28.2.13

De cabeça pra baixo e dentro d´água

Aula 4 de natação. Nadei mil metros em intervalos diversos no período de 45 minutos.
Fui e voltei feliz da tarefa. A água tem sim algo mágico e meu corpo agradece lembrar-se de onde veio e pra quê existe: para vir à tona, para trazer vida, para se ver vivo.

Em inúmeros insights oxigenados e azuis, percebi que sempre sempre sempre consigo mais do que eu acho que posso.
Vide minha vida atual.
Vide meu desempenho aquático. Mil metros! Se me contassem isso semana passada, daria risos altos.
Agora, também! Só que de surpresa por me sentir capaz, e por à prova a dúvida que me ronda desde sempre: o que me proponho, nunca consigo chegar até o fim.
De novo, vide minha vida atual.
E de novo, vide minha aula de natação!

Depois do banho, debaixo das cobertas e de olhos fechados, sonhei muito:
Uma vida vindo à tona, um corpo vivo, a mente em silêncio.

Acordei com o sonho ainda claro, azul-piscina, músculos sentindo a possível virada:

Tem algo mágico na água, no ar, dentro de mim.
Vide minha vida.
Vide e vive!

Instead of resisting to changes, surrender. Let life be with you, not against you. If you think “My life will be upside down” don’t worry. How do you know down is not better than upside? (Rumi)
 

27.2.13

Rio Bravo ou Onde começa o inferno

Não há melhor escapismo que uma sala de cinema.
Num dia nublado em Brasília, entre inúmeros títulos, fiz a escolha perfeita: a Mostra Tarantino no CCBB exibia Onde começa o inferno. Li a programação rapidamente, não tinha a menor ideia do que se tratava o filme.

As luzes se apagam e a primeira cena é um plano aberto, uma fila de caubóis descendo um despenhadeiro, uma música no estilo mexicano. Sorri no escuro.
Rio Bravo é um dos meus favoritos dentro dos favoritos! E nunca soube o título em português, já que vi este faroeste em 1988, na sala de estar da minha então casa, em Ohio, Estados Unidos.

Meu intercâmbio para aquele país foi no meio do segundo grau e dei sorte: depois de ser recusada por uma primeira família, um casal sem filhos, dois cães e um gato, me acolheram e me mostraram o melhor do centro-oeste americano: em especial, a predileção pelos filmes do velho oeste. Na época, eles tinham tantos filmes quantos livros enfileirados na estante - fitas VHS que ocupavam duas paredes. Quase todos americanos. Quase todos Westerns. Em um ano, é possível que eu tenha assistido a praticamente toda aquela videoteca.

De volta à sala de cinema ontem à noite, me dei conta do quanto cada pedacinho da minha vida me fez a pessoa que sou: meu amor pelos filmes, sem saber, foi profundamente influenciado por um ano triste, infeliz, solitário, no interior de Ohio.

Sou feita de remendos, cada um alinhavado de um jeito difícil de ver pelo lado certo da costura. Do avesso, cada fio vai a lugares inimagináveis. O cinema e Ohio, na minha vida, só se conectaram ontem, no escuro de uma noite de verão chuvosa.



26.2.13

Francês

Mais uma reviravolta e aqui estou eu.
Ainda limpando as palmas das mãos, acordei com uma bola na boca do estômago e um desejo intenso.

Um não, muitos. Vamos por partes, como diz Jack, o Estripador.

Guardei no meu inbox por meses a fio, o link para um curso de francês grátis.
Meses que não foram usados para mais nada, muito menos para começar o curso de francês.
Eis que hoje, fiz minha matrícula e minha primeira lição!
Ouvidos enferrujados e um tanto distraída - defeito que aliás, vem aumentando na minha personalidade tão detalhista e disciplinada - não terminei a lição por falta de um plug in (maldita teconologia!) mas já animei bem muito.

Nas intruções para o curso, há inúmeros links úteis e um deles é o Mixxer uma página que você se cadastra e faz amigos para conversar na língua desejada. Achei a ideia genial, me cadastrei.

Aprendi francês na escola primária, por uns quatro anos. Me lembro até hoje da primeira lição. Ouço francês com as orelhas derretendo de amor, adoro a cinematografia e conheci Paris. Mas, foi definitivamente o livro de Flaubert que me tomou de paixão: Madame Bovary me causou um impacto tão grande, que não terminei de ler.
A tradução indicada por um professor de literatura parece excelente, mas achei uma puta injustiça ler tudo aquilo em português. Fechei o livro e jurei para mim que esta é aquela obra merecedora da minha saída da ignorância.

Vou aprender francês para ler Madame Bovary no original! E ponto.







17.2.13

Quero mais, saúde!

Prezados, o sumiço, para variar, se dá muito pela preguiça e menos pela falta de ideias.
Hoje escrevo pra sair da inércia e contar pra geral a novidade do ano de 2013.
Sim, amigos, ainda estamos no mês dois, mas minha vida já teve algumas revoluções.

E a que eu vou dividir com vocês hoje é: estou diabética.
É isso. Super foda, mas é isso aí.
Depois de ouvir da médica que não dava mais para adiar o uso de medicamentos, fui para casa chorando e pensando na merda que minha vida será.

Minha diabetes é do tipo 1, que é aquela adquirida e que não pede o uso da insulina (ufa, sem injeções diárias!). O que pega mesmo no meu caso é o quanto de insulina que o meu pâncreas produz: o açúcar entra no meu sangue, eu produzo a insulina necessária; meu corpo não entende que eu já fiz essa primeira produção e manda o coitado do pâncreas começar tudo de novo. Daí que eu produzo insulina demais, e não de menos. Atualmente, estou produzindo o dobro da quantidade de insulina necessária.

Passei os últimos 3 anos monitorando a situação e jurando pra médica e pra mim mesma que faria atividade física diariamente - e dançar a noite toda uma vez por semana não contou; sexo também não foi com a frequência necessária para pontuar nesse quesito - e também prometi cuidar da alimentação: o que eu cumpri direitinho, salvo os porres homéricos, ai.

Estou há três semanas tomando 500 mg de Glifage diaraimente, um composto de metformina. De acordo com a bula, é bom pra controlar essa média insulina/glicose. Os dez primeiros dias foram infernais: dores de cabeça ininterruptas, diarréia e enjoo. O milagre aconteceu depois: com uma dieta mais equilibrada - não virei um robozinho, mas juro que estou empenhada - o remédio e os chás estão fazendo maravilhas: estou mais disposta, menos sonolenta e quase sem preguiça (mentira!)

Agora que tudo está quase sob controle, resta minha disciplina, vontade e determinação (rooonc!)
Procuro uma atividade física que me faça feliz, me dê a motivação de persistir diariamente e não pese no meu bolso. Até o final de fevereiro, bato o martelo entre a hidroginástica (roooonnnc!) a natação (ai, canseira de tanta infra) e a dança (por que eu só gosto de coisa de rica?) - estou em fase experimental. Amanhã, vou nadar.

Depois de tanto mimimi, confesso: ainda me sinto fragilizada pela notícia, sendenta pelas cervejas e chocolates não ingeridos e duvidosa sobre o quão disciplinada eu conseguirei ser. Mas isso é assunto para outros posts.