29.6.08

Mortinha

Não há saudade que resista ao sorriso
Ao abraço torto
`Aquela baba com cheiro de morango
Os gritinhos estridentes

Ainda bem que você voltou, Enzo!
E o melhor-que se lembrou de mim!

Estava mortinha de saudades
E agora, estou só alegria!
Meu Budinha! meu Budinha!
Um beijo da sua titi!

28.6.08

Inteligente

A inteligência provoca
Com ela vem um olhar mais profundo
Um sorriso de canto de boca
E o irresistível movimento do corpo
Assim, em minha direção

Ser inteligente é sexy demais.
Ou sou eu que tô vendo coisa onde não tem?

Enfim,
Deixa eu desligar esse computador e ficar sexy:
Vou ler um livro

27.6.08

Surpresas

Não há nada mais surpreendente
Que se surpreender com a inteligência de alguém
Quando o santo bate
As idéias caminham
A conversa sai

Nada é mais incrível
Que ver nos olhos do outro
Um brilho que foi você que trouxe
Que um sorriso fugir da minha boca
Trazido pelos olhos desse alguém

Não tem coisa melhor
Que ser entendida sem se explicar

26.6.08

Aula Um

As coisas são assim: vão ajuntando na minha cabeça até uma hora que não dá mais.

Minha homeopata disse que a minha energia estava muito parada no ventre.
Faz sentido - 18 horas sentadas não devem fazer bem mesmo.
Na virada do ano, três resoluções - que eu voltaria a dançar, que eu me casaria este ano, e uma última, que já esqueci
(Cris e Marcinha, vocês se lembram da minha última resolução? Ou foi cookie demais?)
E finalmente, na semana passada, soube que no século 17, eu era egípcia.

Achei que esperei tempo suficiente -
Agendei uma aula experimental
E tive medo
Da vergonha
Da idade
Do meu jeito esquisitinho de ser
Matei a aula experimental

Daí, reagendei - marquei no celular novo e tudo
Chegando lá, amarelei de novo
assisti a uma aula

Mas, na seguinte, não teve como fugir:

Dança do Ventre

A vergonha da minha barriga sumiu em 2 segundos
Com o primeiro longo compasso lindíssimo de música egípcia
Minha maior preocupação era imitar e aprender, imitar e aprender
Toda minha energia focada no umbigo
O centro do meu mundo
Acho que nunca olhei tanto pra minha barriga
Nunca notei as tantas combinações possíveis que se faz com um quadril
Mas, o mais incrível:
Eu não me senti uma idiota, velha, ignorante
Eu simplesmente senti meu ventre
Como centro de tudo aquilo - a música, os movimentos, o ar que enche e esvazia

Rapidamente, me senti em paz
Uma paz enérgica, cheia, ruidosa como os guizos dos lenços

Eu não me prometo nada
Mas ficou a vontade de voltar lá,
Pro centro do meu mundo
Meu ventre
Minha dança

25.6.08

Idéias soltas de uma estagiária

Eu pensei que eu soubesse trabalhar em equipe.
E que minhas habilidades fosse úteis para outras funções

Mas este mês, a Karina precisou tirar licença médica e topei ficar no lugar dela
Na produção
Sim, sou editora
Mas, por hora, sou produtora

Bem, os olhares admirados com a mudança de "função" já deveriam ter sido um aviso
Só que aí, não tinha mais volta
E estou fazendo de todo o possível para usar tudo que sei para fazer o que dá.

De cara, o que se fala não é o que se faz. Ou seja, se você combina algo com alguém,
Deve duvidar desta pessoa, seguir os passos dela e se certificar que ela fará o combinado

Agora, se for o inverso, alguém seguindo os seus passos - ha!
Aí, você tem que ouvir, tem que ser colocada no seu lugar, porque:
Como assim? Você errou e o outro tem que te ajudar?
Era só o que faltava alguém te ajudar! Quem mandou você dizer que sabia fazer?
Agora faça. E, bem-feito se errar, porque assim, todo mundo fica sem ter como trabalhar
E aí é ótimo porque sobra tempo pra falar mal daquela outra
Que também não fez o que tinha que ser feito - igual a você.

Mas, alto lá! Dois pesos, duas medidas!
Sim, porque você merece que ninguém te ajude, afinal, você que pediu pra entrar
Agora, a outra, não mexe com ela não... é, não comenta nada com ela não... me dá aqui que eu faço por ela
Tudo bem, ele não vai resolver, mas deixa ele aí onde ele está e resolve você (mas lembre-se que se você errar...)

Eu pensava que trabalhar em equipe era quando todo mundo trabalhava pra terminar o mesmo projeto.
Só que não é.
Na verdade, equipe é quando todo mundo elege vários problemas pra não serem resolvidos
Deixam em cima de dois ou três e ficam torcendo pra tudo terminar logo
Quando o projeto acaba
Todo mundo pode falar mal
Porque ninguém se sente parte dele
e a culpa é toda dos dois ou três que inventaram de terminar o projeto!

Quando a prioridade no trabalho de equipe
é cada um cozinhando a sua batata quente
pra jogar no colo do próximo
A preocupação não é almoçar a batata pronta
é sair da mesa sem se queimar

E eu pensava que equipe era outra coisa...

24.6.08

História de um amor

Numa aldeia distante, no meio do Egito,
Uma pequena tribo viveu anos em guerra.

Mas, o povo forte e alegre seguia suas vidas, e o penar das mortes, da pobreza e da fome
Não foram tão grandes quanto esta história.

Foi um amor de outros tempos, aquele da moça pelo jovem.
Ela era correspondida, e a aldeia fazia votos de felicidade.
Hesitante, o rapaz propôs o casamento
E ela, mesmo com muito medo,
Nem consultou os pais -
Aceitou o pedido gritando aos ventos
Sim Sim Sim

O sopro chegou aos deuses da guerra
Que, furiosos, intimaram o jovem `a dura batalha

Chorando, os amantes se despediram
E num único abraço, os lábios se encontraram
No beijo, a promessa do futuro

O jovem levou um lenço
A moça bordou armadura
E muito tempo passou
Com lembranças, ventos, e um sim

Chegou então num fim de tarde
Um soldado mensageiro da notícia

O jovem sofrera um ataque
A morte era iminente
Pouco tempo havia para o adeus

Do rosto da moça, nenhuma lágrima escorreu
De dentro do baú antigo, sacou a armadura bordada
No corpo nu jogou o vestido de noiva
Branco
Longo
Lindo
E por cima do linho, o ferro brocado de flores

Cavalgou no vento
Chegou, já amanhecia um outro dia
Os deuses ainda dormiam
O vento não soprava mais

Era um silêncio infinito

A moça inclinou-se sobre o jovem,
Sussurrou sorrindo
Sim Sim Sim
E ele,
Olhando nos olhos molhados
Beijou-a na boca, nos ouvidos, nas mãos

Despertos pelo ruído do amor
Os deuses da guerra curaram a ferida do jovem
quebraram a armadura de flores da moça

De mãos dadas, o casal saiu em direção ao nascer do sol
E nunca mais foram vistos
Separados

ps - para o meu amor de tantas vidas ...

22.6.08

Centro

Quanto mais no centro de mim estou,
Mais a vida traz as coisas que preciso
- não necessariamente aquelas que quero -
(e meu centro não é necessariamente feliz, alegre, completo)

...

As tantas palavras que procuro para me comunicar
São inexpressíveis
Na hora de falar das sutilezas do meu mundo aqui de dentro

...

Eu sou prática
Energia yang demais
Fazedora de coisas
Mas quando é para falar de mim, do que sinto, de quem sou
Sou inábil, acho difícil, me calo, me ressinto.
- tanto quanto o próximo ao meu lado -

...

Eu me achava um monte de coisas
E perdi todas elas nestes últimos dias
E num misto de alívio e tristeza
Eu me livro da ignorância de saber quem sou

21.6.08

Incorrigível

Me pego esperando dias melhores.
Sonhando alto, divagando ao invés de

Estou desorganizada no tempo e na cabeça.
Uma lista de coisas A FAZER
E só quero DESFAZER - os mal entendidos, os compromissos.

Sono.
Preguiça.
Agora tem um porquê bem na raiz.
Mas e daí?

Estou com um medo enorme.
No meio do meio do caminho óctuplo do meio.
Não sei qual das direções seguir.

19.6.08

Meio

VIRGO [August 23–September 22] Now that we're at the halfway mark, Virgo, I'm hoping that six months from now, you'll look back and make the following declaration: "I've learned more about love in the past 12 months than maybe I ever have. I've also become far more skilled in the art of making myself happy. And I've finally figured out how to purge some of the martyr-like aspects from my generosity, which means I'm better able to give without strings attached, and I'm more attractive to interesting people who are inclined to give me the things I really want."

Sim, é tudo verdade.

18.6.08

Novo Jardim

O jardim não é do príncipe
Nem é meu, nem é seu

O jardim que estava ali, sempre ali
E só agora renasceu
Não é do príncipe
E nem do monge
Nem do súdito
Nem do plebeu

O novo jardim!
Ah, esse jardim
Não é do jardineiro
Nem do homem do governo
Muito menos daquele que pagou o dinheiro

O jardim ali no Templo
Que agora tem mais cor
Nunca foi e nem será
Do príncipe
Nem do servo

O jardim, o jardim!
O jardim é do jardim!

A palavra mágica

A filha grita na mesa com os pais
- Me dá o garfo e a faca!
- O que é isso, minha filha, isso é jeito de falar? Como é que a gente pede as coisas?
- Me passa o garfo e a faca... - num tom meigo e a voz baixo
- Isso, e a palavra...e a palavra mágica?
- ... ABRACADABRA !

15.6.08

Sentimentos, pensamentos, emoções

Esta última avalanche de eventos na minha vida,
Um período de intenso trabalho, lazer, dor, amor
Me aproxima ainda mais do Budismo e da minha noção da realidade

Todo dia, acordo mais desperta
Estou mais alta, mais calada, mais sorrisos

Aceitei trocar a edição pela produção por um tempinho curto
Aceitei ver amigas felizes, virando pares, casais
E com cada SIM que digo, me redescubro em mim:

Meus bons ouvidos para confusões alheias
Minha intuição para dar o passo certo
Um amor que nasce aqui e sai por todos os poros

Me reencontro comigo nas coisas mais singelas:
os pés no chão,
o preparo da comida
a lealdade das palavras
a vela acesa

A minha fé - que por alguns minutos deste ano eu jurei ter perdido
Vem agora em doses cavalares de risadas
E oferendas

E toda gratidão que me toma
não me canso de agradecer
a esta vida tão cheia de curvas
aos mensageiros
aos amigos
padroeiros
e desconhecidos

Sim, tudo muda, tudo vira, tudo começa e recomeça
As pessoas vão pra longe,
Um dia voltam

E o melhor de tudo:
Meu amor é presente e verdadeiro
E eu sempre estive aqui

12.6.08

Feliz dia dos namorados!



Para nós solteiros, que esse dia seja de inspiração para a chegada de um novo amorzinho! E enquanto isso, vamos nos divertindo, pessoal!

Para os felizardos que estão juntos E FELIZES, aproveitem, aproveitem, aproveitem!

11.6.08

Flechinhas

Ando determinada a fazer casais.
Flechas do cupido.
Talvez reflexo do dia dos namorados - mas também essa sensação de que
pô, as pessoas perdem muito tempo não se vendo -
eu tenho olhos bons, modéstia à parte e apesar da miopia nos óculos.
E acho também que as pessoas passam muito tempo pensando o que o outro vai pensar se - ISSO OU AQUILO -

Daí, peguei o celular e liguei pro cara ontem.
Não me interessa o que ele pensou.
O que interessa é que ele apareceu lá.
Na hora marcada, do jeito combinado.

Conversa ótima, risadas ótimas, vinhos ótimos
Não sei no que deu.
Não faz mal se não deu em nada. Ainda.
A companhia, o lugar, tava tudo tão bom!

Agora sou assim:
Uma coisa de cada vez...
Pros meus amigos: tudo de uma vez do bom e do melhor!

10.6.08

Agulhas

Pronto. As agulhadas que eu precisava.
Tiraram toda a dor, a pressão, o cansaço.
Espetaram a pele, entraram pelos micro canais do corpo energético
Sugaram tudo
Tudo de ruim
De dor de músculo
De palpitação no peito

Tudo que não era meu
Saiu pelas agulhas-pára-raios

Uma sopa
Um bate papo
Um bom abraço
E muitos sorrisos

As agulhas fincaram no passado
Tudo que ali deveria ter ficado.

Feliz 2008 pra mim! Finalmente, feliz!

9.6.08

Mim, mim, mim

Vou fazer um logoff geral hoje.
Almoçar bem e devagar,
Ir ao médico e na acupuntura.
Vou alugar um filme bom.

Hoje eu vou cuidar de mim!

6.6.08

Vida como é

Sim, eu aceito meu corpo cansado
O coração em disparos errados
O aperto no estômago
A cabeça tonta

Aceito o tempo passando
O mundo girando

Aceito ser como sou
E os outros serem como são

Aceito sentir como sinto
E aceito que os outros sentem diferente
Até com outros sentimentos
Que eu nem conheço

Aceito que a vida é como é
E que impor minhas vontades não muda a vida
Mas piora a minha vida

Aceito que agora é a única coisa que tenho
E que meus erros ainda podem ser acertos

Aceito que amor não é mérito
Que mérito não é prêmio

Aceito que amor é bênção
Que chega na hora que a gente mais precisa
E nunca vai embora

(e agora que eu escrevi tudo isso, talvez tudo isso vire verdade em algum momento)

5.6.08

Tempo marcado

Noto vincos em volta das bocas que eram cheias e rosas
Os olhos amendoados têm marcas, manchas, a pele escura ao redor do globo
Toco a pele seca
A unha mole

O sol anuncia brancos onde os cachos eram só escuridão

Corpo encurva
Mente turva
Esquece a hora
O tempo marcado para viver
Agora

Nos sonhos, sempre sou jovem
Ou então, já morri

Na vida, como já disse o poeta
Meu tempo é agora

4.6.08

Horóscopo budista

VIRGO [August 23–September 22]
In the ancient text known as the Sutra of 42 Chapters, the Buddha is quoted as saying: "My doctrine is to think the thought that is unthinkable, to practice the deed that is unperformable, to speak the speech that is inexpressible. . . . " Those happen to be your tough assignments in the coming week, Virgo, and you'll have a good chance at succeeding if you refuse to be excessively serious in your approach. The more fun you have, the greater the likelihood that you will pull off subtle yet spectacular feats that may seem impossible to more sober people.
... ... ...
The ways of the working world, the challenges and hoped-for rewards could be revealed in a short span of time. When the sun in your Gemini career house tests unpredictable Uranus on the 12th, there’s no way to know how your business or life partner will react. Because your Mercury ruler is retrograde in Gemini until the 19th, try to hold off forming any opinion until you see what the favorable trine on the 14th between the sun and artistic Neptune in your house of romance and other creative pursuits brings. Patience, please.

3.6.08

Eu vejo flores

Quando saí pro trabalho hoje, o céu estava azul-chumbo.
Eram nuvens que juram chuva, mas não vem água, não.
A jura do cinza é pras flores rosas do verde fresco, frescor de novo.

A árvore sempre esteve ali.
Bem na frente, no meu caminho.
Ela sempre dá flores rosas, em buquês pequenos e fartos.

As flores olham pro céu de chumbo,
Um olhar de espanto

O meu olhar

Que passava sempre aqui

Esse meu olhar em armações de óculos velhos
Nesses pensamentos velhos
Que passavam por baixo dos cabelos quase brancos

E então - a nuvem chumbo e as flores rosas
Limparam o meu olhar
Criaram um novo pensamento
Que é uma velha idéia e finalmente virou pensar!

E eu que sou a velha mesma eu,
Olhando pra cima, para o alto, para mim
Me vi em flor
Em rosa e chumbo
Me vi em nuvens
Passando
Passando
e
Passando

(para o meu irmão, Bruno)

1.6.08

Palmas

`As vezes para ouvir uma simples frase, eu preciso da um longo tempo de preparação.
Na maior parte das vezes, eu já sei o que vou ouvir, mas preciso estar pronta do meu jeito.

O meu jeito é bem barroco - cheio de curvinhas, detalhinhos, sombras e vazios.
Mas ele não é errado porque sempre me traz o que eu preciso - logo, o que quero.

E esse meu jeito, talvez muito rococó pro gosto de uns, também sempre me traz de presente o outro lado da moeda.

Por isso, trabalhando 13 horas na semana, e mais 20 nesse fim de semana, eu estava pronta pra ouvir o que eu já sabia. Mas o melhor, é a cara da coroa:

Meu sobrinho Enzo ficou de pé e bateu palminhas olhando pra mim! Com aquele sorriso de cinco dentes, ele brincou, riu, me abraçou - assim, desse jeitinho que eu sou - o Enzo bateu palminhas pra mim!