para casa porque minha mãe não pode dormir sozinha.
A minha mãe sofreu uma cirurgia de retirada de um tumor no cérebro em 2001. Além das prováveis convulsões, ela está desintoxicando de cortizona que ela tomou por estar sentindo dores terríveis no corpo inteiro. Não me pergunte detalhes: quanto mais eu pergunto, mas novidades e sintomas eu ouço. Os exames não acusam nada. Ela diz que acusam sim.
Então.
Digo a Helena para ir embora e não voltar essa semana porque meu pai também está viajando.
Ele e meu avô foram de carro até Assis Chateubriand, no interior do Paraná, quase em Foz do Iguaçu. Meu avô foi deixar uma lápide no túmulo da mãe dele. Ela está enterrada lá há mais de vinte anos. Não entendi porque do súbito desejo da lápide. E não perguntei.
Eu não sei quando eles voltam, mas a casa ficará vazia e não há necessidade da Helena vir da Ceilândia para limpar os banheiros que ninguém vai usar. Ela vai ficar de férias essa semana e ponto final. Não vai cair minha cara de acordar de madrugada uma vez na vida e outra na morte, apesar de que eu gostaria muito de acordar para morte à noite, de preferência de um sono profundo e não de uma doença ou acidente. Enfim.
Às 4h15 saimos de casa. Minha mãe e eu rumo ao aeroporto. Eu estava disperta, sem sono nenhum. Minha mãe seguiu calada ao meu lado.
Reparo na chuvinha fina que cai - se fosse São Paulo, seria garoa - e no fato de que ainda está bem noite mesmo.
Não há uma alma viva na rua. Não sei se há almas mortas, mas elas devem estar escondidas, então.
Jogo esse jogo de procurar um ser, qualquer que seja - pode ser um carro, pode ser um pedestre...não, ninguém em lugar algum. Só luzinhas dos postes, eu, minha mãe. E a chuva fina.
Pego o Eixinho Sul - e lembro que minha mãe gosta de chamar a rua de Eixo Auxiliar - ela diz isso para os motoristas de taxi, e eles ficam confusos. Só aí, ela esclarece - o eixinho de cima, por favor.
Na parada da 10/11 - ali onde ficava o Cine Karim e que depois virou um igreja - agora, será uma academia de ginástica. Não sei se era melhor a igreja. Faz diferença cultuar uma estátua pregada na cruz ou o próprio corpo? Com certeza sinto saudades do incrível e gigantesco Cine Karim. Bem ali, na parada de ônibus, vejo um homem. De relance, claro, estou no carro em movimento. O homem está parado, bem encostado na parede do ponto e de roupa clara. Sinto um leve calafrio - de surpresa ou de medo? - e penso na merda que deve ser você ter que estar de pé às 4h20 da madrugada nessa chuvinha que engana trouxa para ir trabalhar. Mas, estando ali tão cedo, pode também estar voltado do trabalho noturno, uma canseira no corpo úmido. Ou acabou de ver seu amor, sua querida, e recosta o suor na parede úmida feliz feliz...Me dá uma raiva súbita dos pontos de ônibus desenhados por pessoas que nunca pegam ônibus.
A chuva engrossa um pouco já na saída do Eixo Auxiliar Sul - estamo na descida do zoológico, onde o asfalto tem um cheiro de floresta. É. O mato do zoológico quase invade a rua, e perfuma tudo tudo. Com a chuva, parece que estamos a horas da cidade. Mas ainda nem chegamos ao Balão do aeroporto.
Minha mãe faz o primeiro comentário - que nesse local em poucos minutos, o trânsito será um inferno. Concordo com a cabeça. Chegamos.
Ali no aeroporto, muitas almas vivas - outras com caras de mortas - nos despedimos e ela me pede para ligar quando chegar em casa. Fico surpresa. Dou um beijo na bochecha gelada e entro no carro.
Eu dirijo agora sozinha, pelo Eixo Auxiliar Norte - o eixinho de baixo - e penso que vou escrever aqui, que vou chegar em casa, que vou tomar um banho e tentar dormir ainda um pouco, que estou sem fome, sem sede, sem sono. Que minha mãe é uma mulher incrível. Que tenho saudades da minha infância. Que há tempos ninguém pedia pra eu ligar quando chegasse a salvo em casa. Coisa de mãe. Passo por outro ser, deitado no banco de um ponto. Talvez seja uma alma viva, talvez morta.
Jogo o jogo de torcer para que todos durmam nessa madrugada chuvosa e calada. Menos eu.

5.11.07

carta aos divinos e aos santos

queridos santos,

eu tô meio chateada com vocês e não é por pouca coisa, não

acho uma sacanagem nascer assim, desse jeito - que afinal é imagem de Deus
e passar a vida como num teste de habilidades - parece orientação vocacional!

para citar um exemplo,
eu tenho essa incrível habilidade de me apaixonar
e uma outra, de ter fé que as coisas sempre serão melhores

daí, os senhores celestiais ficam constantemente
mandando pessoas divinas pra minha vida
e iluminando meu caminho com as melhores perspectivas
para, depois - tirar tudo, e até de uma vez?

já não basta uma hérnia de disco na coluna?
não é suficiente decidir ser servidora pública - e ainda ser forçada a parar de estudar por motivos de saúde? - e por consequência, não passar na prova?
não sendo o bastante, tinha que ficar sozinha? - exatamente no momento perfeito para amar alguém?
e ainda, o mesmo trabalho, ou nenhum afazer, por meses a fio?

tenham a santa paciência!
quando as provas vão acabar?

eu não gosto de competição, teste, exame
eu não gosto de pensar na minha vida
como a de um ratinho de laboratório correndo naquela rodinha
enquanto vocês tomam nota do meu desempenho -
bom, para saúde
regular para dor de cotovelo
péssimo para dinheiro e profissão

eu não sou um teste divino!

e não me venham com essa de
- ah, você sofre agora, mas não imagina do que nós te poupamos...
eu não quero ser poupada
e também não quero sofrer

por falta de dinheiro
por falta de compreensão

eu não nasci com a capacidade de conquistar algo,perdê-lo,
e "superar" isso!

eu não gosto de superar as coisas - eu detesto atletismo, olimpíada, teste de revista feminina
eu não sou o resultado final de nada!

prezados santos,
o que eu quero é: ter o que já conquistei
e não querer o que não vou ter
- é muita danação pedir por isso?

eu quero é viver sem o medo de perder
para mera satisfação divina
ou para o teste da minha fé e até onde ela vai.

eu quero ter e manter - sem reconquistar, sem refazer
tudo e todos
que amo e quero pra mim!

amém

4.11.07

Humor

Eu gosto de fazer as pessoas rirem.
Quanto mais você ri de mim, mais inspirada eu fico.

Eu faço as pessoas rirem com comentários,
geralmente desconexos, surreias, ou bobos mesmo.

Às vezes minhas piadas não são entendidas,
porque são sutis demais, sarcásticas demais
ou simplesmente, sem graça e ponto.

As pessoas riem porque exagero ao contar uma história
ou falo um palavrão onde não cabia um

Elas riem porque pensam que estou levando muito a sério
e solto uma bobagem daquelas, de arregalar os olhos.

Eu me divirto vendo as pessoas rirem de mim
não é sexy, não é charmoso, mas eu gosto mesmo assim.

Não que eu saiba contar uma piada
nisso, sou péssima
no que sou boa mesmo, é de distorcer
transgredir, mudar o rumo da prosa
sempre pro lado menos esperado
mais esquisito ou mais engraçado

Acho que rir, desarma as pessoas
E se todo mundo achasse a vida mais engraçada
Seríamos todos mais leves um pouco

Mas aí, eu perderia minha função social