29.9.08

Consumo

Ó mundo cruel!
Hoje comprei sapatos!
Não há nada mais deliciosamente revoltante que ceder às tentações do consumismo barato:
Entrar numa liquidação de sapatos e levar exatamente aqueles que menos se necessita!
Foi meu primeiro surto do ano...
Nada mal pois já estamos praticamente no mês 10!
Aquisições incríveis
Baratíssimas
E, espero, muito usáveis!

ps - tudo para celebrar secretamente algo muito secreto que manterei em segredo!

28.9.08

Rock'n'roll

No Arena, o rock'n'roll comeu solto
Era noite de música ao vivo
Tributo aos vovôs do rock - The Clash

Tudo ali, me lembrou a pessoa que fui
O jovens fumando e bebendo
Procurando por eles mesmos
E se achando entre amigos,
Na música
No chacoalhar da dança

Não estava deslocada
Mas definitivamente, ali não era meu habitat natural
Vi tudo com olhos antropológicos
Sem conseguir por muito tempo, entrar no momento

Ouvi a música
Bebi e dancei
Não foi nostálgico
Foi um alívio

A pessoa que eu fui está aqui
Dentro da mulher que hoje eu sou
E esta de hoje cabe todas de sempre
Mas exatamente agora
O ser que sou está só

27.9.08

Mais chuva!

Chuva no brejo

Moraes Moreira

Olha como a chuva cai
E molha a folha aqui na telha
Faz um som assim
Um barulhinho bom

Faz um som assim
Um barulhinho bom

Água nova
Vida veio ver-te
Voa passarinho
No teu canto canta
Antiga cantiga

No teu canto canta
antiga cantiga

25.9.08

Depois da chuva

Shhhhh, silêncio.
Não estão ouvindo nada?
A chuva passou, levou os raios e os trovões.
Deixou a terra, folhas e troncos ensopados.
Mas não...
Não há sequer uma cigarra cantando!

23.9.08

Deus é Fiel

Eu não ia escrever sobre isso, mas lendo o Estuário, me lembrei que sempre quero escrever sobre o assunto e acabo esquecendo.

Ando muito esquecida. Direto esqueço coisas, ligações a fazer, pessoas.
Ontem mesmo, esqueci meu ex! Totalmente!
Assim, me lembrei dele num momento e puft - caramba! Faz tempos que não penso na figura! Ah, minha memória...

Enfim, eu ia escrever sobre outra coisa - que também me fugiu da memória - e como disse a Elisa Lucinda - o pior da memória é quando a gente perde as coisas: porque daí, temos que ficar procurando! O melhor mesmo é só esquecer e pronto. Esquecido está. No caso do escrito, eu perdi mesmo...mas uma hora dessas eu acho de novo.

Mas, bem. Quero falar desses adesivos que a gente vê nos carros, nas lojas, em tudo quanto é canto - DEUS É FIEL

Sei bem que o verbo SER é de ligação, mas - nesta oração específica, não me canso de perguntar - FIEL A QUEM?
Porque ser fiel, é mole. O problema é pra QUEM a gente dedica a tal fidelidade. Ou fidelização, como gostam as empresas aéreas, de telefonia celular, os bancos, tals.

Veja bem, eu não duvido da fidelidade. E nem de ninguém que afirme tal coisa sobre outra pessoa. Ou coisa. Ou ser.
Mas, por que diabos será que as pessoas gostam dessa afirmação? Esta, de que Deus é fiel?

Aos meus ouvidos, soa um pouco como ameaça...do tipo, Deus é fiel, e você?
Daí, já me dá uma certa irritação, porque, oras - faça logo um adesivo tipo:
E aí? Você já chifrou hoje? Melhor ainda: Você já ME chifrou hoje?
Pra que tanto rodeio? E ainda por Deus no meio?
Se a pessoa tá desconfiada, é melhor saber logo. Ou então, esquecer. Mas esquecer mesmo, como do dia do aniversário do chefe. Que nem tem jeito de voltar pra buscar...

Eu não acredito nisso, que Deus é fiel. Pelo menos pra mim, ele nunca prometeu nada...estou tranquila.
E agora que já escrevi tudo, me veio uma vaga lembrança de já ter um post aqui sobre Deus ser fiel ou não.
Quem mandou perder ao invés de esquecer?

22.9.08

Detestamentos da vida só

Na lista das piores coisas de morar sozinha:
1 - definitivamente a número um - ficar doente
Mesmo detestando ser cuidada, bajulada, mimada - é horrível eu mesma ter que levantar pra pegar o remédio
Eu mesma ter que abrir a gaveta e pegar qualquer meia pra esquentar os pés
Prepara o banho,
Esquentar o chá, por o mel, derramar na xícara, por na bandeja
Ir à farmácia queimando de febre
Lembrar dos horários de remédios mil

2 - definitivamente a número dois - fazer compras no mercado
Além de eu detestar mesmo fazer compras - mesmo quando eu dividia a casa com outras pessoas, essa detestação já existia -
Carregar o porta-malas - que já vive cheio de trecos: livros de estudo, de leitura, tapetinhos de Yoga, tênis pra malhar, chinelos Havaianas, meias sujas, limpas, médias - ainda tem que caber todos os saquinhos de mercado
Achar um jeito de tirar todos os saquinhos, segurá-los com uma das mãos enquanto a outra fecha o porta-malas do carro - porque colocar tudo no chão demoraria mais meia hora pra acertar os buraquinhos de mãos das sacolinhas de plástico - e ainda naquela posição super confortável de meio agachamento. Não! Eu economizo energia e paciência equilibrando todos os pesados em uma das mãos, enquanto a outra segura os mais leves - papel higiênico e absorventes, por exemplo - pra fechar a tampa do porta-malas;
Andar até a portaria de prédio com a chave em punho para abrir a porta que tem molas e não fica parada sozinha.
Aqui, eu tenho que por os saquinhos no chão. Já até consegui a façanha de abrir a porta sem mexer nos saquinhos já acomodados cortando a circulação dos dedos - mas em seguida, a sacolinha rasgou, espatifando o papaya no chão do prédio com aquele fedor de mamão (eu não gosto de mamão, mas comi por um tempo pra fazer cocô direitinho).
Ponho os saquinhos leves no chão, a chave já na manha, selecionada no chaveiro.
Daí, subir os dois lances de escadas.
Até um mês atrás, ficava dolorida dessa aventura semanal. Agora que estou puxando ferro muito seriamente, ainda não me afetou os músculos. Só o humor mesmo.
Abro a porta de casa e dá vontade de deixar os saquinhos ali, na porta mesmo. E ir comendo as coisas dali mesmo.
Mas claro - desensaco tudo, guardo na geladeira, no armário, lavo as verduras, as frutas, tiro tudo dos saquinhos, coloco em potinhos de plásticos com tampas verdes, todos combinando e com tamanhos diferentes - tá, sou TOC e daí?
O pior, o pior mesmo, é quando deixo por engano, saquinhos dentro do carro - é que às vezes compro coisinhas pra comer no trabalho, daí as compras nem saem do carro até o dia seguinte, na rampa do Congresso. Mas já esqueci sorvete, chocolate, manteiga - e a preguiça de descer e subir?
Sério, na maioria das vezes, prefiro encarar a meleca só no dia seguinte. Não aguento de má vontade!
Hoje, esqueci chocolates, absorventes, e Veja MultiUso.
Sem dúvida, o carro terá um cheiro particular amanhã cedo...

21.9.08

Budista

Das ilusões

Meu saco de ilusões, bem cheio tive-o.
Com ele ia subindo a ladeira da vida.
E, no entretanto, após cada ilusão perdida...
Que extraordinária sensação de alívio!


Mario Quintana
(1906-1994)

20.9.08

Sábado

Ultimamente, tem poucas coisas que gosto mais
Que ficar sozinha em casa, o dia todo
Trabalhando, comendo, conversando online

E quando a chuva bate no vidro
Reflete a noite e o vento lá fora!
Não tem lugar melhor no mundo
Que o agora.

18.9.08

Chuva esperada

Finalmente!
O dia já veio com cara de expectativa:
As nuvens baixas e cinzas
O tempo estático
Tudo parado como uma respiração presa
Segurando um soluço
Esperando cair
Chuva

Como no sexo
Os movimentos se fazem em ansiedade
A respiração encurta
O peito acelera
Até o último segundo
Esperando vir
Orgasmo

Vai ficando insuportável
Irresistível
Incontrolavelmente bom
O calor
O suor
E cada gesto
Cada folha que cai
É um anúncio
Da chuva
Do gozo

A demora instiga
Aumenta a vontade
Até bater o vento último
Suspiro final
E vem a chuva fininha
Leve e suave - que não tem nada com isso
O orgasmo manso - doce e intenso
Como se fosse o primeiro de tantos
Dessa nova estação que vem

16.9.08

Lua laranja

Tinha fumaça no céu.
Uma lua laranja escondida por trás de
Não vento

Do olho que arde por dentro
Uma lua laranja reflete no vidro do
Não ar

Nuvem de nada por cima
E uma lua laranja que ensina
Não dor

Só vontade de amor

14.9.08

Fassbinder e costelinhas



O Casamento de Maria Braun - Fassbinder, 1978

Saí do samba no Calaf e me encontrei com Marcia na porta do Museu.
A pequena sala super fria foi um alívio na noite seca e quente.

O filme fala sobre Maria Braun, uma mulher que se casa e o marido vai pra guerra no dia seguinte.
É a Alemanha de Hitler e o rádio com o nome das pessoas ecoa durante o filme todo.
Ela frequenta a estação ferroviária, sempre em busca de notícias de seu homem,
até o dia da chegada do marido da amiga. Ele dá a notícia de que Hermann morreu.
Maria troca um broche por um belo vestido preto, e troca a estação ferroviária pelo bar dos americanos.
Lá, ela se envolve com Will, um militar negro e mais velho. Gosta dele, mas nunca se casará com ele.
Will deixa ela grávida e feliz, até o dia em que o marido volta pra casa. Na discussão, Maria mata Will e Hermann confessa o assassinato. Vai preso. Maria perde o filho de Will.
Maria viaja de primeira classe para visitar o marido na cadeia, e conhece um negociante francês.
Ele se apaixona por ela.
Ela vira secretária, amante e sócia dele.
O Hermann sabe de tudo.
Maria fica rica, poderosa e em cada cena, mais linda.
Hermann fica deprimido e cada dia mais triste.
Ele sai da prisão e vai voltar a ser homem no Canadá. Mandando uma rosa todo mês para a milionária mansão de Maria.
O francês morre.
Hermann volta.
O rádio que ecoava nomes, agora transmite a final da Copa do Mundo de futebol - Alemanha e Hungria.
Maria recebe metade da herança do francês.
Hermann recebe a outra - porque o francês foi visitá-lo na cadeia e combinou tudo com ele.
Maria deixa o gás da cozinha aceso pra acender um cigarro,
E no segundo cigarro, tudo explode e o filme acaba
No rádio a narração do futebol anuncia - Acabou! Acabou! Acabou!

Fassbinder é moderno em tudo - o tema clichê se transforma numa incrível história de uma mulher fora do seu tempo ("estes não sáo bons tempos para sentimentos''- Maria fala num momento) - e a fotografia e montagem são criativas, inovadoras e vão se transformando com o crescendo da história - da pouca luz e rápidos cortes do início, o desenrolar da história deixa a câmera e a edição mais suaves, elaboras, ricas - como Maria Braun. O filme é lindo esteticamente. Os diálogos, os cenários, os personagens e suas histórias são relevantes, instigam e fazem rir.

...

Do museu, sentamos num cantinho - o Café Itália - e jantamos costelinhas de porco com molho barbacue e três doses de pinga mineira.
Isso sim é globalização.

12.9.08

Um passo

Fiz a lista das diversas frentes de ataque que tenho atualmente
Abaixo delas, suas respectivas pendências
Claro, tudo em planilha Excel devidamente colorida
- Adoro

No embalo, já iniciei a batalha em duas das frentes :
Estudos e Voluntariado
E avancei bastante
- Feliz

Marquei os números de telefones que preciso ligar
E numerei em ordem de relevância
Cada coisa que farei em sequência
- Ótimo, ótimo

Amanhã tenho reuniões de trabalho
Almoço de amigos
Cinema alemão
- Produtiva, isso

É assim que acho mais fácil viver
Resolvendo mil coisas ao mesmo tempo
Dividindo meu tempo livre entre cem atividades

Distraída com o mundo
Não dá tempo de ser só

11.9.08

Músculos

Um fato:
Estou a exatos 30 dias fazendo musculação

Sinto os músculos tensionados e fortes!
Braços, ombros firmes!

Agora,
tem mais espaço pra minha alma ficar solta aqui dentro

Estou segura pelos músculos e tendões duros
Todos aptos e prontos
A segurar qualquer coisa que derrubem
No meu coração mole e macio

10.9.08

Des-contente



Há momentos em que somos testados a manter uma fidelidade a uma postura mais sublime, em termos de reação ao mundo que nos cerca. A Estrela, significante de conselho para este momento em sua vida, vem sugerir a necessidade de cultivar a esperança como uma forma de manter acesa a sua luz interior. Ainda que os elementos concretos lhe desafiem ou lhe forneçam sinais negativos, é a sua postura de pensamento positivo que lhe permitirá superar os obstáculos, Fabiana. Procure manter o alto astral, a postura positiva e não desanime. Atue de forma clara, aberta, e no mínimo as pessoas lhe darão o maior valor!


Não me lembro de ficar tanto tempo tão descontente no emprego como agora...não acho que agir diferente fará com quem as pessoas me dêem o maior valor - porque infelizmente, isso não me interessa mais. Sou assim: quando desencanto, puft! Nada remenda...

5.9.08

Miopia

Uso óculos desde os 16 anos.
Miopia não deixa a gente ver as coisas de longe.
Meu grau não é nem muito nem pouco. Só o suficiente pra ter que usar óculos pra dirigir, ir ao cinema, trabalhar.
Tenho lentes de contatos caso meus óculos não combinem com o modelito que escolhi
Ou quando a noite é de festa.
Ou quando estou cansada do peso no nariz.

Conheço muitas outras pessoas que usam óculos.
Muitas pessoas interessantes são míopes.
Umas mais que eu, outras menos - tanto interessantes quanto míopes.
E tem pessoas que usam óculos por outras dificuldades.

Engraçado é que óculos é uma coisa que a gente não empresta
E também é difícil explicar como a gente enxerga com eles, ou sem eles.
É que a visão é uma coisa muito particular mesmo.

E não-ver, também.
Porque quando a pessoa não enxerga, não há jeito.
Nem mesmo quando a gente descreve, explica, coloca os outros sentidos no meio da história...não funciona.

Cada um vê como pode.
E mesmo querendo compartilhar meus óculos,
Cada olho, cada olhar, tem uma forma, um tipo, um jeitão de ver o mundo.

Às vezes acontece de eu estar sem óculos e aí, aperto os olhos e enxergo um pouco além.
Mas é por pouco tempo, cansa, e geralmente só funciona por um breve momento.
Em casos de emergência, enxergo mais. Mas também não dá pra confiar muito.

Desconfio que não-ver também tem uma utilidade.
Se não enxergo TUDO, dependo dos outros sentidos
E das outras pessoas.
Não posso, não devo, esperar portanto, ser vista como quero
Porque o meu querer ser vista
É como me vejo assim, com três graus de miopia nesse olho marrom que tenho

O resto das pessoas no mundo nunca me vêem assim!
Elas também não vêem nada nada como eu vejo!
E finalmente, não me surpreende mais
O fato de não haver ninguém que enxerga o amor como eu
E o meu amor, como eu
E as tantas possibilidades de tudo que poderia acontecer
Por causa do amor que eu vejo!

4.9.08

O que é isso, afinal?

O que será que será
Que andam suspirando
Pelas alcovas?
Que andam sussurrando
Em versos e trovas?
Que andam combinando
No breu das tocas?
Que anda nas cabeças?
Anda nas bocas?
Que andam acendendo
Velas nos becos?
Estão falando alto
Pelos botecos
E gritam nos mercados
Que com certeza
Está na natureza
Será, que será?
O que não tem certeza
Nem nunca terá!
O que não tem concerto
Nem nunca terá!
O que não tem tamanho...

O que será? Que Será?
Que vive nas idéias
Desses amantes
Que cantam os poetas
Mais delirantes
Que juram os profetas
Embriagados
Está na romaria
Dos mutilados
Está nas fantasias
Dos infelizes
Está no dia a dia
Das meretrizes
No plano dos bandidos
Dos desvalidos
Em todos os sentidos
Será, que será?
O que não tem decência
Nem nunca terá!
O que não tem censura
Nem nunca terá!
O que não faz sentido...

O que será? Que será?
Que todos os avisos
Não vão evitar
Porque todos os risos
Vão desafiar
Porque todos os sinos
Irão repicar
Porque todos os hinos
Irão consagrar
E todos os meninos
Vão desembestar
E todos os destinos
Irão se encontrar
E mesmo padre eterno
Que nunca foi lá
Olhando aquele inferno
Vai abençoar!
O que não tem governo
Nem nunca terá!
O que não tem vergonha
Nem nunca terá!
O que não tem juízo...
(chico e milton)