28.1.07

Me dou conta que todo ano vou a pelo menos um enterro
Um chá de bebê
Um casamento
Fico sabendo de uma separação
Uma nova traição
Uma terrível doença

Às vezes me cai a ficha que sou adulta -
Assim, com contas a pagar
Nome nas correspondências
Lista de compras

É que me vejo como a mesma garota
Mudei pouco?
Ou já dei os 360 graus?

Sou velha pras músicas de rave
E nova demais para pensar na morte dos meus pais

Eu tenho 34 anos
E me sinto com o corpo de 60
E a cabeça de 20

24.1.07

Mulherzinha

Minha mãe anda na contra mão da minha vida
A tpm acaba com meus nervos
O abraço do Fábio me faz chorar

O prato do almoço me põe pra dormir
A promessa pra passar me dá dúvidas se sou capaz
Meu irmão está longe longe no planeta bebês

Minhas amigas estão solteiras
Meu pai está velho e chato
Eu não tenho dinheiro para as dívidas

(e muito menos para um sapato novo - que resolveria tudo!)

23.1.07

Eu juro que tinha pensado numa coisa super legal pra escrever aqui...
Mas, esqueci!

19.1.07

Obcecada

Quando eu ponho uma coisa na cabeça, menina, é difícil de tirar

Depois de um apartamento,
Um longa metragem
O namorado

Agora, em busca do emprego novo!
O mantra já tá lançado!

Que venham as manhãs em concentração e leitura
Que tudo passe rápido e lento
Que o segundo semestre chegue com mais boas novas!

O ano novo começa em agosto.
Sobrinho
Trabalho
Casamento
OOOOOOOOOOOmmmmmmmmmmmmmmmmm

15.1.07

Sessenta Dias

Tenho adorado as tardes em casa
Os DVDs bobinhos
Tantas comidinhas
Soninho
Preguiça
Chuveiro demorado

Tenho amado os dias chuvosos
O cheiro da roupa molhada no varal
Do sabão no prato
Do chá quente com limão e mel

A solidão da casa vazia
A reclamação da vizinha quando a casa cheia

As leituras nas almofadas
As músicas na cama

A minha casa é tão minha
A minha vida é tão serena
E intensa, forte

Um furacão de brisa?
Sabendo que o amor seria tão assim...
Eu seria mais ou menos feliz agora?
Que importa?

Passa rápido, tempo, pra logo encontrar meu querido
Na minha casa minha
Na minha vida lá fora

11.1.07

Guerra e Paz

Ai, que ruim brigar!
Fica uma sensação de não conseguir fazer contato
De inadequação

Parece que não transponho a barreira que eu mesma criei
Daí, uma mudez, uma surdez
Bate um desespero de afogamento!

Isolamento, escuridão!
Silêncio profundo!
Como falo? Como grito?

E se calo, é traição grande demais?

Lágrimas
Passa a fome
O sono
A vontade de dançar

Me encolho
E dói mais que o corte do dedo na faca nova

É muito mais fácil viver só
Quando a dor é minha
Da faca e da alma

Mais fácil
Mais chato
Mais vazio
Só que agora, o gostar é grande demais

Mudou meu silêncio lá de dentro
Fez uma onda morninha nascer
Floresceu muitos sorrisos em mim
Me faz querer ser mais eu - melhor

Um eu melhor que o eu de ontem
Mais amável
Mais amada
Mais e mais humana

10.1.07

Doentice aguda

Ficar doente é muito chato.
Essa coisa de estar assim, rendida, frágil no corpo.
De me expor - o vômito, a dor, a vontade de chorar.

E quanto mais eu detesto ficar doente, mais demora pra eu ficar realmente doente.
Então, fico doente aos pouquinhos, o que também é horrível.
Atrapalha meus planos!

Essa coisa de não conseguir controlar meu corpo é estranho.
Como assim, meu estômago não gostou do almoço? Tava ótimo!
Por que minha cabeça dói? Tenho mil coisas pra pensar, não dá tempo!

E minhas costas doloridas? Como farei pra dançar e beber loucamente amanhã?

Saio da tevê e vou pra produtora.
Pensem numa tortura dos infernos.
É pra lá que eu tô indo...

9.1.07

Mentira

Eu odeio mentiras.
Mas não nego, minto.

A maioria das minhas mentiras é para me salvaguardar das minhas próprias inseguranças.
Ao invés de dizer o que penso, com todas as letras, digo com meias mentiras.
Ou para evitar o não redondo, seco com ponto final no fim.
Um não que é para o meu próprio bem, que me faz bem à alma, que me enobrece o espírito.
Aquele não que eu tenho certeza absoluta que jamais seria um sim, nem um talvez!
E mesmo quando eu sei e quero dizer esse não, acredito que quem ouve espera ouvir uma desculpa, justificativa, historinha que vem depois do não.

Eu não quero.
Eu não gosto.
Eu não sei.
Eu não vou fazer.
Porque não.
Ah! Nossa! Que horror! Como assim?

8.1.07

primeiro semestre

Eu sou a pessoa mais comum do mundo.
Por isso, me pergunto se vale escrever aqui.

Agora, tem outra coisa
Eu escrevia demais na minha fase solteira
Então, estar com o coração preenchido é assim?
A gente fica sem inspiração
Por que dá vontade de escrever só quando o coração era vazio?

Tudo que me instiga
Não tem graça escrever

Eu fui ver meus pais,
Mas eles só têm olhos para a barriga da Rafaela
Que agora parece uma pequna azeitona bronzeada de mar

Ninguém perguntou das minhas férias
Nem deram atenção ao meu namorado...

Sim, quebrei paradigmas imensos no ano que passou
E agora
Vivo novos e modernos problemas
Da convivência
Da tolerância
Das eternas responsabilidades,
Dívidas
Agendas cheias de pendências
Coisas a resolver
Livros a ler

...

As férias não me descansaram...
Mas também não cansaram.
E aí, já é um avanço!

Que venha o primeiro semestre
Que é sempre cheio de afazeres, pesares, durezas
Para que o segundo semestre chegue
Com a casa cheia de namoro
Amigos
Dinheiro

Emprego novo
Casamento
Carro trocado
Computador instalado
Plantinhas
Enfim