13.12.16

#NãoEstáTudoBem

Daqui da janela da minha sala no trabalho, vejo parte da Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Ouço bombas, sirenes e helicópteros em um dia em que a História afirmará ser o retrocesso mais lamentável do Brasil: o Projeto de Emenda Constitucional 55, a PEC 55, foi aprovada pelo Senado hoje. Coincidência ou não, mesma data da aprovação do Ato Institucional nº 5.

O medo é a melhor arma para a coação e a desestabilização do ser humano. Com medo, não fazemos nada, ficamos paralisados.
A polícia usa disso em larga escala, mas hoje está tão desproporcional que é risível! Não há gente suficiente para o número de policiais! Há dois helicópteros sobrevoando a área da Esplanada!

Minha fé está abalada, confesso. As instituições estão falidas, de dentro pra fora, poucos com coragem para falar. Eu, como muitos, me calo mas também me ressinto. Não sei o que fazer, mas sei que não fazer é errado...

A letargia que me assola é fruto do meu berço de ouro - bem nascida, bem criada - e da minha preguiça burguesa de pensar o mundo fora do meu cercadinho.

Estou em um dilema: sofro pela omissão a tal ponto que preciso me manifestar?  Ou sofreria mais se embarcasse na luta pelo que defendo de mais viceral: a liberdade de ser quem sou, cada um de jeito, protegidos pelo manto de um lei justa, isonômica, que iguala os desiguais perante as normas, para se ter um país mais equânime, um mundo aonde todo Homem e toda Mulher merecem o que já nascemos tendo: dignidade, valor intrínseco, verdade.

Não, não está tudo bem. Dentro de mim, fora de mim, no mundo todo. As coisas ainda vão piorar, e em algum momento, serei forçada a sair da inércia que me encontro agora, aqui, atrás da tela do computador, sofrendo protegida pelo muro das diferenças sociais, pela conta bancária, pela cor da minha pele branca.

Vergonha de mim e vergonha do Brasil.

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