27.7.09

Escuridão

Eu sei que parece frescura, afinal, lá se foram doze dias desde a cirurgia nos olhos.
Mas é fato - e vocês que me conhecem sabem - eu não choro por pouca merda não...
E nem estou chorando (ainda), mas reconheço que uma sombra de medo me ronda:
Eu continuo sem ver.

Meus olhos têm o foco bem pior que nos piores dias depois de uma longa sessão de edição usando lentes de contatos e quando, ao tirá-las, parecia que o mundo desligava. Eu via tudo com uma folha de papel manteiga por cima. Tipo agora.

Escrevo aqui para me despedir e me por mais tempo e tentar me disciplinar a ficar sem ler, escrever ou abrir o computador até meus olhos pelo menos derem um sinal de boa vontade para a recuperação.
E vocês que não me conhecem - sou exímia datilógrafa, daquelas que não olha o teclado pra digitar. Por isso, não há problemas em escrever, já que tenho certeza quase que absoluta que as letras que devem aparecer aqui, são as que meus dedos pressionam no teclado. Assim, aperto os olhos só por mania de ver mesmo...ler os blogs amigos, o horóscopo em inglês, nada disso eu consigo se não chegar o nariz nessa telona de 19 polegadas aqui de casa!

Estou angustiada. Muito mesmo. A minha fé está num fiapo de visão que aparece assim que acordo e olho a jaqueira pela janela da sala - por uns cinco minutos, o mundo é assustadoramente perfeito...e isso só pode querer dizer que algo lá dentro, lá no fundo do meu olho quer muito muito ver e esqueceu como!

O que resta é esperar com esperança. E fico dizendo pra mim mesma que o pior que pode acontecer é eu voltar a usar óculos - e olha que tem gente que nem vai reclamar - ...

Obrigado leitores, senhoras, senhores, amigos, Anônimo(s) e tals.
Volto. Prometo.



24.7.09

Brilho, Contraste, Nitidez

A saga laser continua.
Fui ao oftalmologista tirar a lente de contato que protegia meus olhos até então.
A cirurgia que fiz, apesar de mais rápida e sem cortes, é a de mais lenta recuperação.
Isso porque minha córnea era fina e disforme demais e não suportaria passar por outra técnica.
Tudo isso foi o que me contaram os médicos.

Bom, hoje é dia oito pós operatório.
E está tudo bem pior.
Além de o foco estar desligado - sim, porque não há uma lógica para o que eu enxergo com nitidez - a luminosidade agora me dá dores de cabeça e os olhos parecem cobertos com uma fina película de lixa de unha. Arranhando devagar e insistentemente, ora nos cantos, ora no meio, ora em todo lugar! Por quatro vezes, tive a nítida sensação de que uma agulha de costura espetava meu olho direito.

Mas, como teimo em ser um pouco Pollyanna em tudo, eu devo dizer que
pela primeira vez na vida - ou que eu tenho memória - vejo cores e luzes tão intensas!
Os vermelhos e azuis!
Os reflexos e brilhos.
É uma sensação incomparável.
Me faz pensar sobre a limitação que temos para tudo e nem sabemos.
Claro, usava óculos, sabia que não enxergava bem. Mas, de óculos, eu tinha certeza que via tudo que era possível ver!
Mas estava errada.
Ainda continuo sem ver o que é possível. Sem foco, sem nitidez...
E quando tudo voltar ao normal?
Será que verei tudo como realmente é?

23.7.09

Promessas

Eu nunca mais faço uma cirurgia nos olhos
E operada, eu nunca mais faço dieta de 30 dias para desintoxicar
E sem comer, beber, e enxergar,
Eu nunca mais aceito um convite de jantar de casa nova
E de dieta, cega, na casa de amigos,
Eu juro de pé junto pela minha querida mãe
Que eu nunca, nunca, nunca mais bebo uma garrafa de saquê sozinha.

Mas confesso: os resultados foram ótimos:
Além das infinitas risadas, conversas,
Fiz minha melhor versão de Chop Suey de filé da minha pequena saga culinária!

Kampai!

ps - beijos aos meus companheiros nesse harakiri sensorial! torço pro dia de vocês ter sido mais profícuo que o meu, aff...


22.7.09

Desejinhos

Ah!, Vontades
Hmm, quero quero quero
Ai, que coisa, isso aqui
Eita, isso é meu, só meu!
Ó, pronto, peguei
Aperto, amasso, Af!
Ix, que bom, que bom, que bom!
Nossa, isso então...
Eh, delícia!
Agora, sim, ótimo!
Ufa!

Credo. Quanto desejo guardado em todo pedaço
de corpo
de fome
de sede de sonho

de olhos abertos
sem tato
sem chão

me encolho pro salto
é fato
será
do desejo
ao fim de







20.7.09

Saideira

Provavelmente, essa foi a última vez que fui vista assim, quatro olhos!
Estranho aposentar parte integrante da minha personalidade, mas já era hora, né?
Agora, aos poucos retomo o foco da vida:
Olhos nus, expostos a tudo que é de luz e escuridão.
Ainda embaçados, aos poucos enxergam as cores, formas e texturas
De formas intensas e que jamais pensei existir...
Talvez comece agora, finalmente, a perder o medo de ver a vida como ela é!

19.7.09

Foco

Ainda estou totalmente fora de foco.
A queimação no olho melhorou, mas a sensação de que caiu xampu lá dentro continua...
O tédio é mais perigoso que os olhos que não enxergam!

Estou com saudades do mundo como era antes!
E no fundo, tenho medo de não voltar a ver bem nunca...

Vou fechar a tela.
Os olhos lacrimejam como se acabasse de ver um filme triste...

Hora dos colírios. Ai, arde tantoooo!




16.7.09

O Espírito e o Sufixo

(Bruno Varjão)

Nasci forte como um tauro deve ser, gaudério da cepa boa. Minha querida mãe sofreu as dores do parto do piá que queria ver o mundo. Isso tudo deu-se em 1890, em uma colônia no interior do Rio Grande Sul.

Por mim, falaria apenas Rio Grande, mas me acusam de ser separatista, por que existe um Rio Grande no nordeste e chamam Rio Grande do Norte. Lá não sopra o vento minuano. Por que não Rio Grande Nordeste?! Parece mais bonito, nem lembro o nome da capital, mas somos mais tauras que aqueles do litoral de cima.

Hoje sou velho, vi vidas e mortes, aliás a vida é a morte vivida. Meu pai morreu antes do parto, ficou preso no galpão que pegava fogo. Quando a fumaça saiu das nossas terras e misturou-se ao pôr-do-sol , já era tarde.

Minha mãe tocou a lida campeira sozinha, até eu ter idade suficiente para ajudar a prenda de meu pai e a santa que me colocou aqui. Rédeas curtas, era assim que ela cuidava dos empregados, de mim, das colheitas e do pão.

Fazia preces ao negrinho do pastoreio para que cuidasse de minha santa mãe, da querência e de mim. Fui crescendo e o trabalho aumentando, minha santa mãe envelhecendo rápido e meus deveres campeiros aumentando.

Aos dezesseis anos senti a primeira dor da vida. Minha querida mãe foi levada pela aquela doença. Em seu último suspiro, no canto do cisne, me disse:

- Filho, que tu seja agora um homem de orgulho e lealdade.

Em 1906, meu coração foi fechado pelo luto. Já era um adulto, cuidando do campo e do gado. Larguei a escola e aprendi com a vida o pouco que sei.

Criei em meu pasto a minha identidade, me chamavam de patrão, me obedeciam; e assim segui por dez anos sem parar, enchi a guaiaca e arrendei novas terras.

Com 26 anos, esse velho já era senhor da região, rico de dinheiro e solidão. Foi então que fui buscar novos negócios na capital. Porto Alegre era grande, muito grande para meus olhos. Conheci um comprador que me chamou para trovar durante a janta em sua casa.

Naquela casa, conheci a bondade. Catarina. Irmã caçula do comprador de gado. Logo, pedi fidelidade, nos casamos. Dei algumas cabeças de presente ao irmão que me deu a minha prenda. Cabelos dourados e olhos cor de céu em dias sem nuvem.

Poucos anos depois ela me deu a primeira felicidade, um guri. Guri que logo herdará parte do que tenho, pois a outra parte vai para a pequena prenda que ,hoje, já não é pequena.

Catarina não resistiu ao parto e me deixou só. Tinha minhas crias pra cuidar e a vida para lamentar. Quando a prole cresceu, mandei para a capital, para que fossem doutores. Mais uma vez ficamos eu e o pampa.

Os anos passaram. Meus filhos cresceram e me deram netos.

Aprendi a ser filho quando fui pai, e aprendi a ser pai quando fui avô. Não tenho a mesma força para a lida campeira, mas ainda tenho voz para mandar.

Hoje, meus netos têm a mesma idade de quando me tornei senhor. Minhas mãos tremem quando seguro o mate. Estou morrendo, sou velho.

Via a Catarina sorrir para mim em meus sonhos. Bela como sempre foi.

Vejo a Catarina sorrir agora, me desperta alívio, será o espírito dela?

Peço a São Pedro que sim.

Será meu espírito, agora que morro sozinho junto essa palavra ao final das palavras que me seguiram durante a vida: Lealdade, bondade, fidelidade e felicidade.
Será esse sentimento minha espiritualidade?

Óculos

Vou ficar ausente por uns dias, até os olhos acostumarem a enxergar sem as muletas.
Pode ser um dia, pode ser uma semana, de acordo com os médicos.
Estou com medo, mas feliz. O pior que poderá acontecer é eu ficar cega. Mas isso é fatalismo demais, e como já disse, minha vida não corre assim, entre fatalidades pessoais ... deixo isso para os escritos dramáticos e melosos que posto aqui ; )

Então, até lá, deixo vocês com todos esses três anos de bobagens e pensamentos aqui...

Leitores queridos, obrigada pelos comentários em OFF que recebo somente por email (para aqueles que me recebem por email ou RSS) - fico com vontade de escrever sempre aqui porque sei que algum de vocês me responderá exatamente o que preciso ouvir, melhor, ler...

Quero agradecer também aos meus cronistas colaboradores: Duarte, Varjão e alguns outros que espero ansiosa que digam sim!

Até a volta.


15.7.09

Francisco

Meu avô paterno está doente.
A noite passada, vomitou sangue. Muito.
Fui vê-lo em abril, assim que voltei de Istambul.
E retornei hoje para um homem totalmente transformado.
Muito mais magro, pálido, sem som na voz rouca.
Ele segurou minha mão e disse:
- Ontem, achei que ia viajar de vez
Beijei sua testa, sua face ossuda:
- Vô, você tem que esperar os bisnetos que darei ao senhor!
Ele sorriu.
Eu chorei. (porque não lhe darei bisnetos? porque não há como ele esperar? por que eu chorei?)
Não tive coragem de dizer muito mais.
Medo dele ouvir na voz, o choro contido.
Nariz escorrido.

- Eu andei distante, nunca tive em fé em nada.
E só para mim, respondi:
- Nunca esteve distante vô. O senhor só não tinha a trena que mede a distância entre Deus e o senhor.
Ontem, o senhor achou a trena e leu a distância. Levou um susto de saber que está bem mais perto que pensava...só isso.

Talvez a morte seja a trena que nos dá a real medida da nossa distância do Divino. Que é curta, a vida toda. Mas só com a morte nos damos conta disso.

...

- Eu li muito, eu pensei muito. E nunca acreditei em nada. Em nada. Mas ontem, eu acreditei. Eu reconheço que estava errado. E que a vida tem mistérios e nós somos feitos de alma. - ele suspirou.
- Eu vou encontrar com a Antônia, ela vai estar flutuando - avisa meu avô Francisco com olhos cerrados, a voz rouca e baixa.
- Ela está entre Oliveiras e vai olhar para mim e dizer - ô, ocê demorou, sô! - e fecha os olhos sorrindo, quase parando de respirar...

...

É possivel que eu seja mesmo muito pouco evoluída já que nessa vida, pouca coisa de terrível me aconteceu até aqui.
A vida é sábia. Desenhou os eventos de tal forma que me preparo para as despedidas dos mais próximos, dizendo adeus aos mais velhos primeiro.
Sendo assim, tenho a suave sensação de que me despedir do meu avô hoje é um jeito de me preparar para um dia, dizer adeus aos meus pais...porque eu não suportaria me desperdir de um deles primeiro, numa inversão da ordem natural, que para mim, é a única suportável nessa vida...

14.7.09

Crônica lúcida

(de L. M. Duarte)

Tenho tido contato bastante freqüente com amigos e colegas heterossexuais do sexo masculino. Era um desejo antigo. Não me sinto sempre bem ao lado de homossexuais. Tampouco acho psicologicamente saudável, para mim, conviver o tempo todo com mulheres (heterossexuais ou não). Tenho vários amigos e conhecidos que possuem a mesma orientação sexual que eu, mas gosto de pensar que somos amigos independentemente disso. Não gosto da ideia de construir uma amizade apenas sobre bases sexuais. O critério me parece insuficiente e, claro, discriminatório – para não dizer que se trata de preconceito invertido.

Pois bem, realizei o desejo de ter mais contato com amigos heterossexuais do sexo masculino e, assim, diversificar meu círculo. Hoje, convivo com homo e heterossexuais, principalmente com esses últimos. O que descubro? Afinidades: somos todos muito mais parecidos do que supomos antes de nos conhecermos melhor. O que mais? Somos um bando de preconceituosos. Não podemos realmente dizer algo sobre uma pessoa sem que antes a tenhamos conhecido. Finalmente: muitos, muitos, muitos homens podem ser parceiros quase perfeitos, amigos confiáveis, companhias divertidas, mas... Quando se trata de mulher, quase todos eles podem ser canalhas, patifes, cafajestes (sim, tudo aquilo que as mulheres dizem deles). As exceções parecem confirmar a regra. Lamentável.

Noto que as mulheres também fazem das suas. Muitas são ardilosas. Outras tantas chegam a ser venenosas. Mas não vejo tanta calhordice entre elas por aí. A maioria deseja ardentemente ter um parceiro. O problema é desejar literalmente ter, isto é, possuir, prender. Enquanto eles buscam diversidade, a maioria delas busca singularidade. Elas querem o diferente, o que se destaca, o melhor. Está bem. Já existem milhões de mulheres no mundo que vivem como os homens: buscam diversidade, sentem-se livres, e algumas chegam a ser calhordas com eles também. Dão o troco. Vingam-se de séculos de opressão ou algo que lembre isso. O fato é que, pelo que observo, a maioria ainda sonha com casamento. Muitas realizam esse sonho. Afinal, os homens também querem uma parceira fixa. A diferença é que eles parecem não ter nenhuma pressa...

Minha convivência com os homens heterossexuais também tem me mostrado o quanto eles podem ser desprendidos. Ligam menos para picuinhas. Irritam-se mais facilmente talvez, mas a irritação também passa mais depressa. O rancor é menos demorado. O que não justifica um soco, uma porrada, justifica menos ainda, portanto, uma dor-de-cabeça. Geralmente, os homens falam menos que as mulheres. Não ao telefone, quando empatam ou as superam, sobretudo se for ao celular. O fetiche com a tecnologia parece mais forte neles também. E o futebol... Esse, às vezes, pode ser mais importante que mulher, principalmente se a companhia forem os amigos e as cervejas geladas. Para mim, esse é um clichê que vem se confirmando a cada dia.

Enfim, a companhia masculina pode ser realmente muito agradável. Todavia, torna-se cansativa, ao menos para mim, quando a “caça” às mulheres vira obsessão. Os bichos selvagens entram em cena. Mulher, mulher, mulher... Os amigos, de repente, perdem o sentido. Ficam invisíveis uns para os outros. Só se comunicam para avaliar as fêmeas, que aparecem para eles como potenciais vaginas onde vão penetrar, gozar para depois esquecer. Nessas horas, todas as mulheres são putas. Nenhuma tem sentimento, história, sonhos. Só vagina, peito, bunda.

OK. Há homens intelectuais. Podem ser interessantes quando não são pernósticos, o que é raro. E, via de regra, eles tampouco sabem se divertir. Fazem do lazer mais uma oportunidade para reflexão. Não tenho paciência para tanto. Restam os quase-padres, aqueles que, por amor e temor a Deus, jamais falam mal de quem quer que seja. Evitam criticar, zombar, condenar. Podem ser doces, mas também cansam. Ficam açucarados, pusilânimes. Quando não me inibem com sua pureza em contraste com minha baixeza. O que fazer?

Para isso, é importante não pertencer a uma tribo só. Quando uma fica demasiado pesada, passa-se para outra e assim por diante. Perfeito, não? Só que...

Na hora de namorar... Dá para ter tudo em uma pessoa só? Provavelmente não. Vixe!!! Danou-se!

Até a próxima.


Obrigado, por aceitar o convite e postar aqui essa impressão. Beijo

10.7.09

Proletária

Meu contrato acaba hoje com a empresa Capital, que presta serviço para a Câmara dos Deputados.

E claro que pra gente, só sobrou isso mesmo: o trabalho é igual, o salário é igual. A empresa provisória fará um contrato provisório, sem FGTS, férias, tals. O período de férias que deveria começar a contar a partir desta rescisão, só vai começar a contar a partir do início do novo contrato, ou seja daqui a três meses. Isso significa que minhas próximas férias serão a partir de outubro de 2010!
Confuso, que nada! Irritante...imagina!...Isso é... mesquinho! Mesquinho da minha parte me apegar nestes pequenos detalhes, afinal - urru! - serei recontratada! - e mais! Tenho um emprego!

Afinal de contas, os incomodados que se retirem...

(post reeditado por conselho dos meus advogados)

8.7.09

Surpresa de madrugada

Nossa, vou deitar agora e
"Curtir o céu estrelado do meu quarto e a cama flutuando..."

é inacreditável como as novidades chegam de supetão!
há tempos eu não sorria assim, sozinha, meio em segredos!

lá lá lá láaaaaaaaaa!



7.7.09

segunda à noite

no eixo oeste
sigo ao sul
com vento forte
debaixo de um poste
a moça, o moço
o beijo doce
na asa norte

6.7.09

Metalinguagem

Esse blog é pouco acessado.
Dos 7 mil e poucos hits, garanto que uns 5 mil foram sem querer
(tenho estatísticas para provar!)
Diria que, em média, umas 5 pessoas realmente leem meus posts diariamente.
E já me questionei diversas vezes sobre parar ou não de escrever aqui.
Mas, até me decidir, tenho que responder a algumas questões que pessoas da vida real (que nem sempre são minhas leitoras virtuais)me perguntam com frequência.

- Você é vaidosa, egocêntrica, exibicionista. Pra que tudo isso?
RESPOSTA
A intenção inicial era ter um espaço para escrever diariamente, nunca pensei num lugar pra me exibir. Mas, sim, sou exibida, colorida e como casca de ferida. Quem quiser pode virar os olhos pro outro lado e fingir que nunca me viu. Sem problemas.
- Você se expõe muito, é perigoso, as pessoas ficam sabendo muitas coisas de você.
RESPOSTA
Sim, a internet expõe as pessoas...assim como a vida real.
Ainda não sofri nenhuma consequência negativa. Pelo contrário, só colhi bons frutos escrevendo aqui! Prefiro pensar que aqui é uma outra mesa de bar, outra reunião nas almofadas da minha casa...
- A interação é desigual, as pessoas ficam sabendo muito de você, e você não sabe nada do outro...
RESPOSTA -
Pura verdade. E isso realmente pode não ser muito legal. Aliás, na vida real isso também ocorre, ou não? Já me decepcionei tantas vezes ao me dar conta que amigos não me conhecem o quanto eu os conheço...

Agora, fazer o que? Eu SOU assim. Essa pessoa que se joga nas coisas. Me atiro, pulo, mergulho. Às vezes, os machucados são maiores que a adrenalina da queda! Esse blog é consequência do jeito que lido com as coisas. Escrevo, depois me arrependo, invento, depois quero desinventar...Mas, estou aprendendo, acho que a idade ajuda nisso. Tanto que vez ou outra penso em parar de escrever aqui.
Mas...AQUI!
Parar de escrever, não dá. Não páro tão cedo. Mesmo que só eu mesma leia tudo, mesmo que fique velhinha, ceguinha e sem condições de digitar...!

Então, é isso.
Não precisa voltar, mas quem cair aqui, vai ter que me engolir, melhor, me ler.
Desse jeito mesmo que sou - confusa, medrosa, metida, cheia de opiniões e achismos sobre a minha vida e a alheia...
Beijo-me-liga. Fui!

5.7.09

Detox

E daí que meu exame de sangue deu insulina e colesterol altos.
Reflexo de uma tireóide que está encolhendo.
O meu corpo acha que minha própria glândula é um agente estranho.

Meu corpo ataca parte do meu corpo.
E tudo dentro saiu de sincronia:
Entrei numa dieta há três semanas - desintoxicação total
(admito, não obedeci tudo todo dia..)
Os primeiros quatro dias passaram devagar e sofrendo bastante:
sem açúcar, sem glúten, nem laticínios.
Mas o pior: sem o café depois do almoço!
E a cerveja do fim de semana!
Ah!

Sou um tubo de ensaio de mim mesma.
Enquanto passo um filtro no que entra pela boca,
Penso também no que posso fazer num sentido mais metafórico:
Acho que engulo muito sapo. Da vida, das pessoas, das situações
Não me imponho como uma pessoa inteira, com defeitos, manias e gulodices (que estou obrigada a abrir mão este mês!)
Uso a capa da Mulher Maravilha, tenho soluções e boas palavras para qualquer situação ruim (dos outros, claro)

Não é bem um lamento. É uma simples constatação:
quando nego boa parte de quem sou, é natural que parte do meu corpo seja estranho dentro de si próprio...
sem reconhecer minhas sombras e medos, fica difícil enxergar tudo isso como parte de quem sou.
E olha, vou contar: tenho medo mesmo. De um monte de coisas (e de baratas e cigarras).

Mas andei disfarçando tão bem (o medo), que TODAS as pessoas se surpreendem quando balanço a cabeça com um não
- obrigada, não estou comendo chocolate
- não, não estou tomando cerveja esse mês.
- estou pré diabética
E tenho ouvido os comentários mais inusitados:
- mas você tem certeza?
(não, eu adivinhei e resolvi sair falando isso pra chocar as pessoas...)
- nossa, você? mas nem parece!
(não parece? ué, até onde sei, esses diagnósticos não vêm com tatuagem na testa - DIABÉTICA..., vou ligar agora e recalmar que não ganhei uma!)

Agora, se ouço isso, é resultado do que as pessoas acham de mim.
E se elas acham algo de mim,
é porque eu pareço assim aos olhos delas.
Dá medo.
De sentir que na verdade, ninguém me conhece MESMO.

Comecei esse post para falar dos alimentos e da nova rotina.
Saiu esse emaranhado de ideias e decidi não editar, não censurar, não digerir nadinha.
Vai como está.
Estou me desintoxicando.
É hora também de falar o que penso de mim sem a capa da Mulher Maravilha.
Com sorte, filtrando o que como e vomitando o que penso,
meu corpo faça as pazes consigo mesmo,
abrace de novo minha tireóide,
e seguirei INTEIRA por muitos longos anos ainda...

3.7.09

A Sofia tá chegando



chá de fraldas da minha rainha Sofia amanhã.
em breve, viro madrinha-fabi.
incrível, totalmente incrível

* Este modelo de convite não está disponível. Perdi o original e não tenho como repassá-lo. Sinto muito, pessoas!

Hoje tem Mundo Livre!

Musa da Ilha Grande
Mundo Livre S/A

Eu não vou sair daqui sem ver ela sair da água
Eu não vou sair daqui sem ver ela sair da água
Eu não vou sair daqui sem ver você sair, não vou gostosa...

Ela entrou de bikini branco
Deixou a blusinha na areia
Jogou um sorriso pra trás
Me deixou com a cabeça cheia...De idéia

Lá em casa tão chiando, onde é que o mané se meteu?
Disse que voltava logo
Será que o burro se perdeu?
O almoço ta esfriando, sei que já perdi a hora
Mas hoje eu não saio daqui antes de ela ir embora

Mas nem fudendo...

Eu não vou sair daqui...
Eu não vou sair daqui...

Ela entrou de bikini branco
Deixou a blusinha na areia
Jogou um sorriso pra trás
Me deixou com a cabeça cheia...

Não saio não...
De bikini branco...

Eu não vou sair daqui sem ver ela sair da água
Eu não vou sair daqui sem ver ela sair da água

Não saio não...
Não saio não...
Não saio não...

Eu não vou sair daqui
Eu não vou sair daqui

2.7.09

Flor

É uma espécie de milagre.
Porque não tenho mesmo talento para cuidar de plantas.
Nos últimos 3 anos morando na minha casa, matei duas plantas,
sendo que uma delas era um cacto!
Ganhei duas orquideas de aniversário, uma morreu.
A outra, está lá torta das pernas, ou das raízes,
com um pulgão infestando todas as folhas, tadinha!
Eu cuido...mas não sei cuidar, esqueço, dá preguiça.
Ela tá vida, mas deve ser triste que só.

A minha primeira planta é uma violeta roxa que comprei no mercado mesmo.
Está comigo desde o primeiro ano, 2006.
Chegou muito florida e pequena.
E até que cresceu, mas nunca mais floriu.

Mudo de lugar, converso com ela, já até troquei-a de vaso.
Silêncio de flor.

Mas, eis que ontem, fui acender meu incenso de cravos (será que faz bem pra planta?)e coloquei o espetinho bem perto da violetinha.
Fui obrigada a me ajoelhar mais perto da mesinha de centro,
e meus olhos chegaram muito perto das folhas.
Oh! Eis que enxergo lá no meinho!
Duas! Duas florzinhas curvadas, meninas ainda!
Estão como brotos, fetos, dobradas dentro de si!
Mas lá estão elas, minhas violetinhas queridas!

Minha casa tem sorrisos por todos os lados essa manhã!
Há flores, há flores! São roxas e pequeninas!
Beijo-as ao sair para o trabalho,
abro bem as cortinas para verem o belo dia de sol

Há flores na minha vida em todo lugar!
Minhas violetas nasceram finalmente de mim, do meu lar, doce lar!

1.7.09

Algemas

Eu sei que cometi ato ilícito.
A Polícia me algema e me prende no banco da frente de um carro preto.
Em silêncio e com medo, dirigimos pela cidade que nunca vi.
Meus pensamentos são confusos, sei que errei e vou pagar por isso.
São dois anos sem liberdade!
Na porta do prédio, o policial me mostra a direção que devo seguir sozinha.
Caminho por corredores não muito estreitos e procuro a porta da delegacia.
Mas, sem querer, noto que meu pulso escorrega, como de uma pulseira, das algemas!
Olho para os lados, nenhuma autoridade da lei.
Penso em fugir, sair correndo, sem algemas, tudo é mais fácil.
Na porta da delegacia, pergunto pelo delegado, que não está. O substituto me avisa para esperar lá fora, ele me mostrará minha cela. Retruco que não fiz meu telefonema.
Ele me indica um orelhão. Está quebrado. Sigo andando pelas ruas, orelhões em todos os lugares, penso em fugir mais uma vez.
Com medo, me arrependo de ter chegado até ali, sem nem sequer avisar alguém!
Penso no meu irmão.
Penso em como falar com ele. Qual telefone? Será que ele estará em casa? E se o celular não atender?
Eu só tenho uma chance.
Minhas algemas estão soltas, como pulseiras no pulso esquerdo.
Estou longe da prisão, mas sei que devo voltar a ela...
São dois anos sem liberdade.~
É muito tempo para o que fiz.
Acordo.
O que foi mesmo que eu fiz?