13.5.10

Igual diferente

Há uma semana meu pai sofreu uma ameaça de infarto.
De volta em casa para seu aniversário no sábado passado, comemoramos seus 66 anos de vida.
Tudo está como antes.

Mas, não sei...

Tive muito medo do meu pai sofrer.
Ele detesta hospitais (eu também)
E não gosta de jeito nenhum de ficar sozinho.
Quis muitas vezes trocar de lugar com ele naquelas horas frias da UTI.
Chorei um pouquinho, dormi um tantinho...

Mas, também não é isso...

Fiquei presa a pensamentos do futuro sem o meu pai.
E como seria quando eu tiver filhos, sem ele para ser o Vôvis.
O dia que eu quisesse apresentá-lo para o meu companheiro de estrada, de vida, o marido.
Chorei mais, não dormi nada...

E então, finalmente me veio:

Meu pai é um homem incrível
Herdei o sorriso fácil, o gostar da casa, mas também da estrada
A curiosidade sobre o mundo mecânico das coisas que funcionam com botões, luzinhas, cordas, fios, parafusos...
Ele me ensinou a trocar um pneu
A andar de bicicleta
E me salvou da piscina, sem nunca ter aprendido a nadar.

E por tudo isso, eu simplesmente não quero deixar que ele saia da minha vida.
É meu, eu vi primeiro, não vou emprestar, dar, alugar pra ninguém.
Nem pra Deus, nem pro céu, nem pro diabo que o carregue.
Egoísmo, vaidade, mimo de filhinha do papai:
Meu pai não está autorizado a ir a lugar algum sem antes pedir minha autorização!
E adianto logo - para morrer, a concessão está proibida pelos próximos 20 anos.

Como eu disse: nada mudou.
Ou pelo menos, não para pior.
Mas...
Sei lá, uma coisinha aqui dentro mexeu...
Brios, frios na barriga, ódio mortal da morte que um dia virá.
E também uma fúria louca de viver a vida com toda força!

3 comentários:

  1. é isso aí Fabis...
    Vida eterna aos pais!
    beijocas

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  2. Viver a vida com toda força.

    Nossa...tenho até medo de pensar a respeito disso!!!

    Penso que a plenitude no viver é falácia, e se cada um descobrisse a sua própria porcentagem da equação com menos perdas, ao final daria prá passar de ano com louvor!

    Alvíssaras ao seu pai.

    Que ele alcance muito mais do que essas duas décadas que você está dando de lambuja para ele.

    Beijão.

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  3. Augusto, eu não entendi nada do que você escreveu...
    Mas acho que deseja pra Fabi o mesmo que eu - saúde e vida longa aos pais!

    Abraços

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